quinta-feira, 21 de abril de 2011

Capitulo 27-“Pra que servem os pais?”


 

Le Eternel Amour
Tulipe Rouge


Tento abrir a porta com minha chave (esta que  guardei pensando neste glorioso dia) mas me parece que trocaram a fechadura. Bato na porta freneticamente, por conta da ansiosidade e nervosismo. Dádi abre a porta, e imediatamente me aperta num abraço com direito a uma tentativa(frustrada) de me balançar pros lados. Mas entro ainda muito impulsionado, meus olhos procurando pela sala. E encontro oque parecia um pequeno ser dormindo, sob uma manta vermelha. Na poltrona ao lado Nara me olhando fixamente, como se pudesse me fuzilar com o olhar. Aponto a criança, questionando. Ela balança a cabeça sem nenhum entusiasmo. Então, (surpreendentemente) me aproximo devagar. Agacho-me ao lado do sofá, e puxo de leve a manta, que era segurada pelas mãozinhas. Revela-se um pequenino anjo: pele branquinha, cabelos escuros. Tão pequena e frágil...

- Raquel... – pronuncio o nome ao qual ela responderia. Demorei quatro anos e meio pra poder dizer o nome dela olhando de fato pra ela!

- Amanhã é aniversário dela... o senhor vai levá-la pra ver seu...- antes que Dádi termine a frase, sinto a cólera

- Non Dádi- respondo rispidamente- nem considere esta hipótese.., e meu pai non vai querer me ver non...

- Nem a neta?- eu apenas olho e Dádi certamente me entende, ficando vermelha- bom, vou guardar suas malas e preparar seu banho, excuse-muá
Tento esquecer o incômodo de pensar em meu pai, e me concentro à tarefa de afagar os cabelos de minha filha. Nara suspira

- Espero que ela esteja a seu agrado, AMO.- Ela tenta me tirar do sério, mas não consegue, continuo calado, ignorando sua pronuncia

- Vou tomar meu banho e depois volto, sim?- sussurro, como se Rachel pudesse me ouvir. Mas talvez eu apenas quisesse garantir que ela ficaria bem.

Entro no banho e simplesmente me esqueço de mim, acabo cochilando, e olhando o relógio, vejo que por duas horas e meia! Levanto-me de imediato, e parto como um foguete de volta a sala. Tudo quieto. A manta abandonada no sofá. A televisão ligada. A porta da cozinha aberta. Vou até lá, chamo sem resposta. Volto à sala, entro no corredor. Ouço o som de água derramando vindo do quarto de Nara. Bato e ninguém responde. Decido verificar a maçaneta, trancada. Preparo-me pra arrombar. E faço-o. Encontrando o carpete ensopado, a porta do banheiro aberta.

 A banheira trasbordara, e Nara estava nela, submersa, os punhos em hemorragia estendidos pra fora d’água, pendendo dos lados. Tento reanimá-la. Em vão.
Arrasto o corpo pra fora da banheira, e tento tirar a água de seus pulmões, tento estancar o sangue, mas à essa altura, parecia tarde demais. Corro até a sala em busca do telefone, encontro Dádi que acabara de chagar do mercado com Raquel, que me olhava espantada.
Aceno e Dádi solta um grito, correndo em direção ao quarto,  deixando a pequena sentada no sofá, seus pés nem alcançavam o chão.

Ligo pra emergência, e ainda ofego, totalmente perturbado com a cena que roda em minha cabeça. Ela havia conseguido. Nara havia conseguido!

- ...Pa...- finalmente Raquel diz algo- Papai?

-hm...- me volto surpreso- Você... está bem querida?

- Você.... é o meu pai?- ela pergunta, ainda sentada, mãos nos joelhos

- Claro que sou!- Sorrio, indo agachar a sua frente. Finalmente posso olhar seus olhinhos verdes de perto!

- É... Nana me disse.- ela aponta um retrato em que estou eu e Nara, sorrindo, sob o sol num parque da cidade

- Nana?- pergunto, mas me repreendo, visto que esse era o nome por qual Nara seria chamada por ela- Bem... está contente em me ver?

