Le Eternel Amour
Tulipe Rouge
Hoje o dia cheira a chuva, e os meus olhos estão bastante irritados com esse vento insistente. Não havia mini baguetes na padaria então trouxe as normais. Caleb passou horas ontem escrevendo na agenda nova que lhe dei... Mas não expressou felicidade alguma quando me agradeceu por ela. Rosa continua olhando pela janela, exatamente onde a deixei quando sai.
- Foi rápida.
- Sempre sou não é. - respondo com um meio sorriso. Deposito as compras na bancada e tiro as luvas
- Hoje o dia está estranhamente calmo... - ela suspira, ainda perdida em algum lugar distante
- Acho que vai chover.
Meia hora depois, Sérgio aparece à porta -encharcado.
- Desculpe a demora, amor, não estava contando com esse toró. - ele sorri tirando a jaqueta
- Moooom - Alice entra, deixando a capa de chuva cair
- Oi querida, está com fome?
-Huhum- sorri. A mando tomar banho, e depois sirvo o lanche a todos.
A tarde segue comumente, a não ser o fato do silêncio imperar em alguns momentos.. Como se as nossas palavras necessitassem de um descanso ou algo assim. Rosa voltou a trabalhar em seu computador e por horas não esboçou nenhuma expressão. Mas ainda parecia exausta...
- E Rachel? - Finalmente arrisco a pergunta, que ainda flutuou no silêncio até ela me olhar ainda inexpressiva
- Com Joana. Não quis vir...
- Obrigada por estar aqui - pego em sua mão- Eu sei o quanto tem sido difícil...
- Eu é que agradeço... Não deveria nem dizer isso mas... eu sinto muito, de verdade.
- Está tudo bem. Ninguém teve culpa. Nenhum de nós... - pausa. E Alice vem e senta em meu colo. A abraço ainda olhando Rosa morder o lábio
- Acho que vou ligar outra vez. - Ela diz olhando a tela do computador. Suspiro quando leio a manchete da internet
"E o paradeiro do capitão Claude Geraldi ainda é um mistério..."
- Não por muito tempo. Tenho certeza de que o encontraram.- Rosa responde a maior de todas as dúvidas que pairam sobre nós. O Claude voltar seria como... ter nossas vidas de volta. Ou não.
Rosa
Decidi passar na banca e comprar todos os exemplares que tinham da Le Cordier. Depois depositei um em cada caixa de correiro do prédio. Não que ainda possua a velha insegurança de antes mas precisava ter certeza de que ma voisines ainda sabiam quem eu era. Que eu era alguém. Eu precisava ter certeza que era alguém. Que sou, hoje.
Rachel só cantarolava baixinho enquanto alisava o coelho branco que ganhara de dom Giovani. Chega a parecer que ela é quem toma os calmantes, não eu.
Caleb a segura pela mão, o que me faz sorrir discretamente. Pois, se ele perceber, nunca mais terei a sorte de ver cena tão singela.
- O que vão querer pro jantar? - pergunto assim que tranco a porta. Tento sorrir cordialmente mas sinceramente, me sinto tão exausta....
- Podia ser aquela comida lá... de sexta. - Rachel diz, e fazia tanto tempo que cheguei a estranhar sua voz tão... seca.
- Não, não. Pizza. Pizza. - Caleb franze o cenho e senta no sofá, irreverente.
- Acho melhor não, Caleb. Ontem já jantamos pizza. - respondo calmamente. - Comida chinesa parece muito bom mesmo, Rach.
Caleb quase disparou algo em minha direção mas conteve sua explosão de fúria. Ele era mesmo uma montanha russa em seus humores... E Rachel sorriu ante a pequena vitória. Sempre disputavam as pequenas e as grandes coisas.
Volto ao trabalho e estico até as 3 da manhã. Fora o tempo que fiquei ao telefone hora com o detetive Flanders hora com Silvia, permaneci em silêncio. Caleb estava no piano e Rach com o caderno de desenho que Claude deixou comigo... a Tv... estava sozinha.
...
Foram duas semanas. E então, lá estava ele. Preso como um bandido, numa antiga funilaria soviética abandonada. Pena que antes que o encontrassem, Carlo havia lhe quebrado duas costelas e deixado muitas lesões por todo o seu corpo, de modo que o encontraram desacordado, e desde quando nem se sabe.
Claude
Abro os olhos ainda pesados, as pálpebras me ardem. E tudo o que vejo é.. branco.
