quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

FIC URCA 2- Parte 21- Mais do que elegante



Imbecil!- Nara atira a caneta em Lisandro- Eu não te disse pra ter cuidado?

Representante! Representante com essa cara de imbecil!!!

L- Olha também não precisa ofender!

N- Eu aqui, presa nessa droga de cadeira de rodas e ainda por cima tendo que agüentar um idiota como você! Ah, é demais!

L- Mais eu nem disse...

N- Olha aqui! Eu não quero mais nem ouvir falar sobre esta história ein?           

 Hello!

Eu ainda tenho nome sabia? ´

L- Que eu saiba falso...

N- Cala a boca! Depois de tantos anos, a poeira abaixou, eu nem tenho mais que me esconder...

 Além do mais, olha só pra mim?

 Quem não acredita na minha carinha de inocente?

L- Hum... Sinceramente?

N- Ah! Sai logo daqui vai!

(...)

Rosa sente-se segura ali.
Os braços de Claude em volta de seus ombros.

 Os pulsos recolhidos contra o peito dele. Sua cabeça apoiada entre o encosto do sofá e o ombro do marido.

Podia sentir o coração dele bater.
 Com certeza não era tímido o coração daquele francês.

Batia com força. Tamborilava igual ao seu.

Tamanha aflição a pegara de súbito. Como um mau presságio.

Oque poderia ser? Futuro ou passado?

Oque virá ou que já foi?

Será justo o seu eu permanecer oculto? Quem diria a ela coisas que só ela mesma sabia?

Os fatos não mudariam. O que passou já foi. E lembrando ou não, está feito.

Por que ali, no abraço do homem com quem casou, e com quem passou mais do que dez anos (a contar do dia em que o conheceu)

Ela sentiria receio? Ora, mesmo que seu raciocínio lógico a fizesse hesitar em tudo o que diz respeito “meu marido é o Claude”,
ela sentia uma angustia ao pensar que tudo o que ela sonhou um dia simplesmente não aconteceu.

Ela não passou estes anos ouvindo o violino de Julio e rindo dos ricos comendo bolinho de arroz com a mão.

Ela nunca criou coragem para a tatuagem de rosa vermelha que planejava por em seu tornozelo.

 Ela morava em Higienópolis e não mais no Bexiga.

Ela casou com um homem milionário, de origem nobre, duma família de diplomatas franceses,
Casara com seu patrão, conhecido por ser ganancioso e não com Julio, um homem de origem simples como ela e que não tinha um tostão, apesar de ser romântico e sonhador.

E aparentemente, ela também não cumpriu mais um item de sua lista de planos pro “futuro”.

 Ela não teve filhos. Não era mãe.

Engraçado é que a única dúvida que ela tinha quanto a ter filhos era sobre o quesito finanças.

Ela queria dar o melhor a seus filhos.

E ela não podia? Como ela queria encontrar essa Rosa e perguntar-lhe se por acaso ela queria morrer seca!

Sem que sua vida deixasse rastros.

Sem dar amor a uma criança e sem deixar uma descendência.

Ainda que não tivesse seu sangue.
Deus!
Onde estava a Rosa sonhadora nesses últimos anos?

Ela sonhava em ler histórias pro filho dormir.

Sonhava em ouvir a voizinha chamar “mamãe?”
Era doloroso saber que foi tudo fantasia.

Como teria sido se Julio não a abandonasse?

>>>> Dez anos e meio antes, Rosa estava sentada na sala de Claude, que andava de um lado pro outro frente a mesa.

Ela tinha um caderno no colo. Frasão coçava a  cabeça tentando lembrar...

F- Ah! Já sei! E se agente ir mesmo assim?

C- Ir mesmo assim... Ficou maluco, é? Non! De jeito nenhum eu vou entrar de... penetra...non!

F- Ah, Claude! Presta atenção! Agente tem que marcar cerrado lá nessa parada! E além do mais, eu já sei como descolar os convites.

C- Como assim?- franze o cenho, desconfiado.

F- Ah mon ami, eu tenho meus métodos!- ri ajeitando a gravata.-

 Agora seguinte, ein? Os representantes todos lá, dando bobeira, agente não pode se dar o luxo de simplesmente curtir a night não!

C- Que que é? Tá falando comigo?

F- Ah, não. Tava falando com um francês que se acha o maior pé de valsa da noite paulistana. É claro né, Claude?
 Poxa, vê se em vês de prestar atenção na mulherada presta atenção nos gravata, entendeu?

C- Ih... Tô gostando desse seu papim furado non...

F- Claude essa festa vai ser muito importante para agente, então, trata de causar boa impressão nos industrias todos lá que é pra não dar pane no sistema.

C- Oque? Pane? Frason, para de bancar o esperto! – se senta-

 Já entendi tudo, hã? Não se preocupe que... Eu já amarrei meu burrim.- diz baixinho. Olhando pro lado e arqueando as sombracelhas.

F- A...Amarrou seu burrinho? Caraça! Me conta essa história ai, vai!- se senta frente de Claude.

C- Eu acho que dessa vez é pra valer, Frason...

Rosa continuava seu trabalho, balançando a cabeça e pensando “ isso num vai durar...”

E suspirando por que com certeza, dessa festa de granfino folgado e metido a elegante, ela não escaparia.

O jeito era sorrir pros velhotes atrevidos e abaixar os olhos pras madames.

E circundar o patrão, claro. Mesmo ele dizendo que não havia perigo, ela sabia que tinha que vigiar.

A ultima dele foi um sutil beijo na bochecha que escorregou pro cangote de uma loira.
E ao contrario da maioria das outras peruas e para desespero de Claude (e de Rosa, que teria que socorrê-lo já que Frasão se ocupava com os industriais) era casada com um homem de meia idade, e não com um sessentão.

