- É isso mesmo. E eu não sei como contar isso pra ele...
A- Frasão, e se agente não deixar?
F- Musa, acontece, que essa não é uma opção.
A- Frasão! Olha só a situação, tem que ter um jeito!
F- Alabá, meu amor, você acha, que se agente esconde a menina, eles vão parar de procurar?
E aliás, que não vai ser muito pior quando eles acharem agente?
A- Ai... – Alabá suspira- Coitados... Eu nem quero imaginar o desfecho disso...
F- Nem me fale...
(...)
“A pior parte disso tudo, é que, além de eu não me lembrar da minha filha direito, ainda não pude de fato vê-la crescer.
Mais eu tenho esperança de que vou encontrá-la.
Na verdade, pode ser que já achei. Talvez seja essa menina ruivinha, corada e curiosa que sorri pra mim agora...
Queria poder ter certeza de que ela é a Louise... Pra assim não ter medo de chamá-la pelo nome. Mais sei que pode não ser, então, não quero que ela se sinta uma imitação, ou... Sei lá.
Só não quero que esteja equivocada e pare de procurar minha outra filha.
Por que esta aqui já é minha, seja como for.
Não a deixarei nunca mais, aja o que houver.
- Esta é minha favorita!- ela me mostra uma das dezenas de bonecas no quarto de Louise.
Ou dela, talvez. A boneca tem cabelos marrons, ao contrário da maioria das outras, todas louras e de olhos claros.
G- Se reparar bem, o cabelo dela é vermelho, que nem o meu.- ela segura a boneca ao lado do rosto, sua face é branca e tem imperceptíveis sardas muito clarinhas nas bochechas rosadas.
Gil ergue as sombracelhas e eu então paro de encará-la e olho a boneca, realmente, ruiva.
O cabelo é de lã púrpura, quase vinho. Sorrio, e ela morde o lábio, pondo a boneca outra vez na cômoda.
R- Ah, se gosta dela, fique com ela! – Gil se vira pra mim com o rosto iluminado num ainda tímido sorriso
G-Mesmo?!
R- Claro! O que acha de irmos até a biblioteca? Quero te mostrar um coisa.
- tomo a mão dela e andamos até a biblioteca. Queria ficar e observar mais o quarto de Louise, já que nunca tinha entrado nele antes... ou melhor, depois de perder a memória.
Mas acho que a presença de Gil pode não ser tão positiva, pois sei que vou acabar chorando e ela talvez não fosse entender...
Entramos e nos deparamos com Claude sentado na mesa. O taboleiro de xadrez a sua frente.
Ele nem sequer me olha, cabisbaixo. Tenho certeza de que está morrendo de medo de mim e do que eu vou dizer.
Dou um sorriso pra Gil, que corre e pula no colo dele
G- Não mexeu no jogo,né? Não é pra roubar desta vez, por que eu vou ganhar!
Claude dá um sorriso um tanto triste e beija a testa dela, detém o nariz no cabelo de Gil por um instante... Eu não suporto encarar mais, meus olhos se embaçam em água,
Me viro e vou até a poltrona, pego o livro vermelho que deixamos ontem....
(Nossa, nem acredito em ontem)
Bem, sento-me e Gil sussurra algo pra Claude, me encarando
-ne t'en fais pas . N’est plus fâché.
Não se preocupe. Não está mais brava.
– ela dá uma piscadela pra ele e me olha de novo-
Volyons aller lui parler?
Vamos lá falar com ela?
Claude estreita os olhos. Observa o sorrisinho faceiro dela e assente. Os dois levantam e andam na minha direção.
Se agacham, um de cada lado da poltrona. Eu suspiro e abro o livro. Dentro, encontro um desenho de uma rosa vermelha. Gil diz que fez pra mim, enquanto eu ainda estava dodói. Eu sorrio e beijo sua bochecha. Ela parece surpresa por isso. Sei lá, ao que Claude me contou, ela recebia muito pouco carinho em sua antiga casa.
Sento-me no tapete, e nós três lemos o livro. Quando passo a página e deparo outra vez como desenho rabiscado, me detenho por um instante. Claude que até então estava quieto me abraça pelo ombro, beija minha orelha, e fica ali, seu nariz no meu cabelo. Eu suspiro e continuo, Gil olha sem entender e umedece os lábios, recostando a cabeça no meu braço.
(...)
Apareço na porta do quarto. Gil do meu lado. Batemos na porta.
A voz grita” entra”. Sorrimos em cumplicidade e abrimos a porta bem de vagar...
