-Non fica aí parado,
leva logo essa carta pra ela, vai!
-Ei, mas oque que é
isso, francês? Tá achando oque? Nunca falou comigo desse jeito.
Hunf.
Os dois se encaram.
-Só levo se me pedir
com jeitinho.
-Porfavorzinho? -
Claude revira os olhos com ironia
-Tá, mas só porque
foi engraçado você fazendo biquinho. - Frazão toma a carta dele-
Vou estar mais atento na próxima, e tirar uma foto!
-Para de rir, seu
palhaço. E anda logo! Vai fazer oque eu te pedi ou non?
-Mas é um cavalo
mesmo, hein, Claude? Você não me merece... e nem merece a Rosa
também.
Frazão sai da sala e
deixa um francês irritado e ansioso.
- Droga de vida... que
sais ces't merde?! - Claude bagunça os cabelos num gesto de
desespero.
-Traz a tesoura!
-Oque?! - a ruga entre
os olhos de Janete se agravam- Vai cortar a carta? Mas e...
-Vou cortar aquele
francês em pedacinhos bem pequenos! - a moça se levanta e dá um
passo torto, depois dois mas antes que ela firme o terceiro, Claude
abre a porta, fazendo ela cambalear pra trás. Era como se ela
tivesse desistido, naquele momento.
-Rosa!- Claude a
observa como se nunca tivesse tirado os olhos dela. - Está pálida!
Tá tudo bem?
A moça suspira, ainda
estagnada no mesmo lugar, com um braço estendido, apoiando-se na
parede. Os olhos arregalados denunciando sua fragilidade
-Não! E não se
aproxime!
-Eu.. mon Dieu.. vem
comigo até minha sala, por favor?
-Doutor Claude, eu
lamento ter de cruzar com o senhor todos os dias, mas ainda tenho o
meu aviso pra cumprir, e eu prometi que o cumpriria, e não pretendo
faltar com minha palavra. Mas o senhor está agora me tentando a sair
por aquela porta e não olhar pra trás... nunca mais!
-ei, mas que nuvem de
chumbo é essa pelo ar? - Frazao aparece com uma maquete nas mãos, e
a coloca sobre a mesa de Janete, como se pesasse mil quilos.
-Frazon, me ajuda aqui,
hã?
-Rosa querida, viu como
a poluição está no auge nessa cidade? Mal consigo respirar – O
advogado afrouxa o colarinho e se abana com uma mão
-Eu jamais pensei que
seria capaz de odiar tanto um emprego quanto odeio este! - Rosa diz
entre os dentes, se mantendo de costas para os dois.
-Oque você fez agora?-
O advogado sussurra para o amigo, sem tirar os olhos de Rosa
-Eu? Mon Die non fiz
nada! Essa maluca que tá com uma tesoura nas mons
-A carta! O que você
escreveu? Você nem me deixou abrir o envelope!
-Frazon, discutiremos
isso mais tarde. Agora preciso fazer essa mulher entrar em minha sala
imediatamente, hã?
-Ei, Rosa! não faça
isso! Eu queria ler essa carta! Não... droga!- Frazão dá um
muchocho. Rosa caminha displicentemente até a lixeira, onde joga os
restos da carta que Claude lhe escrevera.
-Será que entendeu
agora? - ela pergunta para Claude, que a fulmina- não quero papo com
você, nunca mais!
-Mulherzinha
irritante!- o francês se joga em sua cadeira
-Ah admite que tá
gamado nela, anda! - Frazão fecha a porta atrás de si.
-Frazon, quando você
vai entender que eu non tenho mais coraçon pra me apaixonar por
ninguém?
-Não tem mesmo, porque
já é da Rosa.
-É de... - Claude se
vira fulminando o amigo- Oque??
-Ah francês, não vai
perder essa moça por uma bobeira desmedida que é essa de você
ficar julgando ela sem nem saber do que realmente aconteceu. Vocês
se desencontraram, e nem um nem o outro conversou, já foi tirando
conclusões...
-Olha por favor...
chega disso.
-Mas e a carta?
-De novo isso?
-Conta de uma vez,
anda!
-Frazon você é um
enxerido. Mas nem era uma carta. Era um bilhete... Escrevi uma
pequena mensagem... um quase pedido de desculpas... com o endereço
de um restaurante e um convite pra jantar hoje a noite....
-Hummm … e você não
ia me contar né? Mas é um salafrário mesmo... ainda tem coragem de
mentir pra mim, de negar quando falo que você tá caído de quatro
patas por ela...
-Frazon.... Vamos
trabalhar, hã? - O francês entrega uma pasta empanturrada de papéis
pra Frasão
-Ok... você quem
perde, não eu.
A tarde seguiu
silenciosa. E quem mais falou em trabalhar, menos o fez. Claude
passara a tarde com uma tal Rosa enjaulada no jardim de seus sonhos.
Mas não mais a cultivando e admirando, mas fulminando em seus
pensamentos, tentando fazê-la morrer, murchar. Pena que agora ele
sabia, que se isso acontecesse, ele deixaria de existir.
Não é possível. É
muito sentimento pra pouca razão...
