quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Capítulo 64- Non regretter


Le Eternel Amour
Tulipe Rouge








Rosa respira profundamente, e a sinto mais pesada a cada momento.

-Me põe no chão, Claude!

-Non, non me chame de Claude. Non assim. Está irritada comigo? - a deposito no chão de vagar

-Ah, é claro que não, meu amor! - ela me beija – Só … me tira desse prédio.

-Nós já vamos sair. Só que temos de sair em segurança, hã?- toco em seu braço. Rosa estremece de impaciência.

-Mas será que esse farabuto não vai sair desse corredor nunca?

-Rosa, son 3 da madrugada. Daqui a pouco ele dorme. Só precisamos ser pacientes.

-Ai, amor, tem aranhas aqui! - diz ela apontando pra as teias que riscavam o pequeno cômodo. - Não sei como pode chamar isso de sala da limpeza!

-É irônico, non? - rio pensando na placa que havia na porta.

-Estou me sentindo uma claustrofóbica. Acho que vou desmaiar!

-Non, amour. Se concentra, hã?

-Em quê? Nas aranhas subindo as paredes?

-Que tal se concentrar em mim, hã? Estou com saudades...



Rosa



Claude me abraça, com a mesma emoção que costumava me abraçar. Fazendo-me sentir frágil e quebrável. E ao mesmo tempo protegida e inalcançável ao mundo, ao perigo.

Será que ele não entende que se trata exatamente disso? Não é a sala abafada, o medo iminente ou as aranhas que me deixaram assim alvoroçada. E sim ele.

-Promete pra mim, que non vai me deixar nunca mais? Que non vai mais fugir ou …

-Eu prometo, eu prometo! - respondo com um beijo. - Eu prefiro morrer a passar por isso outra vez. E agradeço tanto a Deus por você ter vindo...

-Shii, se acalme. Vamos sair daqui.


Claude e eu atravessamos o corredor. O guarda estava cochilando na cadeira, com a mão sobre o revólver no cinto. Saímos pelos fundos, pela porta onde lia-se : saída de emergência.


Saltamos o último degrau rumo à liberdade; o coração aos pulos. Minha mão suava e eu tremia por inteiro. Quase livres... quase...



Me lembro de Caleb ainda pequenino. Os olhos tão expressivos e profundos... é o que eu mais me lembro nele. Olhos exatamente como os do pai. Não como os de Jean. Jean tinha olhos lindos, obviamente. Mas a forma de olhar era totalmente diferente da de Claude. Tony era a compreensão em pessoa. Aquele olhar amigo, compassivo. O olhar de Caleb, a cópia de Claude em miniatura, é o mistério passional. Sempre intenso, sempre alerta...


Claude


Ela adormeceu durante a viagem. Atravessamos o norte de Portugal rumo à região de Castela na Espanha. De lá pegaríamos um voo para Madri, e depois Marrocos. Ficaremos na base militar da França de lá durante uma semana ou duas, até eu conseguir total proteção para mim e para Rosa.

Liguei para a França e contei parte dos planos, sem revelar onde iríamos por questão de segurança. Não poderia me dar ao luxo de expor toda minha trajetória de fuga.
Sérgio aceitou o pedido de cautela, mas exigiu que eu ligasse de 2 em 2 dias no máximo.

Falei com Caleb e disse que mamã estava bem, que estava descansando a meu lado. Ele insistiu tanto, pena que Rosa não acordaria tão fácil naquele momento. O desgaste emocional e físico que ela sofrera cobrava as contas, afinal.

Chegando na pequena cidade em Castela, aluguel uma suíte modesta numa casa de hospedagem. Não era luxuosa mas tinha aquele ar aconchegante de interior que sempre me agradou, já que nasci no interior e cresci numa casa de campo. Finalmente pude sorrir. Olhar para Rosa me deu um alívio tão imenso... Que senti meu coração se enternecer e derreter...