- Olá...- Sorrio. Rosa ergue as sombracelhas e abre a boca surpresa. Cada um de nós segura um travesseiro. Gil o aperta no peito se balançando e mordendo o lábio num sorriso divertido.
G- Agente quer saber...- Gil olha pra cima, pra ver minha expressão, eu aceno, ela volta a olhar Rosa, que se recostava a cabeceira- se...
Por acaso...
C- Você non poderia nos deixar dormir aqui com você- completo. Rosa continua sem fala-
G- É que eu tenho muito medo de tempestade... – Gil aponta a cortina que se tornava azul a cada relâmpago-
C- E eu toumbém.- rio, e Rosa sorri também balançando a cabeça e batendo a mão no lugar vazio a seu lado na cama.
Gil corre e pula no meio, abraçando-a pela barriiga.
Rosa sorri meio desconcertada .
Eu enfio os pés debaixo do edredom.
E me encosto na cabeceira também.
Olho pra elas. Me sinto como naquele dia, em que vi uma cena muito parecida...
Ah...Louise era tom pequena...
Me detenho. Me nego a compará-las. Non posso fazerisso até ter absolúta certeza...
Gil adormece dentro de uns vinte minutos. Rosa lia seu livro, o “spank-romance” que dei pra ela.
Ela percebe que Gil estava dormindo e tenta tirá-la de seu colo.
Eu prontamente a ajudo, ajeito a pequena no travesseiro e olho pra Rosa.
Ela me olha também, e por um minuto penso no que dizer, penso em pedir pardón outra vez, mas ela rompe o silêncio:
R- Eu me lembro de você!- a Voz dela sai num sussurro. Non sei se de propósito ou por que Gil dorme entre nós.
Lembro do dia do nosso casamento no hospital, da noite do sorvete, da recepção...
Não sei qual a seqüência certa mais... Lembro do jantar na noite daquele assalto no restaurante, da festa na casa da Roberta, do... nosso primeiro beijo...
–
ela fica séria-
Do hospital, do doutor Egidio caindo do prédio...
- volta a sorrir-
Do meu vestido de noiva, do casamento na igreja, do dia... que descobri que Louise estava na minha barriga...
De você olhando intrigado pra ela e tentando descobrir como se trocava a fralda- pausa, uma mistura de lágrimas e riso no rosto dela, engulo em seco- Eu... –
ela balança a cabeça, ela se inclina um pouco e me segurando pelo queixo me beija.
Logo paramos e ficamos ali. Testas coladas, nosso pequeno anjo ruivo dormindo bem no centro-
R- Ainda que... Gil e Louise não sejam a mesma pessoa, ela é nossa também. Claude? Ela é nossa!- ela me olha nos olhos, sua mão quente na minha bochecha.
Eu assento sorrindo e deposito uma série de beijos nos lábios de minha anja Serafina.
Ela acaba de dizer muito mais do que eu esperava ouvir.
- Eu te amo! Pra sempre!- digo a ela, que tem o rosto iluminado por um sorriso mesmo quando o escuro se corta apenas pelo abajur do lado dela.
Rimos juntos e nos endireitamos , escorregamos pra dentro do edredom.
Gil no meio, e a abraçamos, os dois, seguramos as mãos.
Nos fazendo unidos nesse momento. Que pra mim é mais um daqueles eternos e inesquecíveis...
(...)
"Acordo com uma cabecinha ruiva na minha barriga, imóvel.
Penso que ela está dormindo tanto quanto Claude, que tem o rosto virado pro outro lado, sua mão estendida sobre a fronha onde Gil deveria estar. A aliança reluzindo a claridade.
Pisco uma série de vezes e me mexo um pouco, tentando levantar sem acordar a minha menina. Minha. Minha menina.
- An-ja?- Ela ergue a cabeça e vejo seu sorriso de orelha a orelha.
Sorrio também, ponho o dedo nos lábios pra que façamos silêncio. Salta da cama primeiro que eu.
A boneca de pano ruiva pendurada por um braço.
Ela ainda me espera com seu maravilhoso sorriso.
Entramos no closet, e ela se diverte passando a mão pelas roupas.
Visto uma bata minha nela, que lhe dá um vestido. Ponho um cinto em seu quadril e temos um look.
Rimos das caretas que ela faz diante do espelho, de batom vermelho na boca.
Visto uma saia alta e uma camisa, dobro as mangas e descemos, deixando o Claude ainda sonhando..."
(...)
