terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

FIC 2- Parte 20- Obra de criança





F- É isso mesmo amigo!

C- Non!

F- Eu disse, esse exame tinha que já ter sido feito, ó, a muito tempo.
Ou melhor, na mesma hora.

Aliás, eu acho que a história do senhor só abrir em ultimo caso, acabou de ir pro inferno de barquinho...

C- Háhá. Agora me diz Frason, o que nós podemos fazer, hã?

F- bem... Não muito.

 Mais calma! Calma que agente dá um jeito!

A ruivinha vai ficar com agente, não se preocupe, vai dar tudo certo...

C- Assim espero...- diz entre os dentes.

Não quer demonstrar tanto desespero, mas sua vontade é de berrar.

Será que não pode haver um minuto de descanso, sem problemas novos?

Como se não bastasse os antigos,.. Agora mais essa...

A guarda de Gil estava sendo disputada...

Disputa a qual ele não pode perder.

Simplesmente não PODE.

(...)

- Ora mais vejam só! Pareço uma madame completa agora?-

Sorrio, estendendo o braço pra mostrar as minhas ‘novas’ unhas a Rodrigo.

-Me tosaram, e me deram um belo trato, né não?-

Rodrigo balança a cabeça rindo. E eu sei que pareço ridícula.

Paramos num sinal vermelho. Observo o movimento da avenida e as pessoas nas calçadas.


Entram e saem das lojas.

Estranho... O mundo esteve girando, e eu nele.

Mas não me lembro de como foi.


Eu sou alguém que veio de dez anos no passado,


mais ainda sim, meu eu viveu estes anos.

 E esqueceu de me contar assim que acordei naquele dia no hospital.

Até hoje meu neurologista não entende como eu pude saltar da cama daquele jeito.


Parecia que eu tinha muito a que fazer no mundo, foi o que ele disse.

As lojas estão cheias, como se é de esperar.

 Apesar do enorme frango que salta da sacola no letreiro do açougue do outro lado da rua,
o que mais me chamou a atenção foi uma tímida livraria.

Ela e sua fachada.

Toda amarela e no letreiro um livro aberto, dentro uma única rosa cor de sangue.


Ela e seus espinhos afiados.

 Um desenho um tanto esboçado, mas ainda sim é muito apreciável.

 Pintada manualmente a que deduzo.
 As pétalas sobrepostas...

Agora o que vejo não é mais esse mundo.

E sim, o mundo escondido na minha mente.

 Este que segundo o doutor Carlos, eu escondi de mim mesma.

Não é como se eu pudesse forçar e simplesmente mergulhar nas minhas ocultas memórias.

 São apenas vultos das minhas lembranças. Como se ‘vazassem’ de lá.

E em apenas gotas .

Bem, os sons são quase inaudíveis e confusos. Risadas, sons metálicos e agudos.

Um misto de cores, luzes e escuro.
Tudo ao mesmo tempo.

É perturbador .

Parece uma visão. E tudo sobreposto à realidade,
à este lugar e tempo em que me encontro no banco do carro.

Ainda tenho os olhos abertos.

Rodrigo me olha pelo espelho,

depois procura o algo terrível que eu vejo e que talvez explicasse minha expressão.

Mantenho-me estática no banco.

Vejo alguém vestindo trajes tão somente em tons de  vermelho.

Noto que o local em que estou trata-se do hall de

entrada da casa do Claude.

E quem está de vermelho é ele. E se joga no sofá.

Aproximo-me (Não é como se pudesse me controlar

ou mesmo entender meus atos).

Chego perto e o reconheço de ‘Papai Noel’.

O cabelo desgrenhado. A enorme peruca grudada na

touca em seu colo. Fazendo careta enquanto arranca languidamente a barba grisalha. 

Me sorri ao final. Passo os dedos por seu cabelo.

 Incrivelmente, sinto-o.

 Sinto os fios sedosos e macios dentre meus dedos.

Sorrio.

 E Rodrigo fica ainda sem entender.


Estou paralela à realidade. Ouço um som.

Algo se quebrou.

Me viro bruscamente.


Pra Rodrigo eu tremo me encolhendo no banco.


 E escuro. Tudo sumiu. Pisco freneticamente.

