sexta-feira, 3 de junho de 2011

Capitulo 40- Flores de Cores





Le Eternel Amour
Tulipe Rouge



-Você está bem?- pergunto a Rosa, ela balança a cabeça, mas sei que está muito assustada.

- Não sabia que estaria tão... Abandonada assim...

- Nem eu.- olho mais uma vez a casa lá longe, pelas grades enferrujadas.

- Deve ser mais estranho pra você do que pra mim né?...

- De certa forma. Mas eu sei que pra você non é fácil. Rosa...- me viro pra ela- Eu estou muito perturbado mas... non sei se é sensato te levar lá pra dentro... ele pode estar lá e... eu non sei...

- Claude eu acho que pra mim será não só mais assustador mais também mais perigoso ficar sozinha. E ainda mais aqui..- ela abre os braços. Estamos numa estrada sem saída, que levava unicamente pra propriedade de meu pai. E a rodovia estava a quilômetros dali.

- Tem razón...- digo, indo pegar a maleta de ferramentas no porta-malas, pra poder quebrar a corrente do portão.

Suspiro, antes de entrar na propriedade. Estaciono de ré, por segurança. Travamos o carro, dei a chave reserva pra Rosa, e ela guarda num lugar muito convencional... Quero dizer, sei lá. Com o pé de cabra arrombo a porta de entrada. As paredes estão descascadas e cheias de infiltrações... Rosa carrega uma lanterna acesa: a casa estava muito escura. Olho pro alto, o lustre havia sido retirado, havia apenas alguns fios soltos, pendendo.
Não tinha mais muito da antiga mobília, e a lareira estava entupida por entulho, eu acho, porque tinha sido tampada por ripas de madeira. Subo as escadas, com o auxilio de um cajado improvisado, a fim de me certificar de que os degraus estão firmes, visto que a madeira estava podre. Tentei ser cauteloso, mas os rangidos do assoalho eram inevitáveis...

- Clo..- Rosa quase grita, mas eu tampo sua boca

-Shiii...- digo a seu ouvido, tomo à frente, e entro num quarto que nem me lembro mais o que foi antigamente...

Um colchão sem capa no chão, jornais velhos estendidos... Foi feito um cativeiro aqui... mas não havia mais nada, a janela estava bloqueada por madeiras também, aproveito uma brecha pra olhar o carro na frente da casa, ainda estava lá. Ok.

Continuamos a busca, mas nada encontramos. Até que... No corredor dos aposentos de hóspedes, Rosa ouve um ruído. Abre a porta e vê um enorme roedor, e mais uma vez, tapa a própria boca pra conter um grito. Voltamos ao corredor e de repente ela encontra algo no chão: Um cordão vermelho. Procuramos e mais nada. Continuamos.
Mais a frente, outro cordão, só que amarelo. E no fim, uma fita vermelha de cetim, como as que Rachel queria pra por no cabelo, vindo do forro do teto.
- É de Alice, eu tenho certeza!

Pego meu cajado improvisado e começo a cutucar a madeira, até encontrar uma entrada. Só que não havia escada.

- Rosa, suba nos meus ombros.

- Hã?

- Sobe nos meus ombros e olha oque tem lá! A menos que queira me fazer subir nos seus ombros!

Rosa sobe em meus ombros e começa a tentar se apoiar no forro, pra entrar lá. Estamos no segundo andar e o forro não deve suportar muito peso... e Rosa não vê nada à frente por causa da escuridão. Digo pra que ela ponha a lanterna na boca, ela o faz, e consegue entrar no forro.

- Acompanhe minha voz!

-OK!- ela responde. Eu começo a cutucar o caminho que ela deveria fazer até encontrar a fita. Ela chega lá

- Entón?

- Não tem nada aqui.... AAAAH Meu Deus!

- Rosa? Oque foi?!

- Ratos... morcegos, sei lá... estão... estão por toda parte Claude!

- Calma Rosa, está tudo bem, volte!

- Tá... Vou tentar...- a voz dela responde- Aaah!

- Que foi?!

- Nada..- parece estar chorando

- Rosa... són só morcegos... fique calma hã..

Rosa reaparece no buraco do teto, e parece estar suando

- Como eu faço pra descer agora?

- Volte um pouco e desça primeiro as pernas, eu vou te ajudar.
Rosa consegue descer com minha ajuda, e nós descansamos um pouco

- Claude... Elas não estão aqui.. Estamos procurando por horas!

- Ainda falta o porón...e o antigo estábulo.







Sérgio







Meu coração está tão apertado que acho que vou vomitar! E de novo. E de novo...

- Tio? O senhor está bem?- a voz de Caleb vem do outro lado da porta, que tranquei fazem umas horas

- Estou Caleb...- tento forçar a voz mais ela ainda é rouca e grave

- Tio... o vovô tai....ele pediu pra falar com você...

- Já vou!- me levanto, e tento me recompor... Seu Giovanni me mata se me ver chorando outra vez... “essi non sono morti!” ele berrava...

Saio do banheiro acanhado, e de vagar... com certo medo do que meu pai iria dizer...

- Figlio mio...- ele me abraça. Não sei...agonia... tenho que chorar!

- Pai...ah pai...

- No chore Sérgio... nos vamos encontrar elas... eu sei que vamos!

- Eu também pai...-choro..e ele se afasta um pouco mostrando o indicador

- Io tenho fé!

Caleb é um menino muito singular pra idade dele... Sempre tivemos um relacionamento como de pai e filho, e ele é ainda mais companheiro de Rosa do que eu... ele é maravilhoso... Me lembra muito o Tony as vezes... Mas tem uma diferença: o Caleb não tem medo de nada. Pode parecer meio inconseqüente as vezes... mas sei que isso é porque ele quer ser forte e independente...
Ele se unia a Alice pra aterrorizar mamãe... Dona Joana fica louca com esses três...sim, três, porque segundo eles, Ford, o super cão, fazia parte da trupe! E agora Ford estava triste... só ele e Caleb no sofá... assistindo a TV e suspirando...

- Caleb... Vamos até a praça, hã?-

- Ah...Tio...

- Vamos...

- Vamos.- ele balança a cabeça com um sorriso de compreenção. Esse é Caleb. Ele sabe que eu e ele precisamos nos distrair... tenho certeza que sabe que minha dor se nivela a de Rosa quando perdeu o Tony... Sei que não é a mesma coisa... mas pode ser ainda pior porque... Não tenho certeza de nada..se... elas estão bem ou se... posso ir lá e chorar... onde elas estiverem...ah! que horror isso... Não quero mais pensar nisso...

- Quando a tia Jane e a Alice voltarem... vamos fazer uma festa de boas vindas...e vamos comprar muitas flores...- Caleb aponta o velho Luc, no meio das flores dele..e todas as cores em seu avental de pintura

- Muitas...- sorrio. Sim. Essas serão as únicas que compraremos... Flores de alegria!







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