segunda-feira, 30 de maio de 2011

Crônicas de U.R.CA


Tá dando onda! Parte 1/3



Estava eu lá, mais ou menos seis anos atrás, na praia...Er..quero dizer, no mar. Minha long novinha, e num frio de lascar, que nem o John comprido  tava dando jeito. Mas tá, indo surfar num dia gelado de inverno, mesmo estando no Brasil, esperava oque?

E ainda tive que dar muitas remadas, atravessar a rebentação monstruosa, pra tentar pegar uma onda descente...

-Huuuuuhuuuuuu- Gritava Sérgio, quase numa pirraça, ele conseguiu pegar duas e eu nada!

- Merrequeiro!- eu gritei, mas no fundo(literalmente) eu estava era receosa por estar ali tão longe sozinha, ele estava quase na areia!

Descidi mergulhar, e ver se dava pé: caso desse, eu ia ficar, se não, eu voltava. Não contava que meu lash fosse arrebentar por que uma onda vinda quase que do além fez a prancha se enroscar na corda e eu nem vi quando arrebentou. Só sei que na hora em que eu percebi que estava “solta, fiquei toda afobada, me assustei com uma alga, engoli água... Mas então voltei pra superfície e avistei minha prancha... mais longe da praia ainda.

- Ah, hoje não é meu dia...- murmurei, recuperei o fôlego e nadei até ela...

Subi de volta na prancha, e praticamente me abandonei sobre ela... estava cansada..

-É, por hoje chega...- Sinceramente, até que eu não estava tão decepcionada porque, apesar de não ter conseguido surfar nada, pelo menos tive tempo pra tentar. Já que eu havia passado quase um ano sem por uma malha e cair na água...  em vês disso, surfava pelas linhas dos livros, e estudava como louca.

Eu sabia que aquilo ia demorar pra se repetir, ter tempo pra vir à praia não era comum pra mim...

Splach! Ouvi um barulho, como se um peixe tivesse se debatendo na superfie. Splach... Levantei o torso, me pondo sentada novamente, e olhei em volta, até que algo vira minha prancha

- Hey!- Berrei, muito brava- Que.. Quem você pensa que é?!- havia um homem, que salvo a cabeça, estava todo submerso,

- Desculpa, hã? Mas é que eu sou... eu sou um náufrago, é isso.

- Naufrago?- ri, mas confesso que o sotaque dele quase me convenceu de que ele era mesmo

- É...- Ele levantou um braço, e me mostrou o que eu já devia ter reparado: ele estava de terno!

- hahahaha- gargalhei muito- mais...mais oque você estava fazendo no mar de terno?

- Reunion em atlantis, hã?- ele diz sarcástico

- Ah, claro, eu devia ter presumido...- disse ainda rindo, subo de volta na prancha

- Mon Dieu... que cidade é essa?

- Hã?

- Que cidade é essa!

- Ah... é... Santos.

- Hã?

- Santos...

E nadamos até a praia. Eu levando a prancha debaixo do braço, ele ofegando mais que eu. Sentamos na areia

-Mas... sério, oque aconteceu com você afinal? Te jogaram de um avião sem os pára-quedas foi?

- Quase isso... Me jogaram dum barco... eu estava indo pra Rio de Janeiro, vindo de Praia....

- Praia Grande?

- É...

-Mas... desculpa ai, perguntar mas... quem te atirou do barco? Porque nossa... Que do mal ein...- ri

- Pois é... Foi minha...atchin!

- Saúde

- Obrigado. Foi minha namorada... Agente estava no meio de uma discusson e ai..

- Tibum! Hahah...Nossa...isso que é mulher de atitude!

- haha- ele revirou os olhos-.... agora... Tem algum telefone aqui pra eu...ow, droga!

- Que foi?

- Minha carteira ficou no barco... merde! Meus documentos, dinheiro, tudo!

- Mas...

- Sei oque está pensando... é que eu tinha acabado de.. trocar de roupa, e non tinha lembrado de minha carteira...

- Ó... Pode usar meu celular, se você quiser...

- Ótimo, obrigado. Mas... você anda com o celular...

- Ah não, ele está na minha bolsa... Vem.- ajudo-o a levantar.

Caminhamos até o estacionamento, onde eu sempre deixava o carro. Ele tenta diversas vezes ligar mas nenhum dos números que ele decorara (eram muitos!) Atendia.

- Ow, merde! Deve ser conspiraçón!

- Escuta...- eu estava tirando o John, com alguma dificuldade- Você... decorou todos esses números de telefone?

- Claro..- ele respondeu, fazendo menção de me ajudar com o zíper, mas então eu consigo

- Nossa... Parabéns... Pelo que eu entendi, foram pelo menos dez números diferentes!

- É que as vezes uma mesma pessoa tem mais de um, você sabe. –ele dava os ombros- normal.

- E agora? Quer... uma carona pra delegacia, ou... sei lá...- só então me dou conta de que ele havia despido a camisa, e tremia de frio

- Non sei... acho que não adianta...

- e os outros não deram por sua falta será?

- Devem estar mesmo é adorando... querem mesmo que eu me ferre.

- ai que horror... Você é tão desprezível assim, pra ninguém se preocupar contigo?- brinquei, mas pelo que pude captar no rosto dele, não havia meia verdade nisso, havia uma toda

- Non mesmo. Mas tudo bem, fazer oque...

- Te levo pra delegacia se quiser..

- Obrigado.

