Le Eternel Amour
Tulipe Rouge
Nada se compara ao céu
de lisboa!- É o que dizia todo lisboeta que eu já encontrei, sempre
cheios de saudosismo.
-É realmente lindo. A
lembrança mais nítida do pouco tempo em que morei aqui, ainda na
infância.
Sorrio para a senhora
de brincos de pérola. Os olhos dela tão verdinhos como eram os de
Rachel. Abaixo a cabeça, tentando disfarçar a vontade de chorar.
-Vejo que a moça tem
uma melancolia no rosto, algo como de um amor perdido pelo mundo. Não
correspondido, talvez?
-Tenho um amor perdido
sim. Correspondido, mas impossível, desde sua concepção.
-Ah mas não creio que
seja de tudo desta maneira, ora. Se é caso de um amor correspondido,
então não é impossível coisa nenhuma. O que acontece neste caso,
é a falta de unidade entre o casal.
-A senhora é uma
daquelas …?- pergunto sentindo uma imensa curiosidade.
-Casamenteira? - ela me
olha com quem já esperava a pergunta- Sou sim. Com todo o orgulho. E
aconselho essa gente toda que senta aqui neste banco nessa mesma hora
todos os dias, só para me ouvir. E se a moça não sabia, então
mesmo assim vou aconselhá-la.
-Sua sabedoria será
muito bem vinda. - sorrio e olho para o mar mais uma vez.
-A coisa toda é muito
simples. Uma boa conversa franca já resolve quase tudo. O que se
precisa é escolher as melhores palavras, as certeiras. E no demais,
se houver unidade entre o casal, as adversidades são só
adversidades. Substancialmente, ainda serão um casal. E neste caso,
somente Deus é que separa.
Então chorei por pelo
menos quinze minutos.
-Menina, acho que tu
sabes exatamente oque tens a fazer. Vá e faça. Chega de chorar,
chega de ter medo. Tens é de enfrentar. Até um pinto sai do ovo às
bicadas, porque na vida haverias de estagnar?
-Agradeço muitíssimo
por sua atenção, senhora. Deus a abençoe. - abraço a senhora, que
permaneceu sempre calma e sorridente na maior parte do tempo.
Me levanto e ando pelas
ruas de uma das cidades mais belas do mundo. E chego a conclusão de
que devo mesmo dar umas bicadas em minha casca. Estou aqui faz mais
de um mês, e mesmo assim, nunca tive coragem de ligar para casa. Não
faço a mínima ideia de como estão todos. Principalmente, como
estão Caleb e Claude. Onde estão... Será que estão ainda perto de
meu pai, ou foram para Marseile?
Oh Deus, peço que
estejam bem.
-Alô? - A voz
distraída de Janete já me foi suficiente para desatar o choro.
-Janete... - minha voz
saiu num fiozinho que se desmanchou em lágrimas
-Rosa?!! Meu Deus!
-Você está no
consultório, não é?- perguntei receosa
Janete
-É... - respondi
depois de uma pausa, ainda ouvindo o soluço dela.
-Você... leu a carta?
-Sim, mas... Onde você
está?!- digo impaciente
-Jane, escute! Eu não
posso.. Você sabe!
-Rosa oque eu sei é
que o seu filho está trancado no quarto desde...
-Oh meu Deus! Mas e o
..
-Seu marido? Está em
cacos, se arrastando por aí, tentando te encontrar, tentando
entender...
-Mas eu deixei um
bilhete...
-Ah, você deixou um
bilhete!- arfo sarcástica- Rosa! Acha mesmo que colou? Acha que ele
acredita que você não o ama? Ele está furioso com você! Que
tolice você foi fazer!
-Será que ele vai me
perdoar?
-Como posso saber?
Porquê não vem você e pergunta a ele?! Não sei quanto a você,
mas tenho uma família para cuidar, com licença!
Desligo o telefone e
me encolho na cadeira, o fulminando. Como se o aparelho fosse Rosa em
minha frente, fazendo-se de vítima.
-Não acho que foi por
pura burrice, amor. Acho que ela estava muito nervosa e acabou
sucumbindo ao medo de que tudo desse errado. Temos de reconhecer que
a vida não foi muito favorável a felicidade da minha irmã.
-Eu sei.. mas pensa,
Sérgio! Ela poderia ter dito pra nós e...
-Ela estava sendo
ameaçada! E pela mesma pessoa que matou Jean e depois Rachel, na
tentativa de sequestro mais inacreditável! O cara é perigosíssimo e
totalmente insano. Oque mais ela poderia pensar se não em dançar
conforme a música e afastar o perigo do marido e do filho?
-Ah, amor.. acha que eu
fui muio injusta com ela?- suspiro.Sérgio me abraça
-Não sei. Talvez um
pouco. Você tem motivos pra estar zangada. Todos temos. Mas temos de
encontrar uma forma de aliviar a barra. E principalmente, achar a
Rosa!
-Você tem razão. Mas
e como?... -pergunto aflita e Sérgio dá os ombros- Acha que ela vai
ligar novamente?
-Acho que não para
você. Ou talvez ela pense que não a queremos de volta.
-Sérgio!- o repreendo.
-O que foi? Rosa sempre
foi tão dramática..
Claude
Já
sabia que não estava certo. Eu ser feliz não parece algo possível
ou imaginável. E porque seria?
Eu
sempre me senti assim por dentro, com um vazio enorme que ameaçava
sempre meus sentidos. Como se eu fosse ser engolido pela amargura.
-Boa
tarde, meu jovem amigo.
