Le Eternel Amour
Tulipe Rouge
-Você está bem?- pergunto a Rosa, ela balança a cabeça, mas sei que está muito assustada.
- Não sabia que estaria tão... Abandonada assim...
- Nem eu.- olho mais uma vez a casa lá longe, pelas grades enferrujadas.
- Deve ser mais estranho pra você do que pra mim né?...
- De certa forma. Mas eu sei que pra você non é fácil. Rosa...- me viro pra ela- Eu estou muito perturbado mas... non sei se é sensato te levar lá pra dentro... ele pode estar lá e... eu non sei...
- Claude eu acho que pra mim será não só mais assustador mais também mais perigoso ficar sozinha. E ainda mais aqui..- ela abre os braços. Estamos numa estrada sem saída, que levava unicamente pra propriedade de meu pai. E a rodovia estava a quilômetros dali.
- Tem razón...- digo, indo pegar a maleta de ferramentas no porta-malas, pra poder quebrar a corrente do portão.
Suspiro, antes de entrar na propriedade. Estaciono de ré, por segurança. Travamos o carro, dei a chave reserva pra Rosa, e ela guarda num lugar muito convencional... Quero dizer, sei lá. Com o pé de cabra arrombo a porta de entrada. As paredes estão descascadas e cheias de infiltrações... Rosa carrega uma lanterna acesa: a casa estava muito escura. Olho pro alto, o lustre havia sido retirado, havia apenas alguns fios soltos, pendendo.
Não tinha mais muito da antiga mobília, e a lareira estava entupida por entulho, eu acho, porque tinha sido tampada por ripas de madeira. Subo as escadas, com o auxilio de um cajado improvisado, a fim de me certificar de que os degraus estão firmes, visto que a madeira estava podre. Tentei ser cauteloso, mas os rangidos do assoalho eram inevitáveis...
- Clo..- Rosa quase grita, mas eu tampo sua boca
-Shiii...- digo a seu ouvido, tomo à frente, e entro num quarto que nem me lembro mais o que foi antigamente...
Um colchão sem capa no chão, jornais velhos estendidos... Foi feito um cativeiro aqui... mas não havia mais nada, a janela estava bloqueada por madeiras também, aproveito uma brecha pra olhar o carro na frente da casa, ainda estava lá. Ok.
Continuamos a busca, mas nada encontramos. Até que... No corredor dos aposentos de hóspedes, Rosa ouve um ruído. Abre a porta e vê um enorme roedor, e mais uma vez, tapa a própria boca pra conter um grito. Voltamos ao corredor e de repente ela encontra algo no chão: Um cordão vermelho. Procuramos e mais nada. Continuamos.
Mais a frente, outro cordão, só que amarelo. E no fim, uma fita vermelha de cetim, como as que Rachel queria pra por no cabelo, vindo do forro do teto.
- É de Alice, eu tenho certeza!
Pego meu cajado improvisado e começo a cutucar a madeira, até encontrar uma entrada. Só que não havia escada.
- Rosa, suba nos meus ombros.
- Hã?
- Sobe nos meus ombros e olha oque tem lá! A menos que queira me fazer subir nos seus ombros!
Rosa sobe em meus ombros e começa a tentar se apoiar no forro, pra entrar lá. Estamos no segundo andar e o forro não deve suportar muito peso... e Rosa não vê nada à frente por causa da escuridão. Digo pra que ela ponha a lanterna na boca, ela o faz, e consegue entrar no forro.
- Acompanhe minha voz!
-OK!- ela responde. Eu começo a cutucar o caminho que ela deveria fazer até encontrar a fita. Ela chega lá
- Entón?
- Não tem nada aqui.... AAAAH Meu Deus!
- Rosa? Oque foi?!
- Ratos... morcegos, sei lá... estão... estão por toda parte Claude!
- Calma Rosa, está tudo bem, volte!
- Tá... Vou tentar...- a voz dela responde- Aaah!
- Que foi?!
- Nada..- parece estar chorando
- Rosa... són só morcegos... fique calma hã..
Rosa reaparece no buraco do teto, e parece estar suando
- Como eu faço pra descer agora?
- Volte um pouco e desça primeiro as pernas, eu vou te ajudar.
Rosa consegue descer com minha ajuda, e nós descansamos um pouco
- Claude... Elas não estão aqui.. Estamos procurando por horas!
- Ainda falta o porón...e o antigo estábulo.
Sérgio
Meu coração está tão apertado que acho que vou vomitar! E de novo. E de novo...
- Tio? O senhor está bem?- a voz de Caleb vem do outro lado da porta, que tranquei fazem umas horas
- Estou Caleb...- tento forçar a voz mais ela ainda é rouca e grave
- Tio... o vovô tai....ele pediu pra falar com você...
- Já vou!- me levanto, e tento me recompor... Seu Giovanni me mata se me ver chorando outra vez... “essi non sono morti!” ele berrava...
Saio do banheiro acanhado, e de vagar... com certo medo do que meu pai iria dizer...
- Figlio mio...- ele me abraça. Não sei...agonia... tenho que chorar!
- Pai...ah pai...
- No chore Sérgio... nos vamos encontrar elas... eu sei que vamos!
- Eu também pai...-choro..e ele se afasta um pouco mostrando o indicador
- Io tenho fé!
Caleb é um menino muito singular pra idade dele... Sempre tivemos um relacionamento como de pai e filho, e ele é ainda mais companheiro de Rosa do que eu... ele é maravilhoso... Me lembra muito o Tony as vezes... Mas tem uma diferença: o Caleb não tem medo de nada. Pode parecer meio inconseqüente as vezes... mas sei que isso é porque ele quer ser forte e independente...
Ele se unia a Alice pra aterrorizar mamãe... Dona Joana fica louca com esses três...sim, três, porque segundo eles, Ford, o super cão, fazia parte da trupe! E agora Ford estava triste... só ele e Caleb no sofá... assistindo a TV e suspirando...
- Caleb... Vamos até a praça, hã?-
- Ah...Tio...
- Vamos...
- Vamos.- ele balança a cabeça com um sorriso de compreenção. Esse é Caleb. Ele sabe que eu e ele precisamos nos distrair... tenho certeza que sabe que minha dor se nivela a de Rosa quando perdeu o Tony... Sei que não é a mesma coisa... mas pode ser ainda pior porque... Não tenho certeza de nada..se... elas estão bem ou se... posso ir lá e chorar... onde elas estiverem...ah! que horror isso... Não quero mais pensar nisso...
- Quando a tia Jane e a Alice voltarem... vamos fazer uma festa de boas vindas...e vamos comprar muitas flores...- Caleb aponta o velho Luc, no meio das flores dele..e todas as cores em seu avental de pintura
- Muitas...- sorrio. Sim. Essas serão as únicas que compraremos... Flores de alegria!
Ai que triste...e meda pela Rosa em...tenho pavor de lugares escuros e morcegos...
ResponderExcluirup!
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