-Eu
entendo...
-entende?
-Sim.
Você queria vê-la. Estava com saudades dela... entendi.
-Mas...
non...non foi isso que fui fazer lá....
-Que
outro motivo te levaria a uma visita a essa hora... e as escondidas?
-As
escondidas?
-Sim.
Você mentiu pra mim. E sem a menor necessidade.
-Non
Serafina, non!
-Não
oque?
-Você
está distorcendo as coisas... - ele passa a mão pelos cabelos num
gesto desesperado. Rosa esboça um sorriso nervoso.
-Distorcendo?
Claude você não se preocupou com o que eu pensava antes, porque se
preocupar agora?
-Eu fui
até lá pra....
-olha só
quer saber, eu vou subir. Você não me deve explicações. Eu não
quero saber oque você foi fazer lá, faça-me o favor... - ela
começa a andar em direção as escadas. Claude entende oque estava
prestes a acontecer, então solta o ar pesadamente.
-Espera,
por favor... - Ele a segura por um cotovelo. - Entendo que non
queira saber oque eu fui fazer ou ouvir uma explicaçon... mas …-
Claude procura seus olhos- Eu quero, eu preciso te explicar, hã?
-Tudo
bem. - ela se solta num suspiro. - Sou toda ouvidos.
-Primeiro,
venha até aqui...- ele a conduz até o sofá onde ambos se sentam.
-Eu...
peço sinceramente pardom por non ter te contado... - ele segura
suas mãos tendo a cabeça baixa... Rosa sente vontade de abraça-lo
e niná-lo como a uma criança. Zomba discretamente de si mesma com
um sorriso.
-E então?
-Fui até
lá porque eu estava confuso... hoje mais cedo recebi provas
bastante condizentes de que Nara está mesmo por trás de tudo isso
que tem nos acontecido... Eu... sei que você está sempre certa...
mas.. Rosa... eu estive envolvido com ela por quase dois anos...
Nós... noivamos por presson... mas... esperava realmente conseguir
me acostumar a ideia de casamento. Nós passávamos tanto tempo
juntos... Non entendo porque ela quer me prejudicar. Essa situaçon
me deixou muito intrigado...
-Você
não percebeu que ela tem um caráter questionável?- Rosa zomba e
sorri discretamente em triunfo
-Acho que
finalmente entendi oque isso quer dizer... Me sinto bastante
desconcertado... - ele a encara
-Ela te
deixa desconcertado, não é mesmo? Frasão sempre diz isso.
-Non mais
do que você.
-Eu oquê?
-Você...
Serafina. Você me deixa mais desconcertado do que qualquer pessoa
no mundo. - ele sorri.
-Que cara
é essa? Isso não soou muito bom, sabia?
-Non é
bom mesmo. Non pra mim. - ele a olha de forma enigmática
-Mas
então porque não me disse que ia até lá?
-Eu...
fiquei constrangido...
-Quer
dizer que sentiu vergonha?
-Oui... -
ele suspira em rendição- como eu diria a você que odeia Nara,
tanto quanto ela a odeia, que ia visitar pra ter uma conversa séria
com ela?
-Você
sabe que eu não permitiria que você se exposse tanto, né?
-Eu non
me expus...
-Não.
Você nos expos. Porque a americana está nos vendo como um casal
cheio de deficiências. Frágil demais pra ser real. Ela simpatiza
comigo Claude. Acha que sou muito ingênua... A ponto de querer me
proteger até mesmo de você.
-Mon
Dieu... - Claude bagunça os cabelos.
-Eu sinto
muito por tudo oque está acontecendo... sei que sou a pessoa que
está entre você e o amor da sua vida... e de uma forma tão...
excêntrica né. mas... é circunstancial... Você me pediu pra
estar aqui, e mais de uma vez, lembra?
-Serafina,
por favor...
-Você se
colocou aqui Claude. Ou melhor, você me colocou aqui. Porque quer
me deixar ainda mais desconfortável do que já estou? Me culpar?
-Eu non
quero isso...
-não é
oque demonstra. As vezes você age e diz coisas que denunciam esse
pensamento.
-Me
perdoa, por favor...
