Le Eternel Amour
Tulipe Rouge
Marseille... Adoro este lugar! Lembranças daqui não faltam... da melhor parte de minha vida, quando minha mãe e Jean estavam aqui! Vínhamos só os quatro, pois Dádi estava presente também... era praticamente uma adolescente, mas estava. Lembro das brincadeiras que eu e Jean fazíamos (aprontávamos) com ela.., Agora está assim, amoada. Penso que não gostou muito da mudança, apesar do lugar ser este.
- Non gosta de calor, Dadivosa? Hã? Porque non parece feliz...
- Feliz eu até tô né, mas o problema é que...
- Quoi?
- Que eu vou sentir falta...o minha nossa senhora... como posso dizer.. falta da cidade...e das pessoas...sabe...as pessoas de lá... ah
eu estava tão acostumada!
- Tudo muda, Dadi, as pessoas mudam... mas os lugares von estar lá, hã? Do mesmo jeitinho.
- Eu sei, eu sei o que o senhor quer dizer mais é que é estranho!
- Quer voltar?
- Sem vocês dois? Mas nem que me paguem em dobro. Fico. Mas com a condição de que o senhor me prometa que agente volta um dia.
- Claire, est promis. – sorrio, e estaciono. Ah,uma casa. Depois de tantos anos morando em apartamento, finalement uma casa com direito a entrada, sacada e até um pequeno jardim nos fundos!
O mar dos monstros assustam um pouco Rachel, mas uma hora ela se acostuma. Antes de me apresentar definitivamente passaremos o dia na praia... que sossego, aqui! Pelo menos enquanto o outono ainda durar...porque primavera verão implica em toda uma paris em sua busca frenética por areia e sol aqui... Como os pássaros, imigram pro sul!
Rosa
Que dia maravilhoso este! Como os outros dias em que, logo pela manhã, rimos de tudo. Um dia saboroso como o café da manhã que Caleb (Silvia) preparou pra mim. Dia cheiroso como a rosa vermelha que ele me deu, com a brisa macia como seu beijinho de feliz aniversário mamãe. Esse que ficará pra memória, pois, diferente dos outros, respiro sem culpa.
Apesar de que não sem toda ela... algo ainda permanece por que afinal... o Caleb ainda não sabe.
Acho que ele não sente tanto por causa da presença do tio Sérgio, que faz esse molde masculino... Molde esse que sei que são OS PAIS que aplicam aos filhos... não entendo muito disso, porque em parte fui criada por um homem e em parte fui criada em uma instituição, ou seja, não sei muito sobre estruturas familiares...
Mas o que sei repasso a meu filho: todo meu amor e carinho. Talvez não sejam suficientes pra apaziguar a busca que com certeza ele fará dum “algo mais” que sei que se chama “pai”.
Criar um filho sozinha não parece ser um fardo pra mim, apesar de já ter ouvido o quão difícil é... espero que o Claude não cisme com o Caleb.. Não sei como ele reagiria a qualquer tentativa do Claude de se aproximar... e o pior, como reagirá quando souber que possui o DNA deste estranho... que pra mim é estranho, e pra ele ainda mais. Ele ainda não se deu conta de quão parecido o Claude é com o “pai” dele, que só conhece por fotografias...
Sei que será inevitável que esse dia chegue, só espero que traga boas coisas e não o contrário. Já é difícil lidar com o avô dele tentando “ganhar” o meu filho com presentes e sorrisinhos que tenho plena ciência de serem maldosos.. Oque o senhor Henri Geraldy pode querer com um bastardo de sua familia? Ele pensa que me engana, mas sei que é isso que ele acha do Caleb, que meu filho não passa de um bastardo, que ele é apenas um produto que foi comprado e pago com antecedência mas que jamais foi ou será utilizado.
Mas pensando bem, talvez ele queira tirar Caleb de mim... talvez se sinta só e queira o “neto” junto dele, e como ele disse,que sua descendência legitima por seu sangue assuma seu império. Chama Caleb de Prince, cobre-o de bajulações!
Não quero que ninguém se atreva a tomar meu filho de mim... Seja o senhor Henri ou Claude Geraldy, respectivamente, seu avô e pai biológicos mas não autênticos pra mim.
..
- Oque?- franzo o cenho, levando a xícara ao nariz até que o vapor me faz piscar. – Não... Jane...
Já faziam quatro anos. Quatro anos que meu coração se acalmou e se apertou ao mesmo tempo. Com a suposta ameaça longe, eu estava um pouco mais tranqüila. E Caleb ia bem também. E tocava o piano. E colocava as gravatas de Jean, as da espoca da escola. Ainda que não lhe servissem pelo comprimento, ele sempre levava uma num bolso ou na mochila. E eu descobri o porquê.
