FIC URCA parte 4- Aulas para Rosa
Claude olha dentro da xícara, agora a fumaça não impedia mais que ele visse o liquido amarelado,
A- É chá de camomila, Claude! Ele acalma!
Rob- E exatamente o que você precisa agora, não é? – Claude meneia a cabeça em protesto mais se cala num gole.
F- Agora eu só quero ver, francês! Minha última esperança era que o senhor arrumasse mais um daqueles seus casinhos relâmpago, e estaria tudo certo!
Rob- Se a Nara se nega a se apresentar como esposa... Claude... Você precisa mesmo de outra moça, que vá lá, e trate de sorrir pros americanos, viu?
C- Eu non tenho cabeça mais pra... pra convencer ninguém non- diz franzindo a testa e dando mais um gole no chá, que repousa nas suas bochechas.
F- Pois é melhor o senhor arranjar outra cabeça, né? Essa francesa, ai... Tá mesmo gasta, né amigão?- Claude o fulmina pondo a xícara no aparador.
A- Ô Claude, então por que você não apresenta a sua esposa de verdade, a... Rosa, né? – Claude arregala os olhos, Frasão sorri e arqueia as duas sombracelhas, esperando a reação do amigo- Poxa Claude ela é tão bonita! Tão... Meiga...
C- É meiga, né? Meiga... – sarcasmo- Agora mesmo é quii eu tô frito!- cruza os braços.
F- Pensa bem, Claude! O que eu te disse? Além de menos arriscado, é mais fácil nesse momento, hã?’
C- Mais fácil? Ficou louco Frason? Enlouqueceu, é? Aquela “moça” lá, aquela mulherzinha non sabe se portar no meio de gente importante non...
Rob- Na vida, tudo se aprende, querido! Eu estou aqui pra isso, hã?
C- Roberta, Roberta se Nara me pega em mais uma dessa, ela non vai me querer mais nem quii eu seja o ultimo francês na terra, hã?
Rob- Você é quem sabe, Claude. Mais se mudar de idéia, me liga, tá?
(...)
“Mais como é que é?” diz Rosa, perplexa. Claude a olha, aflito, abre a boca, mais não lhe sai a voz.
F- Rosa! Por favor! Livra a nossa barra, hã?
R- Doutor Claude! O senhor bateu com a cabeça, foi? Não tá bem da bola não? A última vez que vi sua noiva, eu tive prova do perigo que se corre em contrariá-la!- diz Rosa dando a volta na mesa, movendo pilhas de papel de lá pra cá. Frasão olha pros lados, vê os funcionários voltando do almoço
F- Vamos terminar essa conversa na sala de reunião, que tal?
R- Pois pra mim a nossa conversa já terminou aqui mesmo! – disse ainda perdida nos afazeres.
C- Dona Serafina Rosa?- disse Claude, cortando o silêncio. Rosa se espanta por ele lhe chamar assim, para e o olha. – Vamos até minha sala, s’il vous plait? – disse num tom sério. Rosa acena com a cabeça e os três entram na sala de Claude.
Depois de muita insistência, convenceram Rosa de que se ela não se passasse por esposa de Claude, a construtora estaria arruinada. Rosa ainda permaneceu ali na cadeira, quieta e muda. Até que um silêncio perturbador se instalou na sala.
R- E então? O que vai ser desta vez? – disse Rosa, desanimada.
F- Você se lembra da Roberta?
R- A Roberta Vermont. Dãããr, Claro né. A do vestido! Ah, e que aliás, eu já devolvi.
F- Pois então, ela vai te dar “aulas” dona Rosa. Aulas.
R- Aulas? Aulas de...
C- Etiqueta. De etiqueta, ora!
F- Aulas de etiqueta. E que terão inicio amanhã.
R- E eu...
C- Vai ser levada até lá pelo meu motorista, vai te levar e te buscar em casa, hã?....
R- Mais e o meu trabalho, ein?
C- A partir de agora vai ser esse, hã?
R- Mais... E os meus amigos, o que eu digo pra eles?
C- Vai dizer nada, você é minha secretária, minha funcionária, hã? E você trabalha onde
eu quiser! Dizemos quii você tá trabalhando pra mim num escritório dos engenheiros, hã? Em campo de construção.
F- Até que enfim, uma idéia boa né Claude?! – diz Frasão, mais uma vez provocando irritação no amigo.
R- Tá, tá. Tá legal, eu vou... – Diz se levantando- Mais que essa seja a ultima roubada da vez, hã?
F- Rosa, minha cara Rosa, dessa vez não garanto não, viu? – diz cruzando os braços-Ai!- Claude lhe dá um tapa na nuca.
C- E você fica quieto, hã?