-está
tudo bem, Claude. Olha pra mim?
-Me
perdoa... - ele a encara.
-Eu sinto
muito por tudo isso. Eu só queria te ajudar, lembra?
-Me
perdoa... - ele estava chorando. E Rosa silenciosamente com ele.
-Você
não precisa se envergonhar por amar a sua noiva de verdade, Claude.
Sei que você ainda a ama apesar de tudo isso. Sinto muito por ela
ter feito isso com você. Mas ela esta tentando te prejudicar, não
apenas para acabar com esse casamento de fachada...
-Eu
non... eu non estou mais noivo, Rosa. Na verdade, por vontade
própria eu nunca estive noivo. Eu tive de estabelecer esse
compromisso apenas pra satisfazer os nossos amigos na sociedade e
também os filhos dela... mas.. eu nunca quis me casar.
-Entendo...
mas.. isso não quer dizer que você não tivesse sentimentos por
ela e quisesse estar com ela. É isso que eu estou dizendo. Se você
tivesse me avisado.. eu poderia ter dado um jeito melhor de a
americana não perceber.. ou melhor.. poderia ter te aconselhado a
ter mais cautela.. e deu no que deu.
-Pardon
Rosa. Você tem toda a razon de ter ficado desapontada comigo... eu
também estou desapontado comigo mesmo...
-não se
sinta assim Claude. Você queria que ela se explicasse.. você
conseguiu isso?
-Non...
ela negou tudo... e disse que se sente enciumada... mas que non
seria capaz de nada ton... sórdido.
-E você
acreditou nela, não é? Ela conseguiu outra confissão de que isso
tudo é fachada e que no final você se casará com ela.
-Rosa
eu... - ele abaixa a cabeça
-Claude...
olha pra mim. Eu estou aqui e sei o porque, lembra? Sei que você
não tem nenhuma obrigação de ser fiel a mim como se esse
casamento valesse de alguma coisa... Sei que o fato de eu ser fiel a
você é só circuntancial porque eu já não tinha ninguém antes
e... todos os que se aproximam de mim sabem que eu estou.. “casada”
com Claude Geraldy.
-Você é
uma mulher linda Rosa... capaz de fazer qualquer homem muito
feliz... - ele a olha nos olhos. Ela sorri.
-Sim. Mas
qualquer homem é quase como homem nenhum.
-Como
assim?
-Esquece.
-Viu só
como você me deixa desconcertado? Non me deixou explicar nada...
-Porque
como eu já disse, eu entendo.
-Non,
você non entendeu nada. - ele se aproxima dela, e ela se assusta um
pouco. Os dois se olham nos olhos e Rosa decide ouvi-lo.
-Então
me explica.
-Eu...
pra começar... eu non queria ir até lá. E isso é muito estranho
porque como você disse eu estava noivo dela... mas...
-mas?
-Eu fui
porque... non era possível a mulher a quem prometi me casar e fiz
tantos planos... estivesse contra mim. E quando cheguei la e ela
tentou me... seduzir... me agarrar e eu...
-vai
dizer que não gostou?
-Eu non
queria que ela fizesse aquilo, Serafina.
-E porque
não? Vocês são noivos, não são?
-Non...
non somos noivos de verdade.
-Eram
namorados de longa data.
-Eu sou
homem, é claro que foi dificil rejeitá-la daquela forma... ela
disse que estava com saudades e …
-Claude...
- Rosa franze o cenho fazendo gesto de quem não quer ouvir aquilo
-pardon...
mas o fato é que... antes isso seria perfeito pra mim. Mas non
estava bom. Não parecia certo...
-e porque
não?
-Você.
-Eu?
-Por
você. Sei que non temos um relacionamento amoroso de verdade. Sei
que non somos casados da forma... convencional. Mas eu só conseguia
pensar em você. Eu olhava pra minha mon... e lá estava a aliança
de casamento...
-sentiu
que era imoral?
-Non sei
bem... acho que non foi imoralidade que me constrangeu.
-Então
oque? - ela sorriu. Claude olhou sério pra ela.
-Me
perdoe pelo que vou dizer mas... Eu non queria que Nara me
agarrasse. Porque eu estava carente e sabia que non seria capaz de
resistir facilmente...