- Com licença. - Rosa
entra na sala, meio cabisbaixa. Claude a encarou de boca seca. Ali
estava ela, sempre delicada. E ele se sentia uma montanha sentado
naquela cadeira. Tão pesado e incapaz de se mover.
- Pode falar, minha
musa. - Frasão diz sorridente, olhando de lado para o amigo, que
sentiu como se tivesse sido esbofeteado.
- Esse fax acabou de
chegar, e aqui diz urgente. Eu trouxe pra o senhor analisar ….
- Qual assunto, além
da urgência?
- Compex
transportadora.
-Ah essa parte
logística não é comigo... Claude? - chamou Frasão. Mas o francês
permanecia olhando pra porta. Nervoso com a presença de Rosa. E ela
lhe ordenara que não lhe dirigisse a palavra. Ah, mas quem era ela
pra lhe dar ordens?
-Doutor! - Rosa o
chama. E então imediatamente seus olhos se encontram.
-Oui?- Ele a encara. E
nem percebe que ela se aproxima com os papéis e os coloca sobre a
mesa a sua frente.
- A comex
transportadora Claude. Você brigou tanto pra conseguir o frete com
eles! - Frasão diz sério, com tom profissional. Mas por dentro ria
e ria do amigo babando pela Rosa.
- Bom, com licença. -
Rosa vira as costas e sai como um foguete. Se sentia tão intimidada!
Uma semana inteira.
Rosa sentia-se tonta. Mal comia, mal dormia. O tempo não passava!
Queria ver-se livre de toda essa situação... Livre de Claude!
- Bom dia! - a voz dele
soa pela recepção. Mais uma polegada e a água que Rosa tomava
vazaria através do copo plástico. Ela ainda prendia a respiração,
após todos responderem ao patrão.
- Dona Rosa? - ele a
chama. Ela matém-se estática, de costas para ele. - Queira me
acompanhar até a diretoria, por favor?
- Hm... precisa ser
agora? - Rosa consegue responder. - Estou terminando de redigir um
documento extenso, se eu ir fazer outra coisa terei de revisá-lo
umas três vezes...
- Precisa sim. - ele a
olhou profundamente. Ele sabia. -pensa ela. Sabia que não era o
documento. Era os dois sozinhos na sala o problema. Frasão não
chegara ainda. Ela sabia que ele sabia.
- Ok. Já vou... - ela
põe o copo no aparador, e pensa em se recompor antes de seguí-lo,
mas ele entrelaça o braço dela ao dele.
Todos na recepção os
observam. Rosa sentia tantas coisas com aquele simples contato... que
mal percebeu quando ele a conduziu até a sala, e fechou a porta
atrás deles.
Os dois se encaram
- Doutor , oquê é tão
urgente assim? - um breve momento, e ele estava perigosamente perto
demais.
-Isso! - Claude a beija
com toda a saudade guardada.
Por uns momentos, eles
se esqueceram do mundo exterior, só havia os dois ali naquela sala.
Claude tentava falar algo, talvez formular um pedido de desculpas,
mas Rosa não deixava ele falar. Ela temia que tudo aquilo fosse mais
do que um devaneio, já que sua consciência a condenaria pra sempre
se o deixasse prosseguir e a convencesse a perdoá-lo. Ela não seria
a mesma boba e idiota que ficou noiva de um canalha. Não mais. Não
deixaria isso acontecer de novo. Não queria se envolver novamente.
Eles estavam abraçados
contra a parede, em meio a beijos e carinhos, quando Frasão entra na
sala junto com Janete, que carregava uma caixa de arquivos. O casal
percebeu que tinham expectadores, pouco tarde.
- Ah meu Deus! - Janete
tapa a boca, tentando inútilmente abafar o grito de surpresa. Sorte
a porta estar fechada, ou o espanto seria de toda a empresa.
- Não é nada disso...
Janete... - Rosa diz se recompondo, mas Claude não se afastou dela,
como ela previa.
-E o que é enton? - ele
a encara. Frasão arrasta Janete pra fora da sala e eles nem percebem
novamente. Só tinham olhos um para o outro.
- O que?... - Rosa tenta pensar numa resposta, mas Claude preferiu a prática, e a beijou prendendo gentilmente os pulsos dela contra a parede.
-Non seja ton cruel,
Rosa... - ele aspira o pescoço dela
-Você é o mestre aqui
Claude. Não tem ninguém aqui mais cruel do que você... - ela o
desafia. Mas ele lhe morde o lábio como resposta
-Será que você ainda
não percebeu? Quem perdeu aqui fui eu... Rosa me dá só uma chance
de te mostrar que nós dois juntos podemos funcionar ton ton bem –
ele a beija até deixá-la sem ar
-Hoje você está mais
piegas do que de costume... - ela finalmente sorri, enquanto ele lhe
beija a bochecha
-Por favor, almoça
comigo hoje? Precisamos conversar, hã?
-Conversar é?... - Ela
zomba sorrindo. O que Claude não resiste, se aproxima dela novamente,
olhando em seus olhos
- Tudo o que você
quiser, meu amor. - ele a deixa sem ar, antes mesmo de a tocar desta
vez.
