FIC URCA 2- Parte 9 – Medo sem classificação

F- Sem chance, Claude!- Frazão se levanta dum pulo-

C- Ah, Frason...

F- Claude, eu já deveria ter te impedido antes, e agora, além de te acobertar, você quer que eu te ajude nessa doideira? Você está mesmo maluco francês! Vou chamar a Alabá agora mesmo e perguntar se ela recomenda alguma clinica,

por que eu vou ter que te internar!.-

Claude pula no chão avançando em Frasão que ri  se esquivando-

C- Para Frason! Mais que coisa!  É sério!

F- E quem disse que não é sério? Claude mon ami, sinto muito, mais eu sou um homem sério! Acha o que? Tenho filho pra criar, sabia? E pijaminha  listrado não está na minha lista viu?-

Claude franze a testa e Frasão se dá conta da besteira que falou-

Ô, amigo! Desculpa ai,viu? Mais... É pelo seu bem Claude. É melhor agente entregar a ruivinha para as autoridades até que tudo se resolva. É o melhor a se fazer.

C- Frason, eu não quero deixar ela num... Abrigo, num... Orfanato non... Ela tem medo...

E se eu posso cuidar dela, eu non entendo por que deixar ela num lugar desses non!

F- Eu sei francês! Você está muito preocupado e... eu gostaria de poder dizer o contrário mais... Se agente não entregar...

Correremos o sério risco de sermos processados por seqüestro, cárcere privado e mais um montão de jogadas de mestre que seus queridíssimos antagonistas comerciais podem nos acusar né? –

Claude anda de um lado pro outro-

Fica ligado, Claude! Agente não pode vacila não!

- Claude, além do mais, que juiz iria acreditar de cara que ela é sua filha? Você tem que fazer o DNA meu amigo!

C- DNA... Frason eu... Eu queria mesmo ter coragem mais...- ele olha Henri que brinca com um aviãozinho do outro lado da sala- ... Non dá! Non dá Frason!-

Ele esconde os olhos com uma mão-

Eu estou muito dividido mais... E se der negativo? A Gil... E ah mon Dieu! Ela vai se decepcionar tanto e ...

F- Claude, você não disse que quer adotar ela?

C- Eu quero Frason! E vou! Mais querer esse resultado é... Como ser egocêntrico já que se der negativo ela vai sofrer muito...

F- É melhor fazer Claude. Mesmo assim. De garantia. Nem precisa abrir agora mais... Faz e depois se a coisa complicar... Sendo positivo pode vir a calhar, hã?- Claude se vira pra ele, suspira-

C- .. Tá! Tá você tem razon... eu enton vou fazer esse exame e... Depois agente resolve se abre ou non...

F- Isso sim é que vai ser difícil né?

C- Frason... Mais você acha que por ela non se parecer comigo e com Serafina...

F- Amigo, o fato é que por ela ser assim, ruivinha, pode sim ser um empecilho de vocês caírem nas graças do juiz logo de cara mesmo...

Mais não quer dizer que seja impossível disso acontecer... Aliás, sabe que pode ser até fácil? Agente monta um álbum de fotos da Louise e da Gil, só pra fazer uma comparaçãozinha sabe? Acho que vai ser muito bom!

C- É... Non é má idéia non... Mais... Você acha que... dá pra achar as semelhanças...

F- Claude! Tua filha rapaz! Você vai saber dizer melhor que eu! Agora vai! Vai encontrar ela lá porque a Dádi já ligou aqui várias vezes perguntando de você!

C- Ow! É verdade! Esqueci o celular...

F- Como sempre né?

C- Mais ela ligou toda hora... Aconteceu alguma coisa com Gil?

F- Nada! Pelo que a Alabá me disse, ela está mesmo é estranhando a presença da pobre da ruivinha lá né francês? Aliás, pobre nada! A menina é esperta demais! Se não fosse pela Rosa, eu diria que as possibilidades dela ter esse seu sangue francês ai é...

C- Chega Frason! – Bate nas costas de Frasão- Agora eu vou mais... Por favor Frason... Fica com ela por uns dias? Até Rosa poder... Você sabe de como está difícil...

F- Claude, você sabe que eu jamais faria algo errado, né? Mais te deixar na mão nesse momento seria ir muito mais contra meus princípios!

Eu te ajudo, seu francês pidão! Mais tem uma coisa! Eu não garanto que isso vai funcionar por muito tempo então...

C- O DNA!.... Tá! Pode providenciar... Só que eu non quero ver ton cedo, hã? Eu preciso me... restabelecer mentalmente por que... Non é fácil...