Ele ficou uma fera por ter que usar uma camiseta minha, a única que havia no carro, era toda florida e nele parecia uma baby look! Foi muito engraçado a cara dele... quando um guarda não resistiu e soltou uma risadinha...
Foi tudo meio complicado, primeiro por ele ser estrangeiro e não ter documentos em mãos, segundo por que ninguém estava procurando por ele.. então, foi o mesmo que nada aquele boletim!

- E agora ein? Oque eu faço com você?

- Me leva pra casa, oras!

- Oque? Mas onde você mora?

- Ah non, pra sua casa.

- Como? Ficou maluco? Que isso!

- Olha é só pra eu continuar tentando falar com meu amigo e ele vir me buscar...

- Mas!

Tá levei ele pra meu apartamento... Nem me pergunte qual a cara que Janete fez quando me viu chegar com um homem todo molhado

- Oi...-ela o comprimentou, mas logo me puxou prum canto, de olhos arregalados- Quem é este?

- Este Janete, é o pescado de hoje!

-Oquê? Olha Rosa, não esperava isso de você ein! Não sabia que era dessas...

- Janete!- ri, por que jamais eperei por algo assim... explico pra ela toda a história e...

- E como é o nome dele?- puts! Não lembrei disso mesmo!

- Hã...- droga, droga! Eu havia mesmo deixado um maluco desconhecido que nadava de terno usar meu chuveiro e nem perguntei o nome dele?- é.... ele é belga sabe...tem um nome super diferente e...- dei graças a Deus porque ele apareceu, vestindo um roupão preto que o Sérgio tinha me pedido pra lavar e até hoje estava guardado em casa...

- Eston falando de mim non é?-ele pergunta todo desconcertado- Desculpe o mau jeito...- ele estende a mão

- Janete

- Janete... Me chamo Claude.- ele me olhava enquanto apertava a mão dela e eu senti as bochechas em fogo

- Ah, você é mesmo belga!- ela riu, olhando pra mim... droga droga que gafe!

- Non... na verdade eu sou de Paris sabe... sou francês.

- Rosa! Mas que coisa! Não saber onde o...

-aham- pigarreio, e ela logo se apressa

- Bom, eu estava de saída, com licença. Foi um prazer!

Tá.. e agora, oque eu ia fazer?

domingo, 29 de maio de 2011

Capitulo 39- Para onde devo ir ?







Le Eternel Amour
Tulipe Rouge









O padre que eu jurava reconhecer de algum lugar... Eu conhecia mesmo! Carlos aquele energúmeno! Mas oque eu fiz praquele maluco me odiar tanto? Ele deve ser psicótico ou sei lá... Agora ainda tenho que voltar à Abbeville... voltar ao lugar onde perdi minha mãe... Mas preciso encontrar Rachel... Tenho que achar minha filha! Mesmo tendo que voltar ao ápice de minha dor e enfrentar outra vez aquela casa de campo... Ficar cara a cara com o assassino de meu irmão... o homem estragou toda a vida de Rosa... e que deixou Caleb sem pai. Quero dizer, crescer sem a presença de um pai por que... EU SOU O PAI DELE NÃO SOU?

-Ne suis pas???

- Quê?- um estalo na minha cabeça e percebo que eu estava era cochilando e Rosa me olhava de lado, se revezando com a estrada

- Nada!- bufo- só estava...

- Falando dormindo?- ela ri

- Non! Claro que non! Eu estava dizendo que “Eu sou o piloto aqui, NON SOU?         

- Hãhan..- ela balança a cabeça ainda se divertindo com minha aparência provavelmente horrível  

- Non acho certo você ficar dirigindo à noite non!

- Olha Claude eu sei muito bem dirigir... À noite, de madrugada, de dia, na neve, na chuva, não importa! Eu sei dirigir!

Eu a fulmino enquanto ela ainda ri

- Não é porque você tem aí, habilitação pra pilotar AVIÕES e tudo mais que você tem que duvidar da minha CAPACIDADE né?

 Ainda estou tão atordoado que a voz de Rosa que antes sempre parecia um alívio agora parecia mais um incomodo: e não por não ser mais maravilhosa, ainda é. Mas porque me sinto terrivelmente culpado por qualquer deleite sem saber como está Rachel.

- Pardon... - é tudo que digo antes de me abandonar no banco, e voltar pra um lugar magnífico, onde apenas os sorrisos de Rach eram ouvidos


Rosa

Oh meu Deus, onde eu estava com a cabeça quando aceitei essa idéia maluca de visitar o tio Miguel assim de ultima hora? Ah! Como eu fui inconseqüente! Devia ter adivinhado que algo assim iria acontecer!
Caleb está bem, em casa, em segurança. Mas Alice e minha amada amiga-irmã, minha gêmea de uma outra mãe, estão por ai, e só Deus sabe como! É culpa minha! Eu devia ter subido no carrinho!
Devia ter olhado bem na cara daquele demônio de batina! Se eu não estivesse tão preocupada com meu ego... com o ciúmes que no fundo eu sinto do Claude... Pelo medo de perder o amor do meu filho quando... ele descobrir que... eu omiti a verdade... que o PAI DELE ESTÁ VIVO e que por todos esses anos, ele chorou comigo pela morte do TIO dele não do PAI...