A porta se abre
novamente, em um momento bastante inconveniente. Elizabeth e John
Smith, donos de uma multinacional bilionária e investidores em
potencial da construtora Geraldy, presencia o dono da empresa
agarrando uma funcionária – deduzindo pelo crachá de Rosa,
secretária presidencial.
-Bom dia, doutor
Geraldy!- John arrisca, contra sua vontade, pois sua esposa o
acotovelou.
Um fio gelado
serpenteia a espinha dos dois pegos em flagrante, paralisando-os.
-Bo-om dia, mister e
misses Smith! - Claude força um sorriso amarelo. Mas os dois
permaneciam frígidos e sérios.
-No me apresenta, a
moça?- Elizabeth olha Rosa com desconfiança.
-Ah, sim, claro. Essa é
Serafina Rosa, minha namorada.
-Owww... parabéns
Claude! Ela é mui linda! - John se anima, mas Elizabeth se mantém
séria, encarando Rosa.
- Namorada? Mas su
namorada no se chamava Nara? - só então Rosa percebe que estavam
falando algo sobre ela, porque os três a encaravam. Ela olha pra
Claude com cara de reprovação.
- é... mas non estamos
mais juntos non... nunca foi sério...
- Ouvi mesmo dizer que
senhor no é sério ….
-Ah, isso non é
verdade, eu sou sério, um homem sério. Non é cherrie? - Claude
afaga a mão de Rosa, que há muito segurava.
-Sim, muito. Sério até
demais... - Rosa abaixa a cabeça.
-Tudo bem, dear? - a
americana encara o casal, sempre com semblante desconfiado.
-Está, está sim... se
me dão licença, não quero atrapalhá-los mais, com licença... -
Rosa ia se afastando de Claude, mas ele a acompanha até a porta, e
antes de deixá-la sair a beija rapidamente nos lábios, sob olhar
atendo do casal Smith.
Depois de todos
acomodados na sala, a americana corta o assunto de negócios drasticamente
- Espero que Rosa non
seja mais uma de suas conquistas, doctor Geraldy...
-Hã?... ah non... -
Claude engole em seco- Ela é muito especial... non é como as outras
non...
-Os homens dizem o
mesmo de todas, non é mesmo John?
-Se você diz, my
dear...
- Ela parece especial
mesmo doctor Claude... gostaria de conhecê-la melhor...
-Tive uma idea...
porque não vamos todos almoçar juntos hoje, hã? O senhor, sua
namorada e nós?
-Excelent idea darling!
- a americana esboça pela primeira vez um sorriso
-Claro... ótima
ideia... - Claude murcha.. Não só seus planos foram de água a
baixo, mas também seus negócios pareciam em xeque.
-O quê?
-Eles se convidaram,
hã?
-Mas eu nem tinha dito
que ia!
-Rosa.. por favor... -
ele tenta se aproximar , mas ela dá um passo atrás, o fazendo
parar. Impotente diante daquela moça baixinha que o fulminava.
- Nãao...
- Esse investimento é
tudo o que nós precisamos pra deslanchar essa empresa, tirar ela
dessa estagnaçon, quitar as dívidas!
-Claude...
-Eu tô te implorando,
hã?...
-E essa história de
namoro? Como você me apronta uma dessas assim?
-Mas eu já ia te pedir
em namoro no almoço... - ele se aproxima novamente, e diante da
revelação ela nem se move. Ele sorri pensando em beijá-la mas são
interrompidos
- E os pombinhos não
vem almoçar com a gente? Vamos naquele restaurante mexicano
maravilhoso da esquina. - diz Frazão, já se aprontando para sair,
Janete espera timidamente ao lado da porta.
- Non Frazon, vamos ao
capucci com os americanos. - Claude revira os olhos
- Capucci? Sério?
Sempre quis conhecer esse restaurante!- Rosa sorri
-Isso quer dizer afinal
que você aceita, hã?- o francês abre um sorriso maroto. Frazão e
Janete se entreolham sorrindo
-Tenho só uma
condição.
-Hm.. e qual é?
-Só vou se você
fingir estar de dieta!
-O que? Num restaurante
italiano de dieta? Tá louca é?
-Esse é o ponto. Quero
levar alguma vantagem afinal.
-Ela quer ver você
sofrer Claude!- sussurra Frazão, mas todos ouvem e riem, menos o
próprio, que faz uma carranca.
-Serafina...
-Oui mon amor? - Rosa o
provoca, piscando-lhe as pestanas
O almoço transcorre
como Rosa planejara. Claude ficou com fome a tarde inteira, e ela foi
até a sala dele no final do expediente, com um sanduíche enorme.
- Você adora me
provocar, né?- ele sorriu quando ela deu uma mordida no lanche, e se
sentou na beirada se sua mesa, a seu lado.
- Eu queria te fazer
umas perguntas... - diz Rosa o entregando o sanduíche, ele a olha
desconfiado, enquanto ela o olha de forma enigmática.
-sobre?...
