sábado, 29 de janeiro de 2011

FIC URCA 2- Parte 12- este é seu lar!





Rosa se vê agora sentada no sofá “de sua casa”. Não dava pra assimilar.

“Casa. Claude. Casamento... Tá.

 Pirada. Isso eu assimilo bem...”

Da porta Claude a olhava preocupado. Ela ali, fisicamente a uns dez metros de distância, mas ao mesmo tempo, distante e quem sabe inalcançável...

 Ele se sentia culpado. Simplesmente achava que se ele não tivesse começado isso tudo, envolvido Rosa lá no principio, do qual ela nem lembrava, se casando por dinheiro com ela e depois tê-la feito se apaixonar...

Ele se julga culpado por cada lágrima que ao longo desse tempo ela derramou.

Se julgava incompetente e imprestável por irremediavelmente falhara em cumprir o seu único propósito na vida: Fazer ela feliz.

Depois de falhar e deixar a seqüestradora de Louise partir naquele trem, ele se sentia o maior infortúnio na vida da esposa.

 A pedra no caminho dela.

 Sabia que muito se devia à depressão e desgaste emocional dela mais ainda se frustrava por não conseguir pôr um sorriso nos lábios de Rosa...

Agora, ele poderia tentar de novo. Fazê-la rir, dar-lhe atenção...

Era o que ele mais queria.

Sentia receio pelo momento em que ela teria de volta as amarguras do passado de volta às lembranças, mais queria fazê-la sorrir...

Ao mesmpo tempo que desejava desesperadamente que ela o olhasse como antes e o chamasse de  “meu amor”...

Ele se surpreendia rezando pra que ela não lembrasse da dor.

A dor de saudade de Louise, que ele agora não partilhava com mais ninguém.

Era uma dor exclusiva dele agora.

Se perguntava se isso era ruim, visto que não suportava mais se manter firme nas crises de choro da esposa.

Tantas e tantas vezes, ela acordava de mais um dos seus sonhos e pesadelos, e começava a chorar convulsivamente.

 Não importava se era pesadelo ou sonho, sempre que ela despertava, automaticamente ela lembrava de que Louise não dormia no quarto ao lado, e que o cheiro da filha já havia se expirado dos objetos...

Claude não sabia o que fazer ou o que dizer quando acordava no meio da madrugada e não via Rosa ao seu lado.

Ele saia correndo do quarto procurando-a preocupado...

Quase sempre a encontrava no quarto de Louise, abraçada às mantas e pelúcias da filha.

 As botinhas vermelhas nunca perderam o brilho, mais assim como as pelúcias, não possuíam mais aquele brilho deixado pela presença que as crianças deixavam, aquele aroma de riso cheirando doce, aquela alegria boba das gargalhadas infantis...

 Eram objetos apenas.

E apesar de muitos ilustrarem a felicidade infantil, para Claude eram objetos tristes. E sem calor.


Claude é desperto pela enfermeira que entra carregando uma caixa combinando com seus trajes.

Uma figura branca, sem dúvidas.

Baixa e branca.

Tendo o único contraste de seu cabelo negro e seu batom muito vermelho.

A mulher pára em frente à Rosa.

Começa a fazer perguntas que ela responde um tanto desfocada, o recinto roubava-lhe a atenção por completo.

Dádi se sentara ao lado dela, e a alisava como se ela fosse uma criança.

Ela levava um belo curativo que lhe atravessava a testa de um lado a outro. Se sentia ridícula. 

A bota não lhe permitia se sentar comumente, parecia que uma de suas pernas crescera a mais que a outra.

Estava encolhida, como se quisesse se proteger. Do que ela tinha medo, afinal? Era algo inconsciente.

A enfermeira se sustenta em um joelho e se dedica a livrar-lhe do horroroso curativo. Rosa apenas olha pro alto tentando enxergar o que havia lá. A enfermeira se levanta sorrindo, mostrando-lhe o curativo:

E- Certamente não era um adorno de seu agrado, não?-

Rosa sorri de volta.