Depois de muito insistir, Sérgio arrancou a informação dele. Foi na saída da escola, num dia cinzento, ele e mais ois amiguinhos, estavam sentados sobre sacolas e jornais na escadaria do pátio, quando um grupinho malvado, assim descrito por ele, apareceu pedindo o dinheiro e o lanche deles, ameaçando e cuspindo nos três. Mas ele disse que de repente o pai dos meninos apareceu, acontece que os dois amigos dele são irmãos, e o pai deles é um lutador de boxe, fortão e tudo mais. Os meninos, que beiravam a adolescência, saíram deixando os menores em paz. Eu não entendi algo sobre dar gravata nas pessoas, mas achei que Caleb acreditasse que pudesse funcionar.
Mas quando perguntei, ele gargalhou, e disse que as gravatas eram apenas uma forma de fingir que o pai estava com ele e por perto, que aquele simples objeto pudesse lembrá-lo de que ele também tinha um pai que, onde quer que estivesse, estaria ligado a ele, com seus bons pensamentos.
Foi inevitável não sorrir pela notável herança poética dele, e inevitável derramar lágrimas pela sinceridade em suas palavras. Um menino de “quase nove” anos que ainda era um bebê pra mim, mas um bebê tão surpreendentemente esperto e tão surpreendentemente parecido com...
- Ah não sei... não... mas.. Claro! Claro que estou com saudades dele... mas... Torino? De carro? Ah Jane... queria passar essas férias mais parecidas com o ano passado sabe...
- Meio que... sem graça? Ah, Rosaa! Por favor! Logo este ano que me animei pra conhecer a terra de seus pais, poxa! Ainda estou deixando aqui meus pacientes nas mãos de outro médico sobrecarregado por vocês! Por favor! Eu sei que agente vai dar a maior volta e tal... ah mas vai ser uma aventura! Ir pelo litoral! Pensa na paisagem, se não vale a pena? E as crianças? Como vão se divertir!
- Mas e o... Sergio? Não vai porque?
- Ele vai sim...-suspira- mas só depois duns dez dias, por causa do projeto da empresa. Mas não esqueça que se trata de Férias Rosa, fé-rias!
- Eu sei... Eu sei...- observo Caleb escrever e comer ao mesmo tempo, sobre a mesa, balanço a cabeça- Tudo bem, você venceu! Vamo então! Andiamo in Itália!- rio, e Caleb levanta a cabeça, arqueando as sombracelhas,contagiado pela minha aparente animação.
Claude
- Oui, j’avoue! Je me fais vieux ! Vieux ! (sim, admito! estou velho! velho!)– sorrio, passando a mão pelo cabelo, enquanto as meninas ainda riem, segurando os pés juntos, almofadas no colo. Rachel parece tão feliz assim, rodeadas de amigas. Os instrumentos espalhados pela sala de música improvisada no sótão, até um velho piano ela me fez comprar, no dia em que supostamente fomos à loja de instrumentos apenas buscar uma faixa lilás e um novo bocal pro saxofone dela. Mas me empolguei ao ver o piano, e como ela faz aulas acabei me deixando levar. E aqui estou eu, rodeado de meninas de tranças e dedos calejados por instrumentos, em sua maioria. Festa do pijama na casa do tio Claude, "pai da Rach." Sim, estou mesmo velho. Principalmente por não conseguir me consentrar na leitura com “os barulhos” das "Cigales”...
- Nove anos que não voltam nunca mais, doutor Claudes...- quase engasgo com o suco de morango feito pra saciar as gargantas que esgoelavam logo acima de nossas cabeças, e Dádi me chamando de doutor...
- Non me sinto exatamente bem assim, Dádi.
- Assim como?- ela passa pelo balcão, abre a geladeira e começa a arrancar de lá mundos de guloseimas que servirão de lanche para a pequena orquestra.
- Sabendo que... Aliás, non sabendo como ele está e... ah!- desmorono sobre os pulsos, me sentindo muito mais confuso do que confiante de que tudo estava bem.
- O senhor tá falando do menino Caleb né?... – Ela bota uma mão em minhas costas, e sinto o leve pesar de seu gesto de incentivo- Olha, eu vou lhe dizer uma coisa, vice? Tudo passa, homem, tudo passa. Um dia você vai estar num lugar onde jamais pensou em estar antes, e vai ver que tudo na vida passa.
Tudo passa mesmo,
ResponderExcluire esses 2 estão deixando passar demais!
Não tinham nada a ver um c o outro...
agora q tem Caleb ...
deixam mais uns anos se passarem
Haja Dádi e Jane para incentivar!