Le Eternel Amour
Tulipe Rouge
Claude
A rua parece mais uma gigantesca colméia lotada de abelhas barulhentas. Abelhas agitadas e as vezes estressadas. Muitas entram e saem sem parar, de prédios imensos, de lojas, de carros, ônibus... Muita gente, pouco espaço. Essa é Londres, não muito diferente das outras metrópoles.
Ando cabisbaixo, mãos enterradas nos bolsos. Talvez na tentativa de proteger meus ouvidos das estridentes buzinas e de alguns xingamentos que os motoristas trocam, tento esconder minhas orelhas no cachecol. Atravesso a avenida, a imensa faixa de pedestres mal pode ser notada, centenas de pés, indo e vindo sobre ela, além da camada de neve um tanto suja que a reveste. Ao alcançar o outro lado, paro e inclino a cabeça para trás, a fim de me certificar de que estava no local certo. Leio a placa que indica os nomes das ruas que ali se cruzam, e novamente encaro a multidão.
Me informo com um guarda, ele me indica o local da embaixada francesa, logo mais à frente. Passo por muitas calçadas, e em frente a um estacionamento. O aeroporto internacional... Parece grande. E bem equipado. Pareço uma criança, deslizando os dedos pela grade, e andando sem olhar à frente, fito na movimentação dos aviões ao longe. Acabo esbarrando em uma senhora, que provavelmente me insultou, e não foi em inglês.
A trombada me fez olhar à minha frente, por cima dos ombros da senhora. Vejo uma mulher que me parece muito familiar, lutar com uma enorme mala, que parece grande demais para ter cabido no banco traseiro do taxi. Cabelos um pouco desgrenhados se agitando com o seu esforço. Ela apóia um pé na beirada da porta, e continua a puxar a mala. O taxista fecha o porta-malas, e deposita mais três enormes bagagens ao lado dela, e toca seu ombro, pra que ela o deixe ajudar. A senhora finalmente se afasta de mim, ainda esbravejando. E eu não consigo sair do lugar. Como se meus pés estivessem presos, e meus olhos só pudessem olhar naquela direção. Um casal de jovens passa a meu lado, rindo alto. Rosa abre os braços, oferecendo um abraço à um senhor que eu não reconheço. Um rapaz sorridente aparece também, e ela igualmente o cumprimenta. Decido me afastar um pouco. Não querendo ser visto...
Os anos anteriores foram estranhos. Continuei a buscar alcançar meus objetivos, mas algo novo começou a brotar em meus pensamentos e anseios. Comecei a querer voltar. Voltar pra todas aquelas pessoas. Comecei a querer estar com elas, saber delas. Talvez meu meio solitário passou a ser menos prazeroso do que costumava ser. Senti-me pela primeira vez, solitário...
Rosa
Após breve luta com minha bagagem, tento me recompor, tirar um pouco dos finos flocos de neve que se instalaram no meu cabelo e casaco. Mesmo usando dois pares de meia, a bota não consegue manter o calor em meus pés. Ouço uma voz familiar dizendo meu nome com notável sotaque italiano. Me viro para ver meu amado tio Miguel, com seu inseparável sorriso, além de meu primo Julio a seu lado.
Nos abraçamos e seguimos pra dentro do aeroporto. Por causa da neve, os aviões estavam sendo lavados com sabão, nos dando mais tempo para conversarmos.
- Meu Deus! Faz tanto tempo que não nos vemos!- digo, entusiasmada
- Acredito que uns dois ou três anos, não? Ah, mas pra nós é como uma eternidade! E veja só, ai está você, prestes a se por à lonjura de um oceano de nós!
- Ah tio, olha o drama! O senhor sabe que eu só estou correndo atrás da minha independência...
- Eu sei, filha, eu sei. Mas é que pra esse velho aqui tudo é estranho. Esses jovens de hoje, todos... independentes, diferentes dos jovens de antigamente... Você... Trabalha, tem sua carreira, sua... Independência...
- O senhor estranha eu não estar casada, não é tio?- pondero, tomando um gole do chocolate quente, calma demais pra quem esta cara a cara com o ex-noivo falando de casamento.
- Papai...- Julio finalmente se manifesta, tentando conter meu tio que continua agitado, gesticula com as mãos
- Exatamente, hã? Eu sei que hoje em dia as coisas estão mudadas, mas... Acho que casamento deve sempre ser sagrado numa família...
- Tio. Eu não casei ainda por que ainda não encontrei alguém especial entende? Alguém que realmente...- suspiro, enterrando meu queixo no cachecol
- Encontrou sim.- eu me apoio na cadeira, nervosa. Olho pra Julio, que pondera- Encontrou e faz tempo, Rosa. Você está apenas esperando que ele lhe diga que sente a mesma coisa. Mas eu não acredito que se mudando da Europa vá conseguir o que você realmente chama de realização.
- Julio...- franzo o cenho, tentando pedir que pare
- Eu sei o verdadeiro motivo pelo qual me deixou naquele altar, prima. E ele se chama...
- Espera!- o interrompo, - eu tenho que ir no banheiro, esperem um minuto, por favor...
- Chama-se Jean Antoine Geraldy.
- Ma oque? Quem?- tio Miguel me olha acusadoramente. Jamais contei essa verdade à ele.
- Tio... Eu tentei te contar... Mas...
- Pai, não pense que a Rosa me traiu. Ela nunca faria algo assim. – eu me sento novamente- A verdade é que...