-Sobre você. Eu não
sei quase nada sobre você. Até onde eu sei você é só um cara
que eu conheci numa balada, e temos nos encontrado casualmente, até
que descobri seu nome e sua profissão. Mas nem mesmo quantos anos
você tem eu sei. Nem se você é gringo da França, da Suiça, ou da
Croácia, que seja...
-Espera um pouco,
primeiro me deixou de castigo sem almoço, e agora já vem me encher
de perguntas sem nem me dar um beijin? Que espécie de namorada eu
fui arranjar hã? - ele sorri, tentando puxar Rosa que estava
encostada na mesa.
-Não é bem assim.
Sobre o almoço você merecia coisa muito pior. E sobre as
perguntas... eu tenho todo direito de querer saber mais sobre meu
“namoradinho querido” - ela faz bico apertando o nariz de Claude,
que lhe segura o punho e o beija
-Você é malvada,
Cherie. Como não percebi antes, hã?
-Não sou não. Eu te
trouxe comida, não trouxe? - ela sorri. Claude, que já havia
terminado o sanduíche a olhava com um quê de malícia... ele coça
o queixo e diz
-Ça bien, o que você
quer saber?
-Tudo o que você
estiver disposto a contar. E um pouco mais, porque sou curiosa.
-hum... E o que eu ganho
com isso? - ele arqueia as sobrancelhas. Rosa sorri beija a ponta
dois dedos e os leva a boca dele. Que sorri piscando pra ela.
-Enton.... é tipo uma
entrevista de emprego é?
-É... - ela se senta
na mesa novamente, o olhando – Venda seu peixe, doutor Geraldy.
Ele pigarreia e sorri,
puxando a cadeira pra mais perto da mesa.
-Oui... Meu nome
completo é Claude Antoine Geraldy...
-Antoine é tipo um
sobrenome?
-Non, é segundo
nome... - eles ficaram se olhando e ela fez um gesto pra ele
prosseguir.
-Nasci em Paris, no dia
21 de novembro de 1978...
-Tá velhinho ein... -
ela o olha de lado zombeteira
-Shiii deixa eu
terminar hã? hm.. deixa ver...
-Tem irmãos?
-Non.. non tive esse
privilégio.. Cresci sozinho, sem quase nenhum primo.. salvo os
distantes e poucos amigos verdadeiros.
-Você tem um outro
Frazão guardado no armário de casa?
-Non.. que isso? Ficou
estranha essa sua pergunta, hã? É que eu tenho um ou outro amigo de
infância por aí.. Non vou dizer que son como Frazón que é como um
irmón pra mim, mas são importantes também.
-Hum... Estudos?
-Num internato no
interior do meu país, faculdade em Milão e depois MBA em Mônaco.
-Que luxo ein. Ganhou
milhões nos cassinos? - zomba Rosa. Claude revira os olhos
-Pode non parecer mas
non foi lá uma época boa...
-Relacionamentos?
-Me dava bem com meus
pais... Nos finais de semana em que os via, durante uma hora ou duas
até conversávamos sabia?
-Claude! Não fale
assim!
-Non é ironia non,
Serafina. A minha infância foi assim. Mas eram as duas horas mais
felizes de minha vida.
-Eu sinto muito.. -
Rosa se aproxima dele, tentando acariciar o cabelo dele. Claude a
puxa pra perto dele, quase a fazendo cair em seu colo. Os dois riem,
ela se ajeita na mesa dessa vez bem de frente pra ele, com as pernas
entre as dele.
-Está tudo bem,
amorzinho...- ele lhe pisca.
-Não me tente a
acertar-lhe um chute, estou em vantagem! - os dois riem de novo. - e
seus namoros? Duravam muito, ou eram rápidos?
-Hm... você está me
enrolando... non? Você deu toda essa volta pra falarmos de Camila,
estou certo?
-Não. Eu quero saber
sobre você. Conhecer você direito pra só então dar um veredicto.
-Uh-la-la. Me
surpreendeu. Língua afiada, ma chérie.
-Você não viu nada.
Agora vamos, não me enrole. Conte.
-Bien... tive muitos
namoricos quando mais novo. Mas era sempre coisa de 2, 3 meses...
porque eu sempre enjoava delas.. mimadas, chatinhas, sisudas.. ah era
triste criaturas tão lindas por fora serem tão feias e insossas por
dentro.
-Hm... tá bonitinho
seu discurso. Continua.
-Eu fui pra Milón, e
conheci a Camila num jantar da empresa em que eu estagiava na época.
Ela era acompanhante de um velho nobre lá. Modelo, famosa na itália,
estava no auge da carreira. Até que decidimos morar juntos. Só que
mesmo entre muitas brigas, eu a amava. Eu sentia por ela algo como uma
dependência sabe.. Ela era como o mais próximo que cheguei de ter
uma família. Moramos juntos por uns 3 anos. Enton fui pra Mônaco,
depois de uma briga séria com ela. Dois anos se passaram, e ela
bateu na minha porta pedindo pra voltar, e pra virmos pro Brasil
começar uma vida nova. Ela mesma me ajudou a encontrar trabalho, mas
non chegamos a viver dois meses juntos aqui no Brasil, ela me
abandonou com uma planta de nossa futura casa dos sonhos nas mons,
além de todas as expectativas que se frustraram...