-mas
Claude...
-shiii..
me deixa terminar. Eu sei. Se estava carente era perfeito. Ou seria,
se eu quisesse estar com ela. Mas quando ela me agarrou non foi nela
que eu pensei.
-Como
assim? Está confessando que tem mais alguém além dela? Haha meu
Deus eu sou um alce! - a moça leva as mãos à testa sorrindo
-Serafina...
- ele a olhou preocupado.
-Que foi
Claude? É tão ruim assim oque vai me dizer?
-é. é
terrível.
-Então
diga de uma vez.
-Eu …
eu estou com um grande problema. E non é pela falta de integridade
de Nara. Eu estive lá porque... queria proteger você dela... a
convencendo de que ela non precisa se preocupar com você.. de que
eu non.. de que nós non temos nada e portanto ela non teria que
sentir ciúmes...
-muito
bem.
-Mas eu
menti pra ela.
-Mentiu
como?
-Disse
que non tinha intençon nenhuma com você e que me casaria com ela
assim que possível.
-Mas você
não quer se casar com ela, não é? Você nunca quis se casar com
ninguém. - Rosa zomba- é um solteirão convicto.
-Mon
Dieu. - ele chega mais perto dela e ela prende a respiração por um
momento- a culpa é sua.
-Minha?
Logo minha, a senhora Geraldy? - sorri enquanto arqueia a sobrancelha
-Você me
enlouquece sabia? - ele a olha de forma selvagem. Rosa se sente
confusa, mas ainda sorri.
-Sabia.
Você sempre disse que eu te tiro do sério. E vive gritando
comigo... - ela ri.
-Eu
pensei em você. - ele se mantém sério
-Oque?-
ela desmancha o sorriso
-Eu só
penso em você, non entende? A culpa é sua, eu non consigo mais...
-ele descansa o rosto no pescoço de Rosa, que sente um longo
arrepio ao sentir a respiração dele em sua pele.
-Claude...-
ela chama ainda se sentindo confusa
-Eu
sei... non devia te dizer isso... ainda mais depois do que eu fiz
hoje. Mas... eu non suporto mais fingir que non... eu me sinto
imoral sim. Mas porque sei que eu non posso... non posso ter você.
E ainda sim te desejo desse jeito.. desse jeito impossível...
-Ei...-
Rosa segura o rosto dele pra o olhar nos olhos- Porque você diz
isso?
-Eu estou
apaixonado por você Serafina Rosa. Encantado, abobado por você...
Tenho me esfoçando pra que você non percebesse porque... sei que
non é o suficiente. Você precisa de mais do que o que eu sinto.
Non sei se eu sou capaz de dar a você tudo oque você precisa e que
sei que merece. Um amor desinteressado, um amor sincero... vindo de
alguém melhor do que eu.
-Claude...
- Rosa choraminga
-Mas é
que... você tem preenchido cada instante dos meus pensamentos... de
forma que já non sei se tenho a sanidade intacta. Mon Dieu nos
beijamos todos os dias mas nenhum desses beijos é espontâneo o
suficiente e... eu seria incapaz de me aprov..- Rosa o beija
languidamente. Claude fica sem reação, ainda de olhos fechados
-Senhor
Geraldy?- os dois se olham nos olhos
-oui... -
ele sorri levemente, ainda anestesiado pelo beijo
-Eu sempre o beijo espontaneamente, sabia? - ele a beija em resposta. Rosa segura seu colarinho de forma que mantenham as testas juntas- E... caso não saiba... O que você sente por mim é... exatamente oque eu quero. - ela sorri- e oque eu preciso também.
-Mas... - o francês sorri sentindo seu estômago borbulhar.
Rosa enlaça seu pescoço numa gargalhada
-Eu nunca
vou me perdoar, - ele a olha confuso- por ter deixado que aquela
mocreia tenha feito oque eu deveria ter feito antes dela.
-Sou
louco por você... - Claude sorri quando Rosa beija seu pescoço de
forma carinhosa.
-Vem
comigo... - ela o segura pela mão.
