D- Bom dona Rosa, sabe que este é o quarto do doutor Claudes, né- diz enquanto abre as imensas cortinas de um tom bege, deixando a luz iluminar o quarto que realmente era grande e bem “claro” pensava Rosa, ao observar a predominância do branco naquele ambiente. Cheirava bem, talco... “Ou talvez aquele perfume de amaciante de roupa” deduziu. – Bem, mas pra todos os efeitos- pausa, Dadi lhe mostra uma fotografia que
Rosa nem lembrava ter tirado, do “casamento”, ela sorria, Claude havia se agachado pra “nivelar-se” á altura dela, que estava na cadeira de rodas, se lembra de como o mal-humor dele estava realmente alarmante, na foto ele mais parecia estar fazendo aquela cara de “filho que ganha livro de literatura no natal, mas que finge que amou o presente” pensa ela, “e o presente fui eu” murmura tocando a foto.- o quarto do casal, né não dona Rosa?- a voz de Dádi lhe acorda:
R- É... É sim Dadi!- diz sorrindo. Rosa pensa que cabe agora a Claude descobrir que história conta o livro...
D- Como a dona americana pode cismar de vir ver a tal decoração, o make assim do quarto, né, a dona Roberta sugeriu que as coisas e as roupas todas da senhora ficasse aqui no closet do doutor Claudes, então a senhora vai ter que vir aqui pra se trocar, tá? –
Rosa franze a testa indagando
- O doutor Claudes disse que se a senhora quiser o quarto ele é seu, mais eu deduzi que a senhora não ía querer cruzar assim, com o mal-humor matinal dele, já que ele te apareceria aqui querendo sempre algo que esqueceu de pegar, então, eu lhe preparei este quarto aqui- Rosa fica impressionada, o quarto era igualmente grande ao outro, bem claro, iluminado, arejado,
R- É perfeito, Dadi! Obrigada!- sorri em agradecimento.
Ao voltarem ao piso inferior, Rosa se surpreende ao ver Claude inquieto, andando de um lado a outro em frente ao sofá. Frasão tinha ido embora. Ao vê-la descer, ele ensaia num sorrido amarelo:
C- Enton, está tudo ao seu agrado?
R- Claro, está sim, está tudo ótimo!...- diz intrigada com o jeito que lhe soaram as palavras de Claude.
C- Bom, sinta-se em casa! Afinal, esta é sua casa também, hã?- sorri, sendo acompanhado por Rosa.
Os dois sentam no sofá, e Rosa começa a tagarelar de como foi difícil mais não impossível convencer ao pai deixá-la “viajar”. Claude sorria, mas Rosa só pensava mesmo que ele estava lhe fingindo interesse, apenas pra não contrariá-la. “é... talvez disso eu possa tirar algum proveito...” pensava, enquanto maquinava algo que pudesse aborrecer o francês, mas que ele não pudesse negar a ela, “será divertido me vingar um pouquinho das grosserias dele” pena, sorridente. Claude desconfia um pouco do sorriso de Rosa, mais ainda não consegue raciocinar direito diante daqueles olhos “tão... Brilhantes...”
Os americanos chegam, Rosa se agarra no braço de Claude, ele sente uma sensação boba de contentamento com aquela simples proximidade. Rosa deixa claro aos americanos a pessoa boa e dedicada que era, mas Claude só conseguia pensar que talvez ela fosse uma aproveitadora “caçadora de recompensas” pensa ele num momento em que os dois sorriam em demonstração de cumplicidade de casal feliz, no intuito de impressionar os americanos. Durante a visita chega o assunto gastronomia, e Rosa não deixa de mencionar seus dotes culinários. Pra agradar miss Smith ela resolve dizer
R- Mas é claro que não me incomodo! Adoraria oferecer um almoço a vocês, para que possam provar a minha comida! Eu espero que vocês comprovem a teoria de que se conquista marido pelo estômago!- diz Rosa ás gargalhadas enquanto Claude segue mudo e de olhos arregalados.
