segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Capítulo 54- Je le jure.




Le Eternel Amour

Tulipe Rouge






Eu não posso! Não! Não posso! Oh, me solte agora!

-Calma, Serafina! Serafina! Apenas, calma! Pare! Pare de se debater!

-Me solte! - ela gritou em meio aos soluços

-Non. 

-Por favor... - ela chorou contra meu ombro, já sem forças.

- Acalme-se, hã? Sente-se aqui.

-Eu ainda acho melhor...

-Shi... - interrompo outra vez- Agora, me diga cherri, oque há, hã? Porque você ficou ton nerveux de repente? Aconteceu alguma coisa?

-Não. Aliás, sim! Aconteceu que eu percebi que isso tudo não passou de pura insanidade! Não há e nunca haverá nada entre nós, Claude Antoine Geraldy! - ela levanta de súbito, tentando parecer decidida. Pena que falha terrivelmente, pois nem me encara

-Rosa.. - a abraço pelas costas, já que ela se virou




Rosa






Oh Deus, ajude aqui, por favooorrr

-E.e.eeu já disse... - protesto em meio à gagueira repentina - Nãn..Não-tem... Nada. nada - essa proximidade é golpe baixo.

-Pare já com isso, Serafina... -ele sussurra em meu ouvido- Oque houve, hã? - ele beija meu ombro e mantem-se impassível no que diz respeito a me soltar

-Claude... Você sempre dificulta tudo!- choramingo

-Eu? -ele ri- Non, non.. -sussurra outra vez, me causando novos arrepios- Você que é maluquinha, hã? 

-Não é pra ser, Claude. Só isso. 

-Do que você está falando, hã? - ele beija meu pescoço, como se estivesse alheio a tudo oque eu disse

- É que é tudo muito complicado.. Não é como se nós pudéssemos simplesmente ignorar tudo e começar do zero...

-E porque non podemos? - ele me gira e colido contra seu peito - Porque você insiste em dificultar tudo pra nós, hã? Eu já disse, italianinha, - ele levanta meu queixo e me da um beijo tão leve como suas pestanas - Ti amo. Ti amo!

E eu apenas escondo o rosto em seu pescoço e sinto seu cheiro. Não posso ficar com ele e o deixar morrer. Não posso. Carlo foi claro, se eu ficar com Claude, não haveria erros. Jean já morreu, não existe outro clone para segundas chances. 





- Te vejo mais tarde, non é? - ele procura a resposta em meus olhos, que escondo. - Amourr? - insiste em me chamar assim, quando tento esquecer isso.
E esse sotaque irritantemente sedutor.
Estamos na França e amo o sotaque dele apenas por amar a ele. 
Suspiro e concordo com a cabeça, fechando a porta do carro sem olhar pra trás e ver que ele me encarava pelo vidro.



Janete


Então, ele quer a alma do irmão. - concluo.


-Sim, é isso. Carlo quer roubar toda e qualquer felicidade do irmão. Talvez ele sinta que só assim ele poderá transcender o sentimento de fúria contra o mundo que ele sente. Um sadismo bem requintado, eu suponho. Mas ainda sim... Faz sentido!

-Jane.. Eu não sei se poderia suportar... Ver o Claude morrer como o..

-Não! Bate nessa boca, Rosa! 

-Mas espere! A Rach! -ela me olha assustada- A Rach!

-Que tem a Rachel?

-O Carlo é o pai biológico dela, você sabe...

-Sim. Mas oque tem? - pisco confusa

-Jane! A Rach! O Carlo com toda certeza vai querer tomá-la do Claude!  - ela se levanta 

-Claro! Assim seria o serviço completo... - observo Rosa andar de um lado para o outro da sala

-Ah Jane! Oque fazer?! - foi mais um lamento do que uma pergunta. 

-Mas se ele está preso, como ele...

-O julgamento! -eu mesma me interrompo. Rosa apenas assente com olhos vermelhos

-E o pior é saber que ele não tem apenas os braços físicos para destruir tudo. Carlo é muito poderoso no meio criminoso... Esteve envolvido com a máfia e vários esquemas de tráfico...

-Eu sei. Fui vítima dele, lembra?- e ela lembra. Claro que lembra. 

-Como eu esqueceria? Nunca tive tempos piores. Nem quando perdi Tony.

-Perdemos. Todos nós perdemos. Esquece que não foi a única a se importar? E mais do que isso. Sofri em dobro. Em dobro porque sofri por Tony, e sofri por você, e a sua dor. 


- Perdoe, Jane. Eu sei que eu sou muito egoísta as vezes e...- ela se senta e segura minhas mãos enquanto procura algum argumento olhando pro carpete

-Bel.. Calma. A gente tem coisa mais urgente a tratar, lembra?

-Claro. 

-Amanhã é o julgamento?

-Não. É hoje.

-Oque?! - levanto de supetão. Os olhos inflamados de Rosa me olham desolados

-Eu sei, eu sei. O Claude está lá. E Rachel está com Alfred, o motorista do avô.

-Então... Alfred com certeza passará lá, para devolver Rach ao fim do julgamento!

-Deus!- tento abafar o grito com as mãos, sem sucesso. Alice aparece na soleira da porta

-Que é, mãe? Viu um fantasma?


Claude







Os olhos dela... Sorriem quando eu entrego algo como uma florzinha de miolo amarelo.
Não. Não sei o nome de flores. Só sei o nome dela.
Porque ela é a minha flor. A que importa.

Os cabelos dela... cheiram tão bem. E sempre que posso abraçá-la, eu abraço. Sempre que posso sentir o perfume dela, eu fecho os olhos para aproveitar ao máximo.  Não sei diferenciar essências. Mas sei diferenciar o cheiro dela em milhares de milhões de outros.

O sorriso. Esse não posso descrever ou analisar. Me faz feliz, não posso evitar. Apenas vê-la sorrindo me faz sorrir e desejar que ela sempre sorria.

E pensar nela me entorpece. Me deixa totalmente dormente. E aqui, sentado nessa cadeira da sala de espera para testemunhar meu meio irmão ser condenado, eu só consigo pensar nela. Como meu ópio. E eu sorrio. E fecho os olhos feliz por saber que ao chegar em casa, vou poder enchê-la de beijos. E vou senti-la.

Eu tenho uma família. A mais linda que jamais pensei. Tenho minha flor. Tenho tudo!



Caleb


Papa, eu sinto muito. Não quis desapontá-lo em momento algum. Só quero que entenda que eu estou assustado. Não quero que a mamãe chore de novo. Aquele tempo foi tão ruim... Não quero repetir aquilo. Acordar e vê-la perdida em seus olhos marejados e cheios de amargura. Calçada com as luvas vermelhas que eram suas. E com as malditas cartas. 
Eu amo as suas cartas, papa. Mas as vezes, quando ela lia aquelas cartas, eu desejava queimar tudo. Não pelas cartas. Mas porque ela chorava a noite inteira. Passava tantas e tantas noites em claro lendo e relendo e chorando e chorando. Nunca me senti ou me sentirei mais fraco do que me sinto quando ela chora daquele jeito.
Apenas agradeço pelo Claude estar aqui, pelo fato de que ela não chora com tanta frequência. Ela sorri bastante quando ele está por perto. E ele me olha como se quisesse sempre a minha aprovação. E parece sempre disposto a me ouvir e dar atenção, oque não é ruim. Mas aplaco o meu ciúme papa, só pela mamãe, je le jure. 









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