O dia se
espreguiça pela janela em forma de dourados feixes de luz, que
aquecia o gelado ar daquela enevoada manhã paulistana. As ruas iam
se enchendo a cada momento, mais veículos, mais pedestres, mais
agitação, todo o movimento e a barulheira.
Mas
naquele aposento em específico, tudo era quieto. Ela só ouvia uma
tranquila respiração a seu lado. Pela primeira vez em muito tempo,
ela não queria sair da cama. Queria continuar ali, confortavelmente
ali. Sentia naquele abraço a melhor das sensações... ela era sem
dúvidas, a mais abobalhada daquela relação. Ele parecia tão
frágil, tão amável quanto um bebê, apesar de toda a estatura. E
ali estava ela, onde a tanto tempo ela desejava estar. Ela podia o
tocar, o sentir, não apenas imaginar...
-Chérie?...
- a voz rouca soa pelo quarto silencioso, logo após de o som dos
lábios dele estalarem na sensível pele de seu pescoço.
-Oui... -
ela sorri de forma leve
-Acha que
vou sobreviver quando sua mãe informar dom Giovanni sobre você ter
passado a noite aqui comigo?
-Não
garanto... - ela ri e se vira para olhar naqueles olhos que
brilhavam como nunca
-Bom
jour, ma épouse.
-Bom dia,
Senhor Geraldy. - ela lhe pisca. Claude a agarra
-Non
devia me provocar ton cedo, Rose Geraldy.- ele sorri
-E porque
não?- ela gargalha se sentindo leve e feliz.
Os dois
passam algum tempo se encarando debaixo da vazão da ducha...em meio
a tanto carinho que Claude sentiu como se nunca tivesse estado tão
contente na vida. O celular dele toca durante um dos intermináveis
beijos que trocava com sua esposa. Sua esposa. Enquanto falava com
Frasão ao telefone, o francês precisou se concentrar muitíssimo
pra não denunciar oque estava acontecendo. Sua Rosa lhe beijava
carinhosamente os ombros enquanto o abraçava pela cintura, tendo
repousado as mãos em seu peito.
Os dois
sabiam oque viviam, mas só eles e os moradores daquele apartamento.
Fora dele e diante das pessoas que sabiam da farsa, tudo permanecia
como antes. Eram apenas cumplíces da jogada mais impensável no
mundo dos negócios.
-Eles von
acabar descobrindo de qualquer jeito, Serafina...- adverte Claude
quando a italianinha choraminga por ele a abraçar na sala de
reuniões...
-Enquanto
os contratos não forem assinados, eu acho mais seguro que não
saibam sobre nós...
-bem...
Eu...
-você
contou a mais alguém...
-non vou
conseguir esconder de Frason por mais tempo, chérie...
-Claude!
-Ele vai
guardar o segredo...
-mas e a
Alabar?
-Mon
dieu...
-Roberta,
Hugo de Madri... o mundo vai guardar né? - ela revira os olhos.
Claude lhe beija o pescoço.
-Desculpa
chérie...
-Tudo
bem. - ela suspira o olhando séria.
-Que foi?
-Não
está preocupado?
-E porque
estaria?
-A
Nara... vai saber que você a está enganando... suas... chances com
ela..- ela sacode a cabeça
-Chances
com ela? Serafina!
-Mas
eu...
-non
quero falar e nem pensar em Nara, hã?
-Tudo
bem. - ela sorri meio desanimada.
-Você
está ton preocupada por causa de Nara?
-Na
verdade não.
-Enton
oque?
-Você...
Você está feliz com isso? Seus amigos agora vão saber que aquilo que você
sempre negou ser possível de acontecer é verdade. Você...
-Mon
Dieu, minha italianinha...- ele a abraça - eu estou feliz, sabia?
-Feliz?
-Oui.
Muito. Eles diziam que eu estava apaixonado por você desde antes de
eu admitir pra mim mesmo! Non faz sentido non admitir o que eles já
sabem há tempos!
-E...
você não se importa?
-Claro
que me importo. É um alivio poder te beijar de verdade em qualquer
lugar, a qualquer momento, non só na frente dos americanos ou em
situações parecidas.
-Como
agora? - ela sorri
-exatamente.
