domingo, 27 de fevereiro de 2011

Capitulo 7- Of London



Le Eternel Amour
Tulipe Rouge

Eu e Sérgio deixamos o Perrault, voltamos à Paris sem olhar pra trás (bem, não exatamente, já que Sérgio achava a Rússia tão longe e tão fria para a Jane ir pra lá).

Ambos passamos na Oxford, iríamos pra Inglaterra na semana seguinte.
Eu me pendurava por horas ao telefone, falando com Janete sobre quão ansiosa eu estava e o quão triste pela distancia que nos separaria. A Jane estava decidida a estudar medicina em Moscou. Eu então acabei escolhendo jornalismo, o Sérgio quis fazer engenharia mecânica.

- Jane, hoje esse restaurante tá um tééédio!- eu rio, revirando os olhos- Não. Amanhã eu acho que vou comprar umas botas novas... pois é. Rsrsr, - eu me encostei na parede, de costas pra recepção.
 Ouvia os dedos do Sérgio tamborilar na mesa do caixa, ao meu lado. De repente ele para

- Bel...- ele me chama

- Espera ai, amiga,- abafo o telefone no peito- oi Sérgio, oque foi? Cliente?

- Não.- ele responde, olhando fixamente pra entrada. Eu me inclino e olho pra porta – provavelmente não! Jean!!!- ele se levanta, dando a volta no caixa.

- Bom jour!- Tony responde, apertando a mão do Sérgio, os dois se abraçam pelos ombros

- Cara, cheguei a achar que nunca mais iria te ver, amigo!

- Ah mas oque que é isso... Jamais deixaria meus amigos!- ele diz num sorriso que me faz amolecer o coração

- Tony....- eu finalmente digo, e ele me encara

- Olá, Rosa! – ele dá um passo pra trás. Eu dou a volta no balcão rapidamente e me jogo no abraço dele

- Tony! Por onde você andou?! Eu estava ficando preocupada!- digo, o apertando tanto que sinto suas costelas.

- Eu tive que resolver uns problemas, mas estou aqui agora, hã? São e salvo!- ele me encara sorrindo.

- Hum... –eu me afasto- Porque você fez aquilo?- pergunto séria

- Aquilo que?- ele franze a testa

- Tony, você mandou seu irmão no seu lugar no baile de formatura! Você esqueceu foi?

- Non Rosa...- ele me puxa pela mão, olha pra Sérgio- Bem, o que acha de agente dar um passeio? A
neve está quase imperceptível... nós podemos ir a um parque, o que acha? Assim eu te explico tudo.

- Tá... Então...- eu olho Sérgio, que me dá os ombros-  me espera que eu vou colocar o casaco!

- Tudo bem.- ele sorri. Eu tiro o avental e subo as escadas correndo, esbarrando com Joana ao chegar no piso superior(no caso, o hall de entrada da minha casa/o apartamento)

- Ei! Qual o por quoi dessa pressa toda, posso saber?- Ela sorri, desconfiada


- Depois explico!- eu apenas aceno com a mão, subindo os últimos degraus.

Abro a porta furiosamente e pego meu casaco do gancho. Ia saindo novamente mas lembro dos meus sapatos (estava de tênis, na neve, sem chance!). Abro o armário da sala e pego um par de botas de couro. As calço desajeitadamente e desço correndo.
Tony estava sentado numa mesa, Joana de pé frente a ele. Ela se vira pra mim sorrindo

- Nossa como o Tony está mudado, não Rosa?

- Pois é...- respondo, analisando meu amigo que falta se esconder de baixo da mesa tamanha vergonha.
Ele parecia mais... Corado...

- Foi as férias no litoral... Passei apenas uns dias por lá e me já apaixonei pelo lugar.

- Duvido que seja como o sol do Brasil... mas o sol de lá com certeza te fez mesmo muito bem!

- Bem, vamos?- eu aceno pra que ele me siga

- Vamos, vamos sim.- ele se levanta

- Ué, pra onde você vai Belina?- Joana pergunta

- Eu vou no parque aqui perto, pra conversar um pouco com o Tony...

- Mas porque não conversam aqui mesmo? Com esse frio que está lá fora! Paris não tem aquecedor esterno não ein?

- Ah Joana nem está tão frio assim!- eu protesto enquanto ela enfia uma touca na minha cabeça

- Ah não é? Isso porque você ainda não saiu nem na porta hoje! Agora vai antes que seu pai chegue, e aliás, não demore por que mais tarde teremos movimento!- ela me estende um par de luvas de couro marrom

- Movimento? Mas como? Estamos às moscas faz uma semana!- falo, calçando as luvas e andando em direção à porta, onde Tony esperava.

- Acabei de “fechar a noite” hoje, pro pessoal do salão que eu freqüento, sabe? É aniversário de casamento dos donos e eles vão fazer a comemoração aqui...
Eu fecho a porta de vidro e aceno, já do lado de fora.
Sinto o vento gelado e me encolho.

- É... dona Joana tem razon, esta um frio danado aqui fora!- Tony diz, olhando pra rua, que estava praticamente deserta.

- Pelo menos parou de nevar.- digo, estendendo a palma da mão como que pra verificar o tempo.

- Daqui a pouco teremos até flores, non?- ele ri, apontando o que deveria ser uma samambaia(estava coberta de neve, parecia apenas galhos secos)

- E pássaros, e borboletas, e... gansos, e... ah, as pombas não somem nunca!- rio, dando saltinhos, na tentativa de me aquecer.