-Frazão disse que você
ficou bastante abatido com a separação...
-ela me magoou muito.
Me disse coisas terríveis. Sei que os homens normalmente non sentem
as coisas, ou non prestam atençon no que sentem.. mas eu vivi tanto
tempo sozinho, eu por eu mesmo, que tive de aprender a prestar
atençon. E acabei descobrindo coisas terríveis.
-Como assim coisas
terríveis?
-Me dei conta de que
Camila sempre me usou pra chegar onde queria, e quando queria. E que
ela nunca me amou. E que na verdade, eu também non a amava. Eu só
projetava nela oque eu queria que ela fosse. Que ela fizesse. Non a
amava de fato.
- e então?
-Non digo que sofri a
toa, ou que me magoei a toa. Tive meu orgulho ferido, e meu luto foi
por ele. A dor que eu senti foi a punhalada que ela deu em meu ego...
-Isso te fez mais
humilde?
-Non sei... mas sei que
me fez muito mais desconfiado, e mais reservado.
-Frazao disse isso de
você, que era muito reservado, e que não se abria com ninguém. Mas
eu estranhei..
-Estranhou o que?
-Como você pode ser
reservado e fechado se desde que te conheci, você me conta tudo
sobre você, fala o que quer sem pensar, fala um monte de baboseiras
melosas... - Rosa ri. Claude a puxa e dessa vez ela acaba no colo
dele
-Mas é só com você,
Rosa. Nunca senti a empatia que sinto por você. É ton mágico...
consigo falar de qualquer coisa com você sem reservas...
-Hm... é mesmo? - os
dois se encaram- então fala sobre sua senha do banco? - ela gargalha
-Se eu te desse a
senha, o que a senhorita iria fazer, hã?
-Primeiro compraria um
caminhão de sorvete só pra mim, e depois eu secaria a conta pra
doar pra entidades que ajudam pessoas carentes.
-Hm... que bonitim...-
Claude zomba , apertando o nariz dela, assim como antes ela fizera
com ele
-Para, Claude!- ela ri
- Casa comigo?
-o que? - Rosa segurou a
gargalhada- tá maluco é francês?
-Non. To falando sério!
- ele sorri
-Claude! Você é muito
impulsivo não percebe?
-E como é que tem de
ser um pedido de casamento? Você quer champagne, flores, um jantar a
luz de velas e um solitário de diamante?
-Pra começar seria uma
boa. Mostraria o seu cuidado e interesse real, mostraria que a coisa
é séria. Mas não tô falando disso. Nos conhecemos a pouco mais de
um mês ou seja, é como que um namorico seu do passado. E brigamos
feio faz menos de uma semana atrás.
-Mas entón. Isso
indica que nós temos um catalisador nessa reaçon, algo que faz tudo
ser muito mais rápido.
-Não diga que é
amor... - Rosa revira os olhos.
-Non, porque amor nesse
caso non acontece do nada. Sei que amor é de certa forma construído.
Mas diria que parece mais com uma empatia, uma química inexplicável,
um encantamento... algo como paixon.
-Paixão? - ela sorri
olhando pra ele incrédula- baboseira Claude.
-Non non é. É o que eu
sinto. Eu estou apaixonado por você Serafina Rosa.
- Você... - Rosa põe
a mão na boca. A surpresa transbordou e subiu à garganta, a
proporcionando uma náusea terrível. Ela sai correndo porta a fora,
e Claude vai atrás.
Ela entra no banheiro
feminino, e ele também. Rosa se fecha num dos reservados.
-Rosa, tá tudo bem? -
ele bate
-Tá sim! Sai Claude
isso aqui é um banheiro femini... aaarg
-nossa.. você quer que
chame um médico? Que a leve ao hospital?
-Não, eu quero que
você sai..a arrrg
-O que você comeu nesse
almoço hã? Te fez mal...
-Imagina eu comi pouco,
as porções eram mínimas, restaurante chique... - ouve-se a
descarga. Rosa passa por ele em direção a pia e lava o rosto. Claude
lhe oferece a garrafinha de conhaque que estava em seu paletó. Ela
põe um pouco na boca e cospe.
-Eu só preciso ir pra
casa descansar.
-Nunca digo que estou
apaixonado pra uma mulher, e quando digo, ela tem enjoo.
-Cala a boca francês!-
Rosa estava branca como papel, mas ainda sorriu.
- vem calar. - ele a
provoca.
-Tem certeza? Acabei
de...
-Rosa! - ele a ampara
antes que ela caia no chão.
-Como é que é? Que
história é essa? Grávida? Mas ….como?
-Bom, isso ai é com
seu namorado... - o médico sorri pra Claude, e volta a anotar em sua
prancheta.
-Mas...
-Parabéns papais.
Façam o pré natal certinho e não pirem, ok?
Um tempo depois Rosa
estava sentada em sua cama, ao telefone com “seu namorado”.
-É claro que não. Não
se preocupe. Jamais faria algo assim. É meu filho.. .tá nosso. Mas
Claude, meus pais! Eles vão pirar na batatinha quando souberem
disso...
