Le
Eternel Amour
Tulipe Rouge
É realmente a melhor
escolha. Perdoar é a melhor escolha. Até porque, o rancor que se
guarda é como um veneno que se toma esperando que outrem morra.
-Entendo. Mas o senhor
acha que é fácil? Simples assim?
-De maneira alguma,
filho. Certamente perdoar nos dói muitíssimo. Porque significa
cortar um laço que nos une a outra pessoa. Um laço de ódio. Você
consegue entender isso?
-Acho que sim..
..
-Não é apenas um
simples palavriado. Perdoar é libertador. Para você, para o ser
agressor..
-Tenho tanto a fazer.
Por onde começar?
-Por onde sempre se
começa. Pelos mais próximos.
Sinto um calafrio
percorrer todo meu corpo. Uma espécie de ansiedade me acelera o
coração e me faz ofegar, suar frio. Mal dormi. Mal comi. Mas
percebo que durante anos, eu mal vivi.
Tudo por carregar
tamanha carga e tantas maledicências, que chego a repensar
seriamente as culpas de minha vida. Seria então minha culpa tanta
desgraça me cercar?
Como eu poderia não
sofrer?
Mas hoje eu vou me
entregar. Apresentarei minhas causas diante dAquele que julga a
todos. E então, terei paz.
Janete
Eu
confesso que se eu não tivesse visto com meus próprios olhos, não
teria acreditado.
Claude
e Henry Geraldy, abraçados, sorrindo. Onde se veria tal cena?
O
velho Henry já havia desistido de fazer as pases com o filho. Muitas
tragédias aconteceram, mas nenhuma delas havia sido suficiente para
que o perdão mútuo fosse liberado.
Mas
o que era necessário acontecer não era uma mudança externa, e sim
uma interna. Em ambos.
Passaram-se
três meses desde o casamento de Rosa e Claude. Três meses desde
q ue um imenso abismo se abrira em nossas vidas e mentes. Um filho
sem mãe, um marido sem esposa, e eu sem minha melhor amiga.
A
conhecendo como conheço, presumo que ela esteja tão mal quanto eu.
Ela nunca mais ligou desde aquele dia, há dois meses. E talvez seja
tudo por minha culpa. Ou não.
Espero
que não.
-Amor,
você não acha que o Claude parece melhor, depois que voltou a falar
com o pai?
-Realmente.
É como se parte do peso que ele carregava nas costas tivesse
desaparecido. Só que ele ainda não parece bem. Apesar de que tenho
de reconhecer, ele parece mais lúcido.
-Eu
diria, mais calmo.
-Sim!
Como se soubesse de algo que nós não sabemos.
Olho
pela vidraça e lá está ele: Claude sentando numa das mesas do
restaurante de seu Giovanni com Caleb. O pequeno faz o dever de casa,
e ele como bom pai, observa atentamente e ajuda em caso de dúvida.
Sorrio.