LE Eternel Amour
Tulipe Rouge
Como pode? Como pode haver tanta aflição e ansiedade em mim? Pra onde vai toda minha segurança e autoconfiança nesse momento? Porque, em um segundo me sinto nas nuvens e em outro simplesmente minhas asas se desfazem, pena por pena, e me deixam cair?
Abraço-o. A despedida me fazendo contrair e arfar. Não. Tenho que ser forte, prosseguir. Ele apenas sorri indo para o lado do pai, que, apesar de mandão, é um super protetor com suas razões esclarecidas. Tenho que voltar à plataforma, seguir em outro vôo até Montreal. Deixo Toronto que sorri pra mim. A cidade sorri como se quisesse me encorajar.
Talvez tudo realmente fique bem. Talvez eu possa sonhar coisas novas, diferentes do que eu sonhava antes. Talvez chegue a ser editora, quem sabe? Talvez compre uma casa enorme perto dum lago? Talvez isso vá dar orgulho ao meu velho pai. Apesar de eu saber, que essas coisas nem se comparam ao meu real desejo. E ele se chama estar em nenhum lugar.
Abro a porta devagar, como se eu me desse assim um momento a mais de suspense. Pouca luz, caixas pelos cantos. Móveis do antigo dono, cobertos com lençóis brancos. Tranco a porta, tiro touca, luvas, casaco, cachecol.
Suspiro e começo a andar pela casa. Acender as luzes, abrir as cortinas.
Ligo o aquecedor, meio barulhento e bastante usado, troco a roupa de cama e desabo no colchão fofo, me escondendo debaixo de todos os cobertores que encontrei no meio daquela bagunça que era minha mudança.
Claude
Após cumprir todas as formalidades na embaixada, embarco rumo à Boston. Deveria estar mais animado com a viagem, poucas vezes estive na America do Norte. Mas conheço meus medos. E o maior e mais violento deles é o de encontrar meu pai, que está tão perto, em Toronto.
Os anos sem vê-lo apenas pareceram complicar mais a situação. Afinal, com que cara eu posso encará-lo? Diria: olá papa, como vai? Pensei em te ligar mais... ah! Por favor!
Tantas vezes liguei e ele nem me atendeu? Mando recados pelos empregados e quando muito pelo Jean, e só! Não ouço sua voz faz tempo...
Olho pela janela do avião, inutilmente. Não tem muito pra se ver, no meio do Atlântico. Especialmente durante a noite. Lembro mesmo sem querer, de certo olhar. Mas sou desperto pelo anúncio de que estávamos pousando em solo americano...
Ando pela espessa neve, até que encontro uma casa que corresponde ao endereço que fora anotado às pressas na igualmente maltratada velha agenda que carrego. Dou uma segunda olhada na folha e decido seguir, aperto a campainha
Então, com um ruído, causado pelas dobradiças provavelmente congeladas, a porta se abre, meu sangue borbulha
-
Claude?- Nara me olha de cenho franzido, fitando minhas pernas, que continham rastros de neve até a altura dos joelhos. Ela sobe os olhos até minha gola aberta (pra que o cachecol esquentasse diretamente o meu pescoço) – Meu Deus, Claude! Entra logo vai!- ela escancara a porta. Eu me curvo pra alcançar a mala, e entro.
- Papai tinha mesmo mencionado uma... - ela me ajuda a tirar o pesado sobretudo- possibilidade de você vir pra cá, mas...- se vira rapidamente e pendura meu casaco num dos ganchos de sua parede-
- Non achou que viria ton cedo. - completo, tirando o cachecol do pescoço
- Você deveria ter avisado Claude! Olhe só pra você!- Nara me analisa, eu agito os cabelos, agora crescidos o suficiente pra juntar um pouco de neve- Eu poderia ter ido te buscar no aeroporto e...
- Non gostou da surpresa foi?- sorrio, ajeitando a gola da camisa
- Ah, não foi isso, claro que não é isso, é que... - ela se aproxima languidamente- eu fico preocupada né? Você nem conhece a cidade e além do mais, está nevando tanto... - põe as mãos em meus ombros
- Non- sou- criança! – falo rapidamente, meneando a cabeça. Ela parece ter se chateado um pouco, se afasta
- Senta... Ai, e... me espera, que eu só vou buscar algo pra você se aquecer e... Chocolate quente?
