segunda-feira, 4 de abril de 2011

Capitulo 20- Mudança de planos



Le Eternel Amour
Tulipe Rouge


Tony

Deixei minhas luvas em algum lugar, eu sei. Um lugar entre a sala e o banheiro, na certa! Isso não é nenhuma novidade: esquecer. Esqueço tudo o que se pode imaginar com mais facilidade com que respiro. Aliás, as vezes, respirar é muito mais difícil do que se pensa. Principalmente quando você teme perder o compasso e parar de repente. Estranho... parar de respirar do nada... Parece absurdo, mas não é de tudo surreal. Não é como se afogar, é como... se os pulmões se fechassem ou sei lá... Queria ter cursado medicina... precisamente em Oxford... Não que a universidade inglesa seja superior, mas... Lá estaria perto do meu tesouro... 


Rosa sempre foi e sempre será meu tesouro... Que estranhamente, eu não achei, não desenterrei da areia de nenhuma ilha deserta ou encontrei no Monte Cristo... EU fui achado, fui encontrado por ela. E ela me cultiva como se eu fosse a flor e não ela. Rosa... 
Queria poder ter dado muito mais do que um céu de estrelas pra ela, no primeiro sorriso com que ela me presenteou de tão boa vontade.

- Oque está procurando, Tony? Você está todo torto ai, debruçado no sofá, que engraçado!- ouço a voz de Silvia, seguido por uma gargalhada,

- Meus rins! Sabe que eu tinha certeza que tinha deixado eles aqui no sofá... Você por acaso non os viu por ai?- ergo-me, sustentando o torso nos punhos

- Ah, as luvas envenenadas?

- Hô de casa!- Rosa irrompe pela porta, abraçada a uma enorme sacola de papel, vejo minhas luvas

- Ow ai estão elas!- Silvia corre pra pegar a sacola, eu me levanto- A Rose, e as luvas!

- Rose, Silvia?- Rosa ri, tirando o pesado casaco úmido

-Ah, por acaso você não sabe que é assim que se fala Rosa em quase todos os idiomas?

- Quase todos... É nada. Mas deixa, eu trouxe o nosso jantar!- Rosa joga as luvas pra mim, as aparo no ar.

- Obrigado, hã?

- De nada. Estava aquecendo elas pra você!- ela sorri, e eu mal ouço a primeira chamada do celular. – ow, tenho que atender, licença. – me afasto de fininho, atendo meu pai...

Devo admitir que gosto sim muito de meu pai. Mas não é apenas por isso que sempre estou com ele. Faço isso porque sei que, apesar de ter errado muito, eu disse muito, ele ainda é meu pai. Depois que mamãe morreu e ainda mais quando Claude saiu de casa... Ele entrou numa depressão lastimável. Eu estava igualmente triste e com medo, mas precisava encontrar forças. 
Tentei de todas as formas reconciliar minha família mas... parecia bem mais fácil me afastar dos dois também. Mas como sei que meus dias estão quase que contados, vou dar o meu máximo pra que tudo fique bem entre eles. E tem mais uma coisa: Rosa. Tenho que pensar nela também.

Ela não vai me esquecer, o estrago que fiz na vida dela é irreversível... como eu queria que ela não tivesse se apaixonado! Queria que ela me visse como irmão, assim como eu me esforcei pra vê-la assim... não posso negar que isso é muito difícil, mas tenho  me forçado a aceitar essa condição: sou o ANJO de Rosa, estou aqui pra fazer o melhor que puder POR ela. Não quero e não vou tirar proveito disso. 
Na verdade, é muito mais difícil do que se parece, uma vez que ela é a única mulher por quem me apaixonei durante toda a vida. E a única mulher que eu não posso me dar o luxo de seduzir, apesar de já tê-lo feito inconscientemente. Não posso simplesmente beijá-la e depois ir embora. Eu não posso magoá-la...

Minhas loucuras pró radical deixam meu pai com os poucos fios de cabelo (grisalho) em pé. Até Claude fica preocupado quando descobre que por acaso eu subi uma montanha ou bati meu recorde saltando de pára-quedas... correr não é menos necessário do que me alimentar. Faço isso de qualquer forma, a qualquer custo. Se tornou um vicio eu diria...

A breve conversa que tive com meu irmão na manhã de natal, talvez não tenha surtido o efeito que eu esperava. Depois de quase se casar de verdade, ele me liga, com uma voz seca dizendo que foi traído, e que estava tudo arruinado. Poderia me culpar, disse a ele, porque eu sabia desde o principio que não havia amor de verdade no relacionamento dele com Nara.
Mas oque ele me disse me deixou ainda mais chocado: o amante da noiva dele era ninguém mais ninguém menos do que Carlos, seu inimigo quase mortal. Quase porque a sabotagem que o tal 32 fez pra tentar fazer meu irmão se dar mal na aterrissagem... quebrando o trem de pouso e sei lá mais o quê... Não deu certo. E meu irmão está ainda hoje vivinho, e muito, mais muito irritado. Eu o assegurei de que casar seria a melhor coisa a se fazer. 


