quinta-feira, 26 de maio de 2011

Capitulo 38- Venit dies tuus!!!


Le Eternel Amour
Tulipe Rouge


- E então?

- E enton oquê?

- Então, pra onde vamos?!

- Vamos? Você quer dizer...você e Caleb? Von pra casa, claro. Quero dizer, se preferirem, podem ficar aqui, eu nom me importo.

- E você diz isso como se não fosse mudar tudo pra mim?

- Mudar oque?

- Tudo, oras! Pensa Claude, pensa! Eu volto pra Paris com Caleb, e você sai pra procurar Rachel... que por acaso, provavelmente está junto com minha sobrinha e minha cunhada!

- Hã? Mas Rosa, pensa, hã? Eu estou lidando com um criminoso e o pior, eu bem sei quem é. E o acerto de contas é entre mim e ele. E ele jamais faria mal a própria filha, eu acho... Mas sei que ele é louco, portanto non posso levar você e seu... o  Caleb pro olho do furacón non..

- Claude... eu tenho o direito!- a voz dela estava cada vez mais suplicante-  E quero que você saiba que, a Jane, a Janete... ela foi pra mim a irmã que sempre sonhei em ter e... ela me ajudou. Com...o Caleb, quando ele nasceu e eu... –seus olhos se tornaram tão marejados que certamente mal conseguia me ver-   eu  nem tinha muita noção... nem ...jeito com bebê... ela me ensinou como... como se segurava o nenê corretamente, como... qual a temperatura certa da água do banho... sabe, ela... Eu não tinha ninguém Claude!...

- Ela te auxiliou quando ninguém mais estava lá.

- É... –ela balançou a cabeça, os olhos brilhavam, enquanto ainda me suplicavam.

-Rosa... eu non quero que você corra perigo por minha causa. Nem você, nem Caleb, ou Dádi... ninguém mais. Eu preciso resolver isso duma vez por todas!- então ela suspirou:

- Mas eu preciso ir. Me deixa ir...

- Ow... E você nem sabe pra onde eu vou!- vejo-a espiar Caleb dormindo no sofá por cima dos ombros

- Tenho certeza que está atrás do Carlos. E que vai procurá-lo na casa do doutor Henri, -ela fez uma pausa-  o senhor seu pai!

- Rosa...

- Claude eu sei que eu posso ir, me deixa ir com você!

- Mas para quê Rosa...

- Eu quero muito ver isso. A hora em que ele se entrega, em que a justiça será feita.

- Você acredita mesmo nisso?- olho-a me dando conta de que eu mesmo não acreditava

- sim. Totalmente.

-Dieu....

- E o Caleb fica em Paris!- a voz dela irrompe, mas logo ela volta a um tom mais calmo-  ...por segurança.

-hm..

Não pude mais impedir, afinal, ela tinha argumentos suficientes. E eu me sentia em falta com ela, apesar de nunca ter tido como saber...

-Abbeville.

- Ow...

- Não Caleb...

- Mãaae..

-...

- Nem queria ir mesmo.

- Vai ser bem rápido amor...e você adora o vovô, não é?

- É mais...eu queria ver o vovô Henri...que faz mais tempo que eu não vejo...

- Olha, lá está ele!

- Quem?vovô?

- Não... seu tio Sérgio...

-ah...- Caleb murcha. Rosa se estica e agarra o filho num abraço apertado

- Amor! Não fica emburrado assim... juro que na próxima te levo!

-Na próxima mamãe? Quando é que você  vai na casa do vovô?? O alfred tem sempre que vir me buscar e isso pra passar um único dia com meu vô... eu sei que ele precisa sempre voltar pra Barcelona mas...- ela se afasta um pouco

- Um beijo!

Caleb pega a mochila e a pequena mala, que é entregue à Sérgio. Rosa acena freneticamente, enquanto à passos lentos, eles vão se afastando.

- Non entendo porque você non entregou ele à seu pai pessoalmente.

- Ficou maluco?- ela diz, entrando no carro. Eu fecho a porta e paro um instante pra encará-la, mas ela se mantém firme

- Acho que non devia ir... deixar ele ai...