-Non... da rien , rien... Non, je ne regrette rien...- cantarolo no ouvido dela, baixinho. Ela se estremesse e acorda assustada. Tenta se levantar – Shiii … sou eu, amor, sou eu!

Rosa procura meus olhos rapidamente, fitando-me com ar assustado, até que eu a ajeito na cama, aconchegando-a. Ela põe as mãos em minhas maçãs do rosto

-Non se preocupe, amour. Nós vamos estar de volta ao começo de nossas vidas em breve. Si Dieu le permet.

Rosa suspira ainda me encarando, até que seus olhos se fecham e ela volta a dormir. Sinto o cheiro dela e me acalmo até adormecer também...

Si Dieu le permet



Janete




Eu não suporto mais essa agonia, essa espera! Quanto mais isso vai durar?

-amor, se acalme. Ela está bem. Ele também.. Caleb está aqui, está seguro. E agora, tudo vai se ajeitar.

-Quem me garante? - estremeço, ainda melancólica

-Eu. Eu te garanto. Esta bem assim?

-Um pouco....

-Giovanni ligou novamente.

-A que horas?

-Mais cedo do que de costume.

-E oque disse?

-Que minha mãe sente saudades, que precisamos aparecer mais por lá... - Sérgio revira os olhos

-E?...

-Quer que Caleb fique com eles, por enquanto.

-Mas ele ficaria muito sozinho, amor!

-Eu sei... eu disse isso a ele. Mas como sempre, don Giovanni discorda.

-E tem a escola, e tudo mais...

-Mamãe tomou o telefone só pra argumentar que seria ótimo para o menino ser paparicado pelos avós e que isso faria com que ele se sentisse mais em casa.

-Nós também somos a família dele! Também o paparicamos e ele se sente em casa. Não é?

-não é a primeira vez que ele fica conosco... - sacode os ombros- Caleb está acostumado. Mas poderíamos dividir a responsabilidade.

-Sérgio!

-Oque? Ele adora o restaurante!

-Eu quero ficar com o vovô.

A voz decidida e inesperada do pequeno me faz dar um salto por duplo susto.

-Caleb! É feio ouvir a conversa dos outros! Principalmente dos adultos!

-Mas a conversa não é só de vocês, porque o assunto sou eu.


-Ei! Língua afiada, esse moleque! - Sérgio ri

-Vem cá, senta aqui. - o ponho entre mim e Sérgio no sofá

-Seu tio estava me contando sobre uma ligação de seu avô. Você estava aqui que ele ligou na hora?

-sim. Ele ligou pra falar comigo. E só depois pediu pra eu passar pro tio. Não foi? - o menino olha para Sérgio, orgulhoso.

-Foi sim. - o tio bobão bagunça os cabelos do menino.

- e então?

- Eu pedi pro tio falar com a senhora, porque eu quero mesmo ir ficar com vovô enquanto a mamãe não volta da viajem com o Claude.
-O seu pai disse que vai demorar um pouco mais. Talvez te leve pra passar uns tempos...

-é mesmo? Ele disse isso?

-Sim. Mas só saberemos daqui uns dias. Por enquanto... você pode ficar com quem escolher.

-Não fique triste, titia! - ele me abraça, com carinha inocente- eu amo vocês! Mas estou com saudades do vovô Giovanni, da dona Joana, e do tio Dimitri!

-o Dimitri está aqui?

-Sim! Ele voltou de Nice faz quase um mês. - Sérgio sorri

-E ninguém me avisa? Vamos lá agora, que precisoo comer do nhoque do tio Dimitri!

Os dois gargalham. Mas sabem que não estou satisfeita. Sou assim, meio possessiva...







2 comentários:

  1. Uhuuuuuu
    Que bommmm q postouu!!
    Tomara que essa eles consigam 😢
    Amei o cap!!

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  2. Muito bom concordo com a Jake,parabéns continue a postar vou estar sempre aqui esperando.

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