segunda-feira, 25 de abril de 2011

Capitulo 28- Desconjuro, cruz credo!


 
Le Eternel Amour
Tulipe Rouge



Insisto em não ceder. Não ceder ao sono. Preciso terminar a história. Ou ela nunca me deixará em paz. Todas as vezes que eu pauso um pouco pra mais um bocejo, ela grita: Hey! Papai! . Em outras ocasiões eu odiaria isto. Mas não hoje porque, apesar do cansaço, é meu primeiro aniversário dela. Passamos o dia inteiro andando, levei-a ao bendito Euro Disney e vimos o tal Mickey Mouse que ela tanto queria ver. E até compramos a tiara com as orelhas. E tudo oque comi pode se resumir em carboidratos e muita gordura saturada, além de corantes, é claro. Ao vê-la assim tão feliz em estar comigo, penso se alguma vez terei coragem de lhe negar algo, oque pra mim, parece ser impossível.

- Doutor Claudes?- sinto o temeroso toque de Dádi em meu ombro. Pergunto-me se ela tem medo de eu acordar como um urso,

- Oque Dádi?- então me volto e dou conta de que está bastante tarde, Rachel dormindo em meus braços, o livro aberto em sua frente, pisco

- É... Achei que o senhor não esteja assim, confortável né... Por isso eu vim te acordar pro senhor...

- Ok Dadi, obrigado, já acordei, hã?- sento e passo a mão no rosto. Dádi acena e sai. Rachel continuava embalada em seu sono. Beijo sua testa e despeço-me, apagando o abajur.


....

- Hum!- ouço o espanto de Dádi- Doutor Claudes... como... pra que o senhor pendurou esse.. esse troço ai, no meio do quarto ein?

- Olha Dádi esse “troço” é o meu saco de bater hã? Eu preciso dele.

- No meio do quarto?

-Onde eu achar conveniente Dadi, e o quarto é meu.

-Tudo bem... e... Essa roupa ai? É pós banho é?

-Non Dadi, é um quimono.

-aaa... igual aquele que o senhor usava quando era pequeno né...

-Oui.- chuto o saco, sacudindo-me enquanto pulo no mesmo lugar

-Ah quer saber?Eu é que desisto. -Dadi sai fechando a porta atrás de si- a propósito, o jantar está servido!

Odeio quando ela faz isso. Nunca deixei de considerar Dadi como uma segunda mãe... ela tem que fazer eu me sentir péssimo!

-Entendo. Afinal, de uma maneira ou de outra, nisso você continua parecido com o imortal Tony...- ele revira os olhos, erguendo seu uísque

- Non... non podemos ser comparados... o Tony era… genial. Mas eu... sou só...

- Oh, um “Cloune”.- ele ri, e eu bufo

- Tá, maus aí pela infâmia, amigo!- tenta se corrigir, batendo em meu ombro

- Amigo... você? Haha

-Claude... Você sabe que é meu amigo do peito, né?

- hum... sei.

- Olha... Você também não precisa se sentir obrigado à minha presença... se quiser, eu saio..- ele faz menção de levantar, eu ponho a mão em seu ombro

- Tudo bem.. já entendi... desculpa enton- digo, ele se ajeita sorrindo

- Desculpas aceitas! Agora tenho que te dar os parabéns, sua Rachel é linda!

- Merci!

- Apesar que eu sei que isso se deve ao fato de ela NÃO ter nenhum grau de parentesco contigo né...- ele gargalha e eu bato no peito dele rangendo os dentes

- Meça suas palavras, hã?

- Claro, medirei.- ele abre os braços

- Rachel é minha filha. E ela non pode nem sonhar com algo que lhe faça pensar que é adotiva, entendeu? Non por enquanto


Rosa



“Esquece todos os poemas que fizestes. Que cada poema seja o numero um. Mario Quintana.”



