Parte 1- o contrato
Rosa é uma moça simples, que foi criada num ambiente familiar, aconchegante. Apesar de ser chamada de solteirona, Rosa não se intimida com o que os outros pensam sobre ela, afinal, cabe a ela decidir o que é melhor para ela. E nisso, sempre foi apoiada pela sua mãe e irmãos, que a defendiam sempre. Rosa não queria compromisso com mais ninguém, não depois da decepção que sofreu ao ser abandonada no altar. Ah, mais ela não ia sofrer de novo por homem nenhum nesse mundo! Rosa vivia sendo galanteada, afinal, ela era uma mulher bonita, e nunca havia deixado de se cuidar, apesar de tudo. Ela trabalhava numa certa construtora, pra certo francês... Mas o relacionamento dela com o patrão sempre fora meramente profissional... Na medida do possível, pois Claude sempre se metia nas maiores confusões. E é claro, nossa heroína não podia deixá-lo na mão, né? Bom, Claude encontrava em Rosa uma amiga e cúmplice nas suas empreitadas, juntamente com Frasão, ela se encaixava no SOS emergência na lista de Claude.
Rosa era sempre meiga, apesar de não ter todo um porte de super modelo como as namoradas de Claude, ela era sim uma moça apreciável.
Ela nunca se dava bem mesmo era com Nara, um “caso prolongado” que seu patrão maluco havia comprado com certa Naja...
Her, a tal “pessoinha em questão”, por sua vez, queria a todo custo destruir a imagem de Rosa, fazer com que Claude não confiasse nela, e a demitisse o mais rápido possível...
Nesse momento, Rosa tinha que se preocupar com muitos problemas de uma só vez; a casa onde morava havia sido hipotecada, e sem condições a família dela se afligia com possível despejo...
Ela estava começando a ficar cansada de esperar, mesmo que inconscientemente o príncipe do cavalo branco, mais ainda sim, sentia repulsa em namorar qualquer um ai, só pra ter alguém pra esfregar na cara das fofoqueiras que a perturbavam.
Claude também estava em certos apuros, primeiro, a sua tão estimada empresa, precisava de um UP, urgente! Ele havia sonhado tanto em realizar grandes projetos... Ajudar pessoas a realizar ‘sonhos “... E finalmente ele tinha um plano! O seu mais novo projeto era absurdamente perfeito, ele pensou! Tudo o que ele precisava agora era convencer certos investidores americanos a promover seu plano genial! Anglicanos como eram, pensou, demonstrar “familiaridade e respeito”, seria obviamente perfeito pra ganhar uns pontos à frente da concorrência!
C- Entón... Eu só preciz mesmo é parecer um cara responsável, non? Enton me aguarde misses Smith, me aguarde!-
pensa alto Claude, sorvitando um wisk, habitualmente sentado na mesa de jantar, às escuras em seu apartamento.
Enquanto isso, Rosa suspirava enquanto ouvia mais um serão de Terezinha, que não entendia por que Rosa não deixava ninguém se aproximar dela,
T- Parece até que invés de espinho, a senhora tem mesmo é casca, não é dona Rosa?- diz Terezinha já desanimada.
R- Eu não sei por que é tão difícil você entender que eu possa estar feliz sendo assim, Terê!
T- Ah, Rosa! E pra que você se preocupa em andar sempre toda bonitona então, ein?
R- E desde quando eu só posso me arrumar se for pra chamar atenção de homem? Eu me arrumo pra mim mesma, já disse! Não quero saber se você acha que não, mas é verdade e pronto!
T- Confessa, vai Serafina, confessa que você é mesmo louca pelo doutor Claude, vai!
R- Tá maluca menina? Imagina se eu ía nem querer alguma coisa com aquele... – Rosa dá uma vascilada em tentar expor seus pensamentos, que por um lado, odiava Claude, mas por outro...
– Enrrolão! É isso que ele é Terezinha, um enrrolão! Só arruma confusão, abacaxi pra eu descascar! Eu preciso de segurança, Terê, segurança, hã? –suspira- segurança!
Terezinha faz cara de ‘tá, acredito?!’ e se deita, Rosa faz o mesmo e se vira na cama, sem sono algum...
O dia amanhece, e mais uma vez Claude desce as escadas correndo...
C- Dááádiii!!- diz ainda na metade da escadaria.
D- Ô, doutor Cloudes não vai me dizer que o senhor não achou a tal gravata da sorte de novo, né?
