terça-feira, 1 de março de 2011

Capitulo 9- Causório.



Le Eternel Amour
Tulipe Rouge

Um ano depois, por Claude.

O tenente gira o dedo indicador apontando o céu, levando junto seu braço no movimento que imita as hélices do helicóptero. Ligo os motores e aviso a torre que estou decolando. Meu co-piloto me pede a permição, e eu concedo. Ele destrava os comandos e as hélices do helicóptero  finalmente atinge a potência necessária pra nos levantar do solo.

Pousaremos em Paris. Onde, segundo meu irmão, a mulher de sua vida está se casando com outro. Não posso evitar de manter essa idéia fixa em meus pensamentos.
Por isso prefiro pilotar caças. O helicóptero me permite pensar. E isso não nada é bom.
Sonhava em voar antes mesmo de saber andar. O céu é o meu limite, um limite bem elevado. Aqui minha respiração se funde as batidas do meu coração, que ama estar aqui. Unicamente aqui.

Pousamos no aeroporto internacional. Meus superiores me cumprimentam e eu sou liberado pelo resto do dia, ao menos.
O céu se converte em tons de laranja. Caminho pela praça junto da torre Eiffel que parece rasgar o céu com seu topo cinza. Ouço os “ooohhh” que os turistas vão dizendo, enquanto andam de costas olhando pro alto.

Sem pensar muito, vou até certa avenida, mesmo de farda. Se não fosse meu sobretudo, as pessoas se assustariam por um homem louco estar marchando pelas ruas dentro de um macacão verde musgo.
Minhas botas emborrachadas anunciam minha presença, e a moça que estava no centro de uma roda de mulheres se vira pra mim. Acabei de invadir o restaurante que provavelmente receberá os convidados após a cerimônia de casamento. Linda. Ela está não, ela é linda. Bel, Belle.


- Claude?....- ela me olha espantada. Mas eu apenas suspiro.

- Você... Quer mesmo... Está mesmo certa de que vai fazer a coisa certa hoje, Serafina Rosa?- eu pergunto, apesar de me sentir sem fôlego, e não pela provável “gafe” que estou cometendo, já que isso não me importa em nada, mas sim, pelos olhos dessa moça, que me instigam sensações...

- Oque está fazendo aqui?- ela desce do pequeno banco que lhe servia de pedestal, se aproximando de mim

- Eu vim te perguntar isso. Por que preciso saber se a mulher que meu irmon mais ama além de minha mãe, está se casando pra ser feliz ou non.

- Claude... O Tony...- ela esconde os olhos entre os dedos- O Tony...- percebo que ela está chorando, seu peito salta com os soluços- O Tony não está aqui... Ele... Ele não veio... Ele... Não se importa...

-Non diga isso, hã?- Eu ponho a mão em seu ombro, as pessoas que estavam ali se afastam em direção ao balcão do restaurante.- Meu irmón jamais iria deixar de se importar contigo. Ele te ama, Rosa. Ele deseja mais sua felicidade do que a dele próprio!

- É mesmo?- ela me olha, ainda com os olhos escorrendo lagrimas- E onde ele está agora?

- Eu non posso te dizer muito, mais... Ele está aqui...- entrego um cartão a ela. E beijo sua testa, e logo depois bato continência a ela, forçando-a a se permitir um sorriso, ainda que cansado. E vou embora, com meu coração em pedaços.

Não sei explicar. Meu irmão ama essa mulher, mas eu não posso dizer que não sinto nada de especial por ela. Mas sei que nem ele nem ela ao menos desconfiam de uma coisa assim.

Estou sentado no sofá da sala de minha namorada, Nara. Eu não sei como ela pode se aproximar de mim, mas ela parece gostar de me fazer companhia.
Não tive grandes sortes e nem grandes experiências no quesito amor. Eu nem mesmo me importava com isso, na academia. Lá não tínhamos tanto tempo pra pensar nessas coisas.Principalmente quando se quer crescer hierarquicamente. Eu consegui isto. Estou me tornando um capitão em ascensão. Sei pilotar todas as aeronaves disponíveis à aeronáutica francesa.

 Mas ainda sim, sei que minha vida não poderá se resumir a isso. Todos querem esposas. Esposas que usem saltos e riam com as amigas. Que lhe façam massagens e comidas especiais. Que lhe peçam jóias e bolsas de grife. Que lhes façam rir, que os esperem.

E eu às vezes me pergunto, quando estou voando, se alguém me espera em terra. Se me abraçará. Se me perguntará como foi meu dia. Se estou cansado, se quero algo em especial. Meu irmão me
dizia que tudo o que eu preciso é de alguém para amar. Amar. Nara nunca me disse que sentia isso por mim. Mas eu rio com ela. E ela me diz que estou melhorando.  Que estou aprendendo a sorrir.