Ele foi a causa do nariz sangrando de Claude, assim como o causador da falta de ar, visto que o pegara de surpresa e o agarrara o colarinho com toda força. Isso no escritório, no outro dia.

Mas a festa chata e aborrecida não tiraria o bom humor de Rosa. Julio a convidou pra jantar na sexta feira, ou seja, faltava apenas um dia.

Mas nem isso. Apesar se pedir e suplicar, na sexta à noite ela estaria trabalhando em outro jantar. Como porta olhos de Claude.

 Ah! Que azar o principal possível investidor de Claude (um senhor de setenta e dois anos), era viúvo e se encantara com o sorriso dela. Que fora praticamente obrigada a aceitar o convite por Frasão.

E assim foi. Na quinta, festa de sei lá oque, com uma porção de ricassos e mais peruas pro doutor Claude comer com os olhos.
Pois o que o impedia não era as alianças nos dedos delas, mais o burrinho amarrado dele.
Sabe-se lá em que poste.

Ah, e na sexta, o jantar a tomara praticamente a noite inteira.
 O velho russo, apesar de ter excelente fluência em inglês, deixava Rosa completamente confusa com seu sotaque.
Afinal, ela era boa em inglês, mas não manjava nada de russês.

E tinha a tentativa de ser delicado e carinhoso dele.
Um horror.
Colocava a mão sobre a de Rosa, que arregalava os olhos a cada gargalhada que ele dava.

Não era sempre que ela tinha a certeza de saber do que ele estava rindo tanto.


>>>>>>


(...)


- Você está bem?- ele procura olhar os olhos de Rosa, que ainda se sente constrangida de mais por estar no colo dele e não ter como se levantar sozinha por causa do pé.

R- Estou, estou sim.- Ela tenta se afastar, pra sinalizar que quer se levantar. Claude ignora e faz uma pequena pressão em sua cintura, trazendo-a pra mais perto outra vez.

C- Non sei... Você estava chorando... Foi alguma coisa que eu disse?- diz em seu ouvido.

R- Não...

C- Engraçado... Você era quem fazia essa pergunta sempre, non é?

R- Você...- ela se afasta um pouco- Se lembra?

C- Claro que lembro. Era um amor com todos, ajudava e se preocupava com os outros o tempo todo.

R- Eu achei que não reparasse em mim naquela época.

Claude engole em seco. Eles já tiveram essa conversa antes. Mas ele precisava lembrá-la.

C- Mais sempre reparei. Serafina você sempre foi muito admirada por mim e por todos a sua volta! – ele toca o rosto dela- E... Eu sempre soube que non te merecia, sempre!

R- Claude... Eu só não entendo...
–ela tenta não olhá-lo nos olhos, se concentrava na mão dele que acariciava-lhe as bochechas e o contorno do maxilar-

Como aconteceu? Como foi que agente pôde se apaixonar... Parece impossível... Complicado de mais...

C- Por que acha isso?

R- Ora, é só ver bem... Você ter se interessado assim por mim. Não faz sentido nenhum... Você... Tinha uma noiva linda, glamorosa, e elegante. Talvez o oposto de mim que...

C- Você é linda!- ele interrompe- E sempre foi muito mais do que elegante. Você tem nobreza em seu coraçon, Rosa!

- Ele a obriga a olhá-lo, levantando seu queixo-

 Como alguém poderia non se interessar por alguém tom maravilhosa como você? – ela balança a cabeça, voltando a abaixar os olhos-

Algum dia, você vai se convencer, eu nunca vali nenhum décimo do que você vale no mundo.

R- Mais você... É maravilhoso...- ela o olha nos olhos- É um homem bom!

C- Rosa, a maioria, se non todos, os valores que aprendi e que pratico hoje, foi através da sua pessoa em minha vida.

 Non simplesmente por que me apaixonei irreversivelmente mais por que com você, aprendi o que é amar, o que é se doar, o que son as liberdades que agente toma com isso.

A liberdade de amar, Serafina foi você quem me deu! Eu percebi que muitas vezes eu estava ton preso no meu ego que acabava me decepcionando, achando que o mundo me devia a felicidade.
Mas non.
Quando passei a acreditar no amor de verdade, eu passei a ser livre, livre dessa angustia que é só servir a si mesmo...

R- É...- Rosa sorri- Você virou poeta também...

C- Non- sorri- Farsante. Um poeta e músico farsante. Era o que você dizia!

R- Ah, é? - sorri- E você toca...

C- Na verdade nada. E um pouco de tudo.- sorri.

(...)



8 comentários:

  1. Karol...acho q vai dar problema a hora q ela descobrir q ele omitiu algo importante

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  2. Meu Deus, que perfeição, esta cada dia melhor.

    E concordo com a Gih, quando ela descobrir a verdade, como sera que ela vai reagir diante dele.

    Mais.

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  3. é... e ~lembrando que não é só "um algo" importante,^^ e sim muitos algos importantes rsrrs

    mais é isso ai.. espero que a trama seja apreciada por vocês...
    bejim

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  4. Karol, simplismente lindo o capítulo de hoje.
    Entendi tudinho, viu. Aguardando o pôste de amanhãs.
    Bjocas

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  5. brigadim!
    kkkk que bom que entendeu Ro!

    Ai fiquei com medim... rsrsrrs

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  6. Meu Deus!
    Esse Claude é de outro planeta..só pode
    é..concordo com as meninas, a Rosa não vai gostar de saber que 'teve' uma filha.

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  7. Oi Karol, tô acompanhando. Pena q não postou hoje. A Nara? eu já esperava por isso. Sempre me pareceu ser psicopata,,,e dizem q psicopatia não tem cura. bjk

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