Eles são parecidos, com certeza vão se dar bem. E oque eu faço pra impedir que ele me deixe de lado pra querer MORAR COM O PAI? Sim por que... de alguma forma... isso vai acabar acontecendo! O Caleb é independente de mim mas... sei que ele se vai se apegar à figura do pai que ele NUNCA TEVE. Ele vai querer passar o máximo de tempo possível com o Claude... pra tentar... Recuperar o tempo perdido!

E eu... eu fui quem tirei esse direito DOS DOIS. De se conhecerem de... quem sabe...
Bom, eu poderia dizer que Claude NÃO PRECISAVA SABER... Mas quando se sabe que O MAIOR SONHO dele era ter um filho... Quando se sabe que ele quis tanto isso à ponto de aceitar criar e amar uma criança que  fora fruto de UMA TRAIÇÃO, e uma traição AO EXTREMO pra então realizar esse SONHO essa ... NESCESSIDADE de ser PAI... Aí eu digo que... EU SOU CULPADA. Porque... Caleb SOFREU. E SOFRE até hoje, inclusive. Compra flores todos os meses, sempre no mesmo dia... e leva ao tumulo do PAI que NUNCA CONHECEU...

- Tá fazendo oque?- digo, tentando adivinhar oque Claude fazia no caderno de Rachel... desenhos?

- Estou escrevendo...

-Escrevendo oque?

-Non sei ainda mas ..

-Não é da minha conta.

- Você me faz parecer pior do que sou...

- É. Faz parte do meu trabalho.  - rio. E ele esconde um sorriso, balançando a cabeça e pressionando os lábios, voltando ao caderno.

-Você... está conseguindo escrever com tão pouca luz e com o carro em movimento?- pergunto, e ele apenas dá uma olhada.- OK, sir Bond.- rio


Claude


Paramos em uma estalagem, porque ir direto pro casarão a essa hora da noite estava fora de cogitação. Não só porque a fazenda fica no meio duma área rural mas também porque está quase abandonada... Na verdade, o melhor seria acionar a policia. Mas com que evidências e como, no meio do nada? Eu teria que ir lá. Teria que enfrentar.

O hotel não é lá essas coisas, beira de estrada e tal. Mas Rosa em momento algum me pareceu descontente. Mas será possível que ela não se dá conta da perigosa situação: estamos indo de encontro a um assassino psicopata!

Escrevo mais e mais.... Como se pudesse falar com Rachel... Lembro de Jean... ele escrevia um diário desde que... bem. Ele tinha um diário no qual contava como havia sido seu dia. E eu estava o imitando, só que em forma de mensagens à Rachel... Quando nos reencontrarmos, ela vai poder ler tudo, e com certeza vai rir de mim, aquela espertinha!

- Claude eu tenho que telefonar pro meu irmão... Mas o celular não pega... sabe se tem algum telefone aqui?

- Non sei...- respondo sem tirar os olhos do desenho de um balão que desenhei alguns meses atrás pra que Rach colorisse...

- Na recepçón, talvez.- olho pra ela, e me dou conta de quão frio estava, Rosa batia o queixo. Levanto- Rosa? Você... está batendo o queixo! Non quer um casaco, hã?

- É... Confesso que ia adorar... acabei por deixar o casaco no parque ou... sei lá. Estava com um único na mala...e nem esperava usá-lo... estamos no verão e... eu ia pra Itália!

- Oui... entendo... Acho que devo ter outro...no carro. – pego as chaves

- Eu posso... buscar, se você preferir... Não quero... te incomodar.

- Non eu busco... Precisamos comer alguma coisa e... Tenho que abastecer mesmo...

- Tá bem.

- Fica ai que... eu vou ver se tem telefone também...- digo, saindo.

Vou até o carro, pego um casaco que normalmente só poderia usar em serviço. Mas dada a situação, é apenas uma peça que vai evitar a hipotermia de Rosa.
Na conveniência encontro umas porcarias como biscoitos, salgadinhos, refrigerantes, iogurte e pão. Comprei água também. Não espero encontrar mais que umas teias de aranha na dispensa do casarão que abandonamos há muitos anos.


Volto e encontro Rosa sentada na cama de solteiro ao lado da minha, tentando usar o celular que aqui realmente não pegaria nunca.

- O telefone público tá chiando um pouco... mas acho que dá pra ligar dele... e... O serviço por aqui non é dos melhores...- mostro a sacola com nossa tentativa de jantar

- Está ótimo! Obrigada.- ela põe o sobretudo que fica enorme nela, mas da maneira que se encolhe nele, parece mesmo estar feliz

Rosa sai pra usar o telefone, eu tiro os sapatos, me abaixo sobre os joelhos pra enfiá-los debaixo da cama, e descubro uma caixa

- perdut et trovés.(achados e perdidos) – leio a tampa, e abro

- Mon Dieu! – grito, no mesmo instante Rosa aparece

- Que foi? Tem tantas traças assim aqui é?- ela brinca, procurando algo na sacola

- Rosa... Olha isso- mostro a caixa, dentro, uma foto de uma menina, como a sobrinha de Rosa, segurando um papel no qual se lê: “OÚ DOIS-JE ALLER?

- AHHHH!!!!- Ela grita, soltando a foto

- É...

- Alice... Meu Deus!

- Será que ele as separou?

- Não sei... Pode ser mas...

- Temos que ligar pra policia... Agora temos uma prova!

- Não... nós temos..- ela diz, chorando- Eu acho que agente deve continuar Claude... eu sei que... eu não posso desistir agora.