- Claude a beija.
Frasão
entra na sala pigarreando e avisa que Janete espera a senhora
Geraldy para o almoço que combinaram.Rosa sorri e sai do recinto
após se despedir de seu marido com mais um selinho. Claude se senta
em sua mesa de presidente que estava cheia de papéis do projeto
corrente.
-Está
feliz, né amigo?
-E porque
non estaria, hã? Está tudo... indo muito bem. - Claude analisa os
papéis sorrindo.
-O
trabalho nunca pareceu tão divertido, né não?
-Mais
respeito, Frazon. - ralha ao amigo que só gargalha.
-Ah
Claude nem mesmo o amor de uma mulher tão maravilhosa como a Rosa
foi capaz de te curar desse seu mau humor crônico.
-Hahaha
muito engraçado Frason. E que história é essa de ficar falando
todo abobalhado de Rosa, hã?
-Oque?
Ela não é maravilhosa?
-Claro
que é. - ele sacode a cabeça- mas isso non te diz respeito, hã.
-Não
mesmo, diz respeito a ela. Lindíssima. - o advogado insiste em
provocar o amigo
-Frazon..
vá catar coquinho, hã? Fica aí falando da mulher dos outros...
-a mulher
dos outros? Foi isso mesmo que eu ouvi?
-Ah non,
pronto. Oque que é ein Frazon?
-Fala
logo.
-Falar
oque?
-Confessa
que tá louco por ela, Claude. Confessa.
-Isso é
um assunto entre mim e ela. Você non tem nada que ficar aí falando
dela ou querendo que eu conte o que eu sinto non.
-Hahaha
ah vai falar que não é verdade?
-Oque?
-Você
está perdidamente apaixonado por ela.
-Estou
ué.
-Peraí...
acho que entrou água no meu ouvido... você confessou?
-oui. Eu
confessei. - ele arqueia as sombracelhas de braços cruzados. Queria
ver como Frasão se sairia diante disso.
-Então...
-Estamos
juntos de verdade.
-Sério?
-É
sério. Muito sério. Um casamento de verdade.
-Mon
Dieu. - Frasão se senta perplexo.
-Essa
fala é minha.
-Por isso
os sussuros... os beijinhos.. sua cara de bobo apaixonado... há
quanto tempo isso tá acontecendo?
-Oque?
Frason você fala como se eu estivesse te traindo! - Claude ri -
não vem non ein. Você non faz o meu tipo.
-Se
pensar bem é traição mesmo. Sou seu melhor amigo e você me
deixa de fora de uma parada como essa....
-ah
quanto drama.
-Quanto
tempo?
-Hahahaha
chega, Frason. Isso non é da sua conta.
-Fala
logo, você sabe que eu vou acabar descobrindo.
-Duas
semanas. - Claude revira os olhos- Desde aquele dia que disse que ia
a casa de Nara e te pedi um álibi.
-E ela
sabe que você foi lá naquele dia? Ou você não foi?
-Fui. E
aconteceu uma confuson e tanto. Nara tentou me seduzir e...
-tentou?
E desde quando ela tenta te seduzir? Ela sempre consegue te levar
pra onde ela quiser.
-Non
dessa vez.
-Oque?
-Isso non
importa agora, Frason. Ela non conseguiu. Mas tive de acalmá-la.
-Quer
dizer negando um envolvimento com Rosa e prometendo que no fim se
casaria com ela, né?
-Oui oui.
-E...?
-Eu fui
pra casa e a americana estava lá... me acusou de estar traindo
Rosa, disse que non dava mais pra acreditar em mim, haviam fotos de
mim com Nara, telefonemas, gravações...
-nossa...
e como você se livrou dessa?
-Rosa foi
maravilhosa, livrou minha barra totalmente, inventou desculpas...
mas ficou magoada comigo..
-por você
ter ido ver Nara?
-Non. Por
ter mentido pra ela. Ela disse que eu non confiava nela e isso a
deixou muito triste.
-E mesmo
assim ela te perdoou?
-Non foi
fácil convencê-la... eu... tive de me expor totalmente... por isso
estamos juntos.