- É mesmo?- o sarcasmo na voz dela era como um tapa, e ainda olhei pra ela me fulminando antes dar partida.


...
- Você tem uma arma?- ela perguntou, depois de aproximadamente uma hora de silêncio

-Oque?

- Você tem uma arma? Porque... se o tal Carlos é mesmo perigoso como você diz...acho que agente vai precisar.

-Agente? Escuta, Rosa! Você non tem nada a ver com isso e non vai se intrometer, ouviu?- ela dá os ombros, e liga o som que estranhamente estava no ultimo volume... Rachel tinha deixado-o assim. E isso me fez engolir uma pedra que desceu rasgando minha garganta

- Mas será que você não tem mais CDs aqui?..- Rosa abre o porta luvas, e arranca de lá um porta CDs lilás, como quase todas as coisas pertencentes à Rach...

- Rosa....

- Ah... nossa... ela  tem bom gosto... roqueira como moi!- ela ri... meneio a cabeça

- É... Rachel era fascinada pela música... como... como...

- Tony.... – ela completa, ainda olhando os CDs com um largo sorriso. Não posso olhá-la fixamente por causa da direção mas... vi que ela não parecia me odiar pelo Tony... não agora.

- Ah, o Caleb toca piano agora...

- E ele é bom?

- Ow se é... ele vai tocar um solo no festival da escola... e faz as trilhas todas das peças de teatro

- Uau!... – gostei tanto de tê-lo sabido! Caleb era mesmo um menino fora de série! Como Rachel era também...é. ela é. Fora de série...- Rachel formou um grupo.- pauso, como pra me certificar que Rosa me dava atenção, porque a música predileta de Rachel estava muito alta

- É mesmo?- ela me olha entusiasmada- e qual o nome do grupo?

- Cigales.- digo num risinho.

- Cigales? Haha... nossa... – ela parecia deleitar-se com isso

- Nossa oque?

- Cigales... me lembrou muito minha época de escola, sabe? Bem... não é segredo...

- Que te chamavam de Belina, a carneira?

- Também. mas que eu tocava o violino desafinadamente só pra provocar um... um grupinho lá, dos tais “descolados” que...

- Implicavam com vocês... você, Jean, Frason, Sérgio, Silvia e...

- Janete... - ela olhava a estrada agora... ainda ouvindo a música que tomava o carro inteiro

- Foram esses que...- ela me olha, eu continuo- que quebraram o nariz de Jean aquela vez, no último ano?

- É... foram sim. Eles mesmos... eles eram umas pestes!

- Imagino...

- O Tony te contava tudo? Quero dizer... oque... as coisas que aconteciam com ele... tudo?

- Tudo non.- a olho rapidamente, e ela vira-se pra janela novamente- mas... geralmente, a maioria das coisas.

- E... como?

- Ah... e-mail, telefone... às vezes, pessoalmente.

- Sente falta dele?-ela pareceu um pouco receosa de perguntar isso, e percebi que me encarava

- Sim. Muita falta.- Suspiro

- Você é mais poliglota que ele.- foi tudo que ela disse, depois de pelo menos cinco minutos de silêncio

- Porque diz isso?

- Porque... você... nem conviveu tanto assim com brasileiros e.... fala bem rápido.

- O Tony me ensinava umas coisas. Mas non escrevo nada bem na sua língua.

- É... imagino. –ela agarra um caderno de capa vermelha, que estava em cima do painel do carro

- É de Rachel...

- É... eu percebi... –ela começa a folhear o caderno, com um sorriso nos lábios- ela é fantástica!

- Eu a amo muito.

- Veja Claude... oque é isso?- ela me mostra o caderno aberto, numa página em que se lê, e não na letra de Rachel:

Venit dies tuus!!!

- seu dia vem...- ela traduz, e eu franzo o cenho

-Comment..

- Ela fazia aulas de latim?

- Non, mais... Estudava piano com um padre... - digo depois de muita coisa se passar em minha mente.

- Claude... você está bem?- Rosa me examina a testa, provavelmente pegando fogo. Encosto o carro

- Mon Dieu... sabia que conhecia aquele homem...

- O padre no carrinho!- ela exclama, pondo a mão na boca em seguida













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