- Tudo bem. Eu...- tiro a arma do casaco em que Rosa está vestida, ela se espanta

- Ha

- Desculpe, esqueci de tirar daí...









quinta-feira, 26 de maio de 2011

Capitulo 38- Venit dies tuus!!!


Le Eternel Amour
Tulipe Rouge


- E então?

- E enton oquê?

- Então, pra onde vamos?!

- Vamos? Você quer dizer...você e Caleb? Von pra casa, claro. Quero dizer, se preferirem, podem ficar aqui, eu nom me importo.

- E você diz isso como se não fosse mudar tudo pra mim?

- Mudar oque?

- Tudo, oras! Pensa Claude, pensa! Eu volto pra Paris com Caleb, e você sai pra procurar Rachel... que por acaso, provavelmente está junto com minha sobrinha e minha cunhada!

- Hã? Mas Rosa, pensa, hã? Eu estou lidando com um criminoso e o pior, eu bem sei quem é. E o acerto de contas é entre mim e ele. E ele jamais faria mal a própria filha, eu acho... Mas sei que ele é louco, portanto non posso levar você e seu... o  Caleb pro olho do furacón non..

- Claude... eu tenho o direito!- a voz dela estava cada vez mais suplicante-  E quero que você saiba que, a Jane, a Janete... ela foi pra mim a irmã que sempre sonhei em ter e... ela me ajudou. Com...o Caleb, quando ele nasceu e eu... –seus olhos se tornaram tão marejados que certamente mal conseguia me ver-   eu  nem tinha muita noção... nem ...jeito com bebê... ela me ensinou como... como se segurava o nenê corretamente, como... qual a temperatura certa da água do banho... sabe, ela... Eu não tinha ninguém Claude!...

- Ela te auxiliou quando ninguém mais estava lá.

- É... –ela balançou a cabeça, os olhos brilhavam, enquanto ainda me suplicavam.

-Rosa... eu non quero que você corra perigo por minha causa. Nem você, nem Caleb, ou Dádi... ninguém mais. Eu preciso resolver isso duma vez por todas!- então ela suspirou:

- Mas eu preciso ir. Me deixa ir...

- Ow... E você nem sabe pra onde eu vou!- vejo-a espiar Caleb dormindo no sofá por cima dos ombros

- Tenho certeza que está atrás do Carlos. E que vai procurá-lo na casa do doutor Henri, -ela fez uma pausa-  o senhor seu pai!

- Rosa...

- Claude eu sei que eu posso ir, me deixa ir com você!

- Mas para quê Rosa...

- Eu quero muito ver isso. A hora em que ele se entrega, em que a justiça será feita.

- Você acredita mesmo nisso?- olho-a me dando conta de que eu mesmo não acreditava

- sim. Totalmente.

-Dieu....

- E o Caleb fica em Paris!- a voz dela irrompe, mas logo ela volta a um tom mais calmo-  ...por segurança.

-hm..

Não pude mais impedir, afinal, ela tinha argumentos suficientes. E eu me sentia em falta com ela, apesar de nunca ter tido como saber...

-Abbeville.

- Ow...

- Não Caleb...

- Mãaae..

-...

- Nem queria ir mesmo.

- Vai ser bem rápido amor...e você adora o vovô, não é?

- É mais...eu queria ver o vovô Henri...que faz mais tempo que eu não vejo...

- Olha, lá está ele!

- Quem?vovô?

- Não... seu tio Sérgio...

-ah...- Caleb murcha. Rosa se estica e agarra o filho num abraço apertado

- Amor! Não fica emburrado assim... juro que na próxima te levo!

-Na próxima mamãe? Quando é que você  vai na casa do vovô?? O alfred tem sempre que vir me buscar e isso pra passar um único dia com meu vô... eu sei que ele precisa sempre voltar pra Barcelona mas...- ela se afasta um pouco

- Um beijo!

Caleb pega a mochila e a pequena mala, que é entregue à Sérgio. Rosa acena freneticamente, enquanto à passos lentos, eles vão se afastando.

- Non entendo porque você non entregou ele à seu pai pessoalmente.

- Ficou maluco?- ela diz, entrando no carro. Eu fecho a porta e paro um instante pra encará-la, mas ela se mantém firme

- Acho que non devia ir... deixar ele ai...

- É mesmo?- o sarcasmo na voz dela era como um tapa, e ainda olhei pra ela me fulminando antes dar partida.


...
- Você tem uma arma?- ela perguntou, depois de aproximadamente uma hora de silêncio

-Oque?

- Você tem uma arma? Porque... se o tal Carlos é mesmo perigoso como você diz...acho que agente vai precisar.

-Agente? Escuta, Rosa! Você non tem nada a ver com isso e non vai se intrometer, ouviu?- ela dá os ombros, e liga o som que estranhamente estava no ultimo volume... Rachel tinha deixado-o assim. E isso me fez engolir uma pedra que desceu rasgando minha garganta

- Mas será que você não tem mais CDs aqui?..- Rosa abre o porta luvas, e arranca de lá um porta CDs lilás, como quase todas as coisas pertencentes à Rach...

- Rosa....

- Ah... nossa... ela  tem bom gosto... roqueira como moi!- ela ri... meneio a cabeça

- É... Rachel era fascinada pela música... como... como...

- Tony.... – ela completa, ainda olhando os CDs com um largo sorriso. Não posso olhá-la fixamente por causa da direção mas... vi que ela não parecia me odiar pelo Tony... não agora.

- Ah, o Caleb toca piano agora...

- E ele é bom?

