quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

FIC URCA Parte17- Saga do vestido branco



Claude adormece pensando que enfim a dor se esquecera de lhe mandar lembranças.

Mais uma vez sonha no bendito labirinto, ele anda pelo que pareceram horas até encontrar uma passagem camuflada numa espécie de cortina de trepadeiras. Ele se vê no campo outra vez e os varais estão carregados com os lençóis brancos molhados, o que lhe dificulta um pouco a passagem....

Ele vê novamente o balanço vazio, olha ao redor mais não vê ninguém...Começa a correr em meio a campina até perceber pétalas de rosa vermelha espalhadas pela grama. Ele se abaixa pra constatar o que via e ao levantar os olhos novamente percebe que as pétalas traçavam o caminho até  Rosa  que estava sob a sombra de uma arvore mais adiante. Corre até lá e vê que ela leva o mesmo vestido branco de linho, com um livro aberto no colo, as pétalas aos pés.
Ela está recostada no tronco, parece adormecida. Ele se agacha ao seu lado, e lhe acaricia o rosto, ela abre os olhos e sorri. Ela abaixa os olhos pro colo, ele vê que ela segurava uma rosa vermelha, ela a cheira. Ele sente uma paz muito grande...Ela adormece outra vez, ele tenta acordá-la mais não consegue...

C- Hum!- Rosa se espanta ao ver que Claude se vira de forma brusca na cama, mais segue no que ia fazer e abre a cortina. Ela volta e senta na beira da cama, põe a mão nas costas dele-

R- Claude? Acorda!- Ele se levanta o torso de vagar, meio desnorteado pela claridade, ela levanta- Como está se sentindo?

C- Bem... Eu estou bem.

R- Que ótimo por que a Roberta acabou de ligar nos convidando pra uma festinha promovida pelos patrocinadores do filme dela! E ela disse que ficaria muito chateada se agente não comparecer!

C- Ah, mon Dieu, mais uma da Roberta, hã?- ele se levanta

R- E ai? Agente vai né?- Rosa aparece na porta do banheiro, ele escova os dentes, meneia a cabeça, ela o olha insistente, ele cospe-

C- Tá bom!....

(...)

R- Tem certeza, Dadi?

D- Eu num tô dizendo, dona Rosa? Os americanos ficaram ai ó, no maior cochicho depois que doutor Cloudes se retirou ontem, né, ai assim por acaso eu ouvi a dona americana falando mais o marido né, que ela tinha recebido uma ligação anônima, dizendo que o casamento de vocês eram de mentira e que doutor Claudes estava com a senhora só de fachada, só pra a senhora não dedurar ele, que vocês não gostam nenhum pouco um do outro e que tanto doutor Cloudes, como a senhora são pessoas frias, calculistas!-
Rosa fica perplexa, uma certeza ela tinha “Nara Paranhos de Vasconcelos”, se encostara no balcão da cozinha, olhava Claude ler calmamente um jornal no sofá. Mais uma idéia lhe sonda a cabeça “Ah, mais eu não vou dar mole pra aquela perua leguminosa, mas não mesmo!”

D- Olhe dona Rosa, eles já devem estar chegando pro almoço, né? Então eu vou mesmo é me adiantando por aqui...

R- Tá... E, Dadi, obrigada pela informação, hein? Foi de muita valia!
Rosa se senta ao lado de Claude, fica observando ele por um tempo, ele a olha desconfiado:

C- Oque está se passando por essa cabecinha italiana ein, dona Rosa?

R- Claude?.. Você sabia que õ casal Smith andou recebendo umas ligações anônimas?

C- Ligações anônimas? Mais como assim?

R- Parece que tem alguém decidido a destruir a boa imagem do nosso casamento, Claude...- ele franze a testa, ela começa a andar em círculos- ..Dizendo que nós começamos isso como uma farsa, que agente é igualmente “frios e calculistas” e que agente não se ama, que nada do que agente fala é de verdade! Querem convencê-los de que nós somos uma fraude!

C- Mon Dieu!

R- Você tem dúvida?- ele a encara- Hum...Quem será que foi...- diz cinicamente- hã...deixa eu pensar...- para na frente dele-...Nara?!