Mas ele que escolheu a noiva, disso não me culpo. Nara não é de tudo má pessoa, sei que ela sofre e sofreu muito na vida mas... Ela não tem equilíbrio... Vários problemas com exagero em bebida e medicamentos fortíssimos explicariam a “quase insanidade” dela?...

 Calço as botas e sorrio:
- Meninas, se me dão licença, tenho que sair um minuto.

- Onde vai?- rosa senta ao meu lado.

- Vou até a farmácia e depois... vou encontrar meu pai. Ele acaba de chegar à cidade!- dou um sorriso um pouco incerto da aprovação dela mas me surpreendo ao perceber que ela desvia o olhar- oque foi Rosa?

- Nada...- ela levanta languidamente. Esta me escondendo alguma coisa eu sei.

- Tem certeza?

- Claro.- de dá os ombros. Mas ainda me evita de olhar nos olhos.

- Tudo bem... eu já volto, hã? Prometi que ficaria até receber a resposta do seu novo projeto e vou cumprir!- beijo sua testa, e saio.

Claude

Nem que eu pudesse arrancar cada órgão interno daquele cretino eu daria essa chance pra ele... não quero ver ele nunca mais na vida... quanto a Nara, dizer que fique com o apartamento é melhor do que expulsá-la grávida. Sei que o pai dela a deserdará ( se é que existe alguma herança da parte dele) e Carlos não vai dar menos do que uma surra nela quando descobrir que ela está grávida. Em parte tenho culpa disso. Não apenas porque nunca amei Nara de verdade, mas também porque na nossa ultima briga, despejei todos os remédios dela no ralo da pia. Inclusive os preventivos.

Ontem cheguei a pensar que o relacionamento dela e Carlos fosse sólido, que ele a amasse, mas foi depois de ter pedido pra pensar um pouco que tirei prova: encontrei Nara tentando se matar na banheira de novo. Mas dessa vez é mais grave: existe uma outra vida em jogo.
Hoje tomei uma decisão, decisão esta que pode sim tomar o rumo de minha vida: esse filho é meu, até que se prove o contrario. E não me refiro a exames e afins, digo que quando se tem alguma coisa, se tem mesmo, pra sempre, e de todo o coração. Eu desejei um filho desde o dia em que Tony me lembrou da estória do Pequeno Príncipe... Desejei ter um só pra mim. Não me importa de onde veio. Mas esse bebê é meu, e, se eu tivesse útero e pudesse carregá-lo comigo, eu o faria.

- Você fica. E non tem mas nem meio mas. E tem mais uma coisa: você não vai ficar sozinha.

- Oque? Mas você não vai pro campo de refugiados lá?

- Vou. Mas quem vai ficar com você é Dádi.

- Dádi? Aquela Dádi, empregada do seu pai?

- É. Ela mesma. Mas Dádi era empregada de minha mãe, e só permaneceu na família por mim e por meu irmón, ela cuidou de nós mesmo sendo muito jovem na época... e ela vai cuidar do MEU filho, entendeu? E você non se atreva a machucá-lo.

- Claude...

- Olha aqui Nara... Eu vou vir sempre que puder do Afeganiston ou seja lá de onde eu estiver, pra ver como anda meu filho entendeu? Eu non vou deixar que você o destrua... Jamé! (jamais)

Rosa

- Eu sei, eu sei oque você deve estar pensando... Que eu pirei de vez e tudo mais...

- Rosa... eu até entendo que você esteja muito dividida, mas.... Acha mesmo que precisa disso tudo?

- Oque eu puder fazer por ele, Silvia, tudo e qualquer coisa que eu puder fazer por ele... eu estou disposta a fazer.

- Quer dizer então... Que você aceitou a proposta do pai dele?...

- Sim. Mas não pelo tal cargo que ele me ofereceu, você sabe que não. Mas pelo Tony. E porque eu sei que não existe outra maneira de... fazer isso sem ter que voltar a morar em Paris. E também, porque eu não quero e não vou voltar para a casa do meu pai. Você sabe que eu não vou dar esse gostinho pra ele.

- Você quem sabe. - Silvia da os ombros, eu suspiro. Uma proposta que pode mudar o rumo da minha história... Definitivamente...









4 comentários:

  1. Ô Karolzinha minha filha,
    mate-me com a faca da cozinha,mas
    Claude assumir o filho de outro pra
    proteger a naja, isso NÃO
    amiguinha, que issi, retrate-se
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. "Não me importa de onde veio. Mas esse bebê é meu, e, se eu tivesse útero e pudesse carregá-lo comigo, eu o faria." <>



    CARA,O CLAUDE TEM CORAÇÃO!!!
    u huuuuuuu
    brincadeirinha :)

    ACHO que o Claude não está fazendo isso pela Nara e sim pela criança.

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  3. **Esqueci de dizer que o que o Claude disse foi tocante**

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  4. Claude tá me surpreendendo, muito lindo da parte dele adotar o filho da nara, ameiii!

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