C- Sabe que eu non, non achei mesmi... Ô Dadi, não é nada dissi non, é que eu quero saber se o Rodrigo já tá ai, se eu já posso descer! Ô Dadi, eu não tenho tempo hoje non, hã? –diz ajeitando a gravata.
D- Pois eu não sei doutor Cloudes? E é por isso mesmo que eu liguei pra ele, ontem ainda, pra ele chegar mais cedo como o senhor pediu...
C- Desenrrola Dádi! Ele tá ou non tá ai?
D- Pois é, ele tá sim, mais parece que não vai dar hoje não doutor Claudes...
C- Como assim non vai dar, non vai dar o que, hã?
D- É que seu carro quebrou doutor Cloudes...
C- Ah, quebrou... Quebrou coma siiim Dádi?
D- Olhe, eu não sei entrar em detalhes, né? Não sou assim, especialista, mas o principal eu sei né, que é Quebrou quebrando!
C- Mais é brincadeira, non? Brincadeira... Eu enton vou, vou é de taxi, hã?
D- Cê sabe né? Haha, mais então deixa eu chamar. Vá tomar um café, vá homem?- diz Dadi rindo do patrão que se punha desajeitadamente o paletó.
C- Quebrô.... Quebrô mesmo enton eu vou é deixar descer ladeira abaixo, porcaria, hã? –resmungando Claude prova um pequeno sorvo do café
– Mais que coisa, non? Logo hoje? Ter que... Agüentar o doutor Egidio me reclamando o casamento... Que roubada, hã? Vou ver se Rosa dá um jeito nele hoje pra mim... Quem sabe non dá pra dar uma fugida dele, non?
Na construtora Rosa chega alvoroçada, praticamente arremessando a bolsa no encosto da cadeira, e se sentando rapidamente,
J- Bom dia, né Rosa? Tudo bom? – brinca Janete ao ver Rosa assim tão nervosa.
R- Bom dia, Janete! Desculpa amiga, eu cheguei meio atrasada, né? Mais me diz, o Doutor Claude já chegou?
J- Ah, não, amiga, relaxa! Só quem ta aí mesmo é o doutor Egídio...
R- Ah, esse madrugou aí né? Tá pronto pra pular no colarinho do doutor Claude mesmo!
J- Como é que é?
R- Nada não Janete, só mais uma daquelas do nosso patrão francês maluco.
J- Ô Rosa, sabe que eu andei pensando viu, você não acha que o doutor Claude te solicita demais não, hein?
R- Agora você tocou num ponto interessante! Eu tô mesmo precisando cobrar uns pontinhos no meu honorário sabe? Quem sabe até umas férias... O doutor Claude me dá mesmo um trabalhão, viu? Só sobra mesmo servicinho sujo pra mim, sabe?
C- Servissin sujo, dona Rosa? Que servissin nenhum non, o que tem é trabalho, viu? Trabalho que a senhora tem e muito, non é? – diz Claude surpreendendo às duas distraídas
- bom dia, dona Janete! Vem agora na minha sala, hã? s'il vous plaît!
R- Claro já tô indo! –diz mexendo num gesto nervoso nas pontas do cabelo, corando de leve. Claude a olha sério por um momento, apoiando as mãos na mesa, em seguida sai do transe num estalo, vendo a expressão intrigada de Janete.
C- Ok, non demore, hã?- diz dando já as costas. As duas o observa ir até que ele fecha a porta atrás de si e Janete se vira pra Rosa desconfiada,
R- Cê viu né? Só problema, tenho certeza! Agora licencinha amiga, trabalhar, né? – diz Rosa enquanto levanta num pulo, em animação meio dissimulada.
J- Eu ein, esses dois tão mesmo trabalhando demais... – diz mordendo a caneta ainda desconfiada.
No escritório... Rosa entra rapidamente.
R- Pode falar doutor Claude? – se prontifica.
C- Rosa... Só você pra mii salvar, hã? – diz passando a mão pela barba por fazer, num gesto nervoso.
R- Nem precisa dizer, é o doutor Egidio, né? Ele madrugou hoje doutor Claude.
C- Mon Dieu! Eu tô ferrado! Dona Rosa, me diz que você tem mais uma das suas idéias brilhantes, hã?
Antes que Rosa balbucie uma palavra Frasão entra
F- Claude, mona mi, tá ferrado! Hoje o doutor Egidio te pega meu irmão!