Mais a verdade é que ela nem sabia que aparência ela tinha naquele momento, e pouco se importava na realidade.

Ainda se sentia anestesiada naquela ocasião.

-Smack!-

Ela é surpreendida por um beijo que Claude lhe dera na testa, ela o olha.

E ele enxerga a mesmíssima expressão que ela fez quando ele lhe beijou do mesmo jeito no dia do casamento de mentirinha deles.

Sim, ele não esqueceria nunca aquele olhar.

Ela ainda estagnada, o observa sentar ao seu lado, tomando lhe uma mão.

Nem a enfermeira nem Dádi.

Ninguém sobrou se não ela e Claude.

Sim, os olhos dele estavam enormes, um brilho que ela sentia poder tocar.

 O sorriso dele... Em par perfeito com os olhos.

Ela se mantinha séria, tinha a respiração suspensa, e o coração... este, apenas lhe mandava lembranças.

Então, seus olhos pararam nos olhos dele, enfim.

Ele estava mesmo entre a vontade louca de a agarrar e a força de vontade em conquistá-la novamente.

Sabia que se a agarrasse naquele momento, poria tudo a perder.

Ele tinha a sensação, que não era equivocada, de que ela sentia certo medo dele...


E isso doía... Tanto que ele nem sabia explicar.

C- Viu só? Logo você fica boa!- Ele ensaiou um sorriso, tentando manter as lágrimas em suas pupilas. Ela enfim tirou os olhos dos lábios dele e o encarou.

 Os olhos dela estavam tão grandes que pareciam duas gemas de quartzo morion... preciosamente escuros e brilhantes.

Ele simplesmente perdera a voz assim como a respiração.

Ele queria muito saber no que ela estava pensando, o que ela achava, o que ela queria...  

Tinha esta urgência sufocando-o, então, tentou balbuciar algo que pudesse cortar aquele silêncio tão perturbador-

- Você... Quer alguma coisa...pra beber... ã.. uma água?-  Se sentiu um completo idiota. Ele estava tentando fazer o que? Ele queria que ela se sentisse em casa tratando-a como uma visita?!

R- A...- Rosa parecia um pouco surpresa, mais não tanto quanto ele pensou que estaria, já que pra ela, aquela não era a sua casa.

Ela se sentia mesmo uma visita. Isso explicaria a resposta, embora meio embaraçada

- Ah! Claro! Eu estou mesmo com sede... Obrigada!-

Claude sorriu. Por que ela sorriu. E isso que importava. Ele se levantou prontamente e foi buscar a água.

Ela queria continuar varrendo o lugar com os olhos, a procura de qualquer familiaridade que fosse...

Mas até mesmo a lembrança de como era o apartamento do “patrão” ela tinha vaga.

Ela se lembrava de um sofá colonial vermelho... E tinha também umas esculturas que ela achava engraçadas... Mas não...




Nada ali conseguia lhe despertar qualquer  lembrança.

 Exceto um retrato do casamento deles, que Claude levara para o hospital afim de lhe dar mais uma prova do ocorrido.

Então, ela começou a olhar em volta, e ver que nos aparadores tinham diversos retratos, quase todos do casamento.

 O que ele estava fazendo, afinal?

Não teve tempo para a reflexão.

Claude agora lhe estendia um copo com água, a olhando com um sorriso que ela agora tinha mesmo apreciação.

Aquele sorriso, até onde iam suas memórias, ele nunca lhe dera.

Não antes.
Não sabe do que. Mas...antes dela acordar e vê-lo pela “primeira vez”.

C- Eu... Acho que você quer descansar um pouco, né? Ã... Enton... –

 ele se sentia muito embaraçado, coçava a própria nuca nervosamente, enquanto que os olhos de Rosa o examinavam por cima do copo me que ela bebia

- eu vou te ajudar a... Subir pro quarto...-

 aponta as escadas, que certamente Rosa não venceria de muletas, mesmo que se apoiasse no corrimão de mogno que eles instalaram depois que Louise nasceu.