As visitas se foram, Claude havia tomado um demorado banho, ainda amarrando o hobbie ele sai distraído da ducha, e vê que tanto a porta do quarto como a do closet estavam abertas, intrigado se aproxima, Rosa sai do closet carregando um vestido num cabide e uma maleta de maquiagem numa mão, enquanto a outra segurava um par de sapatos, ele a olha espantado, ela sorri em provocação. Seus cabelos estavam molhados e soltos, parecem ser a fonte que molhava o robbie que ela usava, Dadi aparece atrás dela, com mais uma maleta e um secador na mão.
D- Desculpe doutor Claudes mais é que agente pensou que o senhor não ia sair daí de dentro tão cedo, né? Aí eu disse pra dona Rosa pra ela tomar logo um banho, que arrumar ela ia demorar, né? Ai ela terminou, o senhor ai dentro, agente resolveu vir buscar as coisas pra ela se arrumar lá no quarto dela mesmo, que era pra ir agilizando!- enquanto Dadi falava, Claude não deixava de encarar Rosa que continuava com um risinho escondido, olhando-o desafiadoramente.
Claude se põe o paletó, enquanto espera que Rosa desça pelas “malditas escadas” esbraveja ao tropeçar quando num gesto bruto começa a pular alguns degraus, pra dar uma espiada e ver se ela já estava descendo. Ele decide voltar mais ouve paços atrás dele, e ao se virar depara com uma Rosa glamorosa, vestida num longo de cetim de um violeta azulado, que lhe expunha o colo branco, ornado com o colar que lhe fora presenteado por Roberta(o do casamento), os cabelos lhe encobrem em parte a face, ela desce com cautela, prevenindo se de um possível tropeço na enorme saia do vestido, que ela tentava amenizar suspendendo-o de um lado sem muito sucesso, ao perceber a figura de que Claude lhe estendia a mão, ela levanta a cabeça e encarando-o sorri. “Tentaria me seduzir?” pensa Claude olhando-a fascinado.
Os dois jantam com os Smith, que ao que se vê mostram muito interesse pela vida do jovem casal, reparam no joguinho que eles chamam de “amor e ódio” nos olhares dos dois, Rosa por vezes surpreendia o marido com um delicado beijo na face, nas horas em que Claude parecia estar no auge do descontentamento com o rumo da conversa.
Ao final, ficou combinado que “no dia depois de amanhã”, ambos os casais desfrutariam de um almoço feito pelas mãos de Rosa.
Depois Rosa e Claude se encontram com Frasão numa danceteria a contra gosto dos dois, Frasão tentava animar Rosa, que não parecia estar acostumada a todo aquele “clima” da danceteria. Eles estão no bar, Rosa sustenta a cabeça com um dos cotovelos apoiados no balcão, Frasão chama o garçom e pede “duas dozes da bebida mais forte que tiver” Rosa franze a testa em suplica, Claude se mantem calado ao lado de Rosa e só observa, tomando seu habitual “wisk com limão sem gelo”
F- Não seja medrosa! Não foge da raia! – diz entregando um dos copos a Rosa, chorosa- Vamos lá, quem bater primeiro tem direito a um pedido!- Rosa reclama
R- Ah, mais e quem perder?
F- Quem perder...- olha pra Claude que o fulmina- Acorda o francês amanhã!- os dois caem na gargalhada, Claude reclama meneando a cabeça com cara de ódio.- Vamos lá,- os dois põe o copo frente a boca- é um, é dois é três e já!- os dois viram o copo, pra surpresa de Claude Rosa bate o copo primeiro no balcão, mesmo que sua expressão dê a entender que ela possui fogo na garganta.
R- Aaaii! Ganhei!- diz Rosa calorosamente por efeito da bebida. As gargalhadas e brincadeiras seguintes parecem influenciar o mau humor já estável de Claude
F- Mais qual vai ser o seu pedido?
R- Não sei... Acho que bem que podia ser o divorcio!- Frasão ri, Rosa já parece estar sob efeito dos drinks que tomara- Já sei! Eu quero que você dê uma jóia pra Alabá!