- Ow se é... ele vai tocar um solo no festival da escola... e faz as trilhas todas das peças de teatro

- Uau!... – gostei tanto de tê-lo sabido! Caleb era mesmo um menino fora de série! Como Rachel era também...é. ela é. Fora de série...- Rachel formou um grupo.- pauso, como pra me certificar que Rosa me dava atenção, porque a música predileta de Rachel estava muito alta

- É mesmo?- ela me olha entusiasmada- e qual o nome do grupo?

- Cigales.- digo num risinho.

- Cigales? Haha... nossa... – ela parecia deleitar-se com isso

- Nossa oque?

- Cigales... me lembrou muito minha época de escola, sabe? Bem... não é segredo...

- Que te chamavam de Belina, a carneira?

- Também. mas que eu tocava o violino desafinadamente só pra provocar um... um grupinho lá, dos tais “descolados” que...

- Implicavam com vocês... você, Jean, Frason, Sérgio, Silvia e...

- Janete... - ela olhava a estrada agora... ainda ouvindo a música que tomava o carro inteiro

- Foram esses que...- ela me olha, eu continuo- que quebraram o nariz de Jean aquela vez, no último ano?

- É... foram sim. Eles mesmos... eles eram umas pestes!

- Imagino...

- O Tony te contava tudo? Quero dizer... oque... as coisas que aconteciam com ele... tudo?

- Tudo non.- a olho rapidamente, e ela vira-se pra janela novamente- mas... geralmente, a maioria das coisas.

- E... como?

- Ah... e-mail, telefone... às vezes, pessoalmente.

- Sente falta dele?-ela pareceu um pouco receosa de perguntar isso, e percebi que me encarava

- Sim. Muita falta.- Suspiro

- Você é mais poliglota que ele.- foi tudo que ela disse, depois de pelo menos cinco minutos de silêncio

- Porque diz isso?

- Porque... você... nem conviveu tanto assim com brasileiros e.... fala bem rápido.

- O Tony me ensinava umas coisas. Mas non escrevo nada bem na sua língua.

- É... imagino. –ela agarra um caderno de capa vermelha, que estava em cima do painel do carro

- É de Rachel...

- É... eu percebi... –ela começa a folhear o caderno, com um sorriso nos lábios- ela é fantástica!

- Eu a amo muito.

- Veja Claude... oque é isso?- ela me mostra o caderno aberto, numa página em que se lê, e não na letra de Rachel:

Venit dies tuus!!!

- seu dia vem...- ela traduz, e eu franzo o cenho

-Comment..

- Ela fazia aulas de latim?

- Non, mais... Estudava piano com um padre... - digo depois de muita coisa se passar em minha mente.

- Claude... você está bem?- Rosa me examina a testa, provavelmente pegando fogo. Encosto o carro

- Mon Dieu... sabia que conhecia aquele homem...

- O padre no carrinho!- ela exclama, pondo a mão na boca em seguida













sexta-feira, 20 de maio de 2011

Capitulo 37- Quem???

Capitulo 37- Quem???

Le Eternel Amour
Tulipe Rouge


Abro os olhos, e tento me acostumar à meia luz. Parede, cômoda, ursos de pelúcia. Um quarto escuro, mas certamente infantil. Cama fofa, Caleb a meu lado, abraçado a mim, pernas pendendo. Desvencilho-me dele que permanece dormindo, ajeito-o na cama.

Volto a examinar o recinto... Ainda escuro. Mas pela luz vinda duma fresta da janela coberta com cortina rendada presumo que já seja dia. 
Caleb me acompanha ainda como num voto de silêncio. Casa grande...ao que parece. Rústica e acolhedora. Corredor comprido, findado numa escada de madeira envernizada. Desço-a pé ante pé.
Esta é a casa do Claude, com certeza. Espadas cruzadas dentro de uma moldura na parede, miniaturas de aeromodelos espalhados por toda a sala. Silêncio perturbador.

- Bom dia, dona Rosa!- congela-me o coração, e viro imediatamente com a mão no peito e olhos arregalados.

- Ah! Que susto!

- Desculpa viu dona Rosa...- ela pareceu meio melancólica, mas continuou se esforçando pra parecer receptiva- sei que a senhora deve estar assim, meio que nem cego em tiroteio porque veio pra cá desacordada...- ela caminha até o sofá e me mostra o assento- Doutor Claudes me recomendou prestar-lhe toda a assistência pro que necessário fosse...- franzo o cenho pra ela e então ela dispara- ah! Esqueci de avisar, doutor Claudes...

- Cheguei, Dádi!-viramos para a porta donde ele desponta, eu levanto num pulo pra encará-lo com a pior carranca que consegui fazer

- Hey!- aponto, mas antes que comece a falar, tenho que apanhar um objeto que ele me lança

- Suas chaves. Seu carro precisa de uma revisón, hã? Aqueles pneus eston muito calvinhos pro meu gosto...

- Como... se atreve?!- permaneço ali, encarando-o, parada, estagnada. Ele vem como se mover-se fosse como flutuar, e para a exatos dez
centímetros de mim, sua respiração podia ser ouvida, caso ele respirasse!

- Quoi?- ele pronuncia um tanto sarcástico. De forma languida e, para mim, desrespeitosa.

- hã? – arfo, perplexa

- Quoi? Je questione vous. Quoi ?

- Que oque ?- me agito, sem nem mesmo entender o MEU PORQUÊ.

