Le Eternel Amour
Tulipe Rouge
Pra onde mais deveria correr? Não há tempo. Nem espaço, por mais incrível que pareça. Não tenho espaço pra fugir. É frustrante olhar essa multidão e ter a certeza de que ele olhará justo pra cá, pra nós. Que caminhará meio incerto do que fará, do que dirá. Procurará frases em seu glossário, sorrisos em sua estante interior, e nos olhará como quem está apertado, pronto pra fugir. Ou talvez não, talvez caminhe seguro, nos diga olá. Ou então finja que não nos viu, que não nos conhece.
Ai sim seria um alívio. Pareço estar em outra dimensão, enquanto vejo os rostos sorrirem pra mim, as bocas movendo-se, a mão enluvada de Janete estendida pra mim...entendo que é a nossa vez de subir no carrinho, e eu teria que subir. Então me acordo, e puxo Caleb pela mão, mas ele parece estar muito mais interessado no tiro ao alvo do outro lado. Ele me olha suplicante, e não vejo alternativa a não ser puxá-lo mais forte.
Mas a surpresa: cabe apenas um. E a roda gigante estava lotada. Dum jeito que chagava ser assustador. Jane e Alice encontravam-se já acomodadas na pequena cabine, com mais duas pessoas. Cabem cinco, ou seja, faltava um. E Caleb se negava a ir, e confesso que eu também não queria. E espanto: no meio de tantos ruídos, escuto uma voz conhecida, uma força me faz olhar pro lado, uma menina pula no carrinho da roda gigante, e se junta a Jane e Alice, sorrindo e acenando pra este que se estaciona ao meu lado.
- Mamãe, quero uma soda! – a voz de Caleb nem parece ter saído de sua boca, pois pra mim tudo parou.- Hey! Mamãe!
O homem permanece ali, olhando a menina subir devagar com o girar do brinquedo. Olhando pro alto e eu pra ele, estática, enquanto Caleb puxa meu braço na vã tentativa de chamar minha atenção. Saio antes do homem me perceber, de me encarar. Mas sei que ele vê agente saindo de perto dele. Paramos na barraquinha, e Caleb agarra sua soda, eu pago. E lá está o inevitável.
- Olá.- poderia dizer que me assustei. Mas não tanto quanto parece, ou devia parecer- Cheguei a pensar que jamais os veria de novo.- sua voz parece me tirar as forças, grave e firme.
- Hã...- viro-me e vislumbro olhos profundos, cheios de uma dor inalcançável e incompreensível a mim.
- Caleb...- ele sorri desgastado, pondo a mão nos cabelos do pequeno que o olhava sem entender, canudos na boca.
- Claude..- o fulmino- por favor... Você sabe...
- É, eu sei. E você sabe que non concordo. Eu posso, você sabe que eu posso.- ele se move de um jeito estranho, batendo os braços ao lado do corpo, como ave que ameaça sair voando.
- Claude...- abaixo a cabeça, em direção as mãozinhas que seguravam firme as minhas
- Aquela menina lá é sua filha?- Caleb o olha atentamente. E voltando ao rosto do homem, sinto me congelar pela semelhança dos dois.
- Oui, ela é minha filha... –sorri- Chama-se Rachel.
- Rachel...- Caleb repete, eu abaixo os olhos.. Essa menina esteve várias vezes na revista, com Alzira. Eu sempre evitei vê-la, mas não tinha como, ela sempre sorria pra mim... Era tão pequena...acredito que tinha apenas uns cinco anos de idade.
- Ela deve ter mais ou menos a sua idade... acho que seron bons amigos.- Claude sorri, mas eu lanço-lhe um olhar furioso
- Seriam.... Seriam, mas não será possível, uma vez que moramos tão longe.
- Mamãe...- Caleb me repreende por a mais que saliente rudeza.
- Desculpe amor... Não liga pra mamãe porque ela está nervosa...- abaixo-me um pouco, e Caleb continua a me olhar de lado
- Mas nervosa com o quê?- ele sussurra
- Com nada, Caleb. Absolutamente.
- Você queria ter ido lá, com elas?- aponta a roda gigante, onde eu já não conseguia localizar as meninas.
- Não... não é isso. Apenas estou mal humorada pelo cansaço... Da viagem, é isso.
- Vocês von ficar quanto tempo aqui na cidade?- só então reparo que Claude carrega um urso de pelúcia marrom, com uma fita vermelha no pescoço.
- Dois dias.- Caleb responde,. Mas eu atropelo-o
- Só hoje. Estamos apenas de passagem.
- Podem se hospedar na minha casa se quiserem... Dádi e Rachel iriam adorar....
- Não.- respondo automaticamente, mas lembrando da doce mulher que me abraçou em Paris, que parecia me conhecer desde sempre...