Claude abre os olhos e se vê sozinho no quarto. As cortinas escancaradas, a porta aberta. Dádi sai do closet com uma cesta na mão. Ele se ergue assustado.
- Calma doutor Claudes, que sou eu, viu? Vim só guardar umas roupas que chegaram da lavanderia e...- ele parece nem se importar mais, boceja e pergunta-
C- Dádi... Onde eston elas?
"Dadi sorri de um jeito estranho, me olha de lado-
D- Tão lá em baixo, fazendo café pro senhor...
"Sorrio sozinho, Dádi me faz uma reverencia daquelas que ela vê em filmes e sai, fechando a porta.
Me visto o mais rápido que consigo, abotoando a camisa tom afobado que se torna difícil até respirar.
Pego um paletó e uma gravata e saio pela escada abaixo, pulando os degraus com vontade.
Paro por um instante numa altura onde tenho uma visão maravilhosa de Rosa e Gil na cozinha.
Gil vestida uma bata de seda verde água que Rosa usava quando estava grávida.
A fita que amarra no pescoço enorme pendurada em suas costinhas. Rosa colocara o broche de flor que eu tanto gosto no cabelo, as mangas de sua camisa arregaçadas até os cotovelos, avental na cintura.
-Linda. Como sempre e mais linda que nunca!-
Grito descendo os últimos degraus.
Dou a volta e deparo com uma linda mesa posta. Gil fizera com mel pinturas de guerra nas bochechas. Radiante. Me pula no pescoço quando me abaixo pra beijá-la.
Rosa sorri e me mostra a jarra com café. Eu solto Gil e sento.
Me sentindo um cara muito mais sortudo que Bill Gates.
>>>>>>
Um ano antes, Rosa chega em casa exausta.
As luzes apagadas. Ela estranha, mas apenas anda até a sala, tira os sapatos e se joga no sofá.
Fecha os olhos pelo que parece um minuto e quando pesadamente abre as pálpebras de novo, depara com Claude a sua frente, braços cruzados, a fulminando.
- Onde a senhora estava até essa hora posso saber?!- a voz dele não foi nada suave. Pareceram gritos, ainda que contidos-
R- Ai! Tá gritando por que ein? Poxa a vida, fala mais baixo ai...- Rosa se encolhe no sofá, Claude balança a cabeça indignado-
C- Rosa você be-beu?- olha com reprovação- Non posso acreditar niss!
Non foi você que me mandou parar? E eu parei, sabia?
R- Claude, me deixa em paz! Eu nem bebi tanto assim, tá legal?
-apóia o cotovelo no braço do sofá, sustentando a pesada cabeça numa palma-
Só foi... uns drinks e um pouco de vinho...
C- Rosa seu médico já lhe disse que você non pode beber... Mon Dieu, Rosa você tomou seus remédios?
R- Claude? Faz o seguinte? Vai pro inferno de barquinho!
- Ela dá um sorriso sarcástico, revira os olhos-
Ah, qual é! Eu tô cansada de dar banho em você, viu? Tá sem a menor moral pra vir me criticar!
Claude suspira e senta ao lado dela, que mal consegue manter os olhos abertos-
C- Eu sei. E é por isso que resolvi dár um basta niss túdo.
- ele tira os brincos dela- Non posso deixar que se estrague por minha causa Serafina...
- ela ri de novo, balança a cabeça-
R- Me estrague? Estamos falando de mim ou da maionese do almoço? Claude, não precisa vir com esse seu papo furado todo não por que eu estou tão bêbada, que amanha nem vou mais lembrar então, mon amour, não gaste o seu quase latim francês tentando me converter numa rosa de floricultura tá? Eu sou de arbusto, rebelde e espinhosa!
- Rosa ri novamente, Claude franze o cenho-
C- Non, você non é assim, non! A minha Rosa, ela é cultivada, non é dada aos cravos. Rosa? Olha pra mim?- ela levanta a cabeça, testa franzida- Non vou deixar espinhos te sufocarem hã? Jamais vou deixar de te dar tudo o precisar e tudo o que quiser. Se non está feliz... me diz o que fazer... o que você quer, o que precisa pra ficar feliz e prometo me empenhar em te dar,hã?
R- Claude? Eu não estou tão bêbada assim também não. Eu não vou mais me deixar levar por esse seu papo de super homem sensível e amavel. Você esqueceu o que me disse ontem? Ein?
C- Rosa... eu sei, eu sei que fui um estúpido e...
R- Ofendeu minha família! Chamou meu pai de velho ignorante! Disse que meu irmão é um idiota com pernas fortes!