F- Seja forte Claude! Vai dar tudo certo! Eu já encontrei a matricula da nossa ilustríssima Gioconda Miller! E Claude, só pra você ter idéia da esperteza de quem fez os tais documentos falsos, se preocuparam em dar um sobrenome diferente pra ela por que se ligaram de que ela não ia ter cara de  Silva, Souza...Santos...

 Ah,Eu vou até o fórum de lá amanhã

C- Ótimo Frason!

F- E mais uma coisa!- Frasão faz Claude parar na porta-

C-O que?....

F- A musa...- disse sussurrando-

C- Que?

F- A musa!...- Continuou falando baixo- A Alabá! Ela está indo visitar a Rosa! E ela sim vai ser difícil convencer de deixar a Gil aqui... – Alabá aparece- Você fala!- Frasão se põe do lado dele, os dois com sorriso amarelo-

A- Oque aconteceu?...- Alabá ri por eles estarem tão engraçados, mais está desconfiada...

F- O Claude quer dar uma palavrinha com você, musa...- diz num tom arteiro que Alabá tanto temia

A- Oque vocês estão tramando dessa vez, hein?....

(...)

Aiii!!!

E- Calma dona Rosa! Assim fica difícil de trocar o curativo! A senhora não quer ficar boa logo e poder voltar pra casa?

Rosa sorri sem graça. Mais o que ela estava sentindo e pensando ela só conseguiria descrever com uma palavra: Medo.

Não o tipo de medo que se tem da dor causada pelas agulhas ou da ardência provocada pelos cicatrizantes... Ela tinha dentro dela um medo... Que não se sabe como se classifica, em que “prateleira” se coloca, em que “compota” se põe.

O medo da REALIDADE desconhecida. Dessa estranha vida que ela tinha vivido lá fora, além das árvores do pátio externo do hospital...

 Ela tinha curiosidade em saber que mulher ela inventara em si mesma nos últimos dez anos, e que por ironia ela não conhecia...

Como ela seria? Não teve ainda a ousadia e coragem pra se olhar no espelho...

Dez anos além do que ela poderia sonhar como futuro...

Disseram-lhe que morava num prédio luxuoso...

E ela que pensava que em dez anos, no máximo conseguiria uma modesta casinha própria no subúrbio com a ajuda de Júlio... Júlio... Será mesmo que o que disseram é verdade?

R- Ele me abandonou?...- Pensou alto enquanto a enfermeira terminava de passar o esparadrapo sobre a gaze, a mulher para e sorri-

E- Claro que não querida! Seu marido está sempre por aqui! Pelo horário ele já chega aí, você vai ver só!-

Rosa engole seco. Sorri um sorriso quase “padrão” só pra agradar aquela gentil mulher que a olhava com olhos ternos. Tudo o que ela ouvia sobre o “marido” a espantava.

Doutor Claude Antoine Geraldy era simplesmente louco por ela e passara meses ali, à beira daquela cama, rezando e chorando baixinho ao seu lado sempre.

Ele que sempre parecia tão frio e calculista, que passava por cima dos sentimentos de qualquer um em prol do próprio interesse.

Ele que nunca sorria espontaneamente, sempre representando...

Ele que não a via como mulher... Se casou com ela?

Deixou tudo pra ficar ao seu lado?

Ela não podia acreditar que era de verdade essa situação...

“Oque ele viu em mim? E o que raios eu vi nele?”

Mimado, mauricinho, resmungão...

Frio, Calculista, Escrúpulos questionáveis...

E insensível... Mais isso ela não conseguia mais assimilar à figura daquele francês que  chorara qual um bebê na sua frente e depois lhe entregara tão sutilmente as jóias de compromisso votadas por ele.

“Como terá sido ser pedida em casamento pelo doutor Claude?”

Rosa às vezes se pegava rindo...

“Mais será que eu fiquei maluca? E na verdade estão me dando uns remédios daqueles pra pirados e mais umas boas doses de eletros-choque diariamente e por isso eu estou achando que isso é real?”

Ela se pegava em plena confusão-

“Ou não?...” Ela sentia-se tentada a encarar a própria imagem no espelho... Mais temia pelo que viria do outro lado...

“O meu eu do futuro...”

E realmente, pra ela era como viajar pro futuro. Afinal tudo em sua vida mudou e todos mudaram... Menos ela!

O mundo estava dez anos mais velho... O corpo dela estava mais velho... Mais ela não! A mente dela tinha dez anos menos!

Menos lembranças menos risadas menos músicas novas menos verões quentes menos... anos saboreados... com seu amado Julio.... Seu ex amado Julio...

R-  Ele me deixou!- Ela repete pra si mesma, a fim de de uma vez por todas se convencer.