-É muito simples...
-ele responde do outro lado da linha- Case comigo de uma vez. A gente
noiva, fala com eles, e casamos. O que acha?
-Claude... - ela tapa a
testa- eu não sou bem uma mulher pra casar sabe... eu.. não sei se
consigo...
-Eu também fui
abandonado Serafina. Sofri tanto quanto você. Mas nós podemos
tentar juntos, e agora com um filho... pensa bem.
-Não foi certo o que
fizemos... você sabe...
-Você estava se
guardando pro casamento e eu apareci e estraguei tudo. D'acord. Mas
tenho algo em minha defesa. E isso se resume a : casa comigo,
Serafina....
-Eu vou pensar, tá
bem?
-Mas vai pensar em mim?
- ele sorri
-Claro. Vou pensar em
como fugir de você, - ela gargalha
-Non.. assim non vale.
- ela sente ele abafar a voz num sussurro - Nos vemos amanhã?
-sim... afinal, eu
trabalho na sua firma até o fim do mês, esqueceu?
-Serafina... - Claude
se levanta .. - depois nos falamos, ok? - desligam.
-Desculpa amigo, não
tive intenção de interromper nada, mas a porta tava aberta....
-Hm... - Claude se
senta novamente emburrado.
-Já pedi desculpa
Claude o que mais quer ein?
-Non é nada Frazon. É
que... Rosa non me perdoou... ela continua magoada comigo.. non quer
mais ficar comigo...
-Mas... Hoje cedo,
vocês pareciam bem. Pareciam que tinham se entendido...
- Ela non me rejeitou,
mas também non me aceitou, hã?
- Espera... então tem
mais coisa que eu não tô sabendo é?
- É complicado
Frazon... eu acabei avacalhando tudo eu acho.... estou com medo de
perdê-la...
-Explica isso direito,
francês. O que você avacalhou? Quero dizer, além do ocorrido da
briga lá.
- É que... Rosa non
confia em mim, sabe? Ela non sabe quase nada sobre mim, nem de meu
caráter, e com todo esse meu medo e desconfiança eu pareci um fraco
de mente, indeciso, non sei...
- E... porquê você
esperava que ela confiasse em você? E tão de cara assim?
- Eu... acabei fazendo
várias brincadeiras desde que nos conhecemos, do tipo “venha morar
comigo e me faça companhia” ou o clássico “casa comigo”....
- E ela acreditou foi?
-Lógico que non...
pareceu que jamais cogitaria isso... e esse é o problema Frazon. Eu
sim.
- Tá querendo dizer
que você jogou verde pra colher maduro mas acabou apodrecendo com
tudo?...
- Oui... - ele bagunça
os cabelos. - Acabei enfiando os pés pelas mons, porque se non
parecesse ton infantil , ela me levaria a sério, e non teria dito
que vai embora no final do mês.
-Mas, espera aí, -
Frazao sacode a cabeça, com expressão confusa- é do contrato de
trabalho que tu tá falando?
-Frazon... - ele
esconde o rosto nas mãos
-Você.. tá querendo
dizer que quer mesmo se casar com ela, não é? - encara o amigo, que
o olha assustado. Claude abaixa a cabeça.
-Non.. já disse. Non
podemos esperar mais, temos que vender agora, hã? Entendi. Mas faça
o possível, por favor... ok. Tchau. - Claude desliga o celular, e
olha pra Frazao, que observava Rosa digitar no notebook.
-Ele não conseguiu o
lance né?
-As ações estão
valorizadas demais, ninguém quer pagar o que valem agora.
-Se misses Smith
decidisse pelo investimento de uma vez...
-Os cheques começam a
ser descontados em uma semana, seron dois agora e mais três na
semana seguinte. Oque já será suficiente pra zerar nossa conta.
-Peraí, zerar? - Rosa
olha para os dois, abismada.
-A conta da empresa non
anda lá muito boa das pernas Rosa querida. Levamos um calote de uma
financeira no nosso último projeto grande, e muito do capital da
empresa está em investimentos da bolsa. Só que como ouvimos na
conversa do Claude, não se pode vender ações vitalícias tão
rápido assim.
-Mas... como chegou a
esse ponto?
-Estamos tentando
receber novos acionistas, misses Smith é a mais importante, mas
recebemos algumas propostas, porém bem menos consistentes. Ela seria
nossa salvaçón.
- E agora?
-Non tem problema zerar
a conta por uma ou duas semanas, temos outros recursos. Porém non é
bom, deixa a empresa na corda bamba. Non quero chegar a ponto de por
meu dinheiro pessoal nisso, porque corromperia muito do meu trabalho
nessa construtora. Eu consegui fazê-la se erguer do nada, e quero
mantê-la.
-Entendo...
-Hoje vamos tomar um
chá das cinco com o casal Smith. E espero que pelo menos metade dos
contratos sejam assinados... isso nos daria estabilidade até o final
do projeto corrente.