Rosa querida,
Meu eternel amour, estou aqui escrevendo, enquanto você não volta com a baguete pro nosso chá. A tua irmã postiça me olha como se eu estivesse escrevendo uma carta de amor, me encarando com a mão no queixo e os olhos esbugalhados me faiscando sua “verdura”.(obs, não tenho certeza de que essa palavra exista, nem que tenha esse significado, mas sei que me entendeu, é isso). Estou arriscando escrever em português, porque você sabe, falo bem porque vivi no meio de vocês, meus amados amigos brasileiros por um bom tempo... Mas não sei bem como usar os verbos todos e as coisas difíceis da gramática que você me ensinou tão paciente.
Rosa, o que quero falar por meio desta mensagem é que..Bem, a essa altura, certamente não estarei mais ai do seu lado...(me perdoe eu mesmo se estiver) e queria te pedir:
 Por favor, procure meu irmão. Sei que pensa coisas sobre ele que... não são tão verdade. Ele pode ser meio rude as vezes mas... ele só não tinha muita referencia sobre como ser amável com as pessoas, sabe?
E hoje recebi um telefonema dele... ele vai ter um filho! Mas acontece que o filho não tem o sangue dele... mas continua sendo dele. E nem é pela noiva(agora ex) , é por que ele sempre sonhou em ser pai... mas o ponto é que, apesar de Dádi(vai conhecê-la!) estar com ele, sei que ele não vai conseguir se virar direito então... por favor, vai até lá! E dê umas dicas... de repente, aconselha ele a promover um encontro entre meu pai e esse novo... “membro’ da família... Rosa... queria poder fazer isso, mas não posso, portanto, conto com você minha flor!

Lembra que te quero bem... Pour toujours!

Limpo a insistente lágrima que teimou em escorrer por minha bochecha, e escondo a carta outra vez na gaveta. Tento voltar ao trabalho. Não posso estar mesmo pensando em fazer isso, logo agora e... Quase cinco anos depois!
Estou muito feliz com meu trabalho... Finalmente consegui reconhecimento e meu sucesso está cada dia maior! Estou trabalhando principalmente com o pessoal do market e estamos entrando numa fase incrível... a Le Cordier está sendo prestigiada por todo o mundo...
Mas ainda sinto falta dele... Falta de ouvir sua voz... sua risada... é difícil esquecer assim. Aquela noite, ele soluçando em meus braços, arfando a vida... as vezes aparecem estas imagens de súbito... e de repente, parece que estou lá de novo... E além de tudo... queria poder contar com ele... contar a ele sobre tudo. Queria que ele estivesse aqui pra agente rir do dia louco juntos... como nos velhos tempos...

- Estou ficando velha...- Silvia solta essa perola, justo na hora em que olho no espelho, conferindo o estrago que as lagrimas me fizeram. Ela bate um copo plástico de capuchino em minha mesa, e se senta a meu lado- estive pensando... trinta e um... eu tenho agora. Até conhecer, trinta e dois, pra casar trinta e...

- Conta ai, cinqüenta e quatro, querida!- Alzira diz, batendo de leve no ombro de Silvia, e sumindo no corredor em seguida. Estranho... já até me acostumei em ver a madrasta do Tony todas as semanas...

- Acha que vai demorar tanto assim?- Silvia se vira pra mim, de cenho franzido

- Sil... Para de pensar nisso!

- aaa Rosa! Vai dizer que  você não pensa?

- Sabe que não? Ando tão ocupada...

- Ocupada, sei... Mas me diz, e se acontecer de você se apaixonar de verdade, assim, loucamente?- ela abre um sorriso que chega a ser assustador, como se ela fosse fazer isso. Como se ela fosse fazer... sei lá, uma mandinga pra acontecer

- Desconjuro, cruz credo!- faço o sinal da cruz e gargalho- Ai! Me deu um arrepio!

- Arrepio né... deve ser corrente de ar... vou fechar a janela!


3 comentários:

  1. - Non... non podemos ser comparados... o Tony era… genial. Mas eu... sou só...
    INUTEU!A gente somos INUTEU
    ta, parei..


    - Ocupada, sei... Mas me diz, e se acontecer de você se apaixonar de verdade, assim, loucamente?

    "Sonhaaaaaaaar mais um sonho impossível"
    hahaha
    Ta demorando pra Rosa se apaixonar por alguém (Claude) mano
    culpa da Karol
    =D

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  2. poxa, foi uma introdução enorme pra começar a história de amor entre C&R!
    to amando o jeito como vc escreve!
    continuaaaa!
    bjs!

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  3. Karol vc sab q sou sua fã né...enton...adorei a parte da carta. Sabia q ele deixaria rosa responsavel por claude assim como eledeve ter feito tudo do outro lado...adoro...bjs

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