Como a neve daquela tarde em Montreal, rumo à casa de Rosa. A mulher que não se permitiu muito, ou nada, em nome do amor por Jean. E eu, da mesma maneira, não me permiti dizer oque eu queria dizer naquela noite em Verriéves, no baile. Tudo porque eu... amava Jean. E de todo coração esperava vê-lo feliz com ela. Eles se amavam de uma forma bastante peculiar. E nunca vi ou verei nada parecido.
- ouvrez vos yeux .... Donc, essayez de ne pas bouger beaucoup. - (abra os olhos... isso, tente não se mexer muito ) uma voz feminina e bastante calma. A mesma se apresentou como Gina Delatresse, médica intensivista, disse que eu estava num hospital em Paris, que fiquei em coma induzido por três dias. Suspiro.
-Serafina Rosa Petroni...envie de le voir? - (Serafina Rosa Petroni... deseja vê-la?) outra voz feminina irrompe a sala, eu pisco...
- oui.. oui...
....
-olha, eu trouxe flores! - Rosa sorri me mostrando um buquê de margaridas numa jarra ao meu lado.
- Você... esteve aqui?
- Desde que te trouxeram pra cá.
- E... Rachel? minha filha...
- Ela está bem, Claude. está... comigo.- Ela disse depois de breve pausa, e ainda sim, com um suspiro. Parece cansada.
- Oh... Merci, Rosa, Merci... Você....a trouxe? - me sinto desfalecer... os olhos tão pesados e uma pressão no pescoço
- Você terá alta daqui a dois dias. Poderá vê-la com mais calma. Não acho que vê-lo aqui a deixará menos... assustada. - Os olhos de Rosa se dilataram enquanto ela disse isso, e acho que ela é quem está assustada.
- D'acord. - tento me ajeitar mas minhas costelas parecem estar em pedaços- ahh- grunho
-Melhor não se mexer. E... além do mais... Você vai precisar de muito repouso até se recuperar totalmente.
- Não estou inválido, estou? - Pergunto temendo a pior explicação por me sentir tão dormente
- Você fraturou muitos ossos Claude. acho que a sua tentativa de fuga deixou o diabo furioso.
- Eu precisava tentar. Mas ele machucou minhas mãos por um motivo, que tentei ignorar. Mas não pude.. acabei caindo de uma altura de dois metros e meio...
- Você vai ficar bem, Claude. Vai ficar.- Rosa toca meu braço... mas não olha em meus olhos.
-Eu estou bem. Ainda mais agora que sei que você também está. Que todos estão.
-Ainda vai precisar de cadeira de rodas por umas semanas e depois, moletas.
Faço uma careta. Isso estragou tudo!
Rosa
Claude insiste em voltar pra Marselle, mas não posso permitir. Não enquanto ainda precisa da cadeira.
- É melhor do que ficar na cama o dia inteiro - ele da um meio sorriso
- É sim. - sorrio de volta. Rach em seu colo, o coelho sempre com ela.
- Não pode andar papai?
- Posso sim amor. Mas é que preciso poupar força por enquanto que me recupero. Mas já já papai estará novo em folha!
- Eu vou buscar o Caleb- toco o braço de Claude que com a outra mão me segura
- Não se preocupe Rosa, tenho certeza de que ele irá entender.
Caleb veio em seu voto de silêncio, olhos baixos e respiração entrecortada.
-Está tudo bem, filho?
-oui mama. - ele responde de prontidão. ainda sem me olhar.
- Você está confortável em ter o Claude conosco por uns dias?
- Acho que tudo bem, mom. Mas... ainda não entendi... Vocês são como um... um casal, agora?
- Não filho, não somos.
- Mas ele é meu pai não é?
- biologicamente sim.
- Então, porque ele não pode ser meu pai como ele é da Rach.... além de biologicamente, eu quero dizer.
- Amor... - afago seus cabelos- Acho que isso depende de vocês dois, de escolherem ser pai e filho. - sorrio. - Mas filho, porque você perguntou sobre mim e o Claude... sobre sermos...
- Eu queria que agente fosse uma família inteira mom. - ele rompe- a senhora sabe. Com todo mundo envolvido. Sem essa coisa de este é filho deste mas não deste e blábláblá.
- Sabe que isso nem seria possível nem que agente se casasse... que a Rachel...
- Tudo bem mãe. Eu sei da Rachel também. - ele se levantou e entrou antes de mim, que ainda fiquei dentro do carro por um momento... Tentando absorver oque ele realmente quis dizer. Se ele é que quis dizer alguma coisa.
Manaaaa Karolzinhaaa.. finally.. como dizem antes tarde do que nunca...KKKK... ta ótimo demais... quando é vai ter mais????
ResponderExcluirbjss .. ;**