terça-feira, 3 de maio de 2011

Capitulo 32- Est à jamais


 




 Le Eternel Amour
Tulipe Rouge

Existia então apenas um mundo que sonhava com outros mundos?
Philip Pullman, A faca sutil



Entramos. No hall, e ele exala o ar da casa, tem um cheiro tão bom... Rosa hesitou em tocar a maçaneta, mas a girou. E me abriu seu mundo. Como seria? O que fazia? Pensava em quê pra sua vida? Uma mulher tão bela e ainda tão jovem... Pelos meus cálculos, tenho apenas um ano a mais que ela... Já que Tony se formou junto com ela no médio porque repetiu o “bendito” ano da descoberta... Aquela que roubou-lhe muita alegria, mas em compensação, tornou-o mais forte, ele com toda certeza se tornou um homem melhor!
E estaria aqui até hoje... Não fosse a maldita vingança do 32... Porque não se vingou de mim, então? O Tony traria muito mais alegria a esta terra do que eu jamais conseguirei trazer.

- Bem... Claude... Me desculpe, mas eu não consigo pensar em outra maneira de...Fazer você saber.- ela diz, sem olhar em meus olhos, parada à minha frente.

- Rosa...- franzo o cenho, ela parece muitíssimo temerosa

- Eu preciso te apresentar uma pessoa, ok?- ela suspira, e eu meneio a cabeça, ainda receando que não deveria ter vindo

Poucos passos e entramos finalmente  na sala de estar, ao que parece. Uma menina sentada no sofá, inteiramente entretida com a televisão, nem nota nossa presença, ao que Rosa pigarreia e ela corre em direção a uma porta que antes estava entreaberta, mas agora se encontra escancarada, revelando um corredor. Rosa me fita como se quisesse interpretar minhas expressões, saber oque eu achava.
- Perdoe a falta de educação, ela ter saído assim, mas é muito tímida, entende? – ela tenta falar de vagar, mas sei que está cada vez mais tensa. Pigarreia e mostra-me o assento- É Alice, minha sobrinha. – senta ao mesmo tempo que eu, joelhos juntos, mãos na coxa.

- Aquele bebê? O do natal?- Esboço um leve sorriso, tentando aliviar o clima, ela me devolve o mesmo sorriso sem ânimo, assentindo com a cabeça

- Ela mesma. Cresceu tão rápido...- seus olhos viajam pela sala, enquanto sua voz ainda perdura em meus ouvidos. Me encontro inquieto, rezando que ela continue a falar, apenas pra poder ouvir a voz

- Passou muito depressa mesmo... Quantos anos tem?

- Seis...- ela diz, engolindo alguma outra fala que provavelmente eu reprimi com a pergunta.- Mas... Não quer alguma bebida?

- Ow, non...non precisa, afinal, a pouco bebemos muito non é? Um porre de coca-cola e em seguida, bebi um energético.- ela sorri, me olhando fixamente

- Posso te perguntar porque?

- O energético?- ela assente- Bom... dirigi umas boas seis horas da casa de meu pai até chegar em Paris... e ainda estou a ver placas e pessoas atravessando na minha frente. Ah, e o sinal amarelo, claro.

- Está exagerando.

- Non, estou é maluco. Sorte que o tráfego aéreo é menos conturbado.- Sorrimos juntos, mas ela ainda parece pouco confortável. Aos que olhassem, diriam que ela era a visita e não eu.

- Mãe?!- ecoa uma voz vinda do corredor. os dois voltamos as cabeças naquela direção, enquanto uma outra criança surge. Cabelos desgrenhados entregam que estava num sono agitado, olhos um tanto inchados e mal abertos. Pula no colo de Rosa como se não houvesse mais pra onde ir,

- Parece que ele non enxerga mais que meio metro à frente, hã? Non com esse sono todo... – sorrio simpaticamente- Non me disse que tinha um filho, Rosa.- ela me olha dum  jeito a que me sinto profundamente intimidado, baixo os olhos pra sua mão esquerda, onde deveria ter uma aliança, ou pelo menos a marca por usar continuamente uma.

- Rosa...- digo com um tom inquisitivo, ela suspira. O menino lhe tem tomado todo o torso, parece ter escolhido ali para terminar seu sono. Os bracinhos envolvendo o pescoço, a face no ombro oposto a minha visão, de modo que posso mirar apenas sua cabeleira um tanto crescida

- O Tony e eu... agente ia contar mas...

- Rosa?- sinto cada prega possível de se formar em meu rosto se juntando. Pareço assustador, disso tenho certeza. Ela deve saber- o Tony... -jamais poderia ter tido filhos por causa da caxumba que teve quando criança, eu penso em dizer, mas não sai. Mas sei que ela sabe. E agora eu sei. Levanto-me num pulo. Assustado como nunca... seria possível?

- Claude, eu...