F- mas por que?
R- Ee.eu gosto dela e acho que ela vai ficar muito feliz com um presente deste!- Rosa parece desconcertada, ela parece um pouco zonza. Ela fecha os olhos por um instante e ao mesmo tempo em que ouve ao fundo a voz de Frasão concordando, sente um arrepio ao perceber uma respiração a três dedos da dela, ela abre os olhos assustada e percebe que os braços de Claude a rodeiam o pescoço, sente algo a esquentar...
C- Você está tremendo cherri. – Rosa percebe o paletó nas costas enquanto Claude se afastava devagar. Ela o olha intrigada com aquele sorriso que ele oferecia.
(...)
C- Finalemant! – Claude se joga no sofá carmim de sua sala. Sorri ao ver Rosa no outro sofá, a sua frente, com visíveis dificuldades em se tirar os sapatos. Ela o olha rindo de sua derrota, ele pensa em ir socorrê-la, mais desiste ao ver que ela se acomoda agora no chão, tirando os sapatos e os pondo alinhados e paralelos a si.
Ele permanece observando-a, os pés descalços, a boca de um tom rosa gritante, os olhos fechados, serenos, um joelho na altura do peito, o colo onde se aninhavam mechas onduladas do cabelo brilhoso, os cotovelos no sofá pareciam sustentar-lhe o peso, ele pousa os olhos numa das pernas que se despira até os joelhos do sedoso tecido, que se amontoava em ondas ao seu lado “ela parece uma pintura” pensa ele, com uma expressão típica de alguém que observa uma gloriosa pintura aos mínimos detalhes, como que procurando o por que de cada linha do retrato.
D- Parece que ela vai se quebrar no meio, né doutor Claudes?- Claude acorda com a voz de Dádi, que agora já se aproximava de Rosa, pra tentar animá-la a subir pro quarto.- Ô doutor Claudes, o senhor não tem coração? E depois dá uma tremenda dor nas costas na dona Rosa por ela dormir sentada assim!... –
Claude entende que Dadi espera que ele a ajude com Rosa, levanta e anda até ela, mas sente receio em tocar o corpo adormecido de Rosa, “ela parece ton frágil...” ele pensa ainda estagnado, ali em pé,
D- oque foi doutor Claudes, tá com medo é? – diz Dadi, que tentava sustentar Rosa pelas costas, ela apenas gesticulava, mas sem acordar- Venha cá, me ajude!
C- Claro, Dadi, claro!- Claude se abaixa devagar, e pega Rosa nos braços,- ela parece estar desmaiada, nem parece que só está dormindo non...
Claude leva Rosa até o quarto, sendo acompanhado por Dadi, que levava os sapatos e a bolsa de Rosa. Ele a coloca na cama, a cobre com o edredom, lhe tira as mechas de cabelo que lhe cobrem o rosto.
C- Bibelô de porcelana...- diz Claude baixinho
D- Disse o que doutor Claudes?
C- Nada, nada non, Dádi...- diz saindo do quarto.
D- Doutor Claudes?- Ele para na porta- É que o paletó do senhor ficou lá embaixo, o celular do senhor deve estar no bolso como de costume, né? Quer que eu traga?
C- Non, non. Non precisa depois eu vou descer e eu mesmo pego, hã?- Claude vai até seu quarto e depois de devidamente trocado desce até a sala, encontra o paletó deixado por Rosa sobre o sofá, - non achei que um dia veria dona Rosa assim... – vê um ponto brilhante ao lado do paletó- a aliança? Coman....-
Claude se surpreende irritado por Rosa ter tirado a aliança, ainda mais fazendo tão pouco caso dela, largando-a no sofá- Nem devia se lembrar onde estava....- diz se jogando no sofá, ajeita as almofadas e dorme.
(...)
TãnãnãnaãTãnãnãnaãTãnãnãnãnããã
(...)
