domingo, 14 de setembro de 2014

Dejavu - Crônicas de U.R.CA Parte || - Final


Dejavu

Crônicas de U.R.CA
Parte ||















-Hoje ele me levou num shopping, e compramos tantas coisas pro bebê, Janetee! - Rosa sorri, olhando o sol pela janela do futuro quarto do filho

-Sério? Ah quero tanto ver!- A amiga se empolga, do outro lado do telefone

-Vem pra cá amanhã! Por favor... Eu sei que você vai estar de folga! Você pode me ajudar a escolher os móveis do quarto..  Dar ideias, essas coisas.

-Tudo bem, amiga! Eu vou adorar ver coisas de bebê...

-Oque foi? Sua voz tá meio estranha...

-É que eu estou no escritório. Não posso dar muita bandeira que a ligação é pessoal né, Rosa?!

-Ah meu Deus! - Rosa cai na gargalhada.

-Mas e aí, falou sobre.. -Janete abafa a voz- aquele assunto, com ele?

-Falei sim.

-E então? Ele disse se vai me demitir agora ou só na próxima quinzena?

-Jane! - Rosa ri- Você é muito exagerada, que coisa!

-Ele te contou tudo?

-Acho que sim. Está triste demais, como você sabe. Até chorou!

-Diz logo que você chorou junto, vai. Admite!-Janete faz a voz soar entediada, e em seguida, as duas riem

-Você tinha razão quanto a ele, Jane.

-Sobre?...

-Eu o amo mesmo.

-Ah qual a novidade?!- a amiga ri

-A novidade é que ele também me ama. Essa é a novidade. Só que eu não entendo! - Rosa andava pelo quarto- Como assim eu me casei com esse homem? Eu?!

-É. Tenho de admitir. Na época, foi um espanto. Todo mundo ficou de cara com seu casamento, amiga!- Janete sorri com as lembranças.

-De cara?...

-Estupefatos! Rosa, Rosa... Rosa e sua mania de falar difícil.... Me sinto redigindo um contrato, conversando com você!

-Imagino que foi a pior das surpresas para dona Nara. - Rosa suspira

-Nem me lembre! Aquela mulher me dá calafrios!

-Oque houve com ela, Janete? Onde ela está? Se casou?

-Olha Rosa, ela casou sim. Com um velho magnata. Desses de filme, sabe?

-Sério?

-Muito mais velho! E ainda por cima, alemão. Só fala em cerveja!  E tem uma pança enorme! -As duas riem- E duvido que ela entenda o resto do que ele diz!


Rosa se senta na sala, lendo um livro que encontrou no escritório da casa. “ A mulher tem o poder” ,  escrito capa. Folheou algumas páginas, e até o achou bem humorado. Mas sentiu-se inquieta, quase como se aquele livro lhe fosse lembrar algo. Algo que, ao que parece, ela preferiu esquecer.

-Tón entretida, nem me viu chegar! - Claude a abraça pelos ombros, por trás do sofá.

-Assim você me mata do coração! - ela ri, porque teve um mini ataque pela surpresa.

-Nem brinque com isso, preciso de você bem vivinha, hã?-  beija sua bochecha

-Que foi? Chegou cedo... - ela o observa sentar a seu lado

-Eu quis fazer uma surpresa. - Claude pisca um olho para ela, que sorri.

-E fez! - a moça se arrepia ao sentir Claude beijar-lhe os dedos.

-Que tal vermos Frazón hoje?

-Jura? Você vai me levar pra vê-lo?

-Vou sim, meu amor. Prometi, non? E eu sempre cumpro oque prometo. - sorri

-Acha que ele vai gostar de me ver?

-Claro que vai! -  Claude a abraça – Na verdade, ele vem cobrando sua visita faz um tempo...

-É sério? Mas eu nem sou tão próxima dele...

-Amour, Frazón é meu irmón do coraçón!

-Irmón do coraçón. - ela o imita sorrindo e lhe aperta as bochechas

-E a senhora, italianinha, é como se fosse cunhada dele, hã?

-Hum.. Então, que hora vamos? Quer ir agora? Por isso veio mais cedo pra casa? - Claude nega com a cabeça

-Vamos jantar com ele. Eu vim mais cedo porque non quis te deixar “ tão sozinha..” -  a imita

-Claude!- Rosa ri.

-Tudo bem. Mas admite que estava com saudades, hã?

-Nem morta! -  cruza os braços.

-Non gostou de me ver, é?- ele se faz de magoado

-Eu.. - Rosa põe os braços em volta do pescoço dele – amei te ver mais cedo!

-Hum.. Tem certeza?- aperta os olhos, a olhando fixamente

-Pensando melhor... - Rosa sorri e Claude a beija repetidas vezes.



Os dois saem de casa deixando uma Dádi “inquieta” como Rosa a descreveu. A governanta estava muito séria, coisa atípica de sua personalidade. Claude disfarçou pigarreando e informou que iriam se atrasar se demorassem discutindo o humor de Dádi.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Penumbra- Capítulo 63



Le Etenel Amour
Tulipe Rouge





Pode até ser que tudo acabe bem. Claro. Vai ficar tudo bem. Tenho apenas de confiar. Não pensando se minha vida dependesse disto: esperança. Mas sabendo que minha vida depende disso. Eu sei, eu dependo.



Rosa


Queria apenas acordar e não me sentir assim, como se estivesse sempre caindo. Aquele frio na barriga, o enjoo que não é gravidisse.
 É o frio do medo e da incerteza. Tento não esperá-lo. Seria mais fácil deixar de pensar nele e criar expectativas.
De qualquer modo, tenho certeza de que agora ele me odeia. O lado bom da história nesse caso, simplesmente é inexistente.

-Por favor, eu quero uma caixa de calmantes. Será que pelo menos a dormir tenho direitos?

-Lamento, senhora. Não estou autorizado a interagir com a senhora mais do que o necessário. Queira me perdoar.

-Mas eles cortaram meu telefone! Eu preciso dormir sabia?!

-Posso pedir um chá de camomila, o que acha?

-Eu quero os comprimidos! Você diz que não pode interagir comigo! Ah!- esbravejo. Logo depois, vejo apenas que fui transportada para a cama do aposento, e largada lá, e ouço a porta ser trancada.

“Andou se comportando de má vontade, senhora. O patrão pediu que ficasse de repouso... Por três dias pelo menos. Então, senhora permanecerá no hotel.”


Claude


Rosa... Porque você foi aparecer em minha vida? Porque tão intensa? Tão cativante, tão...

Agora, de fato, oque eu poderia esperar de mais emocionante em minha vida? Quando eu tive e perdi o maior presente de meus dias? Oque mais de novo esperarei?

E agora, de fato, uma força me guia até você. Me puxa até você... Mesmo nos céus, pelos ares, atravessando o continente... De um lado a outro, nas ruas...
E em fim, o céu azul de Lisboa. Uma esperança. Uma rosa.. a minha flor. Antes dela, quase-vida. Mas depois dela...


-Senhor, por favor, sabe me dizer onde fica este lugar? O ponto exato onde a foto foi tirada, na verdade.





Olho através do vidro do taxi. Um calçadão e pessoas andando de um lado pro outro. Cachecóis esvoaçantes. Nuvens escuras vindas do mar. Chuva forte na certa.


Alguns de meus velhos amigos que serviam por essas bandas, me deram todas as dicas de que precisava. E lá estava o velho hotel três estrelas, onde muito provavelmente Rosa estaria. O dono, pelo que eu soube, é um dos comparsas de Carlo, bem como um vendedor de drogas ilícitas.