Le Eternel Amour
Tulipe Rouge
- Que foi Rosa?
- Nada... é que... eu... Silvia!- de repente grito
- Oi!- ela responde como quem diz: ei, está me vendo aqui na sua frente?
- Ah é que... eu queria te pedir uma coisa...
- Já sei oque é.
- Sabe?
- Claro. Quer ir pra algum lugar antes de voltar pra casa hoje... não se preocupe, eu cuido de tudo!
- Obrigada amiga!- sorrio
O vento sussurrava enquanto agitava as folhas nas calhas, os telhados ressoavam o eco da rua vazia. Olho pro alto. Uma bela sacada... minhas frágeis luvas de lã lilás me fazem sentir ainda mais criança, enquanto aperto o botão do interfone e penso em sair correndo. Mas não saio. Aguardo a resposta, aperto o envelope no peito. Uma mulher atende. Conversamos em francês, penso que pode ser Dádi. Apresento-me e ela exclama: Deus do céu, é você menina?!
Sinto meio sem graça mas nem tenho tempo pra responder, ouço os passos apressados descendo os degraus que se revelaram atrás da porta assim que ela a abriu com um sorriso. Ela me abraçou como se nos conhecêssemos há longa data, e aquele fosse um reencontro não um encontro. Ela me pega pela mão e me faz subir, antes que eu diga qualquer coisa além de “oh!”
- E... Onde está...
- O doutor Claudes?- ela pergunta arqueando as sombracelhas, inclinando a cabeça de lado
- a...- sorrio de leve, porque ela me parece um tanto cômica. Era ela que ajudara Tony a se tornar o único parisiense com senso
de humor?- é... o doutor... Claude.
-Sei que você não chama ele de doutor!- ela abana com a mão- mas espere ai, que eu vou buscar um chá pra senhora, viu?
- Senhorita...- protesto, já falando sozinha, abandonada sobre um sofá fofo. Numa sala pastel... uma mesinha de centro a minha frente, de madeira caramelo, com alguns livros sobre ela. Arrebato um: Petter Rabbit. Sorrio fascinada, pois tinha um exemplar idêntico em casa. Mas ainda sim, ajo como se não o soubesse inteiro de cor!
- Dona Rosa... o doutor Claudes deu uma saidinha sabe... Levou a filha no parque mas ela passou mal e ai ele está com ela no hospital... Nada grave sabe...
- Oh, entendo... Mas não faz mal... Apenas... Vim trazer isso... - levanto-me, estendendo o envelope.
- Ele chega já já... não quer esperar?
- Ah não... eu.. –pigarreio- Eu preciso mesmo ir.... Foi um prazer Dádi...
- O prazer é todo meu... sei que você é uma menina muito especial, Dona Belina!- ela sorri
- Sabe meu nome secreto.. - rio, balançando a cabeça enquanto fito a figura mais convidativa e fraternal que já encontrei numa babá
- As coisas correm...
- Hã?- franzo o cenho, mas ela apenas abana a mão, pondo o envelope sobre um aparador, eu ando até a porta por qual entrei a minutos atrás
- Tchau Dádi... – inclino-me a fim de beijar-lhe a face, ela faz o mesmo, e me abraça
- Espero te ver em breve!
- Eu também espero.- respondo, olhando-a pela ultima vez, antes de sair porta a fora.
Suspiro antes de virar e seguir a marcha. Quando chego à esquina, olho pra trás, e avisto a varanda outra vez. em um lapso lembro dela: da ruiva fumante. Seus olhos manchados de rímel... Aquela expressão vazia... Pergunto-me o que terá sido feito de Nara... A mulher pela qual tive compaixão, quando muitos julgavam-na invejavel. Eu sabia que algo muito triste estava debaixo de seus olhos, tão escondido e maquiado como sua alma.
Claude
- Alors... comment vous sentez-vous?
- Bem... Estou bem melhor papai.- ela responde, fechando os olhos- Pode contar o resto da história agora?
- Claire...- rio, alcançando o livro na cabeceira. Ela permanecia imóvel, os brilhantes cabelos refletindo a luz do abajur, esparramados pelo travesseiro.
- E sabe.. desta vez não vou demorar a dormir papai. Porque já sei toda ela... e nem vou precisar ver os desenhos... já vi todos.- ela diz, em um sorriso apreciável.
- Oh... e... non vai nem mesmo perguntar o significado de nenhuma palavra?
- Ah não exagera!- ela abre apenas um olho, mas logo o fecha. Eu rio e ela continua- Mas não se preocupe, quando aprender a ler, o primeiro livro que vou ler é o dicionário!
- E você sabe pra que serve o dicionário?
- Mas claro que sei! Serve pra dizer oque as palavras significam...- eu rio pela irritação dela, e pela maneira como ela colocou as palavras
- Mas vai ler qual? O em português ou em francês?
- Vou ler os dois ao mesmo tempo.
- Ao mesmo tempo?
- Sim... Mas agora começa a história, papai! Porque se não, o senhor me enrola no papo e não lê pra mim!- ela chuta os cobertores, e eu abro o livro
Deus... Rosa esteve aqui hoje! E o que será que ela me diria?... Não consigo abrir a carta de Tony... Não tenho forças ou coragem.... mas porque raios ele deu pra ela entregar? E porque só agora?
À Claude- Fecho novamente a carta, e por um momento aspiro o ar, como se pudesse sugar a essência daquilo.
Ler a letra dele me causa estranhos arrepios. É como se ali estivesse a voz dele, me gritando, como se oque estivesse dizendo fosse de estrema urgência...
E de fato é. Quer que eu leve Raquel até meu pai. E pelo meu amado irmão, parte de mim, vou fazer isso. E não penso no que meu pai dirá. Se receberá a mim e minha filha. Mas sei que é meu dever fazer isto, e farei.
Imediatamente, peço a Dádi ajuda com as malas. E começo a preparar meu espírito pra esse encontro... dez anos sem falar com alguem, pode te deixar muito sem assunto, ao contrário do que se pensa.
Rosa
-Não! – ela agarra a xícara, deixando-a frente a boca
- É eu sei...eu fui uma medrosa, uma covarde!- digo, enquanto mexo o liquido com a colherinha
- Rosa!...
- Ai Janete, para de me olhar assim!- protesto, e bebo um gole exagerado da bebida quente
- Rosa... Eu estou... Eu estou estagnada... Meu Deus... Quero dizer... Oque posso te dizer?!
- Tá... Eu sei, a culpa é minha também... Afinal... Eu deveria ter feito isso a muito tempo e...
- Rosa! você... Você foi corajosa!
- hã?- sento-me na cadeira
- Claro que foi! Porque... Eu, no seu lugar, não iria não!- ela diz, antes que o vapor do chá embace minha visão
- Eu sei que eu fui é burra! Uma idiota! Ainda bem que ele não estava em casa...
- Nada disso! Acho que está mais do que na hora de você contar pra ele!
- Não! Isso não! - salto
- Com a mesma Coragem que você teve de ir até lá, você volta, ah volta!
Contar o que??????????????????????? me conta...
ResponderExcluirHum...eu q cultivo gosto pela correta ortografia amei essa menina! toco de gente inteligente querendo ler dicionário...saber das coisas.
ResponderExcluirHolly, qdo couber no seu texto situa a época por favor. Qual a idade do Tony qdo morreu...a idade da Rosa agora...
Acho q me perdi um pouco no tempo!