Rosa está sentada na beira da cama no quarto que ela habitualmente chamava de “seu”. Apesar de saber que aquele não era “seu” quarto.
Era o quarto do hospital. Ela se perdia em seus devaneios pouco aproveitáveis quando se surpreende ao ouvir umas vozes do lado de fora-
- Eu preciso falar com ela, Claude!-
Era uma voz familiar... Uma voz feminina e que pelo timbre estava bem nervosa...
- Eu já disse! Me deixa entrar!-
R- Nara?- Rosa questiona a si mesma. Ela estava ali tão somente esperando Claude voltar trazendo as muletas que a apoiariam devido à lesão de seu pé direito.
Para ela foi quase impossível não reconhecer aquela voz que tantas e tantas vezes circundavam sua mente durante horas, atormentando-a com seus insultos.
Rosa se perguntava se Claude dizia ao pé das orelhas da noiva dele que a voz dela era como musica aos seus ouvidos.
Musica da mais vulgar e desafinada ela supunha.
Mas então ela se dá conta de que no presente momento, ela era não a noiva, mais a esposa de Claude Antoine Geraldy.
Sim, e ela não devia se intimidar com a presença de Nara Paranhos de Vasconcelos. Alguém tão desprezível e sem escrúpulos como essa mulher ela jamais conheceu, ela acha. Pois nem disso ela tem absoluta certeza.
C- Non, Nara! Ela ainda está muito sensível e eu tenho certeza que ela non te dirá que você é um colírio pros olhos, hã?
Rosa sorri. Estava mesmo gostando de ver Claude a defender. Quer dizer, ouvir, né. Pois apesar do esforço pra manter a voz baixa, ela ainda podia perceber a irritação na voz dele.
C- Oque você está tramando, ein? Por que veio aqui?
N- Olha Claude, eu tenho uma coisa a tratar com ela!
C- Fala pra mim. Eu dou o recado.
N- Para com esse sarcasmo Claude! Eu preciso dizer pessoalmente!
C- Escuta aqui, se veio aproveitar a situaçon pra aplicar mais uma das suas vingacinhas, saiba que non é necessário, hã? Nós já estamos bastante abalados e você non tem pra onde mais atirar non..
N- Eu sei do que você tem medo Claude. Mais eu juro, eu vim em paz! Não vê que...
Nesse momento, Rosa é surpreendida pelo - Clak!- da maçaneta, Claude mantinha a porta entreaberta, ela podia ver parte de seu braço, encapado pela manga do paletó areia-
C- Se você estiver blefando, nunca mais ouse a me pedir pardón, Nara!
Rosa continuava imóvel.
Os pés pendiam sem tocar o chão. Num deles, a bota ortopédica azul clara, no outro, uma sapatilha verde-água com um delicado laço no tornozelo. Era um belo contraste... E era nisso que ela mantinha o olhar.
Até não resistir a curiosidade de observar os semblantes dos que adentraram silenciosamente...
Ela então observa o sorriso sem graça de Claude que se mantinha imóvel junto à porta, e logo mais abaixo e mais perto os olhos marejados de Nara. Parecia que ela queria mesmo vê-la.
O olhar daquela mulher era penetrante como os olhos de alguém que finalmente mira outro alguém muito estimado e muito esperado.
Rosa se encontrava perplexa demais diante daquele olhar que ela jamais esperava receber tão pouco ver da parte da face de Nara, para se surpreender com o fato dela estar sobre uma cadeira de rodas.
Disso ela só se deu conta quando Nara ficou frente a frente com ela, a pouco mais de um metro de distância de seus joelhos, que apesar de não a sustentarem nesse momento, certamente não suportariam seu peso morto naquele instante.
N- Olá Serafina Rosa... Eu apenas... Queria dizer algumas palavras a você... Espero que me ouça.
Rosa não sabia nem o que pensar. Apenas assentiu com a cabeça lentamente, enquanto buscava o olhar de Claude, que apenas engoliu algo que ela não sabia bem o que poderia ser... Um grito de medo, talvez.
Ela volta a encarar Nara, que aparentemente se mantinha calma, mais tinha choro e soluços na garganta ela sabia.
N- Não é nada que... Possa me justificar ou fazer com que me vejam com outros olhos, só que... Eu queria te dizer que...- Ela volta o olhar para Claude que observa as expressões faciais de Rosa apreensivo- ... apesar de você não se lembrar de episódios que possam te fazer me odiar ainda mais...
- Eu quero deixar claro que ao contrário do que vocês possam pensar, eu me lembro. E carrego cada culpa na minha consciência todos os dias, e que me arrependo.
Não que eu ache que o rumo das nossas vidas obrigue vocês a me perdoar, mais...
Eu não quero morrer sendo lembrada como a bruxa do conto de vocês...
- Eu quero deixar claro que ao contrário do que vocês possam pensar, eu me lembro. E carrego cada culpa na minha consciência todos os dias, e que me arrependo.
Não que eu ache que o rumo das nossas vidas obrigue vocês a me perdoar, mais...
Eu não quero morrer sendo lembrada como a bruxa do conto de vocês...
Eu sou aquela que vem e se redime.
Que tenta sempre renascer das cinzas, sabe?
Quero te pedir perdão, ainda que não possa me compreender e perdoar, quero dizer que desisti de perder minha vida maquinando maneiras de me vingar...