- Oui.- balanço a cabeça, sorrindo. Ela acena e sobe as escadas.
A lareira arde, os breves estalos cortando o silêncio da casa. Cubro o rosto com as mãos, me prostrando sobre meus joelhos. Mal consigo entender o que realmente está acontecendo comigo. Preciso tomar atitudes. Minha vida não pode se resumir a mim e a mim. Preciso de uma paixão não egoísta pra viver. Isto aprendi com meu irmão e nunca esquecerei.
Preciso sonhar sonhos novos, viver novas aventuras. Afinal, mesmo que voar seja fantástico, sei que ainda não sei sair do chão sem as turbinas ou hélices.
E naquele momento, a minha única alternativa era investir em Nara. E tentar construir algo real e sólido ao lado dela. Procurar mesmo ter minha própria família.
Nara me cobre com um cobertor peludo e me traz chocolate quente. Por um instante, fica quieta, mordendo o lábio e me observando.
- Que foi?- pergunto, tentando ao máximo soar suave e calmo quando na verdade não o estou.
- Nada... É que... Bem, não quer jantar?- ela se levanta- Hum? Tenho uma sopa quentinha lá na cozinha, aposto que ela está te esperando!- puxa minha mão
- Ow, non, obrigada! – tento me recolher mais ela balança meu braço
- Ora mais o que é isso! Claude, juro que não fui eu quem fiz! Fique sossegado!- gargalha.
- Non é isso, hã?- ponho a xícara no aparador a meu lado
- Então, oque é?- ela põe um joelho no sofá, a outra perna entre meus joelhos.- Precisa de mais calorias pra agüentar o frio, sabia?- ela sorri, sentando em meu colo- Ah que idéia a minha, falando isso logo pra quem? Prum francês que passou a maior parte da vida nas montanhas esquiando!
- Nem tanto. Mas já me acostumei com essas nevascas. Enfrentei muitas sem ter ninguém pra me aquecer, hã?- sorrio, alisando a ponta do nariz dela.
Nara pode não parecer o tipo de mulher que faça questão de muito romantismo, mas eu sempre fiz questão. Talvez essa era uma forma de eu tentar recompensá-la pela minha excessiva ausência. Víamo-nos tão pouco e, não fosse a internet e telefone, nos conheceríamos ainda menos. Pensei em ser mais atencioso com ela, justo nesse momento, que seu pai estava ainda mais alheio que de costume, e ainda por cima, ela acabara de ser informada de que doutor Egidio não só mantinha um caso com uma mulher mais jovem e comprometida, mais também engravidara a mesma. O fato de ela estar sozinha em casa não era incomum. O pai de Nara passava a maior parte dos dias em seu apartamento no centro de Boston, com a desculpa de que ficava mais perto do escritório.
Desperto um pouco dolorido, apesar de o leito ser bastante cômodo e confortável. A fraca luz da manhã flutua num facho que a cortina deixa escapar pra dentro do quarto. Viro pro centro da cama e vislumbro as costas brancas e desnudas de Nara. Automaticamente subo o cobertor sobre ela, meus dedos acidentalmente tocando suas costelas aparentes. Não me lembrava de Nara ser tão magra assim. Parece facilmente quebrável. O cabelo ruivo alaranjado amontoado junto a cabeça, o ombro pontudo erguendo-se lenta e suavemente, sinalizando sua respiração. Suspiro, retiro a única mecha rebelde que lhe cobria o rosto e me levanto. Ela no mesmo instante se assusta, erguendo-se de súbito.
- Claude?- ela chama, se encolhendo e apertando a coberta em seu peito
- Sim, eu. – respondo, agachado ao lado da cama, procurando roupas na mala
- hm...O banheiro é naquela porta.- ela aponta, se aninhando na cama novamente,.
- Ok. – levanto, ainda sem ter amarrado o roupão, com a pequena pilha de roupas na mão. A observo por mais um instante e tomo banho.
Volto e encontro-a vestida apenas com minha camisa branca, as mãos na barriga, olhando o teto, no centro da cama.