Rosa passa a tarde
pensativa. Nunca tinha visto Claude tão decidido. Ele não era só
um menino mimado e controlador, afinal. Ele tinha seu lado durão,
mas também havia uma flexibilidade nele. Algo que o fazia se parecer
com o touro Ferdinando. Com toda aquela aparência imponente, mas no
fundo, era um sonhador que lutaria por seus ideais até o fim.
Ela sabia que a fortuna
dele seria o suficiente pra ele gastar exorbitantemente até seus
últimos dias de vida. Mas ele queria ver a empresa crescer, e ajudar
outros a realizar sonhos. Seja construindo centros comerciais , onde
micro e médios empresários começariam como um dia ele próprio
começou, ou casas populares e de classe média. Onde pessoas teriam
a primeira casa própria, ou a casa dos sonhos.
Com tantos
financiamentos, altos investimentos e poucos recebimentos, a empresa
estava agora em maus lençóis. Mas Claude não falara em nenhum
momento em desistência. Nem em corte nos recursos humanos ele
sugeriu! Ao contrário, ele sempre que possível, incentivava os
funcionários, fazendo-se de zangado, mas logo em seguida sorrindo,
como se nada estivesse acontecendo!
ah.. se fosse sério o
pedido de casamento.. ela aceitaria? “Quem sabe...” pensa ela,
mordendo o lábio, enquanto observava o francês compenetrado
revisando o contrato que ela acabara de redigir.
-Muito bom!
-Hã? - a voz dele a
arrastara de seus devaneios.
-O contrato ficou muito
bom. Só preciso agora acrescentar a data.
-Eu o fiz ontem... mas
eles não o assinaram né.. - Rosa ficara vermelha, lembrando-se do
porquê os americanos não assinaram o contrato no dia anterior. Eles
foram pegos em flagrante...
-Bien, agora é só
esperarmos dar a hora, pra descobrir se teremos de mudar a data mais
uma vez. - ele da um meio sorriso. Rosa aperta a saia do vestido. -
o que foi?
-Na..nada. - ela olha
para a porta . Só agora reparara que estavam sozinhos na sala com a
porta fechada.
-Acha que se eu
convidá-los pra jantar no sábado em minha casa eles podem me achar
mais confiável ou algo assim?
-Hã?- Rosa se
distraíra outra vez. Estava num ataque de ansiedade.
-Jantar sábado em
minha casa. - ele diz. A moça o encara como se ele estivesse falando
num idioma incompreensível.- acha que os americanos vão gostar? Me
achar, mais respeitável?
-Ah... sim... - ela
abaixa a cabeça pra que ele não veja seu constrangimento- eles
podem conhecer seu lado mais... família..
-Mas eu non tenho
família... - Claude a encara. Rosa suspira
-Bom... tem a Dádi. O
Frazão... é só expor o quanto eles significam, o quanto essa
empresa significa pra você...
-E você? - ele não
muda de expressão, o sorriso escondido no canto da boca, olhos
escuros brilhantes
-Eu o que? - a moça
quase não consegue falar
-Você é minha
namorada, esqueceu? Eles precisam saber o quanto você significa pra
mim também...
-Claude... - ela aperta
os olhos. Em seguida, ele a ampara nos braços.
-Maninha? Fina...
acorda?
-Hm... Rosa abre os
olhos e vê Terezinha a olhando preocupada. Se assusta ao perceber
Claude em seu quarto, ao lado da cama.
-Ela vai ficar bem
mesmo?
-Sim, o médico
garantiu que o que ela tem non é nada grave... vai passar. - ele
encara a namorada que o fuzilava com o olhar.
-Terê, você
poderia...
-Te deixar a sós com
seu namorado? Mas claro... - a moça sorri, e antes que Rosa
replicasse, a porta se fecha atrás da irmã.
-Como você encontrou
meu endereço?
-Segredo.. - ele pisca-
esqueceu que você foi registrada na minha empresa, hã? Decidi
trazê-la pra sua casa, onde você se sentiria mais a vontade.
-E disse pra minha irmã
que é meu namorado?
-Rosa... vamos ter um
bebê. Eu diria o que enton, hã? Que sou teu pratron?
-Não estaria mentindo.
-Estou tentando te
proteger. Sei que sua família é tradicional e conservadora... além
do mais, quero e vou assumir esse filho, assim como participar de
tudo sobre ele...
-Mas não precisa
forçar ter um relacionamento comigo por causa dele!
-Ei, esqueceu que eu te
pedi em namoro antes de sabermos da gravidez?
-Mas...
-Para de fugir de mim,
Rosa... eu quero, você também quer, vamos fazer dar certo, hã?-
ele segura as mãos dela, sentando-se na cama.
-Tem certeza que me
quer? Sabe que somos de mundos diferentes, temos criações
diferentes...
Os dois se olharam
profundamente e em silêncio. Até que Claude solta num suspiro:
-Mas podemos caminhar
juntos, non? Podemos ser uma pessoa só, porque é isso que é
casamento, certo?
E ele a pediu, com
rosas vermelhas, champagne, e tudo mais. E ela chorou de felicidade,
como nos filmes piegas. O que a fez odiar se sentir tão feliz, tão
tola, tão leve.