-Oh, Estou...

- Que bom.- sorrio- Porque eu estou muitíssimo feliz em ver-te!

-Oque é “muitíssimo”?

- É mais que muito, é muito mesmo.- rio pela situação, quase me esquecendo oque estava acontecendo. Mas é que... nunca havia tido essa experiência, uma criança me perguntando assim... senti uma alegria boba... em pensar que teríamos muitas conversas semelhantes. Mas rapidamente caio em mim, ouvindo as sirenes.

...

-Oque fazem os pais?- Rachel surpreende-me, enquanto alimentamos os pombos, ainda vestidos de preto, vejo seus sapatinhos se agitarem, pra frente e pra trás, aproveitando o espaço que faltava pra que alcançasse o chão

- Os pais... como assim pais?

- Pais... Como você é meu pai. Pra que serve pai?- ela estreita os olhos, e eu sinto meu coração apertar. Não gosto muito de lembrar da figura de meu pai. Mas tentarei

- Um pai serve pra... Te proteger. Pra te cuidar. Pra ensinar... pra..

- Como uma mamãe?

- Sim. -suspiro- Serei mãe entom. - Dou um meio sorriso cansado, pensando que a pobre não tem noção do que acaba de acontecer. Enterrou a mãe, e nem se deu conta. Quando isso aconteceu comigo, estava tão aborrecido e triste... mas não tive um momento parecido com este com meu pai... Na verdade, naquela noite eu fugi pela fazenda, e acabei dormindo no estábulo, junto aos cavalos

- Vai ser legal ter um pai. -ela sorri, jogando mais pipoca aos pombos


Rosa

-Mais pra direita!- sinalizo o lugar


- Ah Rosa assim não dá! Minhas costas estão...


- Ai! Ai!- grito, e ele larga o sofá. Eu foco um retrato com as mãos, e vejo se está bem centralizado.- Está ótimo Sergio! Obrigada!

- Oque nessa vida não faço por ti, hã?- ele se joga no sofá- pensei que você nunca iria se decidir em que lado deixaria o bendito sofá

- Ai... mais é que eu queria só... só mudar um pouco sabe? Esse apartamento andava muito igual...

- Rosa...- ele balança a cabeça- Você e essa sua inquietude...


-Hiperatividade!- Completa Jane, vindo do quarto com mais uma caixa

- haha... não tem jeito!- dou os ombros- Faz parte da minha natureza!

-Então... aqui achei mais outra Rosa... caixas antiiigas e empoeiradas!

- Deixa eu ver...- ao abrir a tampa empoeirada, meu coração tamborila

- Nossa... tou precisando fazer uma faxina geral destas lá em casa...- ri Janete, apontando todo o lixo que “extraímos” dentre as velharias que eu guardava ha anos.eu olho Sérgio, que fazia careta

- Essa... essa – pigarreio- Deixa que depois eu.... Eu olho com mais cuidado.

-hum... mas oque tem ai ein?- Jane se aproxima ameaçadoramente, sorrindo, tentando pegar a caixa

- Na..não! essa aqui é coisa minha! Depois te mostro com calma.- tento me desvencilhar dela

-Hum...-ela se afasta, olhando de relance pra Sérgio, penso que ela ache que seria algo que eu não queira mostrar a meu irmão


Então sorrio, pra que ela se acalme com isto. Mas na verdade, eu apenas quero esquecer que aquelas cartas existem. As cartas de Tony. Cartas que continham sugestões dele pra mim. Mas como eu poderia seguir seus conselhos assim tão... Tardiamente?




4 comentários:

  1. Sequencia boa, as coisas agora parecem que vão se encaixar R&C kkkkkkk
    Amei, dama do mistério heheheeeee

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  2. Nara conseguiu!
    "eba!"
    coitada
    se matou
    Karol
    coloca uma foto aí da filha do Claude
    Cabelos negros e olhas verdes né?!
    me lembrei daquela menina do filme
    "Samantha e Nellie"
    No caso, a Samantha.
    Ja assistiu?
    É bem fofinho

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  3. Samantha: An American Girl Holiday

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