segunda-feira, 11 de abril de 2011

Capitulo 22- Explica?...



Le Eternel Amour
Tulipe Rouge


- Alô?...- solto num suspiro, tento alcançar o botão do abajur que esqueci ligado - Tá... Claro, claro. Estarei ai as treze horas. Ok. Outro. Tchau.

Levanto preguiçosa e languidamente. A penumbra do aposento só me deixava ainda mais confusa... o sono, a novidade... tudo ao mesmo tempo. Arrasto-me até o banheiro, faço meu toilet... Banho tomado, cabelos penteados, (olheiras disfarçadas), estou pronta.
 Vou enfrentar então minha nova rotina. Novos padrões, novos patrões, enfim, vida nova.

Breve entrevista durante o almoço com o pai do Tony e muito café depois pra agüentar o leve clima tedioso da tarde que seguiu... Principalmente pelo meu cansaço que ainda perdurava, conseqüência da viagem. Como eu ainda estava com a carta em suspenso, tomei um taxi e fui direto pra “casa”.  Ou algo parecido. Nem vi mais nada depois de passar pela porta... Devo ter amassado as revistas de decoração que Janete largara no sofá... Mas quê importa? Nem sei oque pode me dar mais prazer, um banho ou um cochilo. Na ocasião, o cochilo veio primeiro, mas então acordei do nada e fui direto estrear minha banheira. Parece mentira, o telefone sempre está pronto quando você está submerso numa banheira maravilhosamente cômoda.

- E-A-I?- ouço uma voz um tanto frenética, seguida por risinhos abafados. Depois de um longo suspiro respondo

- OK. Aaaaa... bem, diria que foi pára choque. Então não sei.

-Como pára choque?

- Ah Jane pára choque, primeira impressão, essas coisas. Não dá pra saber porque de tão nervosa nem reparei direito.

- Então?

- Então oque?

- ué como foi!

- Como foi?... horrível. Quer dizer...- antes que eu forme o resto da frase em minha mente, Janete dispara:

- A chefa! Fala da chefa! Quem era?

- Quem É, você quis dizer porque continua sendo.

- E quem é ela?

- Está sentada?- Passo a espuma pelo braço

- aaaa... Agora estou.

- Soletra-se GA-BRI-E-LE.

- Gabriele... Gabriele? Conheço?
                  
- dãar.. claro que conhece! A Gabriele! Gabriele... pensa!- levanto de leve a perna e o telefone quase cai na agua

- Gabriele... não! A Gabriele... Gabriele do... do Tony?!

- Ela mesma! Amiga você não vai acreditar como ela está ótima!- tento equilibrar o telefone com o ombro

- Gabriele, ótima? Brincadeira né?!

- Agora chamam-na NINICA. Virou uma perua de primeira!

- Mas a menina tinha mó cara de sonsa... Sério Rosa, a Gabriele sua chefa?!

- Parece que a empresa é dos pais delas, são donos de meio mundo de escritórios e mandam na publicidade de Paris... a revista promove o grupo deles... Essas coisas.  Ah, nem sei viu!

- Mas ela te reconheceu?

- Claro! Aliás, ELA me reconheceu, porque eu, nem em um milhão de anos a reconheceria!

- Nossa... Tô passada!

- E eu!..

- ã... Mas e como foi com o pai do Tony? Porque vocês já se falaram não já?

- Sim, agente almoçou hoje... Mas taí outro que eu não entendo... Ele disse que ouve uma pequena mudança de planos.

- Como assim? Ele desfez o acordo?

- Não. Ele modificou. O... Material a ser usado não vai mais ser dele...

- hã?!

Tony

Depois de muito chá de cadeira e chatice, saímos do hospital, minha sonolência estava mais em evidencia do que as próprias olheiras... Tudo que mais quero é um longo banho e depois dormir até as quatorze horas do outro dia, aproximadamente.
 Toda a dissimulação de meu pai jamais foi capaz de me enganar. Ele, assim como o Claude, acham que sou um leigo nessa coisa a que tenta se parecer com uma família. Eu sei que ele, ao menos o Claude, tenta me proteger escondendo certos fatos de mim. Na verdade, tentando esconder, pois eu os sei. Ele pode querer que eu esteja à parte mas estou a par de tudo... tudo desde o começo. E não foi ninguém que me contou, assim como ele, eu vi e ouvi.
Basicamente, tudo gira em torno do casamento dos nossos pais. Ou quase isso. A tentativa frustrada de “acabar” com toda a família de nossa mãe pelo nosso pai, a invenção da loucura do meu irmão... o Claude supostamente louco por ter ouvido certas conversas do papai em uma de suas empreitadas... Sempre as margens da lei. 