Ela estragou com meus planos, estragou! Eu doei tudo o que podia pra pesquisas que poderiam salvar meu irmão... mas não esperava que meu pai fosse a esse estremo


Rosa

- Foi capaz de....- Ele encolhe os ombros, com cara de quem vê algo asqueroso

- Eu não aluguei ou vendi meu útero, se é oque pensa!- levanto, tentando manter uma discussão em tom baixo. Não sei oque fazer com meu filho no colo. – Silvia!- chamo, me voltando pro corredor. Silvia aparece, e leva o dorminhoco de volta pro quarto dele, onde na certa Alice brinca de casinha com seus bonecos Power Rangers

- Como... quando isso aconteceu, ein?!- ele me olha acusadoramente

- Claude... eu descobri que... que tinha dado certo exatamente no dia em que o Tony...- tapo a boca, porque um soluço veio junto com a água que embaça meus olhos- eu ía contar pra ele no outro dia... acreditava que o cordão pudesse salvá-lo... Mas acabamos... Nos perdendo de vez naquela noite... Um do outro... E... Só que me restou foi ele... - olho em direção do quarto do ser que me deu forças pra continuar todo esse tempo, que em fez sorrir mesmo quando estava tão triste que as lágrimas escorriam involuntariamente.

- Vocês non tinham esse direito!- ele exclama, vacilante, mostrando o dedo indicador- Non podiam fazer uma coisa dessas sem me consultar!

- Ah é? E como é que você poderia impedir? Você doou ou não o material biológico?

- Pra salvar meu irmón! Non é como se eu tivesse doado esperma pra um banco ou coisa assim!- ele esbugalha os olhos, e sacode a cabeça freneticamente- Acha que estava nos meus planos?

- Eu faria qualquer coisa!- o interrompo- Pra salvar o SEU IRMÃO! O Tony precisava de mim, e eu estava mais do que disposta a ajudá-lo! Eu não fiz isso porque queria... ´- faço uma careta, esboço com as mãos- qualquer coisa, qualquer...bem material que SUA família pudesse me DAR. Não! Eu queria,..- pisco, pra enxergar o rosto (ainda zangado )de Claude e não água.- Mais do que tudo...- já não luto contra elas, correm livres por minhas bochechas
- Mais do que tudo!- tento continuar, com um fio de voz- que ELE estivesse aqui, comigo! Claude! Eu AMAVA seu irmão, como nunca poderia amar mais ninguém! Era uma relação... que vai ALÉM dum... relacionamento amoroso... arriscaria dizer que vai além dum amor fraternal... era... a AMIZADE MAIS VERDADEIRA... Aquela que NUNCA morre... que...- soluço, sinto as lágrimas saírem em enxurrada

-  est à jamais....Pronuncio a frase que Tony escreveu na primeira carta... a que li demasiadas madrugadas, aos prantos, enquanto o mundo inteiro parecia querer cair sobre minha cabeça, e não havia consolo no sombrio apartamento que ele me deixou de herança

- Eu non entendo..,- não o olho, mas sinto sua voz tremer... estaria chorando, acaso? Mas não olharei mais pra sua cara, tudo que quero é que saia.

- Vai embora, Claude. Sinto muito tê-lo aborrecido. Foi um erro ter te trazido aqui. Sei que você não queria que fosse verdade, mas é. E, só pra que saiba, o seu pai registrou o menino com o sobrenome Geraldy, mas a paternidade esta pro Tony, logo, o PAI DO MEU FILHO ESTÁ MORTO, entendeu? MORTO!- berro, enquanto escuto a porta batendo.

Se foi. Acabou. Pelo menos, por uns BONS CINCO ANOS.

Choro. Como já me acostumei a fazer, silenciosamente. Se necessário, tomo uma almofada e abafo meus gritos nela. A sala parece rodar, me aperto por dentro. Meu coração está em pedaços...

- Eu já esperava.- digo, já mais calma, no colo de Jane, que na verdade, estava apenas de passagem, na correria de pegar Alice e levá-la pra casa. Está ainda em branco, até os sapatos, cheira bem

- É... Agente sabe né amiga? Onde mais ele poderia encontrar um FILHO? Na esquina próxima? Ele nunca que ía IMAGINAR uma coisa dessas né...

- Eu sei, Jane, eu sei...- miro o teto, enquanto ela ainda me faz cafuné- mas é difícil, entende? Eu não queria que ele soubesse... queria guardar isso só pra mim... Afinal, agente NUNCA teve nada... Nenhum tipo de... relacionamento... como ele poderia pensar que TERIA UM FILHO COMIGO?











....







8 comentários:

  1. Mon die "interessante", melhorou né, erro de ortografia é duro kkkk

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  2. Ops! tô passada q nem a Ju..
    êta criatividade...devagar ela vai só aumentando...muito moderna vc c inseminação artificial....gostei dessa
    Karol, vc está intimada a não demorar
    a postar... pq com tanta novidade a gente
    tá merecendo saber mais, né?
    Que a luz da inspiração fique aí
    iluminando seus neurônios!!!!

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  3. Mano
    na criatividade essa FIC superou todas que eu ja li.
    Sério
    eu NUNCA ia imaginar que o Rosa teria um filho do Claude dessa forma
    Parabéns Karol
    Vc merece o premio de...
    (pera, deixa eu pensar)
    ah!(simples) MEFA
    Melhor Escritora de FIC do Ano

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