sábado, 3 de maio de 2014

Capítulo 58- Um novo começo

Le Eternel Amour
Tulipe Rouge


 




Havia um jardim, com muitas cores. O cheiro das flores era algo fresco e doce. O cheiro da terra molhada ainda podia ser sentido.

-Este lugar... É simplesmente...

-Eu queria trazer você aqui a tanto tempo! – ele suspira e finalmente  percebo que tenho sido observada desde que chegamos.

-Pare de me olhar assim! – sorrio nervosa, totalmente encabulada.

- Assim como? – ele pisca com falsa confusão mental, mas seu sorriso no canto dos lábios o denuncia.

- Claude!- escondo o rosto e ele me abraça

-Je T’aime! Je T’aime avec tout mon coeur !

-Eu também te amo de todo o coração. – sorrio segurando as lágrimas. Se ele fosse menos perfeito, ou se eu o amasse menos, talvez não doesse tanto!

-Oh non chore, cherri! Non ainda, hã ? – ele dá um sorriso maroto e meu coração parece querer saltar pela boca

-Vem! – Claude me puxa pelo jardim, até que chegamos num pequeno chafariz . No centro dele, havia um anjinho que soltava água pela ponta da flecha de seu arco empunhado.
Ele me faz sentar na mureta e tento me consolar internamente, me convencendo de que é só um sonho adolescente e infantil. Realmente, por que seria tudo real?

-Serafina Rosa, - os lábios dele tremem, e me dou conta de que para ele, é tudo real

-ah...- tento falar alguma coisa, sem sucesso. Ele está com um joelho no chão, minha mão entre as suas, e os olhos brilham.

- Allez.. allez vous... – ele tosse, como que para tirar o choro da garganta. Eu prendo a respiração

-Voulez vous me marier?






E a pergunta ficou no ar. E meus olhos se fecharam. Isso não está acontecendo! Do fundo do meu coração.. Eu..

-Sim! Eu aceito!- sorrio e choro.  Ele põe um anel de ouro velho cravado de diamantes, com uma esmeralda no meio. Engulo em seco, pensando no valor inestimável da joia.

-Dieu, merci!- Grita olhando para o céu e em seguida me abraça e me faz novas juras de amor, as quais repito de todo coração, sentindo uma dor imensurável por saber que não poderei cumpri-las. Não da forma como ele imagina.

Merseille tem um céu lindo, e a tempestade de ontem faz com que a imensidão azul sobre nossas cabeças pareça mais vibrante.








Eu sinto muito... eu sinto muito, me perdoe.. eu sinto muito...


Claude





Rosa? Rosa?

-Hum.. quê? – ela abre os olhos e me olha espantada. Acho que o sonho parecia bem real, porque ela  parece abalada.

-Nós... Nós já chegamos amour. – sorrio sentindo meu coração encher-se de ternura pela forma como ela passa os dedos entre os cabelos.

-Ah... Que bom...

Entramos e anunciamos a todos. Por telefone.
Quando? Onde? Como? E todo o bláblá que me deixa um pouco nervoso. E já está decidido: será o quanto antes.

Alors , como era de se esperar, Don Giovanni exige que voltemos imediatamente para Paris, para casarmos perto de toda a família.

-Seis meses longe mas pareceram anos!- exclamou Janete pelo telefone

-Eu sei, eu sei Janete. Voltaremos assim que possível, d’acord?

-D’acord. Mas Claude.. Me responde uma coisa?

Suspiro. Olho para Rosa que mimava Caleb no sofá a minha frente.

-O quê quer saber?- abafo um pouco a voz com a mão

- Depois que se casarem... Onde vocês vão morar?

-Ah... – fico encabulado. Não havia pensado no assunto. Não sobre como contar a todos. Me afasto de Rosa e Caleb discretamente

-Eu sei que não é tão da minha conta. Mas eu me preocupo! De verdade!

-Janete tudo bem, hã? Tudo bem, eu sei que você é uma irmã para Rosa, non só uma excelente amiga e cunhada... Entendo que se preocupe com os interesses dela e da família. E quanto ao assunto... – olho pela porta, verificando se Rosa esta perto

- Je... Eu non discuti isso ainda com Serafina. – Não tive coragem, completei mentalmente.

-Não teve coragem, confessa. – ela ri contidamente.