Os pais dela acharam
tudo bem estranho, mas o anel de noivado e o jantar com parentes os
acalmaram. Rosa escondia a barriguinha saliente no vestido de pregas
desde a cova do estômago.
Usara saltos médios
que a fizeram parecer ridiculamente baixa perto do noivo tão alto.
Ela era o frágil mais
forte, e ele o forte mais frágil. Eram o yang branco de grinalda com
o yin preto de sapatos lustrados. Eram um só, no altar.
-Desejo muita
prosperidade nessa nova fase da empresa Geraldy, e que seu filho
nasça forte e saudável! - todos brindam com sorvete de pistache o
último dos 10 contratos assinados com os Smith. O sorvete por conta
da grávida mais mimada de toda São Paulo.
E então, Rosa
descobriu o que era ser uma esposa. Era ser de alguém, e alguém ser
seu. Era descobrir os mais variados e pequenos detalhes da
personalidade desse alguém. Era suportar, era ser suportada...
Dois meses morando com
o marido, e então coisas foram descobertas.
Ele não gostava de
leite no café. Ele adorava banhos quentes antes de dormir. As roupas
eram arrumadas metodicamente por cores. Claude falava durante o sono
quando muito cansado. E sempre em francês.
Ele acordava cedo aos
fins de semana, mas não fazia nada, só a observava até ela
despertar.
Ele tinha um cheiro
estranho na pele, que a obrigava a cheirá-lo mais de dez vezes. Era
viciante cheirá-lo.
Não gostava de doce
tanto quanto ela, mas sabia fazer o melhor petit gateau que ela já
experimentara. Ele não abria a porta sem antes verificar se estava
trancada. Claude nunca a deixava carregar bolsas se estivessem
juntos, nem mesmo a bolsa de colo do dia a dia.
Ele sorria de um jeito
tão delicado quando ela lhe beijava o pescoço ou o rosto, que ela
tinha que acordá-lo assim nas tardes de domingo que cochilavam no
divã da varanda só para ver esse sorriso. As mãos dele pareciam
ter sido feitas pra ela examiná-las, medir seus dedos com os dele,
ou simplesmente para protegê-la do perigo invisível que está
sempre no ar.
Um homem comum,
simples, de bom coração. Seu. Era tudo o que ela sabia e tudo o que
ela queria saber sobre ele.
Mas Rosa se pôs louca
pra descobrir como será os próximos meses quando o filho nascer, e
ver nos olhos do marido a realização de seu sonho mais secreto: ter
uma família completa.
-Sabe o que eu tava
pensando?
-O que?- ele fecha o
livro e a encara sorrindo de leve
-Nunca imaginaria um
futuro como esse...
-como assim?
-Já não sonhava mais
em ter um bebê, um marido, um lar...
-Non sonhava comigo,
non, é?- ele a abraça.
-Hm... bobo.
Secretamente... sonhava sim. mas só de noite, quando ninguém estava
olhando... eu sorria pensando em você... meu maior devaneio...
-meu maior sonho... -
ele a beija.
Eles se entreolhavam.
Rosa sorria, Claude suspirava. Hadassa gargalhava. Olhinhos atentos a
qualquer mudança na expressão dos pais. Ela tinha os olhos da mãe,
mas o sorriso do pai. Sardas como as da avó paterna, e a sagacidade
da materna.
- Non me canso de
dizer, sou ton feliz, que chega a doer meu coraçon, só de pensar
que se eu non tivesse naquele bar no fundo do poço aquele dia,
talvez non estaríamos aqui hoje, juntos.
- Está enganado, amor.
- ela o olha com ternura, com a bebê nos braços- Se não tivéssemos
nos encontrado naquele dia, nos veríamos em outro lugar, mas no fim,
eu já era sua secretária, sem nem você saber, ou eu. Fui indicada
ao cargo antes de nos conhecermos....
-Enton... era mesmo pra
ser... - ele sorri
-Sempre será. Eu você,
e o que somos, construindo nosso futuro, dia a dia... um dia por
vez, sim?
-Aprendi tanto com você
amor...
-E eu com você... -
ela sorri. Hadassa dormia, e eles a põem no berço. E ficam velando
o sono dela por uns instantes.
-Deus non escreve certo
por linhas tortas... nós é que nos entortamos do caminho... - Rosa
o enlaça o pescoço com os braços.
-Ainda bem que fomos
juntos e voltamos juntos... - ele pisca pra ela
-Não... nós fomos por
nós mesmos, mas demos as mãos pra voltarmos.
-Tudo isso numa noite?
-Tudo naquela noite. -
eles sorriem.
"Pensava que nós seguíamos caminhos já feitos, mas parece que não os há. O nosso andar faz o caminho." ( C.S.Lewis)
Que lindo!!!!!!!!
ResponderExcluirAmei demais
Esse final foi lindo!!!!
Maravilhosa estória! !! Amei, assim como todas as suas outras fics!!!' Sou sua fã! !!
ResponderExcluirEscreve mais e posta aqui no blog, please?!!!!
Parabéns! !! :3 <3 ;-) :-)
Bjos,
Larissa Dominique ;-)