Um diplomata jura sempre usar de ética, mas certamente meu pai cruzou os dedos no dia do juramento.Olhando ele assim, cabelos grisalhos, estatura mediana, sorrisinho fácil, ninguém imagina do que esse homem é capaz... Talvez o Claude tenha razões suficientes pra odiá-lo pelo resto da vida... talvez eu tenha ainda mais. Mas ainda sim, não sinto que sair de perto dele seja o melhor que posso fazer. Ele esta cada dia mais estranho, e anda tossindo muito mais do que antes. A velha tuberculose o acompanhando... Claude o chama de “cão turrão” não apenas por isso, eu sei. Mas é engraçado.


Decidi ir até o velho Formaggio nel piato e ver como andam todos... Seu Giovanni me olhou tão estranho... Como sempre mal me cumprimentou, subiu as escadarias a saltos, ou quase isso. Encontrei Sérgio com Alice nos braços, Janete parecia me ver como um fantasma, mal completava as frases e me respondia tão pausadamente que entendi que escondia algo, e algo grave.
E o algo grave apareceu, num casaco cinzento, lenço roxo e minhas luvas de couro, igualmente me olhando assustada

- ã... estou tão horrível assim?- abro os braços, tentando parecer mais simpático

- Tony...- bel me olhava como se eu tivesse morrido 

- Eu... Mas e você Bel, oque faz aqui?

- A... nada. Quero dizer, vim... visitar meu pai- ela aponta as escadas pelas quais minutos atrás dom Giovanni subira

- Digo aqui, em Paris.

- aaa... claro, nem deu tempo...de.. de te avisar.

- Avisar?...

- É... que.. eu... Consegui um emprego... melhor aqui e .... decidi voltar pra cidade e... ficar perto...da família.

- Ah, sei... e.. onde é?

- Onde é o que?

- O seu trabalho. Onde você está trabalhando.

- Ah, sou... Sou..- ela olha Janete como que pedindo ajuda- editora na revista Le Cordier.

- Bel?...- curvo a cabeça, procurando seus olhos que fugiam como cabritos assustados- Você... Está se sentindo bem?

- A...- Ela senta na cadeira que Sérgio lhe puxa- Sim. Quer dizer... Mais ou menos é que...

- Ela está muito surpresa assim como eu em te ver, Tony!- Janete dispara.

- Ah, claro. - sento-me olhando as duas que tem as faces em brasa- por acaso... sejam francas! Por acaso... Meu pai disse a vocês que eu... Tinha morrido? Ou algo do gênero?- todos se entreolham e Janete da uma risadinha sem graça

- ha... Mas que idéia é essa, Jean! Afinal, alem de tudo, nós mal conhecemos o seu pai!

- É... Mas aposto que ele conhece vocês...

- Hã?

- Esqueçam. Mas... Enton, você está morando onde, Bel?

-aa... próximo a praça Itália.

- Nossa...

-Que foi?- Rosa se encolhe um pouco na cadeira

- Nada non é que meu irmon tem um imóvel por lá...Mas non mora mais aqui...


Rosa

-Tudo bem, admito. Dei muita bandeira.

- Bandeira? Bel só faltou você começar a balançar os braços e gritar: Fogo! Fogo! Estou mentindo mas estou mentindo MUUITO!

- Sérgio para, não esta vendo que o assunto é sério?

- Amor, eu sei. E estou dizendo a verdade, vocês duas estavam terrivelmente constrangidas!

- Acha que ele percebeu?

- Com certeza esta desconfiado...  e não vai desistir até descobrir o que estou aprontando...aprendeu comigo a ser curioso.

- Mas vai ter mesmo uma hora que não vai ter como esconder né. Você ia ter que abrir o jogo!

- Sei. Mas... ah eu não queria que fosse agora!

9 comentários:

  1. tá bom gente, deculpinha mesmo.. demorei e acabei escrevendo nas pressas... mas bele. eu juro solenimente que no 23 vou esclarecer as coisitas(nem todas mas vou xD)
    e vocês vão saber qualé do plano ai...haha
    bisou e digam se ainda me seguem!

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  2. Nossa

    não entendi nada
    kk
    o que ela está fazendo?
    É um mistéeeeeeeeeeeeerio

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Karol sua fic está maravilhosa! Estou mergulhando muito nessa fic ,só não quero me afogar rsrs
    Ps: olha o horário!! Nesse momento eu fico com insônia!
    Beijinhos

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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