segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

FIC URCA 2 – Parte 8 – Menos dez






“Abri os olhos de  repente, me vejo numa sala branca, clara, e rodeada de pessoas que sorriem quando eu tento me levantar. Coisa que não deu muito certo, minha cabeça ainda gira e no impulso me sentei, identifico as pessoas sorridentes como enfermeiros, além de pelo jaleco, um médico.
Eles começam a arrancar todos os “fiozinhos” de mim, eu ainda estou assustada, pulo no chão mesmo eles dizendo “Não!... Calma!...”
É, devia ter tido mesmo. Torci o pé e cai. Eles me seguraram, mais o estrago estava feito.
Eu tenho curativos por todo o corpo, e agora, também tenho uma bota ortopédica...”

....

C- Tá dizendo que...

M- O que agente temia aconteceu...- o experiente psicanalista não sabe por onde começar

C- Non! – Claude observa pelo vidro Rosa franzir a testa enquanto uma enfermeira recolhia seu sangue com uma seringa-

M- Amnésia... Está olhando pra uma mulher mentalmente dez anos mais jovem!

C- Como assim?

M- Pelas informações que eu recolhi com o senhor... E pela pequena audiência que tive hoje com sua esposa, suponho que ela tenha esquecido dos fatos decorrentes ao longo dos últimos dez anos...Fizemos todo o mapeamento cerebral dela e...

C- Doutor... Me diga... Ela se lembra de mim?- Claude interrompe o médico atônito, os olhos começam a marejar...

M- Sinto muito... O senhor não foi relatado por ela... Não como... intimo... Só como patrão... Ela citou um nome, espero que o senhor não se zangue, compreenda...

C- Já sei.- diz entre os dentes, limpando as insistentes lágrimas- Julio, o ex-noivo dela...

M- Pela linha do tempo das memórias dela, ela ainda...

C- Nem sabe de mim e ainda nem “terminou” com o canalha...

F- Claude, meu amigo eu acho que é melhor você ir com calma, hã?- Claude anda de um lado pro outro-

C- Frason, olha o que eu tô vivendo?! Acha que dá pra manter a calma, hã?

O neurologista sai do quarto-

M- Eu vou fazer mais alguns exames e se estiver tudo clinicamente bem, em três dias ela terá alta. Porém gostaria de pedir que evitem que ela tenha fortes emoções. Tudo o que não precisamos é descontroles hormonais... No mais, está tudo correndo bem!

O sorriso do médico só fez crescer a vontade de esganar alguém que Claude estava sentindo. Mas ele aspira, e assente com a cabeça, esconde o rosto entre as mãos...

Não... Era um pesadelo... Só podia...

(...)

R- Onde está o pai?- Rosa arregala os olhos e franze a sobrancelha ao ver sua mãe derramar algumas lágrimas

A- Ele está no céu, filha. Está zelando de nós enquanto me espera...

R- Mãe?!-

 Ela agora partilha do choro, abraçada com a mãe.

R- Mamãe... E o Julho, ele não veio? – Rosa está nervosa, a mãe balança negativamente a cabeça- Ele, ele está no trabalho ainda? Não teve folga! Ele anda trabalhando tanto, né... – Amália ainda olha a filha chorosa- Ele está preocupado com o nosso casamento...

A- Filha... Isso... é passado. – Rosa franze a testa mais uma vez, faz menção de se por de pé, mas sente a dor no pé torcido-

R- Mãe! Passado? Então... A gente já casou?

A- Você casou Serafina... Só que... não foi com ele.

R- Mãe! O que você está dizendo? O Júlio sempre foi o amor da minha vida... Como é que eu me casaria com outro?!

A- Eu não sei como te contar filha... Seu ...o seu marido está esperando lá fora pra falar com você... Deixa ele entrar?

R- Mãe...- Rosa começa a ficar com medo... Quem é esse “estranho”?

A- Filha, ele te ama! Eu sei que você não lembra, mas ele sim! E ele esteve te esperando todo o tempo que você estava ai nessa cama, imóvel... Ele merece que você o deixe te ver hoje, hã?

R- Tá!- ela suspira- Mas... fica aqui?- ela segura a mão de Amália, que sorri-

A- Só mais um minutinho. Vocês precisam conversar!

R- Mãe... Quem é ele? Meu Deus! Com quem eu me casei?!