- Eu perguntei o quê.  Você non entendeu?

- É mas acontece que não tem nada a ver com que EU te perguntei. Eu perguntei primeiro.- sacudo a cabeça, meio confusa

- Oh, verdade?- ele senta no sofá, cruzando os braços.

- Não sei como você consegue ser tão... irritante!

- Mas porquê?-franze o cenho, mas logo dá os ombros- Ah, isso nem faz mais diferença.- ele cruza os braços, como se sentisse frio.

- Doutor Claudes...- Dádi se aproxima como um relâmpago, como quem suplica algo- como foi..como estão as coisas?!

Só então me dou conta da real situação, como tudo havia ficado ontem, quando apaguei.

- Do mesmo jeito Dádi. Do mesmo jeito.- ele responde. De repente o ar parecia pesar em meus pulmões.

- E...

- Estou apenas esperando uma ligaçón. Vou procurar minha filha, Dádi. Vou procurá-la! – de repente sinto uma inquietação em meu ser, como se fosse explodir. Um ataque de ansiedade, talvez.

- Mas como? Onde você vai?- Dádi e Claude me olham- Quero dizer, como você vai saber pra onde ir, onde procurar?

- Non sei ainda. Mas non posso ficar aqui sem fazer nada!

- Claude...

- oque?- o tom firme e um tanto carrancudo poderia ter me feito mudar de idéia, mas de fato, não fazia diferença.


- Obrigada. Por tudo. Por... Ter nos ajudado, por ter...

- Tudo bem.- a resposta dele foi tão suave que me assustou um pouco. Ele continuou- Como eu poderia deixá-los lá, hã? Como?- ele me olha profundamente, e sei que em algum lugar em mim, pude compreender. Não sei como mas, pude entender aquele olhar. Isso acontece muito, quando as pessoas se reconhecem. Não sei... elas se olham profundamente, e suas almas trocam sentimentos. Como se de alguma maneira, ele estivesse me dizendo que jamais nos deixaria.



-Não... eu... eu sinto muito, Sérgio. Mas não... Desde o primeiro momento... não temos qualquer pista...

- espere, você disse “não temos”? temos? Você e mais quem?

- Sérgio... você sabe... o Claude. O Claude está aqui. Na verdade, ele está nessa também. A filha dele... também desapareceu.

- Meu Deus...

- Nós vamos encontrá-las mano. Nós vamos, eu sei.

- Eu também sei, Bel. Eu vou falar com todos os meus contatos...Vou ligar agora mesmo pra um detetive amigo meu e... meu Deus! Minha filha!- ouço-o soluçar. sei que ele está se fazendo forte pra manter a fala.

- Eu gostaria de estar ai mano... de te abraçar...

- Eu também Rosa, eu também.

- Vê se não faz besteira, hã? Avisa todo mundo... tira uma licença do trabalho... Não faça nada que...

- Você faria? Haha Rosa... eu sei. Só mesmo você pra arrancar um sorriso de mim hoje... eu.. eu vou tentar o telefone dos pais da Jane e... ah.!

- Shiii...calma... liga pro colégio.... eu já dei a queixa e... Força mano. Muita força. Vamos achá-las. - agora eu era quem estava forçando a voz. Ela parecia estar se esgotando como a linha de um novelo de lã. Houve uma pausa.

- Ore por nós, Rosa. Ore por nós.- ele finalmente arfa. Antes de deixar de me responder. Pronto, está feito. Acabo de enfiar um punhal em seu peito.


- Dona Rosa... Venha almoçar, venha...

- Obrigada, Dádi. Mas estou sem fome...

Sentados à mesa. Ninguém se move. Olho Caleb lutar contra uma linha em seu suéter. Os olhos mortos de Claude sobre o menino também. Nosso olhar se cruza, desvio-me para o prato.

- Então...- pigarreio. – pra onde... você vai?...- pego a talher e a pouso no prato, tentando fingir estar interessada na refeição

- Non sei...- ele suspira. Caleb se anima e dá uma garfada no frango, meio desconfiado me olhando

Penso na próxima frase, mas o telefone toca

- Alô?... oui.... oui...au nom de lequelle ? Ã... oui... un moment...- Dádi chama Claude, ele vai até ela e eles conversam algo

Claude sobe as escadas apressado, sinalizando à Dadi que atenderia no ramal.

Minutos depois, ele desce bufando, tropeçando nas pernas, procurando sei lá o quê feito louco.

- Doutor... doutor Claudes... Oque o senhor tanto procura home?

- O livro...  Dádi o livro de Rachel... aquele que tem um...um rabbit na capa..um..coelho!

- Ah.. sei.... ah mas num me lembro nem quando foi a última vez que vi... mas sei que era o preferido dela...

- Ah é Petter Rabit?! Eu tenho! E é meu favorito também...Foi meu vô quem deu...

- E você trouxe ele Caleb?

- Claro... está na mochila...- ele murcha- na mochila da Alice...Droga ficou com ela...

- Mas Claude... pra que você quer esse livro ein?

- eu preciso dele Rosa, preciso...- ele estava inquieto, procurando até dentro da lareira

- Meu Deus...- a essa altura, vendo a agonia dele, agente se punha a procurar igualmente neuróticos

- Quem era no telefone?- pergunta Dádi

- O seqüestrador.- foi a resposta. Tudo pára.

- Quem???

- O seqüestrador, Rosa! Non ouviu non?-  ele para pra me encarar bufando- Mas será que non entende nada do que eu falo?

