sexta-feira, 25 de março de 2011

Capitulo 17- O Natal pode ser mesmo visceral



Le Eternel Amour
Tulipe Rouge

- Sim... Não... Ok, ok! Babbo, já disse, eu ligo sim! Tá... outro. – desligo. Tony me olha divertido e Silvia aplaude:

- sim, sim, não, não. Sabe Bel... entendi tudo! Deixa eu ver...o primeiro sim foi dado a esta pergunta: - imita meu pai-   va bene figlia? Ai temos o primeiro sim. Precisa de arguma coza? Ai temos : não. – Silvia se diverte, contando cada fala minha nos dedos. Eu reviro os olhos

- Olha só quem fala! Quando seus pais ligam é a mesma coisa.- dou os  ombros- e a Tua mãe vale por dois, três, uns quatro Giovanni!

- É... ela me manda até casacos pelo correio...

- Olha, eu que achava que tinha um pai super-protetor! – Tony ri.

-Você não viu nada Tony. Seu Giovanni é osso duro de roer!- Tony franze o cenho sem entender o ditado. Silvia mostra o punho- ai de quem se meter a besta con questa ragazza!- Tony ri, fazendo o sinal da cruz.

- Vejam os sujos falando mal do mal lavado!- Rita, minha amiga garçonete põe nossas panquecas sobre a mesa, e logo em seguida volta ao balcão, dando uma piscadela pra mim, e eu sei bem porque.

- Mas falando em família, Tony, quando você vai voltar as origens, pras baquete matinée e todo o vinho que só existe lá? – Silvia pergunta sorrindo, despejando meio frasco de maple nas panquecas.

- Bien, na verdade... tem vinho de lá em toda parte,non? Mas... non sei ainda. Meu pai tá lá, gastando o péssimo inglês dele em Toronto, pra fechar uns negócios ai e... Non sei quanto tempo isso pode levar.- Tony me olha, eu abaixo a cabeça- Mas, o natal está confirmado. Passarei aqui.- ele enfatiza a ultima palavra, num sorriso que me parece ensaiado.


- E... Quem fará os biscoitos? Eu vou logo avisando que nem adianta me pedirem pra fazer panettone...


- Oh, não, Bel. Do pouco que conheço Teu pai, ele vai lotar as malas da Jane com várias iguarias pra se ter um perfeito Natal...


- Italiano, ovviamente! – ambas dizemos, rindo e brindando com a xícara de café.

- Nem quero ver isso... - Tony arqueia as sombracelhas, pressionando os lábios.

- olha o orgulho ferido ein? Aqui nessa mesa só tem descendentes itálicos. Itálicas na verdade!- Silvia ri.

- Tudo bem! Eu fico calado entón. E à França peço pardon!- Tony finge beber “o cálice da morte”, dando um exagerado gole no café preto e quente demais, oque o faz retê-lo nas bochechas numa careta.

- its fail!- Silvia gargalha. – try again?

- Chega hã?- ele faz bico, e dessa vez não pelo sotaque.

- Fake Romeu!- Silvia provoca, levantando a xícara. Tony revira os olhos, enfiando mais uma garfada de panqueca na boca.

- Chegaaa!- eu falo baixo, rindo. – Tony, onde seu pai vai passar o Natal? – pergunto, limpando o maple do canto da boca dele com um guardanapo

- Ah, onde nem sei ao certo. Mas sei com quem. Com a nova namorada dele, uma perua sem igual.

- qual é o nome dela?- Silvia pergunta

- Erci. Lady Erci.- ele revira os olhos, fazendo uma reverencia com a mão.

- Um brinde à Lady Erci! – Silvia diz rindo, levantando a xícara vazia- bem gente, o papo está ótimo, mas eu preciso ir trabalhar! bisous! – Assim ela sai, me deixando à sós(na mesa, ao menos) com um francês muito esquisito, que me olha de lado.

- Oque foi? Que cara é essa? – pergunto, e em seguida, tomo um gole de café.

- deveria ter açúcar. – ele diz, observando que na mesa não havia açucareiro.

- Jean...- tamborilo os dedos na mesa- Tem certeza de que essa é a resposta certa?

- Ok. – ele endireita a postura, ombros pra trás- bien. Tenho que confessar, non sei a resposta certa, vou descobrir. – ele imita Anápolis. Eu sorrio e ele bate continência.

- Você sabe oque quero dizer...

- É eu sei...- ele abaixa a cabeça- mas é que... é que...eu... eu non sei oque fazer sabe Rosa? É difícil pra mim...

- Como anda tudo?-disparo

- Eomo anda...?- ele franze o cenho e eu ergo as sombracelhas.- ow...

- Eu quero...não. Eu preciso saber. Afinal, a culpa é toda sua, estragou minha vida pra sempre. - digo, como se não houvesse peso nessas palavras. Tony mais uma vez suspira

- Bel... Eu... Eu ainda estou na mesma e... se... você sabe... non quero que minha pena seja ainda maior. Bel, por favor... Rosa... Apenas seja feliz por mim!

- Mas oque... Não Jean, ouça, ouça eu.. Eu acredito na força do amor e que ele pode transformar qualquer situação! Eu acredito, que a sua vontade de viver te trouxe até aqui... Lembra, aqueles provérbios que a professora de matemática sempre nos dizia... – sorrio, lembrando-me da senhora que escondia debaixo dos óculos, olhos puxados- “não há que ser forte, há que ser flexível!”

- sim. Lembro.- arfa.- flexível...- ele me olha por baixo, me dando um sorriso cansado, mas ainda sim,sinto meu coração se aquecer pelos seus olhos

- Tente ser...!- eu digo, saindo mais “cantado” do que eu imaginava.

