sábado, 12 de setembro de 2015

Crônicas de URCA- Pensando em você




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    -Eu entendo...
    -entende?
    -Sim. Você queria vê-la. Estava com saudades dela... entendi.
    -Mas... non...non foi isso que fui fazer lá....
    -Que outro motivo te levaria a uma visita a essa hora... e as escondidas?
    -As escondidas?
    -Sim. Você mentiu pra mim. E sem a menor necessidade.
    -Non Serafina, non!
    -Não oque?
    -Você está distorcendo as coisas... - ele passa a mão pelos cabelos num gesto desesperado. Rosa esboça um sorriso nervoso.
    -Distorcendo? Claude você não se preocupou com o que eu pensava antes, porque se preocupar agora?
    -Eu fui até lá pra....
    -olha só quer saber, eu vou subir. Você não me deve explicações. Eu não quero saber oque você foi fazer lá, faça-me o favor... - ela começa a andar em direção as escadas. Claude entende oque estava prestes a acontecer, então solta o ar pesadamente.
    -Espera, por favor... - Ele a segura por um cotovelo. - Entendo que non queira saber oque eu fui fazer ou ouvir uma explicaçon... mas …- Claude procura seus olhos- Eu quero, eu preciso te explicar, hã?
    -Tudo bem. - ela se solta num suspiro. - Sou toda ouvidos.
    -Primeiro, venha até aqui...- ele a conduz até o sofá onde ambos se sentam.
    -Eu... peço sinceramente pardom por non ter te contado... - ele segura suas mãos tendo a cabeça baixa... Rosa sente vontade de abraça-lo e niná-lo como a uma criança. Zomba discretamente de si mesma com um sorriso.
    -E então?
    -Fui até lá porque eu estava confuso... hoje mais cedo recebi provas bastante condizentes de que Nara está mesmo por trás de tudo isso que tem nos acontecido... Eu... sei que você está sempre certa... mas.. Rosa... eu estive envolvido com ela por quase dois anos... Nós... noivamos por presson... mas... esperava realmente conseguir me acostumar a ideia de casamento. Nós passávamos tanto tempo juntos... Non entendo porque ela quer me prejudicar. Essa situaçon me deixou muito intrigado...
    -Você não percebeu que ela tem um caráter questionável?- Rosa zomba e sorri discretamente em triunfo
    -Acho que finalmente entendi oque isso quer dizer... Me sinto bastante desconcertado... - ele a encara
    -Ela te deixa desconcertado, não é mesmo? Frasão sempre diz isso.
    -Non mais do que você.
    -Eu oquê?
    -Você... Serafina. Você me deixa mais desconcertado do que qualquer pessoa no mundo. - ele sorri.
    -Que cara é essa? Isso não soou muito bom, sabia?
    -Non é bom mesmo. Non pra mim. - ele a olha de forma enigmática
    -Mas então porque não me disse que ia até lá?
    -Eu... fiquei constrangido...
    -Quer dizer que sentiu vergonha?
    -Oui... - ele suspira em rendição- como eu diria a você que odeia Nara, tanto quanto ela a odeia, que ia visitar pra ter uma conversa séria com ela?
    -Você sabe que eu não permitiria que você se exposse tanto, né?
    -Eu non me expus...
    -Não. Você nos expos. Porque a americana está nos vendo como um casal cheio de deficiências. Frágil demais pra ser real. Ela simpatiza comigo Claude. Acha que sou muito ingênua... A ponto de querer me proteger até mesmo de você.
    -Mon Dieu... - Claude bagunça os cabelos.
    -Eu sinto muito por tudo oque está acontecendo... sei que sou a pessoa que está entre você e o amor da sua vida... e de uma forma tão... excêntrica né. mas... é circunstancial... Você me pediu pra estar aqui, e mais de uma vez, lembra?
    -Serafina, por favor...
    -Você se colocou aqui Claude. Ou melhor, você me colocou aqui. Porque quer me deixar ainda mais desconfortável do que já estou? Me culpar?
    -Eu non quero isso...
    -não é oque demonstra. As vezes você age e diz coisas que denunciam esse pensamento.
    -Me perdoa, por favor...
    -está tudo bem, Claude. Olha pra mim?
    -Me perdoa... - ele a encara.
    -Eu sinto muito por tudo isso. Eu só queria te ajudar, lembra?
    -Me perdoa... - ele estava chorando. E Rosa silenciosamente com ele.
    -Você não precisa se envergonhar por amar a sua noiva de verdade, Claude. Sei que você ainda a ama apesar de tudo isso. Sinto muito por ela ter feito isso com você. Mas ela esta tentando te prejudicar, não apenas para acabar com esse casamento de fachada...
    -Eu non... eu non estou mais noivo, Rosa. Na verdade, por vontade própria eu nunca estive noivo. Eu tive de estabelecer esse compromisso apenas pra satisfazer os nossos amigos na sociedade e também os filhos dela... mas.. eu nunca quis me casar.
    -Entendo... mas.. isso não quer dizer que você não tivesse sentimentos por ela e quisesse estar com ela. É isso que eu estou dizendo. Se você tivesse me avisado.. eu poderia ter dado um jeito melhor de a americana não perceber.. ou melhor.. poderia ter te aconselhado a ter mais cautela.. e deu no que deu.
    -Pardon Rosa. Você tem toda a razon de ter ficado desapontada comigo... eu também estou desapontado comigo mesmo...
    -não se sinta assim Claude. Você queria que ela se explicasse.. você conseguiu isso?
    -Non... ela negou tudo... e disse que se sente enciumada... mas que non seria capaz de nada ton... sórdido.
    -E você acreditou nela, não é? Ela conseguiu outra confissão de que isso tudo é fachada e que no final você se casará com ela.