(...)
E ai, começa a “rotina de diário de princesa” como pensa Rosa, todos os dias, ela dá um jeito pra que não vejam o carro a buscar, pra que não estranhem. Não comenta nada em casa, apesar de Terezinha desconfiar de certas, mudanças em Rosa, e não estava sabendo das aulas que ela vinha tendo. Só o filho de dona Joana é que as vezes a acompanhava, ele era ator, e estava tentando entrar no novo filme estrelado por Roberta, sua grande Diva. Os dias na casa de Roberta às vezes eram enfadonhos, mais Rosa parecia não se importar. Ela estava “quase pronta’, dizia Alabá. Só de pensar que ela teria que enfrentar um monte de “convidados ilustres” na recepção, além dos próprios americanos, ela sentia o estomago borbulhar. Os americanos ela já conhecera, uma vez na rua, quando ela se punha apressada a atravessar o sinal na rua, por conta de mais uma dor de cabeça do patrão. Vê um casal de senhores a descer de um taxi, na frente da construtora, percebe que o senhor deixa cair um objeto, que reconhece como sendo a sua carteira. Ela a apanha e tenta devolver, mas de principio, não consegue. Depois de saber quem era o casal, devolver a carteira, Rosa ganha ali, pontos de confiança com o casal mais polêmico na empresa Geraldy.
Rob- Hoje, já esta tudo pronto, seu marido querido te aguarda pacientemente pra ter prova de minha competência, hã?
A- Roberta, eu diria que ele está esperando impacientemente, viu? O Claude tá na maior pilha lá fora!- Diz Alabá, se encostando no batente da porta.
R- O doutor Claude tá aí é?
Rob- Rosa, querida, o que agente combinou?
R- Tá, tá, me desculpe. O “Claude”.
Rob- Assim esta melhor... - diz sorrindo.
Rosa é levada até Claude, que praticamente entra em estado de choque ao ver Rosa mais linda do que nunca. Apesar disso, ele finge indiferença, que não deixa de ser retribuída a altura por Rosa, que só o olha nos olhos durante as encenações de saudação, o que deixa Claude mais uma vez intrigado consigo mesmo.
Rob- É meus queridos, acabo por aqui...
A- O show mesmo é amanhã, né ?- diz Alabá sorrindo.
S- Ô Fina, acho melhor agente pegar a estrada, a essa hora seu Giovane já chegou em casa!- diz Sérgio, que começa a perceber que Claude o fulminava a um bom tempo.
R- É verdade! Meu Deus! Hoje eu não posso chegar tarde!
Rob- Mas por que minha querida, eu não entendo, você já é uma mulher feita, seu pai não deveria te tratar assim, como...
R- Como criança!? É eu sei, é estranho mesmo né? Mas foi assim que eu fui criada Roberta, sempre vigiada pelo meu pai!
C- Non me admira quii...
F- Shiu, francês, não interrompe!
R- É que ele anda desconfiado, ele viu o carro me buscar, ele reparou que eu mudei o cabelo, essas coisas, sabe? Ele acha que... – Rosa cora, constrangida.
Rob- O que ele acha, Rosa?
R- Que eu estou tendo um caso, um caso com homem casado... – diz Rosa, olhando pro chão, envergonhada.
Frasão não contem o riso, Claude franze a testa, Alabá fica boquiaberta, Sérgio não para de observar Claude.
Rob- Por que ele não sabe que casada é você, não é mesmo?- diz rindo.
Rosa apenas dá um suspiro, como quem confessa algo realmente constrangedor.
Rosa se troca e se prontifica a ir embora,
R- Vamos embora então, Sérgio?
S- Claro, vamos sim.
C- Eu acho que agora eu sei de onde eu te conheço, é... Sérgio, non?
S- é. – diz encarando Claude.
C- Naquele dia, claro! No shopping!
F- No dia do sapato?
C- Da maquete, Frason! Da maquete, hã?
S- ah, claro, acho que me lembro de ter visto o senhor, junto com a Fina.
C- Com quem?
S- Ué, com a Serafina!- Claude olha meio sem entender, mais continua:
C- Non vai me deixar na món amanhã, non! Por favor, dona Rosa!
R- Ora mais por que isso agora, doutor... hã...., Claude! Olha só pra mim, não estou que nem um fantoche a seu pedido?- Claude fecha a cara- Não se preocupe, sairá tudo “conforme o seu plano”, está bom assim pro senhor? Agora dá licença, como eu disse, não estou podendo demorar mais nem um instante aqui não. Boa noite a todos!- se vira deixando Claude no vácuo da conversa.
C- Ora, sua... – diz Claude, quase inaudível mente.
(...)
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