Rosa começa a ouvir as vozes dos Smith descendo as escadas, pra surpresa dela eles ainda estavam no quarto, ela tem uma idéia de súbito. Ela pega um batom na bolsa e começa a se aplicar. Claude a olha sem entender, ela se tira os sapatos, senta de joelhos no sofá..

R- Eles querem ver como agente se porta pensando estar sozinhos né?- começa a desfazer o nó da gravata de Claude

C- Oque você tá fazendo, hã?

R- Dando uma ceninha pra eles!- ela segura a cabeça dele, rindo, e ele esbugalha os olhos-

C- Serafina...- Ela dá um beijo na testa dele, depois numa bochecha, em outra...- Rosa...- Ele já consegue ouvir os saltos de Miss Smith na escada,

R- Gostou do meu batom novo? Foi Roberta que me deu!- se debruça e lhe beija.
Os americanos param no ultimo degrau, boquiabertos.
Rosa mantém a testa junto á de Claude, segurando-o pelo queixo:

R- Este não é rosa... É..coral!...- ela se afasta, e “vê os hospedes”- Ah!- pula no chão. Claude tenta se recompor, visto que seu rosto está cheio de batom,

C- Me desculpem, hã?!

E.S- Oura, nou tem por que pedirem desculpas, afinal, essa é a casa de vocês, hã?

Claude está muito nervoso, em troca, Rosa parece satisfeita por “mais um plano concluído com sucesso” pensa ela com um sorriso no rosto, que deixa Claude com mais duvidas de que talvez ele tenha a subestimado...

(...)

“Ainda non acredito no que Serafina Rosa me aprontou...”pensa Claude em frente ao espelho abotoando a camisa “Será o que ela...” ele gela ao ver Rosa sair do closet num vestido longo branco de cetim “non... non pode ser...” Ele termina com os botões e se vira pra ela, sem querer com cara de bobo

R- Que foi?- Diz ela abrindo a gaveta da penteadeira

C- Esse vestido...

R- Ah Claude oque que é dessa vez, ein? Vai reclamar do meu vestido?- ela pega um batom

C- É bonito...- ele arregala os olhos em ver que ela passa o batom rosa outra vez, engole em seco- Mais não vai usar o batom novo?...- ela se vira pra ele rindo

R- Não... Eu gosto mais deste!.. Mais por que este súbito interesse pelo que eu vou usar hoje, hein? – Ela começa a ajudá-lo com a gravata- Não precisa se preocupar, eu não vou fazer feio... Nem te deixar constrangido, hã?

C- Tá... Desculpa... É que eu estou nervoso...

R- Claude Antoine Geraldy nervoso com uma festa na casa de Roberta Vermont?...

C- Chega Rosa....- ela arqueia as sombracelhas e entra outra vez no closet. Ele se encara no espelho- Eu non estou tendo um bom pressentimento...


(...)

F- Oque?! Háháhá!- Frasão quase engasga, Claude ainda o olha sério- Foi mal ai, amigão... Mais eu bem que te avisei né?

C- Non é justo...

F- Não é justo o que, Claude?- Claude aponta o copo de wisk de Frasão

C- Você pode beber e eu non...

F- Ah, deixa dessa, rapaz!

C- Deixa dessa... Eu tô... uma pilha, hã?

F- Relaxa, toma ai seu guaraná que hoje a noite vai ser boa, hã?- eles estão de pé  na sala de Roberta, que aos poucos começava a encher de gente-

C- E cadê Rosa, Roberta, ...Alabá?- dá um gole no guaraná

F- Estão lá no quarto.

C- Há mais de uma hora, Frason?

F- Sabe como é Roberta, né? Deve estar na maior duvida mortal sobre que roupa vai
vestir a grande musa da noite, né?!

Rosa sai do quarto, juntamente com Alabá, que sai em direção á cozinha. Rosa vem andando sorridente, Claude suspira, ela pousa uma mão no ombro dele:

R- E então como vai meu maridinho querido?

C- Non vai, ele só é levado pela maré, hã? Que ultimamente non tem sido muito favorável...- ele dá um gole no copo.

R- Quer mais guaraná?- ela o olha com um sorrisinho provocante

C- Non... Non precisa, obrigado...