Nós... O nós... - ele aponta a mim e a si mesmo- nunca existiu, nós nunca...Tivemos defato um relacionamento mais... Profundo do que o de primos.
- Vocês...
- Tínhamos um acordo, papa. Um acordo no qual Rosa se casava comigo apenas com o fim de eu receber a herança da mamãe. Apenas pra isso. Ela nunca... me amou como namorada.
- Eu não acredito!- tio Miguel bate as palmas na mesa, o barulho das louças que se agitaram traz olhares curiosos para nós. Ao perceber o constrangimento, meu tio se levanta, segura meu rosto com um mão, beija minha testa e sai.
Julho diz com os olhos marejados:
- Bel, eu sei que jamais seria correspondido, por causa desse amor que você carrega escondido ai, pelo seu melhor amigo Tony. Mas eu também tenho que te confessar, que hoje eu reconheço que aquele casamento seria mais uma daquelas burradas irreversíveis que só eu sei elaborar. – dá um riso nervoso- Eu quero que...
-Julio...- ele segura minha mão-
- Eu quero que você lute por esse amor, prima! Lute por ele! Por... você! Não se intimide pelo que dizem... eu sei que dizem coisas sobre você e... Olha, eu quero, quero que você não desista! É a sua felicidade!
- Julio, eu já tentei. E eu perdi. Falhei. Eu estou indo pro Canadá não pra fugir, porque aliás, eu nem sei onde o Tony está, e...
- Mas eu sei onde ele está.- o encaro perplexa
- Sabe?
- Uhum! E eu vim com meu pai pra Londres exatamente por isso: Pra te dizer pessoalmente onde o Tony está. E eu sei que isso pode mudar todo o seu rumo.
- e... onde é? Onde ele está?!
- Está em seu berço, oras, está na França!
- Deus! E você falou, esteve com ele? Como ele está?
- Olha...Ele está ótimo... Confesso que parece estar melhor do que eu. Mas ele preferiu não viajar comigo porque...
- Julio! Vocês estão...
- Amigos, sim, coleguinhas.- ele meneia a cabeça. – Nos encontramos num desses dias ai, que minha geladeira estava vazia, assim como meus bolsos. Deixei o apartamento e fui ver se minha conta na padaria estava palpável, encontrei o energúmeno lá, lendo um livro todo distraído. Puxei papo e consegui me aproximar do geladeira. Descobri que temos mais em comum do que eu imaginava?! Até que gostei dele. Mas confesso que fiz amizade com ele pensando em você. Sabia que vocês não se entenderam e quis mesmo dar um empurrãozinho. Contei a ele tudo o sei sobre você. E sabe, ele me pareceu bem interessado!
- Julio... Ele não veio porque ele mesmo me fez prometer que não o procuraria mais. Ele... ow, deixa.- abaixo a cabeça.
- Ainda vai à Montreal?
- Sim. Preciso seguir com minha vida...- digo, sentindo uma forte pontada.- Ele quis assim.- me levanto, e Julio me abraça. Tento limpar as lágrimas antes que ele perceba...
Meu vôo parecia mesmo tedioso. Aproveito que os lugares ao meu lado estão vagos, viro o rosto pra janela fechada e tento dormir. Até ouvir alguém dizer:
- Excuse-me! Do you mind if i sit down here? Is very busy back there…
(com licença! Você se encomoda se eu me sentar aqui? Esta bastante cheio ali atrás...)
Volto-me para dizer
- Of curse not, feel free- arregalo os olhos- Meu Deus! Tony?!
- Hello!- ele sorri, se sentando
- Deus! Você... Como você...
- é... parece que meu pai decidiu ir ver seus negócios no Canadá no tempo certo...
- Continua...
- Bel, na verdade ele é que me insiste em ser mandon... Mas também sei que é pro meu bem, ele nunca me deixa sozinho.
- Ah!- o abraço.
- Pena que non nos veremos por lá, hã?
- Pra onde estão indo?- o encaro
- Toronto.- dá os ombros- E... Até quando pretende ficar por lá?
- Ainda não sei, mas... Caso tudo dê certo... Um bom tempo.
poxa, vai demorar muito pra Rosa se apaixonar pelo Claude? ou ela vai ficar com Tony?
ResponderExcluirrespondeeeee!
desculpe to meio ansiosa rsrsrs
Ai meu Deus
ResponderExcluiros anos passam e eu continuo sem entender nada
Quando a Rosa e o Claude vão se apaixonar?
(se forem né?!)
Vou ter um treco de tanta curiosidade
Concordo com as duas ai a cima.
ResponderExcluirOs anos passam e Rosa continua apaixonada pelo Tony.
Quando ela vai se apaixonar pelo Claude? (Isso se ela não ficar com o Tony)
Curiosa e ansiosa aqui.
Oi Holly! Caramba tá muito dez a tua fic... Amando e acompanhandooo... Escrever em primeira pessoa não é pra qualquer um não. Parabéns! Vc tem muito talento! Amadorei!
ResponderExcluirContinuaaaaaaa!
Bsinhos!:*
É Betsy, sabe né? Eu fiquei meio com receio no começo, mesmo quando era só idéia, porque limita muito e tals... mas estou pegando o gosto pela coisa! é um desafio delicioso!
ResponderExcluirobrigada por me acompanhar e por me apoiar!
beijos!