- Não entendo mesmo. Até porque, você está me saindo pior que a encomenda. Pode me chamar do que quiser, enxerida, mal agradecida oque for... Mas acontece que minha cunhada e minha sobrinha desapareceram também, Claude! Será que VOCÊ não entende? E eu tenho o direito de saber exatamente o que está acontecendo!


Claude

Entendo oque ela quis dizer, mas não me sinto a vontade pra agir como se ela estivesse realmente na mesma situação que eu. Não, isso não dá pra assimilar.

- Mama! Achei!- Caleb grita, vindo entregar o livro a Rosa. Tento tomá-lo mas ela se esquiva

- Oque tem aqui ein?- ela começa a folhear o livro

- Eu ainda non sei! É oque pretendo descobrir.

- Espera! Mas como...

- Acontece dona Rosa, que o... o vagabundo, o salafrário que diz estar com Rachel... disse que a única chance que eu tinha de me encontrar com ele estava indicada nesse livro de minha filha... acho que o miserável premeditou tudo... e pior, que esteve mais perto do que eu pude prever.

- Mas como doutor Claudes... esse livro...- Dádi me olha atônita

- Onde você o achou este livro, filho?

- Estava numa pasta... Lá no quarto. Uma que tinha uns broches...

- A pasta de música! Droga! Ela levava aquela pasta pra todos os lados!

Rosa me entrega o livro. Sento no sofá, suspiro antes de começar a analisar cada pedaço das páginas. Balanço as pernas nervosamente enquanto insistentes lágrimas me caiam dos olhos, num misto de raiva e remorso. Queria encontrar minha filha!  Eu a deixei sozinha! Deus,onde ela está?!

- Calma!- uma mão se sobrepõe à minha- Calma!- é Rosa, que me olha com compaixão, algo que não suporto

- Estou bem.- respondo rispidamente, secando os olhos com uma manga.

Folheio o livro diversas vezes, mas não encontro nada.

Noite, Rosa no celular, falando com o irmão há mais de uma  hora. Eu ainda no livro, tentando encontrar a pista.
Até que ela desliga, e me pergunta:

- hey Claude, onde o seu pai está, você sabe? Preciso ligar pra ele e...

- É isso!- levanto num pulo. – Claire! –lembro que quem havia dado o livro à Rachel tinha sido...

- Quê? O vôvô é pai do Claude?- Caleb me analisa dos pés à cabeça








domingo, 15 de maio de 2011

Capitulo 36- Je ne suis rien!


Le Eternel Amour
Tulipe Rouge


Pra onde mais deveria correr? Não há tempo. Nem espaço, por mais incrível que pareça. Não tenho espaço pra fugir. É frustrante olhar essa multidão e ter a certeza de que ele olhará justo pra cá, pra nós. Que caminhará meio incerto do que fará, do que dirá. Procurará frases em seu glossário, sorrisos em sua estante interior, e nos olhará como quem está apertado, pronto pra fugir. Ou talvez não, talvez caminhe seguro, nos diga olá. Ou então finja que não nos viu, que não nos conhece.

Ai sim seria um alívio. Pareço estar em outra dimensão, enquanto vejo os rostos sorrirem pra mim, as bocas movendo-se, a mão enluvada de Janete estendida pra mim...entendo que é a nossa vez de subir no carrinho, e eu teria que subir. Então me acordo, e puxo Caleb pela mão, mas ele parece estar muito mais interessado no tiro ao alvo do outro lado. Ele me olha suplicante, e não vejo alternativa a não ser puxá-lo mais forte.

 Mas a surpresa: cabe apenas um. E a roda gigante estava lotada. Dum jeito que chagava ser assustador. Jane e Alice encontravam-se já acomodadas na pequena cabine, com mais duas pessoas. Cabem cinco, ou seja, faltava um. E Caleb se negava a ir, e confesso que eu também não queria. E espanto: no meio de tantos ruídos, escuto uma voz conhecida, uma força me faz olhar pro lado, uma menina pula no carrinho da roda gigante, e se junta a Jane e Alice, sorrindo e acenando pra este que se estaciona ao meu lado.

- Mamãe, quero uma soda! – a voz de Caleb nem parece ter saído de sua boca, pois pra mim tudo parou.- Hey! Mamãe!

O homem permanece ali, olhando a menina subir devagar com o girar do brinquedo. Olhando pro alto e eu pra ele, estática, enquanto Caleb puxa meu braço na vã tentativa de chamar minha atenção. Saio antes do homem me perceber, de me encarar. Mas sei que ele vê agente saindo de perto dele. Paramos na barraquinha, e Caleb agarra sua soda, eu pago. E lá está o inevitável.

- Olá.- poderia dizer que me assustei. Mas não tanto quanto parece, ou devia parecer-  Cheguei a pensar que jamais os veria de novo.- sua voz parece me tirar as forças, grave e firme.

- Hã...- viro-me e vislumbro olhos profundos, cheios de uma dor inalcançável e incompreensível a mim.

- Caleb...- ele sorri desgastado, pondo a mão nos cabelos do pequeno que o olhava sem entender, canudos na boca.

- Claude..- o fulmino- por favor... Você sabe...

- É, eu sei. E você sabe que non concordo. Eu posso, você sabe que eu posso.- ele se move de um jeito estranho, batendo os braços ao lado do corpo, como ave que ameaça sair voando.