- Ah, non podemos esquecer do unicórnios, hã?- ele me abraça pelos ombros, e nós entramos num café.

- Então... Você não pode ir pro baile porque seu pai foi internado?

- Oui.- ele responde, mexendo o café.

- Eu não acredito.- eu falo, cruzando os braços.

- E porque non?

- Porque se o seu pai foi internado, porque o Claude não foi também ficar com ele no hospital?

- Rosa... o meu pai e o Claude non se dón bem, você sabe...

- Tony mas mesmo numa situação dessas? Poxa! Eu não entendo!

- O Claude não ia poder se afastar tanto do campo de treinamento da aeronáutica, e além do mais, eu estava mesmo com as passagens já reservadas.

- Reservadas? Pro meio da noite?

- É. Mas isso non é novidade, você sabia que eu iria voltar pro norte antes de todos.

- Eu sei mais... -eu o olho por baixo, aflita- aiii Tony eu não quero que você suma assim!

- Que eu saiba a senhorita vai pra Londres na terça non?

- É. Mas hoje ainda é quinta, temos alguns dias pela frente, por que você não fica na minha casa até eu ir? Por favor?!

- Non Rosa! Mas que idéia! De jeito nenhum, eu non posso ficar em Paris até terça. Meu pai e eu estamos aqui só pra ele fazer uns exames e vamos voltar amanhã!

- Amanhã?! Mas tão rápido!

- Meu pai precisa de ar fresco, Rosa, e o litoral é ótimo pra ele.

- Você... não vai fazer faculdade? Se formar?
Ele suspira

- Non sei... Non sei, existem muitas... Coisas mais importantes por agora... Mas se até ano que vem tudo se... resolver... ai sim, eu  vou pra Oxford também.

- Você quer ir pra Oxford?! -Eu sorrio, animada

- Oui. Mas non sei ainda. Tudo depende...

-Do seu pai?

- Mais ou menos isso... Mas non importa, ficarei torcendo por você!- ele pega minha mão

- Eu também. Por você!- rio.

- Merci!- Levanta a xícara, como que oferecendo um brinde.

Depois desse dia, passei uns dois anos sem ver o Tony. Eu e o Sérgio nos empenhamos em nossos estudos, afim de não dar trela pra saudade que agente sentia da nossa casa, dos nossos amigos...
Bem, eu estava me preparando pra começar meu primeiro dia no estágio(num jornal de Londres) e esperava o ônibus (bonde) me abraçando (estava ventando muito) e pensando que Londres se parecia mais com Paris do que eu poderia imaginar.

O bonde vem e eu subo nele, mas minha saia se engancha num banco (neste dia eu estava tão nervosa e desastrada como azarada)

- Aiii droga! – eu resmungo, puxando a saia nervosamente. A senhora que estava precisamente no banco “desgramado” me olhava de testa franzida. Eu puxo com mais força ainda e a saia solta, eu sorrio para a senhora, que agora arregalara os olhos. Estou tão nervosa que sento no banco sem nem ver quem estava do lado.

- Mais cuidado, senhorita. Poderia ter rasgado sua roupa.- a voz diz, e eu demoro uns segundos pra me tocar de que primeiro, o idioma usado foi o português ao invés do inglês, e aquele sotaque...

- A...- eu fico perplexa, ao olhar para o....

- Sou eu, Tony!- diz, brincalhão

- Ah! Tony!- eu o abraço.- meu Deus! Que saudade!

- Eu também senti, hã?

- Me conta! Me conta tudo!- eu sorrio, me ajeitando no banco de forma a poder encará-lo.

- Mas contar o que?

- Tudo, Jean Antoine, tudo!

- hã...

- Começa por como você veio parar aqui! Não, melhor, quando você veio pra cá e quanto tempo vai ficar!

- Calminha ai, hã?! Nossa! Você está muito agitada! Parece até um furacón!- ele ri, provavelmente se referia também ao fato de eu estar multicolorida.

- Vai, não enrola, conta!- eu aperto a bolsa num gesto acusador à minha ansiosidade.

-Olha, acho que é muito pra eu te contar agora...- ele diz, olhando a rua.

-Muito?- eu levanto uma sombracelha

- Longa história.- ele acena com a cabeça.

-Hã... Então, faz assim, que tal agente se encontrar pra conversar? Preciso mesmo te contar umas coisas. - eu olho profundamente em seus olhos.

- Hum, acho ótimo!- Ele sorri

Nós combinamos de nos encontrar no outro dia, num parque verde que eu amava em Londres.
Eu estava muito agitada mesmo, mas não só pelo estagio, e não só por ter encontrado o Tony.
Eu estava prestes a tomar uma decisão.
 Uma decisão que daria uma nova direção à minha vida.E o que eu esperava desse encontro era muito mais do que apenas pôr o papo em dia com o Tony. 
Eu esperava que esse encontro me desse a certeza sobre qual era a decisão certa.
 E tudo poderia acontecer....

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2 comentários:

  1. Eita, mon dieu, agora me deixou curiosa.



    Que decisão é essa?
    O que tanto aconteceu com Tony esses dois anos?
    Cadê o Claude?



    AINNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN, ANSIOSA e CURIOSA. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. Mano eu ja to com vontade de dar um soco na cara do Tony..esse mistério todo só serve pra me tirar o sono!

    Será que a Rosa está apaixonada pelo Tony?
    Pra variar é um mistéeeeeeeeeeeerio

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