Não tenho mais muito o que viver...
Tudo o que me aconteceu nos últimos anos tem sido... Bem, não vou continuar a tomar seu tempo...
Mais o que eu queria fazer eu fiz, vim aqui e me coloquei no meu lugar.
Sei que não me deve nada Rosa. E é isso o que mais eu queria te dizer. Isso me fará dormir melhor...
R- Vá em paz, Nara. –
Rosa quebrou o silêncio, com uma voz tão doce que não deixou de surpreender-
Seja lá o que aconteceu... Eu sinto que talvez o passado tenha que ficar onde está. No passado-
Claude abaixa o olhar, aperta as muletas de Rosa debaixo do braço, sabe o que isso significaria, se ela não lembrasse...
– Todos precisamos de um novo começo. Juntar os cacos e seguir em frente! Não precisamos de velhas lamúrias ou arrependimentos que nos consuma a mente... –
Claude começa a se perguntar se acaso ela de súbito não se recordara de tudo... Não... Mais essa certamente era a Rosa guerreira que ele amava e que se orgulhava de ter com ele-
Espero que você seja feliz, Nara. E só! Não precisa me pedir perdão de novo, já que já o fez como você me disse. Esteja perdoada por você. Se se arrependeu, vai superar eu sei!
Nara derrama lágrimas... Emocionada? Será? Claude lutava consigo... Queria ser bom como Rosa e acreditar que aquelas lágrimas não eram de crocodilo...
(...)
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Estou aqui, jogada nesse sofá. Ele é fofo e bastante confortável.
Mais não o bastante confortável suficiente para me confortar e fazer com que a vontade de chorar passe...
Mais não o bastante confortável suficiente para me confortar e fazer com que a vontade de chorar passe...
O seu Claude disse que eu só vou conhecer a anja Serafina “assim que possível”.
Acho que ele não deveria ter dito isso. É mais perturbador do que dizer:
“Vai ser na terça.”
Mesmo que significasse que eu não dormiria até lá.
Por que seria na terça. Mais “assim que possível” não é um dia certo.
Nem sequer é um dia da semana. Ou do mês, ou do ano. Procurei no calendário da cozinha... Não tinha nem um dia nomeado o dia do “assim que possível”.
Eu não sei quanto vai demorar...
Acho que a verdade é que ele está com medo.
Deve achar que ela não vai gostar de mim.
E que vai brigar com ele...
Não quero que eles briguem por minha causa!
Acho que ela não vai querer uma filha postiça de cabelo vermelho que nem tomate...
Mal maduro ainda por cima... Olhando bem... Henri tem razão...
Laranja...
Talvez tenha como eles ficarem pretos... E se eu tomar bastante café? E se eu colocar lama nele?... Qualquer coisa pra ser mais parecida com as outras meninas de cabelo normal...
- - - - - - - - - - - -
(...)
Henri fica algum tempo observando Gil sentada no sofá, ecrevendo em seu insparável caderninho.
Ela já havia explicado que aquele caderno era o refúgio dela.
Como um amigo a quem ela contava segredos e relatava fatos como se ele estivesse a escutando do outro lado da linha...
"É diario que se diz sua bobona..."
H- Pai?... Por que essa menina tem que ficar aqui?...
Ela já havia explicado que aquele caderno era o refúgio dela.
Como um amigo a quem ela contava segredos e relatava fatos como se ele estivesse a escutando do outro lado da linha...
"É diario que se diz sua bobona..."
H- Pai?... Por que essa menina tem que ficar aqui?...
F- Por que sim, filho. Mas qual é o problema?
H- Nada... é que eu acho ela tão... estranha...
F- Mas estranha por que Henri, o que tem de mais nela?
H- É que ela tem... cabelo vermelho...
F- Filho! Que tem de mais ela ser ruiva? Todo mundo é diferente um do
outro.
H- Mais eu não entendo...
F- O que?
H- Se ela tem cabelo de curupira, ela não devia ser uma curupira?
Ela não é da família dos curupiras?
F- Você anda lendo histórias demais filho!
H- Ela tem o cabelo laranja.
F- Não é laranja coisa nenhuma agora vai tomar banho, vai! Tá vendo é muita TV, ein?
-
Frasão ri. Parece que seu filho herdara seu senso de humor...
Eita, a coisa ta começando a esquentar. adoroo.
ResponderExcluirContinuaa
oi Karol,
ResponderExcluir´ta muito ineressamte,
acho que terá anecipará o
retorno da memória de Rosa, né??
continueeeeee
kkkkkkkkkkkkk
quis dizer Nara vai ajudar a anecipar
ResponderExcluiro fim da aminésia
kkkkkkkk
"Procurei no calendário da cozinha... Não tinha nem um dia nomeado o dia do “assim que possível”".
ResponderExcluirAi
Eu fiquei com uma dó dela
Ainda bem q Louise falou sobre Pepe.
ResponderExcluirQuem sabe agora alguém pergunta coisas à menina e ela conta de suas conversas com o Seu Loló.
PS: estou curiosa p ver o momento em q ela cantará Au Clair De La Lune. E como serão as reações de quem estiver ouvindo. Principalmente do pai e da mãe.
ui... cuidado ai betsy... abafa!
ResponderExcluirhihi...
fortes cenas virão...