Acabei de ver ele, tá maluquinho pra o senhor encerrar a sua audienciasinha aqui e abrir a porta por que cá entre nós, ele não vai desistir não Claude, te falei né? Esse negócio aí... Roubada, né?
C- Ele quer que eu me case com Nara de qualquer jeito, nem que seja no exterior, mas só qui depois do que você me dissi... Sei lá Frazon, casar...
Atchin!... Assim, às pressas e a força, sob presson, sei non...
F- Francamente, francês! De onde o senhor tirou a brilhante idéia de casar, casar com Nara, ein?
C- Ué? Non foi você mesm o cara pálida, quer dizer...
F- Tá Claude, já entendi! Mas a idéia não é minha, meu amigo, é circunstancial! E quem disse pra você casar com Nara? Eu já te disse...
–pausa, Frasão se vira lentamente pra encarar Rosa, que esperava em pé, olhando pro teto...
C- Mas como eu vou me casar sem Nara? Casar, ahhatchim, com quem Frason?-
ao mesmo tempo
Frasão grita-
F- Rosa! Claro! Rosa!
R- Mais o que tem eu? – diz sem entender
F- Ora, dona Rosa! – diz extasiado, movendo as mãos como quem demonstra algo, Claude arregala os olhos
C- Frason... Vê lá o quii...
F- Dona Rosa! A senhora, obviamente é mulher, tem lá escrito bonitinho, no documento lá “estado civil: solteira”, né? –
Rosa arqueia uma sombracelha com cara de assustada.
- Dona Rosa, a senhora tem ultimamente perdido sono com certo probleminha imobiliário né? –
Nessa hora, Rosa olha pra Claude, desta vez arqueando as duas sombracelhas, empalidecendo.
Nessa hora, Rosa olha pra Claude, desta vez arqueando as duas sombracelhas, empalidecendo.
C- Frason... Você non sugere que...
F- Façam um acordo, francês! Um acordo! Você abate a hipoteca de dona Rosa, e ela vai lá e assina o casamento, te dando o bendito visto de permanência, fecha o negócio, assina o contrato, separa...
Aí mon. ami, pronto, final feliz pra geral!
C- Ficou maluco, hã? E Nara? Qui eu digo pra ela, hã?
F- Aí é a sua parte, né? Te vira! Dá seus pulos! Ué, num enrolou filas e mais filas de namoradas durante seus quase quarenta anos inteirinhos, hã?
C- Hã, muito engaçado, mas e... E... Rosa, hã?- Rosa respira fundo.
R- Eu...
F- Poxa, Rosa, é mesmo, e você? Que me diz do plano, hã?
R- Doutor Frasão...
F- Que isso... Esquece esse doutor!
R- Frasão! Frasão eu sei que o doutor Claude precisa do tal visto e tal, e eu do dinheiro da hipoteca do casarão, mas... Não sei se vai dar certo... E que...
C- É “o que dona’ Rosa? - diz aflito
R- Doutor Claude, casamento pra mim sempre foi coisa séria, sabe? Minha família é tradicional, jamais aceitariam esse acordo!
C- Acho que diante do problema de vocês você non divia se preocupar tãnto com tradicionalismo, non... – se joga no encosto da cadeira- Além do que tecnicamente, é só um “contrato”, hã?
F- Rosa, uma mão lava a outra, querida, entendeu?
R- Eu sei, mais e a dona Nara? O doutor Egidio tá logo ali esperando pra marcar a data do casamento dela... Sei não... É muita confusão!
F- Não tem o que temer por que o super Claude aí ó, vai dar um jeito, né não amigão? E além do mais, ninguém precisa ficar sabendo, não dona Rosa!
R- Vou pensar... Mas acho que o doutor Egidio tá meio cansado de ficar esperando lá fora, né?
C- Deixa, deixa ele cansar! Eu non quero ver ele mesmo non... – Cruza os braços na altura do peito, emburrado. Frasão ri discretamente.
F- Manda ele entrar, Dona Rosa, pode mandar bala! Eita que é agora!- diz rindo e esfregando as mãos.
Rosa responde num gesto e logo abre a porta, quase sendo atropelada por Egidio que entra de supetão.
E- Nós precisamos conversar Claude! E agora!
Do lado de fora, na secretaria, Rosa anda até sua mesa pensativa, Janete fica ainda mais intrigada.
J- Ô Rosa? Você tá tão pálida... Oque aconteceu ein?
R- Nada Janete, impressão sua! Mas que mania de enxergar sempre o além que a vista alcança ein?
