sábado, 11 de junho de 2011

Crônicas de Urca


         Tá dando onda! 2/3





- Nooon...- ele disse outra vez, se encostando no braço do sofá...folgado!- J’ai dit qu’il n’y a aucun moyen!!

                                                                                                                                                        (Já disse que não tem como!)
Mais um buf! E ele desliga. E se vira pra mim

- Quê?

- Nossa calma! Que cara é essa? Era a sua namorada era?

- Non! Mas... ai... obrigado pela ajuda, dona...- peraí, ele não lembrava meu nome?!

- Róósa.- eu disse com raiva

- Rosa... obrigado mesmo viu? De coraçón.- ele põe a mão no peito e eu faço careta pra conter a gargalhada

- De coraçón? Aham...sei.- rio

- Engraçadinha a senhora né?

- Você não faz idéia... Mas... E ai, conseguiu?

- Non... Me ferrei.

- Mas você...- apontei pro telefone

- Non adiantou nada... e o pior é que acho que minha conta no banco tá bloqueada...quero dizer, meu acesso sabe? A senha e tal... só na agência. E como eu vou pra uma agência daqui, onde ninguém me conhece, e sem os documentos, hã? Tô ferrado!

- Que barra ein... - mordo uma maçã, me encolhendo- Hm! Desculpa!- falo dentre os dentes- nem te ofereci comida... Mas sabe oque é? É que aqui nem deve ter nada de muito interessante pra comer não...

- Você non come é? Percebi porque você lembra aquela personagem do desenho lá... a Olívia...

- Olha!- Rio- Mas é que eu não tenho tempo pra comer sabe...

- E pra surfar tem?- ele sorri

- Ah nem me lembre... depois de taaanto tempo sem cair.. Você me aparece pra completar o meu desafortúnio!

- Isso non é linguajar de surfista...

- Ah... acho que nem sou mais viu... Virei prego.

- Hm?- ele riu ao mesmo tempo que seu rosto se contraiu numa careta

- bá... Esquece!- Asceno

Na cozinha me surpreendo com um jantar feito por quem, por quem?! Por ele!

- Aaaah tá me tirando!- rio, sentando de queixo caído

- Agora falou como surfista!- ele empurra minha cadeira

- Nooossa... quero dizer.., Você cozinha!

- Hahaha... Pois é... e esta é uma receita de família.

- Hm... Primeiro encontro e você me apresenta pra família?- rio- indiretamente... mas ainda é da família!

- Oh estou indo de pressa non é?- ele sorri

- Bobão!- balanço a cabeça e desfrutamos do jantar

- Quer dizer enton... que eu posso ficar hoje?

- É. No sofá tudo bem... mas vai lavar a louça! Ai estamos quites!

- Tudo bem... Mon Dieu...

Acordo com o som de risadas. Saio do quarto e ouço:

-Aaah não! Hahaha- era a risada de Janete

Entro no banheiro e depois de uns minutos estou na sala, calçando os sapatos

- Era pra rir?- Claude pergunta a Janete, que lhe estende um lenço

- Pra chorar. Agora vai, pode pondo porque você perdeu a aposta.

- Mas oque tá acontecendo?- sorrio, vendo Claude pegar o lenço

- Foi o jogo de futebol sabe...

- Você é fanática desde quando Jane?

- Desde que eu pude assistir um jogo todo ué...  E agente escolheu cada qual um lado e o dele perdeeeeu!- ela ria

- Oww..- reviro os olhos- Mas que bobagem...

- Vai tomar café amiga... ainda dá tempo!- Jane pisca o olho e eu fico meio sem entender. Mas então tomo café junto com os dois e rio muito do lenço rosa bebê no pescoço de Claude

- E eu?

- Você oque?- pergunto

- Non vai me levar com você?

- Pra quê?! Eu preciso trabalhar sabia?!- pego a bolsa e começo a descer as escadas, ele me segue

- Eu preciso muito que você me leve... você disse que lá dá pra acessar a internet non é?

- Ai meu Deus porque essa droga de computador foi me quebrar logo agora...- resmunguei- Tudo bem... Mas olha, é melhor você ser discreto ein!- Viro e me dou conta de que NUNCA ele iria ser DISCRETO na vida!

- “kClárro”...- era de morrer de  rir esse  sotaque dele

- Mas só se disser de novo.

-O quê?

- Claro.

- “kClárro” oque?- ele me olhava sem entender, eu ri de novo- kClárro oque?!