-Mas você
…
-Estava
confuso. Disse a ela isso. Que non queria magoá-la. Que non sabia
se oque eu sentia era suficiente e... ela disse que oque eu sentia
era suficiente sim e exatamente oque ela queria... - Claude faz uma
cara abobada
-é
amigão. Você foi oficialmente fisgado. E dessa vez é pra valer.
-Como
assim?
-Você já
se sentiu assim por Nara? Digo a esse ponto, ficar todo bobo só
pelo que ela disse não só pelo corpo dela como era com Nara.
-Frason...
-pensa aí
Claude. E vê se toma uma atitude, senão daqui a pouco você vai
perder a mulher da sua vida por medo e insegurança.
Frasão
deixa a sala. O amigo precisava refletir. Aquele frágil
relacionamento não era suficiente, Claude sabia. Sua Rosa merecia
muito mais do que alguns momentos de carinho e presentes. Ainda que
fosse tudo tão intenso como era... ele sabia que ela merecia mais
dele. Depois de uma tarde de muita reflexão e trabalho, uma Serafina
Rosa radiante entra na sala com um enorme sorriso, e se apoia na mesa
a frente de Claude. Os dois ainda em silêncio se olhando.
-Vim te
buscar. - ela lhe acaricia a bochecha.
-é
mesmo? - ele lhe pisca. Ela se senta no colo dele, os dois se
abraçam num beijo cheio de saudade.
-Onde
estava a minha vida toda, hã?- ele a observa. Rosa ri
-Nossa,
oque você andou bebendo hoje, ein?
-Rosa...
- o francês a abraça
-não
quer saber onde estive hoje?
-Isso
também.
-Fui
almoçar com Janete e encontrei com Mrs. Smith no restaurante. e...
adivinha com quem ela estava lá?
-Non
sei... Roberta?
-Não.
-hm...
Sérgio?- ele revira os olhos
-não.
Mas que isso? você ainda implica com ele?
-Non
quero falar disso, hã?mas é que vocês son muito... grudados.
-Não
somos não. - Claude a olha feio- Só um pouco vai.
-Hum..
sei. Mas enton. Com quem Mrs. Smith estava?
-Nara
Paranhos de Vasconcelos.
-Oque?
Sério?
-Seríssimo.
-E vocês
brigaram? Ela te disse alguma coisa? Non recebeu novas ameaças, hã?
-Ei,
pensei que ia perguntar se ela te mandou beijos.- a moça cruza os
braços zombando da preocupação dele.
-Serafina...
- Ele sorri de um jeito que Rosa nunca viu antes.
-Que foi?
-Eu...
bom... Esquece.
-Hum...
tá bem. - ela levanta lhe estendendo a mão - vamos pra casa?
-Vamos.
Os dois
chegam animados ao apartamento. Dona Amália não estava, disse que
ligaria mais tarde. Claude convida Rosa para jantarem fora. Ela fica
lisonjeada.
-onde
vamos?
-É
surpresa, hã?
Ele mesmo
dirige o carro até chegarem a um estacionamento. Rosa não conhecia
nada por lá, nem mesmo em que parte da cidade estavam.
-Temos
que andar até lá, pois non passa carro na rua do restaurante.
Andam por
uma rua de ladrilhos e chegam ao restaurante. Rosa se encanta. Os
dois se sentam numa mesa a beira duma janela
-Que
delicia de lugar, Claude!
-Que bom
que gostou... esse lugar é... um achado. Muito aconchegante.
-Está
tudo bem?- ela corta o longo silêncio sob o olhar enigmático do
francês.
-Claro
que sim, porque?
-Você...
está com um olhar misterioso... - ela sorri- mal falou comigo desde
que voltamos do escritório.
-É
que... hoje foi um dia bastante cansativo...- ele suspira olhando
para o vinho em sua taça
-então...
não prefere ir embora? Acho que não devíamos ter vindo... você
parece cansado mesmo...
-non
cherìe. - ele toca sua mão- Eu estou ótimo. E estar aqui com
você... é relaxante, hã?
-Que
bom... - ela sorri – Mas então... porque essa cara?
-Non
consigo esconder nem meus pensamentos de você non é? - ele suspira
sorrindo.