- Tem razon. – ele sorri, se debruçando sobre a mesa, e alcançando-me. Cola a testa a minha e fica me olhando assim, de tão perto que tenho que fechar os olhos.

- Então, qual é o plano?- digo, ainda de olhos fechados.

- Ow... non acho que esta seja a melhor hora e nem mesmo o melhor lugar pra te contar.

- Tá...- ele se afasta. Eu fico um momento sem encará-lo, apenas por sentir me zonza. Tento imaginar oque pode ser esse plano.

- Enton... Podemos voltar? Estou morrendo de sono...

- Você não dormiu nada né?...

- Tenho que estar bem recuperado porque... bom, hoje mesmo volto a Toronto você sabe... enfrentar a fera até que chegue o natal...

- É... eu estou muito feliz com isso! Você vem mesmo né?

- Eu prometi, non? Agora... queria te pedir mais uma coisa.

- E oque é?...

- Eu posso eventualmente trazer convidados também?

- Jean... – coço a cabeça, meio nervosa- pode. Claro. Mas... no máximo duas pessoas, porque... bem, apartamento...- meneio a cabeça. Ele dá um sorriso enigmático e se levanta

- non se preocupe. Será eventualmente. – pisco, sem entender. Mas talvez não haja nenhum significado oculto-  vamos?

Saímos da casa de panquecas, e enfrentamos o frio da rua. Apesar de haver sol, ainda sim, está tudo coberto pela neve.

- Então.. quando vai me contar o plano?- pergunto, seu braço em volta de meus ombros

- aaa.. segredo de estado!- ri.


Claude

- Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te... - leio a frase e pela primeira vez dou pausa pra pensar sobre ela.

- Claude? Claude! Continua! – Nara diz, não se dando o trabalho de mover-se. Olhos fechados e mãos sobre a cova do estomago. Pisco e volto ao livro.

Nunca fui de muitas palavras, nem mesmo de se entusiasmar com poesias. Tanto eu como Jean nunca gostamos de ser comparados. Penso nisso todas as vezes que me surpreendo eu mesmo fazendo tal coisa. Como agora. Ele ama poesia, e filosofias. Talvez por isso as garotas caiam sempre aos seus pés...

Estou tentando de alguma maneira, encontrar significados nesses livros que Nara guarda a tanto tempo. Livros que na verdade, Jean me aconselhou a comprar-lhe. E ela ainda acha que a idéia tenha sido unicamente minha. Desesperado em datas especiais... agente faz qualquer negocio.

Uma vez, lhe dei um vaso com flores rochas. Não me lembro o nome perfeitamente.mas aacredito que eram violetas. Jean me disse que ajudaria a acalmá-la. E eu segui seu conselho. Ele sempre tinha muitos a me dar. E eu sempre aceitei. Dei-lhe apenas um, ao que me lembro. E não faz muito tempo. espero que, ao menos em recíproca, ele siga.


Agora temos apenas quatro dias até o natal. Non gosto dessa época. Famílias felizes e cantantes por todos os lados. Lembro de me trancar no tatame nessas noites de vinte e cinco de dezembro. Todos os outros iam ver suas famílias, eu ia ver minha amargura na solidão. Por mais grosso que fosse o tecido do quimono, nunca bastava pra me aquecer por dentro. As vezes batia nos sacos até que minhas juntas não me suportassem mais. Então, eu caia. E chorava. 
No natal eu choro. Disso me lembro.
Recebia telefonemas de Jean, Frasão e Nara. Apenas dizia “pra você também”, e tratava de desligar logo. Antes que eu não suportasse mais.

- Alô?- Nara atende o telefone,que eu me neguei a calar, mesmo ele estando justamente ao meu lado na cebeçeira. Ponho o travesseiro sobre minha cabeça, e me estico um pouco mais. – Ah, oi! Tudo bem? Estamos.... sim estamos bem. Não Tony ele está dormindo...- ergo me de súbito-

- Tony?

- Claro que sim! Claro! Ah você me salvou! Pode deixar, estaremos lá! Beijo!- Nara desliga, e me olha fasceira. Sei que ela desligou de propósito, pra impedir que eu desfaça esse compromisso que ela acaba de confirmar com ele por mim.

- Nara, era o meu irmon?

- Oui!- ela sorri, toca meu nariz com o indicador- e adivinha? Nada de frango de padaria agente vai ter um natal de verdade!

- Como é que é?!- franzo o cenho enquanto Nara se diverte, se levanta e põe o hobbie.

- Isso mesmo. O Tony acaba de nos convocar pra passar o natal com ele e uns amigos...

- Mas como assim?!E você aceitou sem me consultar?!

- Claude!...- ela revira os olhos- eu sei que você não iria aceitar! Mais eu estou muito entediada aqui! Quero conhecer gente nova!

- Tá. Tá. Tudo bem, você venceu.

Mesmo estando muito mais disposto a ligar pra Jean, insultá-lo e desmarcar, minha preocupação com Nara fala mais alto nesse momento. E lá vou eu, enfrentar uma bela noite de torturas. Principalmente por saber quem são os amigos chegados de Tony. E por saber que meu interesse num deles em especial pode não passar desapercebido..

6 comentários:

  1. First...de manhã...kkkkkkkkkkkkk matei a Ju

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  2. agora o comentrio de vdd...como ele cola a testa na dela e nem um selinho???? o dó da diva....kkkkkkkkkkk

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  3. "Non gosto dessa época. Famílias felizes e cantantes por todos os lados."
    O Grich?kkkkkkk
    que antissocial kkk

    "E por saber que meu interesse num deles em especial pode não passar desapercebido.."
    Por acaso esse "amigo" começa com R e termina com OSA? kkk

    Acho que se o Tony não for ficar com a Rosa ele vai juntar o Claude com ela. Isso se eles não forem disputar o amor da mesma muié

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