- Por favor... Eu insisto. Os hotéis aqui son ton duas estrelas... – eu fecho os olhos, e tento ignorar o fato dele ser idêntico ao Tony e ter o sotaque ainda mais carregado. Não ouvia este tipo de sotaque há tempos...
-Claude...- tento convencê-lo a desistir, mas então somos interrompidos por um algo mais importante no momento:
>>>PoW!!!Swiwsiwiwiswi – OOOOH!
Claude
Viro-me de supetão, todo esse tempo estive de costas para a gigantesca máquina que levava minha filha dentro. Pessoas gritam, e um pequeno tumulto se forma. Fumaça.
- Curto oque?- praticamente berro, seguindo Rosa e Caleb que se enfiavam no meio do povo.
- Circuito. Curto circuito. Foi oque disseram.- Caleb parece ser ainda mais inteligente do que supõe se para um garoto de sua idade. Acredito que tenha por volta dos nove anos de idade, e é bem alto também.
Paramos em frente à roda gigante. E sinto-me ridiculamente minúsculo diante dela. Esperamos os bombeiros esvaziarem cada cabine... e nada. Nenhuma das três. Talvez tenham descido primeiro. Mas a exatos dois minutos Caleb aponto-as no alto do brinquedo que era tão lento que demoraria pelo menos uns cinco pra descerem.
-Onde estão elas? Deus! Onde estão?!- Rosa começa a gritar- Sont ma famille! Oú?! Oú?! Jane! Jane, Alice!!! Oú?!
Tento peitar um dos bombeiros, e passar da linha de segurança, e procurar por Rachel. Mas o homem me agarra, ele e mais dois. Sacudo-me o mais violentamente que posso, a fim de me livrar. Mas sou arrastado pra junto de Rosa e Caleb, que estão sentados numa ambulância. Colocaram um cobertor nos ombros de Rosa, e Caleb me olha dum jeito suplicante, mas nada posso fazer.
-Mon Dieu! Sou um nada! Je n’esuis riem! Riem! – começo a me debater contra a lata do veiculo. Sinto a maior dor de toda minha vida. Não devia ter deixado ela entrar naquela cabine! Não devia! Eu deixei ela ir sozinha?Onde estava com a cabeça?! E como foi que não reconheci a mulher com a menina? Eu já havia as visto antes! Mas não lembrei. Deus!
- Calma, eles vão achar elas. Vão achar a tia Jane, a Alice, e a.. Rachel. –lista Caleb, pondo a mão em meu ombro. Estou jogado no chão, entregue ao desespero.
- Caleb vem aqui.- a fraca voz de Rosa soa. O menino dá dois ou três passos e está em seus braços, aconchegado e protegido nos braços de sua mãe. Olho ao redor, e paro outro bombeiro. As respostas são todas iguais. Ninguém viu ou ouviu nada. Ninguém sabe, afinal, em meio a multidão, muito se perde. Muitos se perdem, mas que eu ficasse despreocupado, iriam encontrá-la.
- Non...- caio novamente.
...
- Podemos ficar com você?- Caleb me acorda, mas não é pesadelo, está quase amanhecendo, e estamos só nós na delegacia. Rosa desmaiou, ao que me parece, o sono a combateu e nocauteou. Deve estar exausta pela viagem, e ainda mais pelo desgaste. Somando o calmante que os enfermeiros aplicaram nela, deve ter sido inevitável dormir.
- Claro.- estaria mais feliz em responder isto. Mas no momento, mal consigo pensar. Rosa não acorda, ninguém se dispõe a ajudar. Então, franzo o cenho para os que me repreendem e a tomo no colo, e Caleb me segue até o carro.
Hum! Menina boazinha, dois pôste, demorou, mas veio, tragédias costumam aproximar pessoas, quem sabe né!!!
ResponderExcluirBjoocas.
êeeeeeee, postou de novo
ResponderExcluirque suspense!!!! ansiosa pela continuação!
bjs
Ow stª K vc me surpreendeu!
ResponderExcluirNão havia pegadinha nenhuma no anterior
Estou adorando... seu texto vem ganhando ares poéticos
“...procurará sorrisos em sua estante interior”...ficou lindo demais
Obrigada por postar rápido esse 36.
Qdo acabar acho q vou sentir muitas saudades.
Ô não deu tempo nem de comentar o 34 e vc ja posta o 35?!
ResponderExcluirhahaha
isso mesmo Karol!
"sua voz parece me tirar as forças"
huuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuum
sei não
hauhauhau
ResponderExcluiragora que eu vi que eu troquei as bolas
era
>>>comentar o 35 e vc ja posta o 36<<<
aff que anta
Karolzinha cherry mto bom jajaja mas kd esse povo sumiu foi? Engolidas pela terra? ET de Varginha levo elas? kkkkkkkkk
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