A- Você vai ver...- Amália sorri se girando lentamente a maçaneta, o coração de Rosa ia a mil...

Claude estava tão nervoso quanto ela. Entra acanhadamente, ensaia o sorriso mais convidativo que consegue. E levanta os olhos, e mira Rosa, que está estagnada:

R- A... Doutor Claude?! – Claude tenta disfarçar a dor que está sentindo-

C- Olá Chèrie... – Diz num fio rouco de voz, seus olhos lacrimejam-

R- O que... Mãe?

A- Serafina... Eu vou te deixar a sós com o seu marido... – Mesmo diante do olhar de súplica da filha, ela sai do quarto, recebendo um beijo na testa dado por Claude, que estava trêmulo-

C- Rosa... – ele estende as mãos para que ela lhe dê as suas, ela o faz, percebendo antes a aliança que seu “patrão” usava- ... Eu sei o quanto está confusa...mas... Eu quero te dizer que eu estou aqui. Sempre estive e sempre estarei!- Claude não segura o choro.
Rosa também não contém as lágrimas.
Estava muito confusos, os dois. Rosa sobretudo não entendia direito como ela perdera a memória? Como, por que ela estava ali? Diante de seu patrão que não era seu patrão e sim seu... Marido?... Mas e Júlio? O que aconteceu?!

(...)

M- Provavelmente ela bloqueou todos os traumas que sofreu... Desde o tal  abandono pelo ex-noivo até o desaparecimento da filha e consequentemente... Ela esquecera o casamento e todas as lembranças recentes... Provavelmente ela voltará a lembrar tudo... Espontaneamente... Pode demorar...

E com sutis ajudas, eu disse sutis, não force nada pode ser igualmente dramático tanto pra ela quanto pra você, ela vai se lembrar.

Não force, não imponha. Se ela se sentir pressionada, pode ser que a mente dela se feche se bloqueie ainda mais. Aí, correremos o risco da amnésia se instalar, podendo levá-la a não conseguir guardar mais nada, tendo perda de memória recente diariamente.

A- Como assim, doutore?

C- Quer dizer que ela pode não conseguir lembrar de nada que acontecer daqui em diante.

M- Exatamente. É como se a mente dela quisesse bloquear, impedir que ela tenha outro atordoamento futuro, sendo assim, não gravaria nada na memória recente.

Claude sente vontade de gritar. A mera possibilidade de Rosa jamais voltar a se lembrar dele o deixava sem chão...

(...)

R- Então... Agente se casou há oito anos? - Claude assente mordendo o lábio inferior num sorriso- Eu me sinto tão... Velha!- ela sorri tentando tirar o peso daquele clima-

C- Non... Non se sinta velha! Você ainda non envelheceu. E quando isso acontecer, eu estarei velho junto contigo! -

Rosa sorri sem totalmente sem graça diante daquele olhar tão sincero e profundo.

 Ela sentiu um arrepio por todo o corpo quando ele simplesmente toca suas mãos. Ele envolve a mão dela, e logo depois lhe fecha o punho, dando a entender que depositara algo ali. Quando ela confere o que havia lá:

R- Uma aliança?- Ele sorri-

C- Oui. A sua aliança. Mas só use quando se sentir confortável com a idéia, hã? Por enquanto...- ele tira algo do paletó-

Eu só quero que use isto...- mostra um anel de brilhantes, ela fica ainda mais estagnada- É o seu anel de noivado... Posso?-

ele estende a mão, ela lhe dá a mão direita, ele então lhe põe o anel, beijando-lhe os dedos. Ele sorri, ela corresponde.

"Talvez... Eu estava enganada quanto ao doutor Claude ser um insensível..."

7 comentários:

  1. Nossa Karol, vc me faz viajra na sua fic.
    Continua

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  2. Nuss cara
    Coitado do Claude.
    Espero que no final (não no FINAAAL igual o TS fez) a alegria dele seja 10 vezes maior que a tristeza

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  3. Nossaaaaaaaa, nunca imaginaria um acontecimento desses.

    Sua estoria esta perfeita.

    continuaaa, estou amando.

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  4. Nossa Karol...tá muito bom. Sua linguagem é meio cinematográfica...causa curiosidade, vontade de avançar p a próxima cena. Obrigada por postar 2 cap de uma só vez. Agora é roer unha esperando p ver o que dirá o instinto maternal de nossa heroína.

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