-Bem...
acho que não.
-Tudo
bem. Por isso te trouxe aqui. Non queria que nada nem ninguém nos
interrompesse.
-Então,
por favor. - ela faz um gesto de reverência em tom cômico. Claude
suspira novamente
-Eu...
passei a tarde pensando seriamente na minha vida.... - ele observa o
olhar sereno que Rosa lhe lança.
-E...?
-Cheguei
a concluson de que non podemos continuar dessa forma.
-Como
assim? - ela franze o cenho- quer dizer... está terminando comigo?
Aliás, terminando oque? Não somos nem namorados de verdade, somos?
Ou éramos, eu não sei. - Rosa da um sorriso triste, olhando para
as mãos dele. Em especial a mão que segurava a taça, a mesma em
que estava a aliança de casamento.
-A
senhora como sempre, non me deixa falar nada, non é mesmo? - ele
sorri. Ainda que ouvir tudo aquilo tenha doído.
-Então
fale... - ela olha em seus olhos. E diante disso ele perde as forças
e a coragem de antes.
-Mon
Dieu.. non me olhe assim, senhora.
-Senhora?
- ela zomba.
-É oque
você se tornou Rosa. A minha senhora. Non é assim que te chamam?
-É sim.
- ela suspira. E não entende porque ele ainda sorria. Estava
prestes a terminar o relacionamento maluco dos dois!
-Você
non merece estar envolvida em tanta confusão, Serafina. Nosso
relacionamento tem te colocado em tantos perigos... e você non
ganhou nada em troca de toda a dor de cabeça que lhe causei...
-Está
enganado...
-Non, non
estou. - ele suspira. - Eu aprendi muito com seu pai, sabia? Entendi
que ele tem toda a razon em querer que você se separe de mim e
desmanche esse casamento maluco.
-Então
você quer se divorciar antes do fechamento do seu negócio?
-Acho que
você non está me entendendo.
-Acho que
você está me enrolando. Fala de uma vez, Claude.
-Eu...
non quero me divorciar de você.
-Não? -
ela segura uma lágrima, mas outra foge. Claude ampara a pequena
gota com um dedo, enquanto sua outra mão procura algo em seu bolso.
Um lenço, Rosa pensou.
-Non. Non
quero me divorciar, quero me casar com você, Serafina Rosa. - ele
coloca uma caixinha de veludo vermelho em cima da mesa. A moça
abaixa o olhar e vê um diamante brilhar no anel de ouro branco.
-Claude...
- Ela sorri ao mesmo tempo em que chora. O francês toma sua trêmula
mão e lhe coloca o anel em seu dedo.
-Você
quer? Quer se casar comigo? - ele pergunta com a voz embargada. Rosa
procura seus olhos e percebe que ele também chora. Ela suspira
-é claro
que quero.
-Aceita?-
ele lhe segura as mãos.
-Aceito.-
ela sorri. Claude beija seus dedos.
-Mon
Dieu. Nunca pensei que ficar noivo de verdade me deixaria ton feliz.
-Amor....-
Rosa lhe enxuga as lágrimas. Os dois se olham mas antes que se
beijem um garçon grita:
-viva os
noivos! - ao que os clientes do restaurante respondem- viva!
No outro
dia, um belo sábado chuvoso, os dois foram conversar com dom
Giovanni num almoço em família. Claude não largava a mão de Rosa
um segundo. Amália ainda que sem saber do noivado, sorri de alegria
por ver os dois tão juntinhos.
-bom, dom
Giovanni, dona Amália... os senhores sabem das finalidades do meu
casamento civil com a filha de vocês... de o porque ter sido tudo
ton... fora dos padrões.
-Si. Tudo
sem o nosso conhecimento ou consentimento, o senhore quis dizer, ah?
- Oui seu
Giovanni. Precisamente. Por isso eu... - Claude pigarreia e Rosa lhe
segura a mão por baixo da mesa. Os dois se olham com cumplicidade.
-O
senhore?
-Eu vim
aqui... pedir a mão de Serafina Rosa aos senhores.
-Ma oque?