Ela está fazendo caras e bocas pra mim, sentada no sofá a minha frente. Seu pai fala sem parar dos negócios que ele possui. Lembrando sempre de tocar no nome do meu pai e que eu vou herdar uma bela fortuna e muitas empresas.
Mas nem mesmo ele, nem Nara conseguem me fazer concentrar naquela sala ou mesmo no jantar que estaria por ser servido.
De repente eu me levanto e saio, pedindo inúteis desculpas e deixando os dois perplexos com minha impetuosidade.

Corro pela rua, até a praça mais próxima. O céu acaba de se tornar negro. Me sento num banco, e ponho minha cabeça entre os joelhos. Me sinto atordoado.
Ouço delicados passos, saltos femininos, supostamente. Sinto uma que alguém acaba de parar a minha frente. Meu coração dispara mesmo antes que eu veja quem é...



Horas antes, por Rosa

Caminho pela rua. A pesada saia do vestido sendo sustentada por minhas mãos trêmulas. Me escondo atrás de um poste. Julio desce do carro. Espera por uma hora até que chegue o momento esperado  por todos.
As pessoas começam a rir e acenam pra que eu vá ao encontro dele. Entramos no castelo(o cartório).
Joana havia passado as  horas anteriores me contando que no Brasil as festas de casamento incluíam um cerimônia pomposa na igreja, montes e montes de convidados...Que a noiva chegava dentro de um carro, entrava na igreja acabando com o suspense que havia sido criado pelos convidados. Aqui não é assim.
Casa-se de dia. A noiva anda pela rua. Temos poucos convidados, e menos pompas.

Mas acho que é melhor assim. Não apenas pela beleza desse momento, mas acredito que um casamento seja muito mais do que pompas. Se baseia em verdade, em fundamentos. E como o meu não tem nada disso, antes de que o juiz termine de ler o discurso eu olho pra Julio, que faz cara de medo, e sussuro

- Desculpa!- ergo a saia do vestido e saio correndo.

Antes que gritem: Pega! Pega! Noiva em fuga! Eu já estou na esquina de casa.

Subo as escadas, tropeçando nos degraus. Troco o vestido o mais depressa que consigo e saio novamente, dando de cara com minha família que acaba de chegar. Mas passo por eles sem nem mesmo me explicar. Eu tenho um destino em mente. E ninguém pode me segurar.

A noite rouba a cena, as luzes parecem me acusar. Mas eu finjo que não é comigo, fecho o casaco comprido e continuo a andar. Numa rua não tão movimentada, avisto num banco, um solitário, com a cabeça entre os joelhos.

Paro em sua frente. Ele ergue a cabeça quase em câmera lenta. Me encara com os olhos enormes cintilantes. Suspiro.

- Pode me ajudar Claude?- Digo um tanto embaraçada.- Eu acabei por não trazer minha bolsa, com carteira, dinheiro, documentos....- eu balanço a cabeça freneticamente, sem encará-lo. Ele se levanta, me fazendo dar um passo pra trás. Alto como o Tony, e com músculos a mais, parecia uma muralha a erguer-se a minha frente. Procuro seus olhos, sérios. Ele abaixa a cabeça, e enfia a mão por dentro do grosso tecido escuro de seu casaco.

- Non faça nada que vá se arrepender, Serafina. - ele diz, sua voz rouca e firme fazendo com que surja uma estranha pressão em minha nuca. Tremo em um gesto nervoso e digo:

- Não me arrependerei.- ele me dá algumas notas e me diz

- Non se preocupe, considere esse dinheiro como do meu irmon. Ele está te dando, hã?

- Emprestando.- eu balanço minha mão enluvada mostrando o dinheiro.

- Boa sorte.- é tudo o que consigo ouvir, antes de entrar no taxi e derradeiramente perguntar-

- Você não vem?- seguro o vidro da janela e me inclino na porta. Ele apenas me acena com a mão e sai pela rua, em sua habitual marcha.

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Oi, sou uma leitora fantasma rsrs

    to gostando muito da sua fic
    me lembra o filme, "Enquanto você dormia"

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Interessante, amei
    o Claude apaixonado por
    Rosa, aliás os dois irmãos.
    Sua danada achei que o Tony
    fosse homafetivo kkkkkkkk

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  5. Karolllllllllllllll sua fã numero 0 na area...aff se meu claude é um cafa mentiroso e tu acha lindo só posso rir...mas o seu...mon dieu que hombre cheio de atitude. só faltou uma coisa...ele devia ter beijado ela. ai menina ela ia se cafindi e já era

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  6. aaaa gih, teu claude é lindinho sim, porque ele não tem nada a ver e se propos a ajudar a Rosa(o que aconteceu foi acidente né?) e acaba se apaixonando por ela...vai, a história é linda!
    e meu Claude é super "geladeira" mas depois vc vai perceber...
    bj

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  7. A vingança da Serafina..dessa vez foi ela quem abandonou o Julio kkk

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