- Nara?- me sento à beirada, ao lado dela
- Uau! Pensei que não voltaria mais!- ela rola os olhos, beijo sua testa
- hm... Do banheiro? Tem alguma saída secreta por lá, tem? Olha, você pensou em tudo ein?- rio. Ela sorri, suspira, fechando os olhos
- Sabe, acho que foi a melhor das maluquices que você já fez, aparecer aqui, de surpresa? Estava mesmo precisando de companhia.
- Hum, e presumo que na falta de minha pessoa, a senhora procuraria outra companhia, non?
- Senhorita! E se você não desse o ar de sua graça, eu iria me acabar no vinho francês que se encontra nesse momento lá na cozinha, me esperando.
- Ora que dramática ein?- me deito de bruços,
- Não vai me dizer que pretende sair?
- Non, pelo menos non agora. Veja, tenho algo pra você.
- Presente? Adoro presente!- sorri, mas mantém-se imóvel- E cadê?
- Está...- levo a mão ao bolso da calça, e tiro o pequeno saquinho de veludo- aqui dentro.
- Aqui? É pequeno assim?- ela franze o cenho, estendendo a mão pra pegar, mas eu não entrego
- A, a, a. Nada disso.
- Ué, não é pra mim?- ela inclina a cabeça, eu levanto as sombracelhas, e tomo sua mão esquerda
- Claude...
- Nara, você aceita se casar comigo?- enfio o anel em seu anelar, ela permanece calada até que diz, esticando a mão e analisando o anel
- Hum... Sei não, com o Brad Pitt me oferecendo pérolas negras...- ela ri, me puxando pela gola
- A...
- Claaaro que eu aceito, mon amour! Até por que, a Angelina daria uns três filhos pra ele cuidar, e eu não ía me dar bem nisso!- ela gargalha. Tento não demonstrar a certa decepção que esse comentário, ainda que na brincadeira, me despertou.
Comecei a me questionar se Nara seria a mulher ideal pra ter e cuidar de meus filhos. Se saberia amá-los e educá-los, essas coisas. Novamente tento encaixar, sem ter sucesso, Nara na figura de mãe amorosa e atenciosa. Na figura empenhada e dedicada de uma mulher com princípios para corrigir e educar.
Mas me parecia caricato demais.
Rosa
Releio o projeto inteiro, pisco com força, meus olhos ardendo como sinal de que estavam exaustos pela madrugada à luz da tela do computador. A chaleira apita, eu corro até ela, e preparo meu solitário chá. Passei os últimos (primeiros em Montreal) três dias que me deram para descanso trabalhando no projeto que elaborei. Sonhei em ter essa oportunidade enquanto ainda estava me formando. Esse seria meu momento de ascensão. Precisava estar munida de toda apelação que pudesse. Projetos e idéias na manga, em tempos de crise, levam a muitas promoções.
Volto ao meu posto, sentada no tapete, notebook na mesinha de centro, cobertor nas costas, xícara do lado esquerdo.
Exercito o pescoço, encostando as orelhas nos ombros, enquanto esperava uma página carregar.
Abro os olhos, o som da campainha me pareceu até surreal. Um delírio. Não conheço ninguém na cidade! Quem poderia vir me visitar? Penso que talvez seja algum visinho, tento me recompor apresentável. Toco a maçaneta e me lembro de espiar pelo olho mágico.
- Siii... Silvia?!- abro a porta imediatamente, a encaro boqueaberta.
- Olá, Roooosa!!!- ela arregala os olhos, parece tão surpresa quanto eu.
- Oh-meu-Deus!- nos abraçamos dando pequenos pulinhos. A faço entrar. Ela me estende um envelope
- Eu moro no apartamento de cima, essa correspondência foi pra minha casa por engano... – ela balança a cabeça, ainda agitada. Eu leio o remetente, nada importante, custos sendo cobrados. – Rosa! Mas é muita coincidência!
- Senta, vem!- Chamo-a, afastando o emaranhado de almofadas do sofá que, na manhã pós virar a madrugada, brevemente me serviu de leito. – Desculpa a bagunça eu, acabei de me mudar e...
- Oh, não se preocupe. Eu sei né. – ela acena com a mão. – Mas Rosa, me conta, onde, como estão todos?! Faz tantos anos que agente não se vê!
- Pois é. Tenho mesmo muito pra te contar!- sorrio.