-Sim, Seu
Giovanni, Dona Amália. Eu amo a filha de vocês e desejo a bençon
dos dois para me casar com ela na igreja, como o senhor, seu
Giovanni, já havia nos advertido. O senhor estava certo em exigir
que nos casássemos direito, Serafina non merece um casamento de
fachada.
-Espera
um momento, o senhore está pedindo a mão de mia filha Serafina
assim, depois de tudo oque me fez passar, e depois de ela estar já,
grávida, êh?
-Giovanni!-
Amália ralha- o home tá com todas as boas intenção, vem aqui,
como manda o figurino, pedir pra casar com a esposa, - a senhora
levanta o indicador - sim esposa, porque eles já são casados. E
você começa mais um dos seus sermões? êh!
-Enton,
prossiga, doutore, prossiga.
-Eu...
gostaria que o senhor nos desse sua bênção e que...- ele olha nos
olhos de Rosa- fosse até a igreja comigo marcar a data.
-Io?
-sim. -
Claude suspira.
-Ma io no
vo.
-Papai
por favor? Claude, me dá um minutinho pra falar com meu pai?
-Está
tudo bem?
-Está
sim, mas eu preciso falar com ele. Em meio a toda a essa correria
nós mal conversamos... ele esta magoado comigo... Daqui a pouco te
chamo, tá amor?
-Tudo
bem... - Claude se levanta. Dona Amália o leva pela mão até a
sala. O moço ainda mantém os olhos fixos em sua noiva até sair do
recinto.
-Papai,
olha... eu... peço perdão por tudo oque eu fiz o senhor passar...
por ter escondido o casamento maluco em que me meti... mas.. o
senhor sabe... eu fiz tudo oque fiz pra tentar ajudar nossa família
e amigos a ter um lar e … bom... Porque eu amo esse homem. O
senhor sabe que jamais faria nada por interesse não é?
-Eu sei
filha... mas esse... moço. Eu mal o conheço, hã? Ele vem aqui uma
hora e diz que é teu patrón, outra que é teu marido, outra que
precisava que você more com ele pra enganar os americano e depois
de tudo oque me aprontou, vem pedir sua mão em casamento?
-Eu o amo
papai.
-Eu sei
Serafina.
-Nós
dois, eu e o Claude, queremos sua benção. Queremos que o senhor me
leve ao altar. Ele aprendeu a respeitar o senhor. Ele me disse sabe
oque?
-Oque?
-Que te
admira. E até que já sentiu inveja de mim por ter um pai como o
senhor. Um pai que se importa tanto, que tem tanto caráter, tão
bom coração.
-Ele
disse?- o velho italiano dá um muchocho
-Ele
mesmo pode te contar melhor. Posso chamá-lo?
-si...
Depois de
uma longa conversa com os dois, Giovanni abraça o novo filho. Claude
vai com o sogro e marca a data da cerimônia. Os americanos ficam
felizes pelo casal, e entregam os últimos contratos assinados num
envelope embrulhado em papel de presente.
Dois meses
depois, emocionados no altar, Rosa conta a Claude que o herdeiro dele
não é mais uma fábula. Ele mesmo sem entender muito bem que seria
pai, sorri e a beija. Somente durante a sessão de fotos lhe cai a
ficha. Ele começa então a gritar que vai ser pai.
Segue-se
um ano cheio de trabalho, paparicos a esposa grávida e logo após ao
bebê herdeiro de uma fortuna além do que a família de Claude
juntara.
O bebê se
torna uma menina de oito anos muito levada, que sobe em árvores e
corre pelo cortiço de um lado para o outro, deixando os avós
malucos e Claude orgulhoso de seu rebento.
Rosa
observa o pai coruja ler uma história de aventuras mágicas à
pequena Violeta que já ia a alto sono. Claude percebe a figura
sorridente da esposa encostada à porta e Violeta resmunga que
desligue a luz.
-Repetindo
aquela pergunta... - o francês fecha a porta do quarto atrás de
si.
-Que
pergunta?- ela sorri enquanto ele a abraça.
-Onde
esteve durante toda a minha vida?
-Eu? ….
- ela finge pensar – hum... Pensando em você.
-
-
-
Amei!!!!!! Como sempre lindo!!!!
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