Uma moto estaciona ao lado da minha janela.

No mesmo instante arrancamos. O sinal abriu.

(...)

- - - - - - - - - - -

Bem, quando vi a menina lá, tão tranqüila na casa do doutor Claude eu quase pirei.

Pois bem, no mesmo dia do tal exame, que me põe o maior medo de que dê falso, ou negativo, como disseram.

Me aparece uma menina que de longe se parece muito mais com a anja e com ele.

Eu fiquei aliviada em saber o nome dela.

E agora tenho uma nova amiga, a Duda.

E ela vem amanhã. Vai ser ótimo ter alguém pra brincar de tarde enquanto Henri esta na escola.

Ela Também tem escola. De manhã cedo.

Um dia desses também vou ter....

E espero que não demore.

-- - - - - - - - - - - - -- - -

>>> Seis meses antes, Gil estava na escola, exausta pela manhã de trabalho ajudando dona Filó.

E graças aos insetos tinha muitas picadas pelo corpo e olhos pesados.

- Gil?- a voz aguda de Ana sussurra- Ei, Gil!


- O  sussurro agora é acompanhado dum persistente dedinho, que tocava no ombro de Gil.


Ela se vira discretamente, pra não ser notada e paga pela senhorita Laura,
 que explicava à lousa mais a frente.

Gil não sentava na frente por causa dos zombadores.


Difícil não ser notada com a juba vermelha e a tagarelice tida por ela.

Era muito curiosa. E amava as aulas.


Portanto sempre fazia muitas perguntas à professora, que ao inverso do restante da classe, gostava dela.



- Olha só a Farah! Olha só a cara dela!- Gil move um pouco a cabeça, os olhos


buscando a menina na sala. Estava logo a duas carteiras, na fileira ao lado.

A menina arregalara os olhos, alisando o alto de sua complicada trança. Estava


olhando na direção de Gil, com uma expressão bastante brava.

F- Professora!- a voz um tanto enjoada da loirinha irritada e de enormes olhos verdes grita

- Professora!

Laura se volta à ela, com cara de quem não vê a hora de acabar o dialogo que nem mesmo começou-

A Gioconda! A sardenta da Gioconda jogou uma borracha enorme na minha cabeça!

- Gil franze o cenho, os olhos esbugalhados-

L- Ora, Farah, como você tem tanta certeza que foi ela?

F- Foi ela! Foi ela! Olha a cara dela!


– Gil morde o lábio, balançando freneticamente a cabeça, os olhos já marejados.


Não sabe se pelo sono ou pela raiva


.- Bem na hora que me virei pra ver quem foi só tinha ela me olhando, de rabo de olho. Me zombando aposto!

Gil se levanta num impulso. Farah dá os ombros. A professora revira os olhos.

- Tá legal meninas, já chega!- Laura pega as duas pelo braço, desta vez a daria aos caprichos da diretora.

Sempre a mesma história. Muita gritaria de criança já havia preenchido a paciência de Srta. Laura.


- - - - - -- - -- --
(...)

- E ele está onde?

D- Na biblioteca, dona Rosa. Quer que eu te leve lá?

R- Ah, não precisa Dádi. Já sei onde é!- Rosa sorri meio nervosa. E decide ir vê-lo.

Ainda que seja um pouco estranho, ela sente essa necessidade. Precisava ver ele.

Sobe as escadas segurando firme no corrimão. Arrastando a perna a cada degrau escalado.

Dádi se mantinha à postos. Mesmo com sua insistência, Rosa disse que queria tentar se virar sozinha. Ela e sua bota ortopédica.

O que não era surpresa vindo dela.

Ela finalmente chega ao andar superior. Vai até a porta da biblioteca.


 Pausa.


 Olha bem aquela maçaneta.

Como se aquela fosse a passagem pra uma outra dimensão.


A gira finalmente, bem devagar.

E abre a porta com cuidado. O chiado é quase imperceptível. E ela vê.

Sim. Ele estava lá. O rosto inclinado prum lado.

Largado na poltrona. Olhos fechados.

Ela vai se aproximando.

Ele tem um livro sobre o colo.

O tapete abafava os sons dos seus passos.