A casa realmente parecia outra. As mobílias se quer lembravam as de dez anos antes.

Aquelas que Rosa vira enquanto ainda trabalhava para Claude.

Depois disso, ela nem mesmo suspeitava o que ocorrera até que eles chegassem ao ponto de se casar.

Simplesmente ela não conseguia pensar como isso pode ter acontecido.

O Claude que ela se lembrava, aquele que ela tinha que “salvar” tantas vezes de maridos furiosos, mulheres histéricas e coisitas más... não!

 Ele jamais olharia para ela e diria: Serafina Rosa, Você é a mulher da minha vida!

Ela abaixa o copo e assente com a cabeça, mirando a escadaria.

Dela ela lembrava um pouco. Mas sabia que elas não eram assim...

Eram cruas, sem corrimão.

Agora, tinham um lindo tapete vinho no centro dos degraus, e um lustroso corrimão de madeira escura.

Parecia de filme. Aquela casa era mesmo dela?

Claude percebeu que ela ainda estava um pouco vislumbrada com tudo aquilo...



Percebeu a inquietação dela e supôs que ela achou suspeita a forma que ele espalhou as fotografias.




Ele limpa a garganta, meio nervoso-

C- As fotos podem te ajudar a... se lembrar- disse se levando e ajudando Rosa a se firmar em pé.

Ele a sustenta pelo ombro, com uma das mãos em sua cintura, o que a fez se sentir um pouco constrangida, mais ao perceber que ele não fazia por mal, ela tentou manter-se calma.

Calma que se evaporou assim que ele constatou ser muito mais fácil subir as escadas com ela no colo do que ter que fazê-la pular cada degrau.

Ela apenas teve tempo de abrir a boca em protesto, mais quando viu já estava com as pernas pendendo do braço dele. A outra mão dele a sustinha pelo tórax, e ela ainda o tinha enlaçado pelo pescoço.

Tal proximidade a fez perder o ar.

Logo os degraus ficaram para trás, mas ele ainda a levava.

Ela olha perplexa mais ainda não teve voz pra dizer absolutamente nada. Ele entra num dos quartos, onde a claridade era mínima.

Ela é deixada numa cama fofa, e ele se afasta. Só então ela examina ao redor, ainda que um pouco anestesiada pelo cheiro dele, que persistiam em suas narinas.

Rosa se volta pra ele, que agora abria as enormes cortinas brancas.

Ele se vira também, e a olha de um jeito que a faz corar.

Rapidamente ela começa a examinar o recinto...

Espaçoso e claro.

Devia ser o quarto dele.

Não. "Deles".

Esse pensamento a fez despertar e olhá-lo novamente, com questionamento.

Ele se mentinha estático, entre abriu os lábios, como que procurando as palavras no ar-

C- Bom, Dadi vem te ajudar... a... tomar banho e... depois eu volto pra ver como você está, tudo bem?-

A doçura na voz dele só contribuíram pra que ela ficasse ainda mais rubra-

R- Sim... Tudo bem. – Ela assentiu meio nervosa. Ele apenas sorriu e se aproximou.

Ela sentiu o sangue congelar, ele estende a mão, e lhe ajeita uma mexa de cabelo atrás da orelha. Que queimava, ela sentia.

(...)


Claude se joga no sofá. Está vendo o mundo girar em volta.

 Não parava de se perguntar se o que estava fazendo era mesmo o melhor.

A noite passada em claro agora lhe mandava a conta, afinal. Se sentia esgotado.

Mesmo com toda a cafeína que ele tinha se obrigado a consumir, ele não estava mais raciocinando direito.

Ele teve que contar com a cumplicidade de Dádi, pra “preparar” a casa para a chegada de Rosa.

Espalhar melhor os retratos, colocar mais flores, arejar melhor a casa inteira.