-Oui. Mas non é tão difícil assim, eu sei. Mas.. Rosa ama Pari e eu também. Mas eu prefiro Marseille, você sabe. O mar  e... bom, non toda a agitaçón que é morar ai. Aqui é um excelente lugar pra se morar. É uma cidade grande, non tanto quanto Pari, mas tem tudo aqui et...

-Et não-tem-a-família!

-Janete! Silvousplêt!- digo baixo, mas queria gritar

-Claude, estamos todos aqui, moramos todos aqui desde que.. Bem, você sabe.. E..

-Exatamente! Exatamente! Nós precisamos virar essa página! Jean non vai voltar! Rachel! –solto um grunhido de dor, e lágrimas fujonas- Rachel também non!

-Claude, calma! Eu sei. Eu entendo oque você quer dizer. Mas acontece que “fugir” pra Marseille, ou pra qualquer outro lugar, não vai adiantar. Essas coisas a gente nunca esquece. A Rachel e o Tony não estão em Paris. Estão em  nossos corações, em nossas memórias.

-D’acord. Mas ainda prefiro Marseille. Acho que seríamos muito felizes aqui. Seria um novo começo, hã?- Me apoio no aparador, esgotado mentalmente.

-Sei que é muita pressão. Mas converse com ela com calma. Vocês terão um novo começo onde quer que estejam. Só o fato de estarem juntos já muda tudo, Claude.

-Você tem razón, Janete. Só o fato de ficarmos juntos já muda tudo. Será um novo começo, de qualquer maneira. –sorrio. E olho para Rosa que aparece enquanto termino a frase  e me despeço de minha cunhada. 

Ela me olha de um modo tão sôfrego e terno, que quase me esqueço que Caleb  está logo ali na sala.

-Ela mandou lembranças, cherri. – a abraço e beijo, sem que ela me peça ou impeça. Mas percebo que ela treme e chora

-Desculpa..

-Está tudo bem, Rosa. Non chore. Sei que está nervosa. Mas vai dar tudo certo! Eu te amo! E vou estar sempre contigo, hã?

-Eu sei... eu também te amo!

Mas eu vi dor nos olhos dela. Tanta dor que imagino que voltar a Pari seja mesmo bom, por hora. Lá ela tem o pai, o irmão, a cunhada, os amigos.  E meu pai, que agora liga dia sim dia não. Para ela, é claro.  Ele está radiante de felicidade pelo casamento.

-Eu quero que saiba, que eu te amo mais que a minha própria vida, e que jamais seria capaz de fazer nada para te fazer sofrer... – Rosa sussurra enquanto mexe em meu cabelo.

 Estou em seu colo e ela acha que estou dormindo. Então me seguro o máximo, curioso para saber oque mais ela me diria. Ela suspira e continua me acariciando.

 Eu sorrio com os lábios, satisfeito.  





 Janete








-Eles vêm amanhã! – anuncio. Alice e Sérgio comemoram.

-Yes!

-Ih, quanta animação, ein? – Sergio pisca pra mim, se fazendo de desconfiado.

-Oque foi, gente? Não posso ficar feliz pelo Clau... Caleb –ela se entrega- estar vindo

-Ora mas vejam só!- sento no sofá ao lado dela e lhe faço cócegas –Tudo isso pela ilustre presença de Claude Geraldy...

-Oquê? Mãe! Claro que não!

-Amor? – olho para Sérgio e ele entende o recado, saindo rapidamente, meneando a cabeça

-Mulheres... Vê se pode!

-Filha, porquê está tão feliz pelo Claude vir?

-Ah mamãe... ele é tão... bonito!

-Eu sei filha. Mas você entende...

-Ele é muito mais velho do que eu e é o noivo da minha tia.- ela rola os olhos- Claro né mamãe. Mas olhar pra ele ainda não é crime, ou é?

-Ah filha! – gargalho- Meu Deus! Quatorze anos e você é mesmo uma mocinha!

-Ué, oque esperava? Mas não se preocupe. Eu só quero medir ele bem. Pra escolher o meu noivo, quando chegar a hora. -Ela dá os ombros-  Não vou aceitar um que seja menos bonito!-

-Alice!








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2 comentários:

  1. É uma pena, realmente é Le Eternel Amour, nunca têm paz!!!
    Tô com aquela sensação ambígua: doida pra eles ficarem juntos, mas não gostaria q terminasse, kkkk.

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