J- Ah, pensa que eu não vi toda essa movimentação? A cara de vocês... Não sei não ein? Eu sei que eu devo ter perdido algum acontecimento do século nessa construtora!
R- Acontecimento do século Janete? Rsrsrs. O acontecimento do século é que o doutor Claude tá sendo posto contra a parede pelo pai da noivinha leguminosa dele! – ambas caem na gargalhada, Frasão interrompe:
F- Ham, ham! Eu tô perdido meninas, qual é a piada?
J- Ô... Doutor Frasão, desculpe...
F- Não faz mal não dona Janete, deixa pra lá. Mas Rosa, eu tô precisando da sua ilustre presença lá na diretoria, por favor!- diz Frasão em tom de cumplicidade a Rosa, que novamente arregala os olhos.
R- Tá, claro, eu já vou... – responde meio desconsertada. Frasão volta pra sala, Egidio sai porta afora bufando.
E- Dona Janete! Ligue pra farmácia, por favor! E me peça o calmante mais forte que tiver! Com urgência!- diz quase gritando, em seguida sai ainda bufando.
J- Sim, senhor... – diz baixinho, perplexa. Pega o telefone, e lança o ultimo olhar pra Rosa, com um gesto de “tô de olho”, ao qual Rosa responde apenas com um sorriso. Rosa entra na sala, encontra Claude andando de um lado pro outro, havia afrouxado a gravata, suava sem parar.
F- Viu o estado, dona Rosa? Agente precisa de você, mulher! Por favor, Rosa!
C- Agora que eu tô mesmo com os dias contados, hã? Doutor Egídio tá furioso... Ele pode ter só um por cento, mas a construtora tá no nome dele, ele pode muito bem... –
percebe que Rosa entrou na sala e então trata de tentar secar a testa com a manga, puxa a cadeira pra que Rosa sente, e então se senta cara a cara com ela.
percebe que Rosa entrou na sala e então trata de tentar secar a testa com a manga, puxa a cadeira pra que Rosa sente, e então se senta cara a cara com ela.
C- Enton, Rosa... Bom, sei né, que agente mal se conhece... E,... Que você non tem que fazer isso non... Mais... Eu preciso muito de você agora, hã?
R- Doutor Claude! Eu...
C- Casa comigo, Rosa? Casa comigo, hã? Por favor! Eu non tenho alternativa non. Eu faço o que você quiser, hã? Eu pago lá a... Hipoteca, hipoteca non? É... Eu pago! Mas por favor, aceita, hã?
R- Doutor Claude eu nem sei o que dizer... – Frasão sai de fininho, rindo.
C- E o que se diz quando eu pergunto - Esfrega o nariz, meio vermelho, se põe de joelho, e ensaia- Serafina Rosa Petroni, a senhora aceita, Hã, Se casar comigo?- pega nas mãos de Rosa, que fica boquiaberta, mas não com cara de boba não, e sim de dúvida...
R- Hã... – olha pra Claude, que franzia a testa- Eu acho que não tem escolha né? – Fala pausadamente,
Claude espreme os lábios e balança a cabeça negativamente- Hum... Ajuda aos universitários?-
Os dois sorriem, Rosa olha pra mão que Claude segura, suspira e o olha nos olhos- Eu aceito!- Claude dá um sorriso de satisfação- Mais eu acho que agente se cumprimenta assim- diz invertendo a palma formando um aperto de mão
- É assim que se fecha um negócio, não é? – Claude sorri surpreso- Então agora só falta assinar o contrato - diz Rosa, sorrindo num tom meio provocante.
C- D’acor! – diz se levantando ainda meio surpreso. Rosa também se levanta sorrindo meio nervosa.
R- Mais... E agora? Como agente faz? Que eu saiba pra casar tem que esperar um mês e o seu investidor chega daqui uns dias...
C- Eu ainda non sei non... Mas meu advogado já tá providenciando, lá os documentos todos... Pra gente casar o mais rápido possível. – a ultima frase soa num tom desgostoso de Claude que olha fixamente pra Rosa, que procura não encará-lo, - Atchim!
R- Saúde, doutor. – Claude a olha com cara de que vai soltar uma bronca, ela arqueia as duas sombracelhas, como quem diz “não é assim que se fala?” ele balança a cabeça
C- Obrigado... – ainda em seco.
(...)
Vou ler tudinovo
ResponderExcluirhsuhauhauha isso memo
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