Menos o quarto de Louise, que ele trancara à chave.

 A proposta do médico apesar de arriscada, parecia ser a melhor coisa a se fazer.

Então, as sutis ajudas para que Rosa recuperasse a memória não incluíam relatos sobre a existência da única herdeira dos Geraldy.

Doía demais, mas ele não queria vê-la chorar. Não agora.

Se ele sentia medo do descaso da parte dela pelo amor que ele sentia, imagina então se ele correria o risco de ser totalmente desprezado pela esposa.

No fundo ele sabia que seria em vão, já que cedo ou tarde ela lembraria.

Mais ele não tinha ânimos suficiente para lhe explicar tudo.

Ele poderia dizer que Louise estava morta.

Que adoecera e partira, feliz. Poderia dizer que ela estava tendo desvaneios, que eles jamais tiveram filhos.

Ou que a ruivinha havia sido naturalmente adotada mais os pais biológicos a tomaram.

 Claude estava realmente entretido em como ele iria explicar que aquela linda criança que ela carregou por nove meses em seu ventre, não estava ali.

Ela poderia se lembrar a qualquer hora, ele sabia. Provavelmente se lembraria primeiro dela do que dele.

Ele estava inseguro sobre Rosa querer permanecer na casa.

Talvez ela exigisse que ele deixasse ela ficar na casa de Dino, junto à mãe.

Nada ele teria pra provar que o melhor era ela ficar.

Primeiro por que ele era quase um completo estranho para ela e segundo que nem mesmo o conforto poderia ser mencionado, já que Dino ganhava muito bem como titular de um dos maiores clubes de futebol do país.


Claude acorda com os passos de Dádi nas escadas-

D- Doutor Claudes? Acho melhor levar o almoço de dona Rosa lá pro quarto, né? Sei não mais não acho boa idéia o senhor ficar assim, subindo e descendo com ela nas costas.-

As bochechas de Claude surpreendentemente lhe arderam. Ele estava constrangido? Pelo fato de que sua esposa simplesmente não se sentia confortável quando ele simplesmente lhe despontava no horizonte ou por que ele sabia que a qualquer momento ele não se conteria mais?

C- Non, Dádi. Pergunte a ela, hã? Non sei se ela vai querer ficar o dia inteiro trancada naquele quarto non...- Pelo menos a Rosa que ele conhecia não quereria.- Se ela quiser descer, non tente fazê-la mudar de idéia, pode me chamar que eu dou um jeito...

D- Sim, senhor.

Talvez não foi a intenção de Dádi, responder naquele tom.

Mais foi o suficiente pra transparecer que ela realmente estava contra ele.

 Era o que ele achava.

Ela está contra mim. Rosa pensa que eu sou um monstro e Dádi quer a proteger.

 Proteger dele? Mais ele que realmente se preocupa mais com o bem estar de Rosa mais do que com o próprio?
Aquilo era um insulto.

Era verdade que ela tantas e tantas vezes o apelidava de bicho papão, mais na brincadeira.

 Mais ali não.

Era serio.

Ela tinha medo dele.

E agora, ele dela.

(...)




6 comentários:

  1. uiiiiiiiiii....

    Comentários são bem vindos!!
    bjks

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  2. Nossa
    que barra
    to com muita dó do Claude
    =(

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  3. Arrasou em Karol.
    Parabéns, tá linda a sua fic.

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  4. Adorei essa história de "Ela tinha medo dele.E agora, ele dela".Perfeito!São casados, mas ela não lembra, portanto não conhece esse Claude de agora com quem tem q ter alguma intimidade. Aí, como ela não se lembra ele tem q se fazer conhecer. E tem q conhecer essa Rosa c cabeça de 10 atrás a quem ele espezinhou. haha!

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  5. Amei Betsy, de novo! Você tem a mesma visão da história que eu! Q dá hora! =D

    e entende todo o recado! Demais!
    bjk

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