Contei os fatos mais importantes que me ocorreram nos últimos anos, o motivo de eu estar em Montreal... Contei sobre Frasão ter transformado-se um importante advogado, mais que ainda não chegou a ser sério. Sobre Alabá trabalhar numa das mais respeitadas grifes de Paris, além de estar á frente de desfiles importantes e conferencias de moda. Contei sobre meu irmão ser um engenheiro aeronáutico e trabalhar para uma poderosa empresa de transporte aéreo. Minha cunhada ser uma médica dedicada e entusiasmada com sua gravidez...
- E o Gurgel?- disparo, vendo-a ruborizar um pouco, por detrás de sua expressão desanimada.
- Ah, o Gurgel.. Seguiu, a vida dele. Ele, é... trabalha com moda, é....
-Estilista?
- Hum, ou quase isso.- ela acena. – Ow, Rosa eu estou tão perdida!- ela esconde o rosto entre as mãos
- Mas oque foi?!
- É que... Eu acabei perdendo meu emprego no escritório e... agora eu sou babá.
- Ah, até ai tudo bem.
- É, mais acontece que oque eu estou ganhando não tem sido o... suficiente pra cobrir os gastos e... Bem, estou recebendo a ajuda dos meus pais, só que isso é temporário!- ela fala rápido, quase sem parar pra respirar
- Calma! – rio- Você só está numa fase difícil... Eu sei como é, acredite!
- Ah, Rosa, que nada! Eu bem sei que você sempre foi sortuda!
- Nem tanto assim...- suspiro, observando os flocos de neve dançarem do lado de fora da janela.
up...primeira...depois eu comento direito
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkk
First?
ResponderExcluirAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
ResponderExcluirTe mato!
sua coisa!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÉ mas na fic dela o first é meu hahaha
ResponderExcluirNão vou comentar direito não..vou comentar esquerdo
ResponderExcluirha-ha-ha sem gracinha
Putz grila que povo indeciso e lerdo o dessa FIC hein?!
Aff fala sério
" Preciso tomar atitudes."
Meu amigo, faz anos que vc precisa tomar uma atitude!
A Rosa é outra
Mas isso é culpa de quem?
Da Karol né?
hum!
hehehe
zueira
aaaaaaaa ju! pres tenção né,o o sua biscoito! huahaush
ResponderExcluirmais pudera: ele mal conhece a Rosa e ela mal conhece ele. ele sabe que ela gosta do irmão dele e que o irmão dele gosta dela. que ela não dá a minima pra ele. o pai dele é brigado com ele... só lhe resta a Nara! que na minha fic, é menos naja, já que ela sofre muito também. mais... deixa pra descobrir mais pra frente...
hauhsu
saquei...viu como eu percebo tdo? essa ju é biscoito mesmo karol...mas pq canada? nunca vi canadá em filme...kkkkkkkkkkkkkkkk nada a ver né
ResponderExcluirMano eu preciso começar a escrever com mais clareza pra ver se as pessoas me entendem..
ResponderExcluirÉ claro que o Claude não vai atrás da Rosa nem ela atras dele né?!dã!
A minha revolta é pq eles nunca estão contentes com nada.
ÔOO ju! Você que é uma descontenta!kkkkkk
ResponderExcluirvocê vive revoltada com tudo e com todos!auhsuhau
brincadeira.
mas é serio. kkkkk
ja parou pra pensar se todo mundo fizesse tudo certo o tempo todo, estivesse contente com tudo, de que eu iria escrever? qual a graça?
hauhauah
ow gih, foi meio que aleatorio no 1° momento, mais ai, lembrei que tem varios fatores pro Canadá se infiltrar na estoria. Montreal é a segunda cidade com mais pessoas falantes da lingua francesa, perde só pra Paris. Montreal é maravilhosa! linda! veja fotos e depoimentos! é um lugar que sonho em conhecer, com certeza! aaa, e quanto a popularidade, passa desapercebido mesmo pq a maioria das pessoas acaba achando que se trata dos EUA e não do Canadá. o povo ai todo se derretendo pelo esqiusito do Justin Bieber e vc vai perguntar > de onde saiu ISSO? e eles respondem revirando os olhos> Estates, oras!
ResponderExcluirkkkkkk
e por ai vai.
mas gostei disso, significa que estou me saindo mais original do que pensava! :D
beijos