-Não
me chame de amigo, senhor. - respondo sem mesmo virar o rosto, pois
sabia a quem pertencia aquela voz.
-Ha,
o mau-humor de sempre! - o velho reverendo senta-se a meu lado.
Estamos num banco perto da ponte. Lá em baixo o rio flui
silenciosamente.
-Oque
quer agora?
-Eu?
Nada. Mas conheço alguém que quer o seu coração.
-Eu
também conheço. -Rio sem humor algum.
-Não
seja tão mal criado, filho.
-Mal
criado sou mesmo, mas seu filho...
-Entendo
que esteja com raiva, Claude. Mas para que guardar isso, quando você
tem a opção de ser feliz?
-Está
zombando de mim? Pra isso veio aqui? Veio para me jogar na cara todas
as minha infelicidades? As conheço de cor, obrigado.
-Se
pensa mesmo desta maneira, então, vejo que o caso é ainda mais
sério. Claude, pare de pensar!
-Oque?-
me viro pra encará-lo, me arrependendo de súbito. Os olhos sempre
tão serenos.. De forma a despertar algo de diferente em mim. Como se
dentro desse senhor que me viu crescer, houvesse algo digno de meu silêncio. Mas tive de parar para ouvi-lo. -Oque quer dizer?
-Escute,
filho. Quando nos sentimos injustiçados e afligidos, todas as nossas
forças se voltam para a dor e para a aflição. Transformamos todas
as nossas energias em mágoa, ódio e inquietações. Angustiar nossa
alma a pensar sobre o quanto o mundo nos deve, nunca fez bem a
ninguém.
-Ah
que ótimo. Se eu quisesse ser motivado, compraria um livro de
auto-ajuda!
-Acontece,
que alguém já pagou por sua paz. E não há nada que possa mudar
isso. Lutar contra esse fato só o desgastará. Você sabe.
-Oque
é que você veio fazer aqui?!- pergunto já em soluços.
-Ele
quer que você volte. Ah, filho, Ele tem tantos planos pra você!
-Pare
de dizer mentiras! Que planos são esses? Me ver sucumbir num mar de
fel? Veja como vai a minha vida!
-Veja
como Ele te ama! - O reverendo se levanta e suspira, ainda com ânimo
inabalável- De qualquer forma, você já sabe oque fazer.
Observo
velhinho meio calvo desaparecer na rua, e então uma guerra entre mim
e eu mesmo se inicia. É uma pena que, neste caso, nunca sabemos se
ganhamos ou perdemos. Apenas decidimos.
-Eu
estou aqui. -disse a Ele. - E seja oque for que tenha a me dizer,
estou pronto para ouvir.
Depois
de algumas horas fingindo que nada tinha acontecido, jantei com Caleb
e depois me tranquei no escritório, como de costume. Estamos no meu
antigo apartamento. Ou novo apartamento, porque vendi aquele em que
vivi com Nara e Rachel, e desaluguei um que era de minha mãe, e o
reformei. Eu e Rosa iriamos morar aqui.
-Ok.
- me afasto do computador. Alugar e desalugar barcos e monomotores é
divertido quando se está lá. Mas estando aqui em Paris, o serviço
chato é que me sobra. -Chega.
Caminho
pela sacada observando as luzes da cidade. E, por fim, desabo no
choro que contive desde aquela manhã. Só não me decido se é a
manhã em que Rosa me deixou ou a manhã em que minha mãe não me
acordou.
Talvez
seja pelas duas.
-Deus,
eu sei que já faz um tempo... Um longo tempo. Mas eu gostaria de dizer
que eu sinto muito. Por tudo e.. Eu espero que o Senhor me perdoe..
Eu.. Nem tenho razões para me justificar eu só tenho um coração
imensamente quebrado para te dar..
Eu
chorei por um longo momento. E depois me senti melhor. E depois pior.
E depois ainda pior. Então, fui ver o reverendo. Ele me recebeu com
uma alegria tão grande que achei forçado. Mas depois ele pareceu
estar mesmo contente, e desisti de atacá-lo.
Nós
oramos e eu acho que estou me saindo bem. Estou mais em paz. Apesar
de que o reverendo disse que para que eu encontre paz de verdade,
preciso liberar perdão a todos os que me fizeram mal.
Isso
já são outros quinhentos. Pra dar um passo desses, precisa muita
força. Eu estou buscando, mas acho que ainda não a encontrei.
-
Se Rosa pelo menos estivesse aqui...
-Disse
alguma coisa, pai?
-Non
filho. Só estava pensando alto. -Respondo, me dando conta de onde
estava. Na cozinha, “tomando um lanche” com Caleb, o que de mais
precioso me sobrou.
-Hum.
-ele volta ao chocolate quente. -Acha que a mamãe vai voltar logo?
-Non
sei filho. Non sei...
Rosa
Hoje
o dia foi mais um desses sem nada de especial. Ou seja: totalmente
insípido. Eu absolutamente detesto dias assim. E quem os ama?
-Senhora,
sente-se bem?
-Oh,
sim! -Respondi ao recepcionista do hotel. Mas deveria ter respondido
“oh, não.” antes de sair correndo e vomitar no elevador. Apesar
de que informar que eu iria vomitar não faria sentido, de qualquer
forma.
Eu
definitivamente vou ter de voltar à França. Quer Carlo queira ou
não. Oh céus, oque eu estou fazendo com a minha vida?
-
-
-
Vomitar?? Sei não hein...
ResponderExcluirNossa ROSITA está gravidíssima; e Karol espero que você destrua esse carlo do MAL
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