- Ah, chega!- eu gargalhei de mais!

Entramos no carro e eis que, depois de muuito silêncio, ele finalmente pergunta:

- Você trabalha de quê?

- Nossa... valeu por perguntar. Mas acho melhor não dizer nada sabe...

- Mas porquê? É só... Curiosidade, hã?!

- Exato... e eu não tô nem um pouco a fim de satisfazer sua “curiosidade, HÃ?!”- Ri e ele balança a cabeça

- Eu descubro entóm.

- Claude... pega essa bolsa que está no banco de trás pra mim?- peço, entrando no estacionamento do prédio...

- Tá...- ele se vira pra pegar a bolsa- Non tem bom gosto mesmo hã?- ele se vira de volta, me apontando a bolsa transversal sem graça que eu comprei a taaanto tempo. E ele nem percebeu ainda onde estamos.

Entro sem dizer mais nada além de:

- Ora mais você também não tem esse bom gosto todo... a final, podemos citar o único exemplo que tenho, o de seu peculiar traje de banho!

Entramos pelos fundos, e no momento que visto o avental ele diz

- Ro...Ro...Rosa... Você é?

- Açougueira ? Ah, não.- rio,

- Dr. Serafina Rosa Petroni... -Ele lê meu crachá

- Ei! Tira a mão daí ô!- bato na mão dele e ele me olha estupefato

- Você....

- Pode usar aquele ali ó!- aponto o notebook na mesa- Mas não demora senão eu levo bronca

Ele senta e começa a mexer no computador...As vezes me olhando de lado

- Eu tô te atrapalhando né?

- Não... por enquanto não...- respondi sem tirar os olhos dos prontuários que eu tinha nas mãos- Estou um tanto adiantada sabe...

- Mon Dieu..- ele suspirou, baixando a cabeça

- Que foi?

- Nada é que... Non consigo mexer na minha conta sabe... estou preocupado porque parece que congelaram ela...

 - E porquê fariam isso? Aliás, quem pode fazer isso?

- Ah é uma longa história...urum!-ele tossiu- ai...

- Vai ficar bem?- o olhei nos olhos

- Vou sim. Mas... Eu tenho que voltar pra Son Paulo...

- Agente dá um jeito, não se preocupe.

- Obrigado... doutora...- sorriu


Claude ficou um bom tempo no corredor, lendo revistas velhas e tomando o café horrível que uma enfermeira lhe ofereceu. Não nos falamos mais e depois de algumas horas, sai e não o achei mais.

Procurando pelo hospital o encontro com um menino no colo, cena cômica, os dois se olhando com cara de espanto. Eu cruzo os braços e pigarreio

- Hum... achei.


Uma mulher aparece e agradece a Claude, pegando o menino do colo dele.

Eu fico o encarando com a sombracelha arqueada

- é.é.é... Ela...pediu sabe... ela foi... no...

- Tudo bem, vem logo!- agarro sua mão e o arrasto pro carro



- Vamos onde?

- Pra onde você tem que ir?

- Hã...

-São Paulo, horas!

- Vai me levar?

- Até a rodoviária.

- Oque?!

- Que foi? Você vai pra casa... ah, não me diga nunca andou de ônibus...

- Aw me respeite... Non é isso... Mas achei que ia comigo...

- Sinto desapontá-lo.- sorrio, parando o carro- Chegamos!

-Ah Rosa...

- Quê?..

- Obrigado de novo...- ele pega minha mão- Desculpa qualquer coisa e....

- Tá tudo bem.- sorrio. Saímos do carro, compramos a passagem

- Então...

- Você me deixa aqui.

- É. –sorrio

- Oh non... Voltando pra minha realidade cruel...

- Nossa mais que drama!

- Você nem faz idéia.

- Ah, você deve estar sentindo falta da sua família, não?

- É...- ele abaixa a cabeça

- Bom, eu tenho que ir, meu horário de almoço tá acabando...

- Rosa?- ele segura minha mão

- Quê?

- Hã...- ele me olha por um segundo, e me beija a bochecha- Obrigado de novo...

Sorrio, e entro no carro.

- Non tem tempo pra mim non é?- ele sorri

- Cest moi.... pas le temps pour rien...ni personne!- rio, arrancando com o carro
   (Esta sou eu.. Sem tempo pra nada... nem pra  ninguém!)


- Ei ! Ei ! Rosa ! – ele correu alguns metros atrás do carro, mas eu não parei, e o deixei ir...











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