R- Tá bom... – ela vê Sérgio entrar- Eu já volto!- e sai pra abraçar o amigo. Claude fecha a cara, dá o ultimo gole no refrigerante e põe o copo no aparador, fulminando Sérgio, que tem os braços de Rosa em volta do pescoço, levantando-a levemente do chão...Os dois riem..

C- Frason?...Olha ali....Você acha que quem ver pensa o quê, hã?- Frasão tenta conter a gargalhada depois de soltar um abafado “muu..”

F- Calma meu querido, ela já esta vindo ai, hã?

C- É, vem...Vem com suas gracinhas...

(...)

C- E por que isso agora, Rosa?- Claude franze a testa, os dois estão encostados numa parede, do lado externo da casa-

R- Eu preciso saber Claude...

C- Mas... Mas eu non entendo...  porque?...

R- Eu é que não entendo! Por que você não me responde? Você ama a Nara, de
verdade?

C- Nara é... O tipo de mulher que eu sempre sonhei em ter, né... ela é... bonita, atraente...- Claude se sente um tanto desconfortável com a situação, Rosa o observava atentamente, como se quisesse ter a certeza estar ouvindo a mais pura verdade-

R- E...

C- Non quero falar mais disso Rosa, por favor!

R- Sabe o que eu acho? Eu acho que você é um medroso!

C- Mais medroso por quê?

R- Você não fala o que te dá assim, na telha!- ela diz batendo com o indicador na testa dele, ele sorri-

C- Isso é por que as vezes son... tantos pensamentos, - ele engole em seco- tantas vontades diferentes... É como se, é como se tivesse vários Claudes dentro da minha cabeça, e nenhum deles concordasse com os outros, e ai fica aquela confuson, sabe?-Rosa sorri-

R- É...Isso também acontece comigo o tempo todo...- eles ficam se olhando um tempo...silêncio...

Eles andam a lento passo á beirada da piscina, de repente Claude segura a mão de Rosa e lhe faz parar-

C- Rosa?- ela vira e vê que ele lhe estende uma rosa vermelha ela sorri-

R- Claude! Que linda! Obrigada!- ela o beija na bochecha, sai andando na frente, segurando a saia do vestido, ele sorri.

C- Non vai me fugir de novo non, hein?- ele anda um pouco mais de pressa e a alcança, pondo-lhe a mão na cintura, ela cheira a flor, ele a observa por um instante, param de andar e ele se põe na frente dela. Os dois se olham sorrindo:

C- Como você se sente sendo agora madama Geraldy?

R- Estando casada com você?- ela diz em tom de brincadeira- Um téédio!- gargalha. Ele num impulso a puxa pra mais perto pela cintura, as testas coladas:

C- Você é que agita tudo como um furacón, hã?- os dois riem

R- E você não é exatamente um francês pacifico, non?- ela ri:

C- Non!...- ele ri- Non sou! Esqueceu que eu sou o bicho papón?- ela gargalha e ele a aperta mais no agora abraço, ela levanta o rosto e dão inicio a um beijo, ela o enlaça pelo pescoço. Não muito depois ela volta a abaixar o rosto, ele a segue, ficando assim nariz com nariz. Pausa. Ela se solta e se afasta um pouco.

R- Por que você não acredita no amor?

C- Eu acredito.... Mas non sei se ele é como nos contos de fadas...

Rosa abre os lábios pela menção de dizer “você é o meu conto de fadas” mais sente algo estranho... um soluço? Ela sente o vestido se colar na pele, junto ao umbigo... Leva a mão ao local....

Claude arregala os olhos, vê no ventre de Rosa uma mancha carmim como a rosa que ela segurava, no centro um ponto mais escuro...Ela levara um tiro?!

Ele em impulso olha ao redor, mais ao ver que o rosto dela se punha pálido e em soluços lhe escapava sangue dentre os lábios ele a faz deitar em seu colo ali mesmo no chão, e começa a gritar por socorro, alguém lhe coordena a não abaixar o rosto de Rosa, pra que ela não se engasgasse com o sangue... Ele vê que tudo se parece muito com a cena que ele já vira...

C- É como no sonho...Rosa?...Você é o único conto de fadas em vida que conheço... E eu acredito em você!...- ele vê que suas lágrimas pingam no vestido de Rosa, o vestido branco como no sonho....

(...)

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