TãnãnãnaãTãnãnãnaãTãnãnãnãnãaa-
D- Ô doutor Claudes? Doutor Claudes, acorda doutor Claudes?- Claude finalmente abre os olhos ainda meio perdido e se assusta ao ver um braço vindo por trás do sofá, seguido de cumpridos cabelos que ele identifica como sendo de Rosa. Ela lhe toma o paletó com o qual ele dormia abraçado. Nele permanecia o perfume de Rosa, que brevemente o usara na noite anterior.
Ele levanta de supetão, meio desnorteado.
R- Alô, Frasão? Não, não! É que o Claude dormiu no sofá, e o celular ficou no paletó. Ele tava aqui mais parecendo uma pedra, mesmo no meio da maior barulheira!- Claude ouve a voz de se aproximar, ela deu a volta no sofá, sentando-se ao lado dele, rindo ao telefone- É, eu vou pensar no seu caso! Não... Por telefone não vale! – rosa gargalha- ...Mais é agente aqui que vai segurar a bronca!- Claude faz cara feia- Ok... Agente resolve depois! Não. Escolhe você mesmo! Eu não quero que você diga que foi minha idéia... Pode levar o crédito, tá? Eu deixo! – Rosa sorri olhando Claude se levantar todo desconcertado- Outro, tchau, Frasão!
D- Bom dia doutor Claudes!
C- Bom dia Dadi... – cruza os braços olhando de cara feia pra Rosa, ainda sentada no sofá, na sua frente, de pijamas e lhe sorrindo com cara de inoscente- Com que direito a senhora atende meu telefone, dona Rosa?
R- Com o mesmo direito que o senhor tem de usar minha aliança!- diz Rosa apontando o anel que Claude acabara por pondo sobre a dele na mão esquerda. Ele percebe e ainda sim fica irado-
C- Ora mais foi a senhora que de desleixada que é deixou ela aí, jogada no sofá?! - Rosa cora de raiva, ele lhe estende o anel.
R- Ah, mais agora eu não a quero mais, fica pro senhor!- diz Rosa se levantando e empurrando a mão dele de volta. Saindo em direção a cozinha em seguida.
C- Que? Rosa! Rosa! Rosa volta aqui! – sai atrás dela.
R- Eu não uso mais porcaria de aliança nenhuma e pronto acabou!- Diz emburrada.
C- Ah, dona Serafina, non vai me dar uma de criança mal criada uma hora destas, hã?
R- Interessante o senhor entrar no assunto, aliás, nos dois assuntos, por que, criança mal criada e mimada aqui é o senhor que sempre quer tudo na mão e outra que o senhor sabe “que horas são?”
C- hã, muito obrigada pela parte que me toca.. e non, non sei que horas son non to com relógio!...
R- Mais quer saber? Eu não vou fazer tudo o que você quer só pra satisfazer todas as suas vontades não!
C- Oque? Mais afinal do que quii a senhora esta falando, hã?
R- Quer saber?! Esquece!- sai andando e ele atrás- Você nunca dá a mínima mesmo!
C- Que? Da a mínima pra q... Rosa!- ainda corre atrás dela, que pula no sofá, ficando maior que ele, ele agarra-lhe pelos braços- Você vai usar a aliança sim! Nem que eu tenha que enfiá-la no seu dedo!- os dois se olham em desafio
R- Me solta!- diz ofegante e bufando de raiva, Claude se nega. – Você é um troglodita!
D- Mais o que é isso minha gente?
Claude olha de cara fechada pra Rosa, e num gesto bruto lhe solta os dois braços. Ela ainda o fulminando pula pro chão, ficando frente a frente com ele.
R- Você nunca me pôs anel nenhum no dedo!- diz baixo, mais ainda em provocação.
D- Meu Deus do céu, no primeiro dia que amanhecem sob o mesmo teto me sai isso, e nos outros dias como vai ser?
Claude ofegando de raiva toma a mão esquerda de Rosa num gesto duro, ela o fuzila com o olhar, ele a encara com a testa franzida e diz em seco:
C- Com essa aliança eu a desposo!
(...)
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