E finalmente se encontra à sua frente.

Ela pensa em se agachar.

Uma olhada no pé e nem tenta.

Vai até o lado da poltrona e se apóia no encosto.
Junto aos cabelos dele.

Pensa em tocá-los. Não. O acordaria. Observa o livro em seu colo.

Letras estilizadas. Um conto de fadas?

Percebe que uma folha tem uma mutação.

 Como um relevo.

Alguém marcara o verso.

Mais como ver se ele tinha as mãos sobre o livro?

Ela tenta bem devagar e com toda cautela tirar o livro das mãos dele.


Por que ele leria um livro infantil?

Ela estava desconfiava. Desconfiada de que existia um segredo.

Ela nunca pudera ter filhos? Não adotaram por que?

Visto que ser mãe era um dos seus maiores sonhos,

como e porque ela teria largado mão?

E se eles tivessem perdido um filho?

 Ele morreu e Claude não contou por medo que ela sofresse?
                           
Aquele livro poderia responder alguma coisa.

E ela finalmente consegue.

 Claude só pressiona os lábios e se contorce um pouco.


Continua dormindo.

Ela rapidamente vira a página.

Uma ilustração do gato de botas. Alterada.

As botas haviam sido “pintadas” de vermelho.

Um lápis de cor, um giz de cera.

Algo que arranhou a página.
Pintara sem preocupar-se com os contornos ou com a pressão sobre a página.

Algo que uma criança faria.

Ela olha acusadoramente pra Claude. Ainda dormido.

Volta a examinar o desenho e com ânsia passa as páginas.

 Procurando mais “provas”.

Volta à capa. Escrita em Francês.

Certamente foi recapado. O livro era pesado.


Folhas um tanto amareladas.

Era bem antigo, mais do que vinte anos tinha.

 E tinha razão. Década de trinta.


Como pode ver numa inscrição na contracapa, que parecia bem original.

-Mais... Como?


- Claude se contorce mais uma vez. Ele entreabre os olhos. – Claude?...


- A voz dela não soou menos acusadora que seus olhos.

C- Rosa?- ele se põe de pé num pulo- Rosa como chegou aqui?


- ele nota a expressão dela e o livro em suas mãos. Sente um frio percorrer sua


espinha-


Rosa...

R- Claude de quem é este livro?

C- É... Seu. Eu te dei.

R- Meu?- Rosa diz baixinho, analisando a capa vermelha-


 Mais e... Isto?- mostra o rabisco nas botas do gato

C- Hã...- Claude pensa em contar a verdade de uma vez. Mais já que ela não se


lembrara ainda, ele se viu mais apto a mentir-


 Foi Duda!

R- Quem? Duda?!- Os olhos de Rosa se enchem de duvidas, mas no fundo se achava vitoriosa por ter descoberto algo.

C- Oui.- responde tranquilamente voltando à poltrona-

Duda.

Sobrinha de Dádi.


Esteve aqui hoje.

R- A...- ela se sente uma idiota. Isso explica o livro, o
rabisco, tudo


- Entendi...
Sobrinha da Dádi...

C- Quer vê-la? Posso pedir que venha amanhã...


- coça o queixo, ainda aparentemente muito calmo pra quem está mentindo.-


Você Quer?

 
R- Aaa... Não... Não sei... Outro dia. Amanhã não...


– Ela abraça o livro, parece longe... Claude a olha preocupado-

C- Rosa...?- Ele pega o braço dela, a puxando ainda pra mais perto de si.


Ela deixa uma lágrima cair.


Ele a toma no colo. Sua perna pesada pela bota

pendendo do braço da  poltrona espaçosa.


Ela soluça.


Ele a abriga em seu
abraço


- Mais o que foi?...

R- Eu... Eu não sei...- ela diz chorando

- Eu só... Não sei...

C- Shiiii...- ele tenta acalmá-la, afagando-lhe os cabelos.

4 comentários:

  1. Nossa...caracas ela sente...ooooooooooooo resultado do exame please...odeio exames sem resultados precisos

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Tb não entendi,
    amanhã quem sabe
    entenderei,
    valeu Karolzinha.

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  4. Ixi, que pena deles.*~*
    sniff.

    Maisss, amando.

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