Claude você ultrapassou todos os limites! É mais do que eu posso suportar!
C- Rosa tenta entender... Foi num momento de raiva e...
R- Não importa! Se disse é por que é exatamente o que pensa! É nessa hora, Claude, que agente sabe da verdade sabia?
Nessa hora que agente fica a par do que a outra pessoa conceitua da gente!
E pelo que você disse ontem, sei bem que o conceito de que minha família é linda e unida definitivamente não é o verdadeiro que você tem.
C- Non, isso non. Eu estava enlouquecido com o que você me disse, Rosa!
R- Ah é? E o que foi?- Rosa dá os ombros,olhando-o com desprezo
C- Como o que foi? Primeiro aquele diretorzinho comercial de merda dá o maior em cima de você e depois você vem me dizer que estava pensando em dar um tempo na casa de seus parentes o que esperava que eu dissesse? Pra você nunca mais voltar? Rosa entenda! Sem você, eu non tenho mais o por que de nada! Pra que tudo isso, hã?
- ele abre os braços, apontando a casa
- Pra que toda uma fortuna, um império e sei lá mais o que, se non puder ter você comigo?
R- Trocaria tudo por uma flor?- ela tira uma rosa do vaso ao lado e estende pra Claude que cheira a flor e em seguida se apossa da mão dela-
C- Oui. Mas a minha flor. E por nenhuma outra mais. – beija os dedos de Rosa, que começa a se sentir culpada-
R- E quanto a história da Vilma? Nega que estava trancado na sala com aquela loira nojenta?
C- Rosa, eu non estava sozinho com ela, Inácio estava junto! E tem mais, a senhora também me deve explicações, já que disse que non ia almoçar, que non estava com fome, e logo em seguida saiu com o Inácio prum restaurante. Só os dois. Pensa que non sei?
R- Ei! Quem te contou isso? – Claude dá os ombros- Ah, mais não é nada do que você está pensando. Eu fui com ele por que a irmã dele ligou pra mim, sabe que a Rute é minha amiga né?
Ela estava chorando, precisava desabafar. Então, eu não conhecia o restaurante onde ela estava, ele me levou até ela e depois nos deixou a sós.
C- Hum. E por que non atendeu o celular?
R- Claude! A Rute tem depressão, se eu a ignoro no meio de um desabafo ela é capaz de pedir licença da mesa e se jogar na frente dum carro na avenida.
C- Ué, e pra que existe terapeuta?- Claude acaba de se arrepender de seu comentário um tanto infame, visto que a amizade de Rute e Rosa era fortalecida pelo fato de ambas sofrerem depressão, e ambas freqüentarem o mesmo terapeuta.
R- Ela precisava de um ombro amigo não de terapia, francês!
C- Desculpa, desculpa amor, pardom- ele tenta se aproximar, Rosa se encolhe mais. Ele então para um pouco e ela acrescenta-
R- Contanto que prometa não beber mais eu também não repito o episódio.
C- Eu prometo. Mas non me disse onde estava.- Rosa dá os ombros-
R- Com a Rute. Decidimos cair na balada pra esquecer os problemas. Mas enchemos a cara e Rodrigo nos trouxe na marra.- ri. Claude a olha desconfiado, mas seus olhos brilham acusando que está aliviado-
C- Non tinha nenhum irmóm urso com vocês tinha?
Rosa apenas espreme os lábios,negando com a cabeça. Claude dispara e a beija o pescoço.
- Hum...- ele a abraça- vem, vou te levar lá pra cima, precisa de um bom banho e depois te deixo usar meu pijama, o que acha?
Rosa sorri maliciosamente-
R- Ham.... Vai me dar banho?
(...)
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Ainnnnnnnnnnnn, que historia perfeita.
ResponderExcluirQue bom que Rosa conseguiu se lembrar de Claude.
O pior agora é que eles vão ter que lutar pra ficar com Gil e provar que ela é filha deles.
Simplesmente lindo!
ResponderExcluirQueria um banho desses tombem
ResponderExcluirHolly ta perfeito!!!
Oi Karol ou Holly?
ResponderExcluirmaravilhosamente lindo!!!
Amei, já estou até repetitiva,
mas esta fic é um escandalo de perfeita
kkkkk. Parabéns.
É mesmo..
ResponderExcluirpq "Holly"?
Na fila das curiosas: Holly por quê?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirCapítulo perfeito, Holly, pro meu QI de ameba entender kkkkkkk Amei!!!!
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