    -Rosa eu... - ele abaixa a cabeça
    -Claude... olha pra mim. Eu estou aqui e sei o porque, lembra? Sei que você não tem nenhuma obrigação de ser fiel a mim como se esse casamento valesse de alguma coisa... Sei que o fato de eu ser fiel a você é só circuntancial porque eu já não tinha ninguém antes e... todos os que se aproximam de mim sabem que eu estou.. “casada” com Claude Geraldy.
    -Você é uma mulher linda Rosa... capaz de fazer qualquer homem muito feliz... - ele a olha nos olhos. Ela sorri.
    -Sim. Mas qualquer homem é quase como homem nenhum.
    -Como assim?
    -Esquece.
    -Viu só como você me deixa desconcertado? Non me deixou explicar nada...
    -Porque como eu já disse, eu entendo.
    -Non, você non entendeu nada. - ele se aproxima dela, e ela se assusta um pouco. Os dois se olham nos olhos e Rosa decide ouvi-lo.
    -Então me explica.
    -Eu... pra começar... eu non queria ir até lá. E isso é muito estranho porque como você disse eu estava noivo dela... mas...
    -mas?
    -Eu fui porque... non era possível a mulher a quem prometi me casar e fiz tantos planos... estivesse contra mim. E quando cheguei la e ela tentou me... seduzir... me agarrar e eu...
    -vai dizer que não gostou?
    -Eu non queria que ela fizesse aquilo, Serafina.
    -E porque não? Vocês são noivos, não são?
    -Non... non somos noivos de verdade.
    -Eram namorados de longa data.
    -Eu sou homem, é claro que foi dificil rejeitá-la daquela forma... ela disse que estava com saudades e …
    -Claude... - Rosa franze o cenho fazendo gesto de quem não quer ouvir aquilo
    -pardon... mas o fato é que... antes isso seria perfeito pra mim. Mas non estava bom. Não parecia certo...
    -e porque não?
    -Você.
    -Eu?
    -Por você. Sei que non temos um relacionamento amoroso de verdade. Sei que non somos casados da forma... convencional. Mas eu só conseguia pensar em você. Eu olhava pra minha mon... e lá estava a aliança de casamento...
    -sentiu que era imoral?
    -Non sei bem... acho que non foi imoralidade que me constrangeu.
    -Então oque? - ela sorriu. Claude olhou sério pra ela.
    -Me perdoe pelo que vou dizer mas... Eu non queria que Nara me agarrasse. Porque eu estava carente e sabia que non seria capaz de resistir facilmente...
    -mas Claude...
    -shiii.. me deixa terminar. Eu sei. Se estava carente era perfeito. Ou seria, se eu quisesse estar com ela. Mas quando ela me agarrou non foi nela que eu pensei.
    -Como assim? Está confessando que tem mais alguém além dela? Haha meu Deus eu sou um alce! - a moça leva as mãos à testa sorrindo
    -Serafina... - ele a olhou preocupado.
    -Que foi Claude? É tão ruim assim oque vai me dizer?
    -é. é terrível.
    -Então diga de uma vez.
    -Eu … eu estou com um grande problema. E non é pela falta de integridade de Nara. Eu estive lá porque... queria proteger você dela... a convencendo de que ela non precisa se preocupar com você.. de que eu non.. de que nós non temos nada e portanto ela non teria que sentir ciúmes...
    -muito bem.
    -Mas eu menti pra ela.
    -Mentiu como?
    -Disse que non tinha intençon nenhuma com você e que me casaria com ela assim que possível.
    -Mas você não quer se casar com ela, não é? Você nunca quis se casar com ninguém. - Rosa zomba- é um solteirão convicto.
    -Mon Dieu. - ele chega mais perto dela e ela prende a respiração por um momento- a culpa é sua.
    -Minha? Logo minha, a senhora Geraldy? - sorri enquanto arqueia a sobrancelha
    -Você me enlouquece sabia? - ele a olha de forma selvagem. Rosa se sente confusa, mas ainda sorri.
    -Sabia. Você sempre disse que eu te tiro do sério. E vive gritando comigo... - ela ri.
    -Eu pensei em você. - ele se mantém sério
    -Oque?- ela desmancha o sorriso
    -Eu só penso em você, non entende? A culpa é sua, eu non consigo mais... -ele descansa o rosto no pescoço de Rosa, que sente um longo arrepio ao sentir a respiração dele em sua pele.
    -Claude...- ela chama ainda se sentindo confusa
    -Eu sei... non devia te dizer isso... ainda mais depois do que eu fiz hoje. Mas... eu non suporto mais fingir que non... eu me sinto imoral sim. Mas porque sei que eu non posso... non posso ter você. E ainda sim te desejo desse jeito.. desse jeito impossível...
    -Ei...- Rosa segura o rosto dele pra o olhar nos olhos- Porque você diz isso?
    -Eu estou apaixonado por você Serafina Rosa. Encantado, abobado por você... Tenho me esfoçando pra que você non percebesse porque... sei que non é o suficiente. Você precisa de mais do que o que eu sinto. Non sei se eu sou capaz de dar a você tudo oque você precisa e que sei que merece. Um amor desinteressado, um amor sincero... vindo de alguém melhor do que eu.
    -Claude... - Rosa choraminga
    -Mas é que... você tem preenchido cada instante dos meus pensamentos... de forma que já non sei se tenho a sanidade intacta. Mon Dieu nos beijamos todos os dias mas nenhum desses beijos é espontâneo o suficiente e... eu seria incapaz de me aprov..- Rosa o beija languidamente. Claude fica sem reação, ainda de olhos fechados
    -Senhor Geraldy?- os dois se olham nos olhos
    -oui... - ele sorri levemente, ainda anestesiado pelo beijo