- Claude...- abaixo a cabeça, em direção as mãozinhas que seguravam firme as minhas

- Aquela menina lá é sua filha?- Caleb o olha atentamente. E voltando ao rosto do homem, sinto me congelar pela semelhança dos dois.

- Oui, ela é minha filha... –sorri- Chama-se Rachel.

- Rachel...- Caleb repete, eu abaixo os olhos.. Essa menina esteve várias vezes na revista, com Alzira. Eu sempre evitei vê-la, mas não tinha como, ela sempre sorria pra mim... Era tão pequena...acredito que tinha apenas uns cinco anos de idade.

- Ela deve ter mais ou menos a sua idade... acho que seron bons amigos.- Claude sorri, mas eu  lanço-lhe um olhar furioso

- Seriam.... Seriam, mas não será possível, uma vez que moramos tão longe.

- Mamãe...- Caleb me repreende por a mais que saliente rudeza.

- Desculpe amor... Não liga pra mamãe porque ela está nervosa...- abaixo-me um pouco, e Caleb continua a me olhar de lado

- Mas nervosa com o quê?- ele sussurra

- Com nada, Caleb. Absolutamente.

- Você queria ter ido lá, com elas?- aponta a roda gigante, onde eu já não conseguia localizar as meninas.

- Não... não é isso. Apenas estou mal humorada pelo cansaço... Da viagem, é isso.

- Vocês von ficar quanto tempo aqui na cidade?- só então reparo que Claude carrega um urso de pelúcia marrom, com uma fita vermelha no pescoço.

- Dois dias.- Caleb responde,. Mas eu atropelo-o

- Só hoje. Estamos apenas de passagem.

- Podem se hospedar na minha casa se quiserem... Dádi e Rachel iriam adorar....

- Não.- respondo automaticamente, mas lembrando da doce mulher que me abraçou em Paris, que parecia me conhecer desde sempre...

- Por favor... Eu insisto. Os hotéis aqui son ton duas estrelas... – eu fecho os olhos, e tento ignorar o fato dele ser idêntico ao Tony e ter o sotaque ainda mais carregado. Não ouvia este tipo de sotaque há tempos...

-Claude...- tento convencê-lo a desistir, mas então somos interrompidos por um algo mais importante no momento:


>>>PoW!!!Swiwsiwiwiswi – OOOOH!

Claude

Viro-me de supetão, todo esse tempo estive de costas para a gigantesca máquina que levava minha filha dentro. Pessoas gritam, e um pequeno tumulto se forma. Fumaça.

- Curto oque?- praticamente berro, seguindo Rosa e Caleb que se enfiavam no meio do povo.

- Circuito. Curto circuito. Foi oque disseram.- Caleb parece ser ainda mais inteligente do que supõe se para um garoto de sua idade. Acredito que tenha por volta dos nove anos de idade, e é bem alto também.

Paramos em frente à roda gigante. E sinto-me ridiculamente minúsculo diante dela. Esperamos os bombeiros esvaziarem cada cabine... e nada. Nenhuma das três. Talvez tenham descido primeiro. Mas a exatos dois minutos Caleb aponto-as no alto do brinquedo que era tão lento que demoraria pelo menos uns cinco pra descerem.

-Onde estão elas? Deus! Onde estão?!- Rosa começa a gritar- Sont ma famille! Oú?! Oú?! Jane! Jane, Alice!!! Oú?!

Tento peitar um dos bombeiros, e passar da linha de segurança, e procurar por Rachel. Mas o  homem me agarra, ele e mais dois. Sacudo-me o mais violentamente que posso, a fim de me livrar. Mas sou arrastado pra junto de Rosa e Caleb, que estão sentados numa ambulância. Colocaram um cobertor nos ombros de Rosa, e Caleb me olha dum jeito suplicante, mas nada posso fazer.

-Mon Dieu! Sou um nada! Je n’esuis riem! Riem! – começo a me debater contra a lata do veiculo. Sinto a maior dor de toda minha vida. Não devia ter deixado ela entrar naquela cabine! Não devia! Eu deixei ela ir sozinha?Onde estava com a cabeça?! E como foi que não reconheci a mulher com a menina? Eu já havia as visto antes! Mas não lembrei. Deus!

- Calma, eles vão achar elas. Vão achar a tia Jane, a Alice, e a.. Rachel. –lista Caleb, pondo a mão em meu ombro. Estou jogado no chão, entregue ao desespero.

- Caleb vem aqui.- a fraca voz de Rosa soa. O menino dá dois ou três passos e está em seus braços, aconchegado e protegido nos braços de sua mãe. Olho ao redor, e paro outro bombeiro. As respostas são todas iguais. Ninguém viu ou ouviu nada. Ninguém sabe, afinal, em meio a multidão, muito se perde. Muitos se perdem, mas que eu ficasse despreocupado, iriam encontrá-la.

- Non...- caio novamente.
...


- Podemos ficar com você?- Caleb me acorda, mas não é pesadelo, está quase amanhecendo, e estamos só nós na delegacia. Rosa desmaiou, ao que me parece, o sono a combateu e nocauteou. Deve estar exausta pela viagem, e ainda mais pelo desgaste. Somando o calmante que os enfermeiros aplicaram nela, deve ter sido inevitável dormir.

- Claro.- estaria mais feliz em responder isto. Mas no momento, mal consigo pensar. Rosa não acorda, ninguém se dispõe a ajudar. Então, franzo o cenho para os que me repreendem e a tomo no colo, e Caleb me segue até o carro.