Tulipe Rouge
Apanho um guarda-chuva amarelo gema, pertencente a ela. Saio
em meio a chuva barulhenta e fria. A aguardo no portão. Ou portinha, para ser
mais adequado.
E de repente ela desce do táxi, e quando me vê, dá um
pequeno grunhido enquanto corre em minha direção.
- Maluco! O quê está fazendo aqui nessa chuva?!
- Vim te esperar, ué. - sorrio enquanto a puxo para o guarda-chuva.
- Vem, vamos entrar.
Ela me abraça e caminhamos até a varanda.
- Demorei muito?- ela sorri, tirando o sobretudo ensopado
- Non. Só a minha vida toda, hã? – dou uma piscadela e a
reverencio para que passe pela porta.
-Hum.. – Rosa levanta as sobrancelhas e entra na casa com ar dissimuladamente
desconfiado.- Cadê o Caleb?
-Está na cozinha, nos esperando para o jantar. Quer subir?
Nós vamos terminar a mesa e te esperamos lá.
-Tá.. – Ela põe a mão
no corrimão mas para e me encara- Meu Deus! Desse jeito eu vou ficar mimada!- dá um sorriso largo e desce um degrau para me dar um beijo, saltando as
escadas em seguida.
- Non demore!
Na cozinha encontro Caleb arrumando as talheres, como num
jantar de natal. Sorrio.
-Ual, Caleb! Quanta dedicaçón. Você deveria seguir carreira,
ficaria rico. Ou mais rico. – pondero abrindo o forno. -Está tudo perfeito!
-Mas eu não sou rico. – dá os ombros – Você é, e mamãe é
também, um pouco. Mas eu não.
-Tá certo, filho. Mas pelo que vejo, será um magnata muito
mais influente que todos nós juntos, hã? – bagunço ainda mais os cabelos do
pequeno, que me encara com olhos brilhantes.
-Quer saber, deixa pra lá. – Vou chamar mamãe.
Ele sai e eu fico sentado olhando a mesa, com um sorriso de
lado, com ideias fervilhando na mente.
-Pronto! Ah, estou muito melhor. Lá fora estava tão frio! –
Rosa aparece sorrindo, mas acho a animação dela meio exagerada e nervosa.
-Está bem mesmo, cherri?- pergunto tentando parecer calmo,
mas debaixo da mesa minhas pernas tremem.
-Estou, estou sim. – sorri de um jeito nervoso, com a
boca tremendo levemente e os olhos escondendo lágrimas. – Estou animada com a
nossa volta à Paris e... – ela para e suspira, e me olha de cabeça curvada-
Eu..